Finalizada em: 24/12/2021

Capítulo Único


God, I wish that you had thought this through
Before I went and fell in love with you
When she's sleeping in the bed we ma

Don’t you dare forget about the way
You betrayed me

Seus olhos se abriram lentamente ao passo que sua mente parecia girar, ainda desacostumada com a ideia de estar acordando. suspirou, sentindo seu hálito quente, e com um forte cheiro de álcool, sair de sua boca. Fez uma careta.
Sua cabeça latejava, e seu subconsciente parecia se preparar para xingar até a última geração do primeiro que lhe enchesse o saco naquele dia.
— Bom dia, princesa Aurora. — reconheceu a voz risonha antes de fazer outra careta.
— Não enche, .
Finalmente abrira os olhos, dando de cara com seu quarto todo bagunçado. Uma garrafa de vodka barata estava jogada no canto, vazia. Seu estômago revirou-se.
— Já está na hora do almoço. — disse baixo, sabendo que a amiga deveria estar com muita dor de cabeça. Estendeu o braço, entregando um copo de água à . — A aspirina ‘tá na primeira gaveta, e aqui tem água ‘pra você.
Assim que a mais nova saiu do quarto, relaxou o corpo, descansando o copo sobre sua escrivaninha ao lado da cama. Tampou os olhos com as mãos, sentindo-as mais ásperas que o normal. Coçou-os com leveza, tomando cuidado para não fazer nenhum movimento brusco e chacoalhar sua mente já atordoada.
Esticou o corpo até que estivesse sentada, sentindo a tontura piorar por alguns segundos. Tomou o comprimido, aliviando sua garganta que estivera seca por algumas boas horas.
Assim que projetou seu corpo para levantar-se da cama de vez, encarou o celular jogado no chão. Ele não estava conectado no carregador, então chutaria que ou estava descarregado, ou teria apenas metade da bateria.
Trimmmm Trimmm.
Um nome apareceu no visor acompanhado de uma foto deles.
nunca desejou tanto que seu celular estivesse sem bateria.

já havia servido a sopa de macarrão em duas cumbucas no momento em que aparecera na cozinha. Sua amiga estava de pijamas, de cabelo molhado e penteado, olhos profundos e com duas olheiras enormes. Se não soubesse o que vinha acontecendo nas últimas semanas, se preocuparia de estar foragida do hospital.
— Já melhorou de humor? — perguntou com um sorriso, tentando disfarçar seu desconforto por ver a amiga naquele estado.
— Estou tendo flashs de ontem, mas não sei se quero me lembrar de tudo. — sorriu sem graça, sentando-se na bancada e encarando a tigela a sua frente.
— Do que você se lembra?
— Não sei ao certo. — deu uma risada leve antes de pegar a colher. — Tenho a vaga lembrança de estarmos em uma lanchonete, mas isso não explica a vodka no meu quarto.
engoliu em seco. Desejava internamente que não tivesse notado a garrafa, ou então que estivesse com dor de cabeça demais para lembrar-se de qualquer coisa. percebeu a mudança de comportamento da amiga, mas não disse nada.
Ambas continuaram comendo em silêncio, até soltar outra risada aleatória.
— O que foi?
me ligou agora cedo, mas não atendi.
— Ah… — disse baixo, querendo encerrar o assunto que mal havia começado.
não insistiu, visto que nem mesmo ela queria falar sobre aquele ser naquele momento. Apenas terminou a sopa e sorriu em agradecimento, levantando-se e deixando a louça sobre a pia.
— Deixa aí que depois eu lavo. — avisou rapidamente antes de caminhar até seu quarto e encostar a porta.
Encarou a bagunça pelo quarto e deu um suspiro cansado, prendendo seu cabelo em um coque mal-feito. Pisou cuidadosamente nos pedaços de chão livre que encontrava até chegar em sua janela, abrindo as cortinas e se arrependendo logo em seguida.
A forte luminosidade ainda fazia sua cabeça doer.
Optou por deixar as cortinas levemente fechadas, com apenas alguns feixes de luz adentrando o quarto, o suficiente para que enxergasse sem muita dificuldade.
Começou a tirar as roupas do chão, cheirando-as para confirmar se estavam sujas ou não. Juntou um punhado no canto do quarto – aquelas iriam direto para a máquina de lavar assim que ela saísse do quarto. As outras foram dobradas e colocadas em suas devidas gavetas.
Avistou novamente seu celular largado no chão. piscou algumas vezes antes de andar até o aparelho, segurando-o com uma das mãos e tocando na tela, reparando nas diversas notificações.
Quase todas eram de .
Ignorou todas as mensagens e ligações perdidas do rapaz, apenas abrindo seu aplicativo de música e colocando o seu mais novo vício para tocar.
Olivia Rodrigo.
A do passado talvez a julgaria naquele momento. Ela nunca fora de arrumar o quarto escutando músicas tristes, muito menos sobre término e traição. Sua playlist sempre revezava entre o bom e velho One Direction, Chase Atlantic e Bruno Mars.
Enquanto a melodia de Deja Vu soava pelo quarto, ia organizando sua cama. Trocou o jogo de lençóis e as fronhas dos travesseiros. Presa entre o colchão e a cabeceira, encontrou uma camiseta.
Uma camiseta dele.
Segurou-a com as duas mãos, pensando se deveria fazer aquilo ou não. Já estava na merda e escutando música triste, por que não se afundar mais naquele sofrimento?
Suas narinas inspiraram com força o perfume de ainda presente no tecido da camiseta. Seu subconsciente se perguntava o porquê fizera aquilo, mas seu coração parecia aliviado. Dobrou a blusa com cuidado, colocando-a no numa prateleira em cima do armário, na torcida de que seu cérebro acabasse se esquecendo que ela estava ali.
Continuou a arrumação enquanto as melodias melancólicas saíam dos autos-falantes de seu celular. A cada nova música que tocava, cantava com todo o ar em seus pulmões, deixando algumas lágrimas escaparem de vez em quando.
suspirou do lado de fora do quarto, apenas escutando a amiga. Sentia-se impotente por saber que não podia fazer nada. Queria socar por ter deixado daquele jeito, mas ela sabia que não adiantaria em nada.
Ele nunca entenderia.
Na verdade, nem mesmo conseguia entender por que estava se sentindo tão traída. Ok, o término dos dois não havia sido o mais pacífico de todos, mas eles se tratavam que nem gente pelo menos.
De repente, na noite anterior, ficara furiosa quando ambas as amigas saíram para comer algo na lanchonete da esquina. não conseguia entender o porquê a amiga saíra de forma tão apressada e colérica do recinto, sendo que seus hambúrgueres nem mesmo haviam chegado.
Lembrava-se apenas de seguir a amiga, vê-la entrar em uma conveniência pequena que ficava na outra quadra e sair de lá com uma sacola verde…

? O que aconteceu? — perguntava tentando chamar a atenção da amiga.
Nada adiantava. parecia irritada demais pra conversar. Seus olhos, que sempre foram de expressar calmaria, estavam vermelhos assim como suas bochechas. só não sabia dizer se era por conta do ódio evidente ou pelo choro.
Algumas lágrimas escorriam enquanto andava, a passos firmes, até chegar em casa. desistiu de tentar chamá-la, simplesmente acompanhando a amiga em silêncio.
Ironicamente, uma garoa fraca começara. soltou um riso irônico, como se a situação não pudesse piorar ainda mais.
Adentrou ao prédio e passou como um jato pela recepção, sem dizer nada para o porteiro gentil que estranhou a ação da garota. apenas olhou para o senhor e levantou os ombros, indicando que nem mesmo ela sabia o que estava acontecendo.
A subida pelo elevador parecia demorar uma eternidade para , que batucava com o pé no chão e segurava a sacola verde cada vez com mais força, deixando os nós dos dedos amarelados.
Quando as portas finalmente se abriram, a mais velha seguiu até a porta do apartamento 507, o qual dividia com , e destrancou a porta com a senha. Tirou o calçado na entrada, deixando-o largado de qualquer jeito e caminhando rapidamente até a cozinha, descansando a sacola sobre o balcão.
— Quanto você pagou nisso? — perguntou preocupada ao notar a garrafa de vodka de uma marca desconhecida.
— Menos de dez dólares. — sorriu já abrindo a bebida, bebendo direto do bico.
engoliu em seco, já prevendo o quão longa aquela noite seria. Ela estava se segurando para não perguntar novamente o que havia acontecido. Não queria parecer inconveniente, apesar de considerar-se melhor amiga de .
— Sei que quer saber por que saí daquela forma da lanchonete. — a mais velha sorriu novamente, agora olhando para . — estava lá com Sabrina.
As pecinhas começaram a se juntar na cabeça da garota, que apenas abriu a boca num “o” perfeito e concordou com a cabeça. Sabrina era uma moça da turma de na faculdade que morria de ciúmes quando eles namoravam.
— Eu sempre soube que ela queria , e sempre soube que era recíproco. — sorriu com ódio, virando a garrafa mais uma vez. — Desgraçado…
não sabia se deveria comentar algo, então optou pelo silêncio.
— Sabe, amiga, eu queria não ligar mais para o , mas eu simplesmente não consigo. — comentou rindo da sua própria desgraça. — Quer dizer, a gente passou três fucking anos juntos, para em menos de duas semanas ele estar lá comendo aquela puta loira.
… — a mais nova se incomodou com o linguajar da amiga, mas se calou assim que a viu virando a garrafa mais uma vez.
— Não, , eu sempre soube. negava, falava que eram apenas amigos, que era um surto da minha cabeça ciumenta e blábláblá, mas olha só, eu estava certa como sempre!
Algumas lágrimas escorreram pelas bochechas de , que não conseguia mais manter o sorriso irônico no rosto. Ela queria chorar, gritar, socar . Virou a garrafa mais uma vez, notando que, agora, o líquido transparente já estava chegando perto da metade.
— Eu me banquei de idiota tantas vezes, . Eu fiquei quieta durante tanto tempo apenas para permanecer com ele ao meu lado, entende? Fiz de tudo para esse relacionamento dar certo, pois era o amor da minha vida desde sempre.
se lembrou de quando conhecera os dois, no terceiro ano do colegial, cinco anos atrás. Eram a dupla dinâmica, melhores amigos clichês e tradicionais. Ela, líder do conselho estudantil, com notas incríveis e ele, capitão do time de basquete.
e engataram num relacionamento apenas no final do quarto ano, quando finalmente decidiram se declarar um para o outro em alguma festa. se lembrava perfeitamente da trajetória, visto que acompanhara de perto os surtos ciumentos de com e suas ficantes aleatórias.
— Eu queria conversar com ele, tentar ser a ex-namorada mais pacífica e plena do mundo, manter nossa amizade de quase duas décadas, mas isso é praticamente impossível pra mim. — disse depois de limpar as próprias lágrimas, tirando de suas memórias.
— Você tem que pensar que ainda é tudo recente. Três anos juntos é muita coisa, . O sentimento entre vocês é ainda mais velho que o namoro, é claro que não vai ser fácil mudar esse laço efetivo rapidamente.
— Valeu. — sorriu sincera, encarando a garrafa. — Mas ele ainda é um desgraçado.
apenas sorriu, dando algumas batidinhas leves nas costas da amiga. agradeceu mais uma vez, logo voltando a virar a garrafa na boca.
A noite se estendeu até que a mais velha estivesse vomitando tudo na privada, tendo os cabelos segurados pela melhor amiga.

Um mês havia se passado desde o novo descobrimento de . Apesar da mulher jurar de pé juntos que já estava bem em relação ao novo casal do momento – e Sabrina, sabia que era mentira.
O casal sensação postava stories todos os dias saindo para comer ou fazendo alguma coisa juntos. sempre mostrava para a amiga como se sentisse nojo, sempre botando defeitos em alguma coisa.
“Que blusa horrenda a dela”, “A comida desse restaurante é péssima”, “Por que o pintou o cabelo dessa cor? ‘Tá estranhíssimo”
não sabia como Sabrina e não sentiam a orelha vermelha todos os dias.
A mais nova seguiu para o quarto de , encontrando-a concentrada enquanto escrevia algo no computador.
— Vamos na festa do Noah?
— Acho que devemos ir. — respondeu sorrindo, desviando o olhar da tela.
deu um sorriso sem graça em resposta, pensando se deveria falar algo ou não. Piscou algumas vezes enquanto olhava a mais velha voltar a digitar no teclado.
Não faz mal perguntar, pensou antes de entrar totalmente no quarto, fechando a porta atrás de si. pareceu não notar – ou não se importou mesmo.
apertou as próprias mãos enquanto aproximava da amiga, pensando em como dizer o que estava em sua mente. Não queria soar de forma que parecesse que não acreditava na superação de .
— Você sabe que o vai levar a Sabrina, né? — perguntou receosa, percebendo que não foram as melhores palavras para se usar. Engoliu em seco.
A mais velha parou de digitar, mas manteve as mãos na mesma posição. Ela mordeu o lábio inferior e abaixou levemente a cabeça antes de virar para com um sorriso:
— Eu sei.
— E você acha que está preparada para vê-los novamente?
Péssimas palavras, , por Deus…
— Acho que sim. — deu de ombros. — É mais provável que eu ignore a presença deles durante toda a festa.
A mais nova concordou com um aceno, sem saber mais o que perguntar. meneou com a cabeça, esperando por mais alguma pergunta ou qualquer comentário sobre aquilo, mas obteve apenas o silêncio. Sorriu levemente.
— Não se preocupe, . Eu estou bem.
— Eu acredito em você, , é só que… — não completou.
Ela se levantou, caminhando até a amiga que permaneceu sem se mexer. colocou as mãos sobre os ombros da mais nova, apertando ali como num carinho singelo. Ambas sorriram uma para a outro antes de puxarem-se para um abraço.
— Obrigada por estar cuidando de mim nessas últimas semanas, gatinha. — ela agradeceu enquanto passava a mão pelas costas da outra, recebendo o mesmo carinho de volta. — Mas eu preciso enfrentar isso alguma hora.
novamente apenas concordou com a cabeça, o que só notou ao sentir o queixo da amiga bater levemente em seu ombro algumas vezes seguidas.
Desfizeram-se do abraço depois de alguns segundos. sabia que a mais velha não estava totalmente preparada para vê-los, mas estava feliz de vê-la estar tentando seguir em frente.
tentava concentrar o máximo de coragem que conseguisse até as oito, horário que a festa na casa de Noah começaria.

Era hora.
avistara o cabelo escuro e crespo de Noah assim que virou-se de frente para a casa. estava ao seu lado, sorrindo para as pessoas que a encaravam de volta.
— MINHAS MARAVILHOSAS!! — Noah se aproximou pisando torto e com o cheiro de bebido já forte. riu, abraçando o amigo.
— Noah! Há quanto tempo!!
— Nem me diga, gata. Você está ainda mais linda. — ele sorriu, mostrando os dentes branquíssimos. — , você está per-fei-ta.
— Obrigada Nono. — ela sorriu sem graça, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.
— Vamos entrando, o povo está lá atrás na piscina.
Sem mais cerimônias, as garotas entraram na casa, que mais parecia uma mansão, e cumprimentaram rapidamente a todos que estavam do lado de dentro. Passando pela grande sala de estar, chegaram na porta de vidro escuro, abrindo-a e dando de cara com diversos outros colegas, que se divertiam bebendo.
Perto da cerca havia uma longa mesa que alguns jogavam beerpong. A piscina retangular ocupava uma boa parte do centro do quintal, além do caminho de pedras claras e luzes coloridas que seguia desde a sala por todo o resto do gramado.
Sentado na borda, acompanhado de sua queridíssima namorada, estava ele. .
Ele estava lindo, como sempre. O cabelo, que outrora estava vermelho, voltou ao clássico castanho escuro que tanto amava. Ele continuava com o rosto de bebê e um sorriso estonteante. Segurava um copo vermelho na mão direita enquanto conversava com alguns rapazes dentro da piscina.
parou para admira-lo por um instante, até perceber que outra pessoa a encarava.
Sabrina.
Quando reparou que a loira estava lá, sentiu o sangue ferver novamente, fazendo-a desviar o olhar e puxar pelo pulso até a caixa térmica cheia de bebidas.
— Qual você vai querer? — disse rápido, já fuxicando as bebidas entre o gelo. — Tem cerveja, vodka, licor, gin… Meu Deus, eles compraram Licor? Que chique.
, vai com calma. — sorriu sem graça mais uma vez. — Me dá só uma cerveja.
Ambas optaram por começar leve, depois de uma boa insistência da mais nova para que não enchesse a cara logo no começo da festa e acabasse passando vergonha.
animou-se à medida que a bebida descia. Conversava com alguns colegas de sua antiga sala junto de . Felizmente, ninguém havia comentado sobre ela e até aquele momento.
— Que isso, Razzel, você mudou tanto!! — ela disse animada, aumentando o volume da voz por conta da música. A outra garota sorriu em agradecimento.
— Você continua a mesma linda de sempre, ! Só tirou os óculos!
— Graças a Deus! — ela riu. — Aqueles óculos pretos só faziam parte do meu look de líder do grêmio estudantil, hoje eu sou uma mera universitária.
— Era tão divertido você como líder estudantil. — Kaliel, um dos rapazes ali na rodinha, comentou. — Quando geral vazou e eu reprovei, foi um saco. Nunca me arrependi tanto quanto naquele ano.
— Isso que dá não estudar e só focar no basquete. — apontou rindo alto, logo sendo abraçada pelo rapaz. Eles eram bem amigos na época do colegial.
— Nosso time de basquete era perfeito. — outro moço comentou, algum que não conhecia bem. — Kaliel de pivô, eu de ala e de armador. Bons tempos!
— A gente era muito bom mesmo. — Kaliel respondeu dando um gole em sua cerveja. já começou a se sentir desconfortável a partir do momento em que o nome do seu ex fora mencionado na conversa.
Ela sabia que, em muito pouco tempo, aquele seria o novo assunto.
— E você e , ? Achei que vocês seriam o casal que chegaria a casar e ter filhos. — Razzel puxou o tópico que mais temia naquela noite.
pressionou os lábios com força, olhando em direção a amiga, que apenas suspirou antes de dar um sorriso forçado.
— Somos amigos hoje em dia. — respondeu sem rodeios, tentando cortar o assunto e partir para algum outro.
— Vocês eram tão casal de filme. — o cara que não sabia o nome comentou. — Pena que terminaram.
— Pois é, acontece né. — deu de ombros antes de virar o resto do copo de vodka em sua mão. — Vou pegar mais bebida, já volto.
Saiu sem olhar para trás, logo notando a presença de ao seu lado. Revirou os olhos.
— Eu estou bem.
— Só quis pegar mais bebida para mim também.
sabia que ela estava mentindo, pois a garrafa de cerveja em sua mão estava na metade ainda, mas não questionou mais nada.
Seguiram até a cozinha para procurar algo diferente, mas a mais velha, assim que abriu a porta, desejou que não o tivessem feito.
estava lá beijando Sabrina.
Engolindo em seco e tentando ignorar o ciúme interno, apenas seguiu até o congelador e pegando a primeira garrafa que viu, virando-a goela abaixo.
— Mulher!!! — puxou o braço da amiga, impedindo-a de beber ainda mais. — Isso aqui é Everclear, você tá louca?!
— Me deixa. — resmungou enquanto tentava colocar o bico da garrafa na boca mais uma vez, mas a amiga a segurou.
revirou os olhos novamente, largando a garrafa no balcão e se virando para sair dali. Por ironia, seus olhos pararam nos de assim que ela se virou. Ele encarava a situação enquanto Sabrina parecia perdida em seus próprios pensamentos.
— Não cumprimenta mais os velhos amigos, ?
— Não ‘tava muito a fim não. — respondeu emburrada.
— Que falta de educação.
se afastou da namorada, caminhando devagar até e puxando-a para um abraço.
ficou estática.
— Senti sua falta. — ele expressou baixo, logo se desvencilhando. — Acho que você conhece a Sabrina né…
— Sim, conheço ela muito bem. — não conseguiu evitar a cara de nojo. — Se me dão licença, eu não quero ver esse show de palhaçadas hoje.
Ela tentou sair da cozinha, mas sentiu seu pulso ser puxado. Óbvio que fora .
— Show de palhaçadas? Que porra é essa?
— Me solta. — rangeu entre dentes.
apenas observava, aproximando-se de Sabrina para segurar a loira caso ela ousasse ir bater de frente com .
— Achei que você conseguisse ser mais madura. — perdeu todo e qualquer ar de graça que outrora exalava.
— Eu estou sendo madura, você não me viu sendo infantil ainda.
— Deus me livre então.
Ficaram se encarando por alguns poucos segundos. ainda segurava o pulso de , que parecia querer queimá-lo com o olhar.
— Pode me soltar agora?
não respondeu. Na verdade, ele nem ao menos se mexeu. olhou em volta para ver se mais ninguém estava assistindo àquela cena. Sabrina parecia surpresa com a cena, mas não tinha forças de fazer nada a respeito.
— Não.
Puxando-a pelo pulso novamente, levou-a pela cozinha e saiu pela porta. Seguiu com até o deque da frente da casa, finalmente soltando a garota.
— Você precisa parar de agir como uma criança.
— Não me faça rir, .
— Vai começar? — ele relaxou a postura, deixando com ainda mais raiva. — Eu já não entendia sua crise de ciúmes quando ainda estávamos juntos, agora então…
— Ciúmes? Você acha que isso aqui é ciúmes??
não conseguia acreditar. O ego de seu ex era tão inflado que despertava-lhe o ódio.
— E vai me dizer que não é? — ele riu irônico. — Você sempre implicou com minhas amizades e…
— Ei, ei! Pera lá! — estendeu a mão como se mandasse-o parar de falar. — Eu sempre tive problema com ela, e você vivia me dizendo que era apenas amizade e blablabla. Que engraçado vocês estarem namorando agora, não?
— Simplesmente aconteceu, . Você era paranoica.
— Para de me chamar de louca! Foi só a gente terminar que você já foi correndo ‘pra ela, me dá licença.
se irritou. Pôs as mãos na cintura, bufando para tentar manter a calma. o deixaria louco a qualquer momento.
— Demorou um tempo para que começássemos a sair, . Você que tinha problema com ela!
— “Um tempo” — fez aspas com os dedos. — Quanto? Duas semanas? Por Deus, , eu sempre soube que você conversava com ela enquanto estávamos juntos. Isso se não fez pior.
— Você acha que eu te traí?
— E não traiu? — ela sorriu com sarcasmo.
— Éramos apenas amigos. Depois que terminamos, eu me aproximei dela e acabou acontecendo. Para de se alimentar de mentiras, . “A gente”, — apontou para ambos. — não existe mais.
O coração da garota pareceu parar por um segundo. Ela tentou, mas não conseguiu evitar a lágrima que escorreu por seu rosto. sentiu a mão direita tremer, arrependendo-se da forma que falou aquilo.
Ele não mentiu, mas…
— Você realmente não se arrepende pelo tanto que fiquei machucada, né?

— Não, agora você vai me ouvir. — mais uma lágrima. — Eu te questionei sobre ela mais de uma vez e você me chamou de paranoica, que eu via coisas onde não tinha nada. Seus olhos exalam culpa porque você bem sabe de todas aquelas mentirinhas que me contava. — ela já não se importava mais se sua maquiagem estava toda borrada. — Eu ‘tava lá no seu pior momento, mas isso não importa, né? Eu sempre banquei a idiota porque você era a coisa mais importante na minha vida, e eu só queria ficar contigo pra sempre.
sentiu a garganta travar. Ela olhava nos olhos do rapaz, mas ele não reagia. Enquanto ela vomitava todos seus sentimentos e pensamentos, parecia uma estátua.
— Se você fosse verdadeiro, não teria como você se apaixonar por outro alguém tão rápido.
Dessa vez, quem deixou a lágrima escapar fora ele.
— Eu não achei que isso fosse te deixar tão mal assim. Você sempre se mostrou tão forte pra tudo, mesmo que eu soubesse que, no fundo, você ficava mal quando alguém falava qualquer merda pra você.
— E mesmo sabendo de tudo, mesmo sabendo de todas as minhas dores e inseguranças, você fez isso comigo. — suspirou, cruzando os braços. Ela estava sem graça, porém aliviada, de ter desabafado tudo.
finamente se mexeu. Ele deu um passo para a frente, aproximando-se ainda mais de , e abraçou-a.
A garota ouvi-o fungando em seu ombro, mas não conseguiu erguer os braços para confortá-lo. Ela também estava machucada, afinal.
— Me desculpa, . Eu só… Eu só não conseguia mais continuar com o nosso namoro. Eu ‘tava me sentindo confuso há semanas e…
— Sem desculpas, . — ela se afastou.
Ele estava com o rosto vermelho. Ela já tinha certeza de que sua maquiagem havia ido embora.
— Sabe, , você pode não ter me traído, mas ainda é um traidor.
O rapaz fez uma expressão esquisita, parando de chorar imediatamente. Antes de questioná-la, continuou:
— Você prometeu que nunca iria me magoar, e adivinha. — ela riu com a própria desgraça. Olhou parar os próprios pés por um milésimo de segundo, logo encarando aqueles olhos castanhos que ela tanto amava. — Você me deu a sua palavra, mas isso também não importou.
, eu…
— Eu não me sinto traída como se fosse um chifre na minha cabeça. — ela ignorou o fato dele ter tentado argumentar. — Eu me sinto traída porque você, como meu melhor amigo, me prometeu que sempre resolveríamos todos os nossos conflitos com conversas e abraços de reconciliação.
Dessa vez, realmente travou.
— Você preferiu guardar todo esse sentimento confuso para si ao invés de falar comigo, , sua namorada e melhor amiga. Você preferiu mentir para mim, me fazer de boba, ao invés de tentar resolver com uma conversa séria.
— Eu não achei que você fosse conseguir entender.
— E optou por terminar tudo e começar a namorar outra pessoa. — riu com a ironia da vida.
— Eu te liguei. — ele tentou justificar. — Depois daquele dia na lanchonete, eu te vi saindo do lá e fiquei preocupado. Você simplesmente ignorou todas as minhas mensagens e ligações, queria que eu fizesse o que?
Ela deu de ombros, também não sabendo ao certo.
— Você sabia onde eu morava.
— Não queria parecer invasivo. — encolheu os ombros.
— Eu sempre fui de fazer drama e esperar que você aparecesse na porta do meu quarto me pedindo pra sair. Nada de novo sob o Sol, .
suspirou, sem vontade alguma de continuar aquele monólogo.
— Eu ‘tô indo, . — se despediu antes que ele continuasse. — Agora quem não quer conversar e resolver nossos conflitos sou eu.




Fim!



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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