Última atualização: 20/06/2018

Capítulo Único

Is it love or is it art?


Verão de 2015

- Tem certeza que quer fazer isso? Uma vez feito não tem mais volta...
- Você acha que estaríamos aqui se eu não quisesse, ? Vamos logo com isso.
- Vai doer um pouco, ok? Mas vamos devagar, tire a sua camisa.
- A dor é necessária. - ela disse enquanto tirava a camisa. - Agora me dê à mão.


Se tinha uma coisa que tinha certeza era que os ossos da sua mão iam quebrar. Jensen, sua melhor amiga, estava fazendo sua primeira tatuagem, a tão esperada tatuagem da maioridade. Naquele dia a garota completava 18 anos, agora era “independente”, ainda que não fosse. A coitada não sabia o futuro que a esperava. Trabalho, festas, faculdade, relacionamentos desastrosos, crises internas. Ela ia ser destruída. Pelo menos ele estava lá para ser seu “senhor Miyagi”, já que era 3 anos mais velho, e se considerava “experiente”.
Mais 30 minutos de dor para ambos e ela saiu com uma belíssima bússola decorada, bem no meio das costas, que significava liberdade. Apesar de dolorida, a garota não podia estar mais radiante.

- Você sabe que a sua mãe vai ter matar, não?
- Agora eu sou independente, ela não pode mais me impedir de nada! Meu corpo, minhas regras! - A garota soava tão confiante que o amigo não pode deixar de rir.
- Bom, rebelde, desculpa acabar com sua free vibe, mas você ainda não é tecnicamente independente. Nós estamos na Califórnia, a maioridade é só depois dos 21. - a garota deu de ombros e fez careta. Apesar da atitude, ele sabia que ela não faria nada demais. Era a . Aquela tatuagem era a coisa mais emocionante que a garota havia feito em toda a vida. De repente, o semblante da garota ficou mais sério, coisa que não acontecia com frequência.
- Preciso falar com você. - franziu as sobrancelhas.
- O que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Na verdade, sim. Eu... erg... promete que não vai surtar...
- Se você não parar de enrolar eu...
- A Juilliard me mandou uma carta. - ela o cortou, acabando com o suspense. - Eu entrei. Eles me querem lá para o início do 1º semestre.
- Nossa, ! - ele a abraçou - Meus parabéns! Era isso exatamente o que você queria, não é? - ele queria parecer feliz, mas sabia o que a garota estava sentindo. Depois de tudo que passaram, de anos superando obstáculos para manter a amizade, tudo ia acabar. E eles bem sabiam que conjunto nessa amizade estava bem escondido algo que nenhum dos dois tinha coragem de pronunciar. A palavra com “A”. Além do mais, como a guiaria agora? Quem a protegeria? A garota sentia os olhos arderem.
- Eu... Eu não sei o que dizer, . Como eu vou continuar sem você?
- Do mesmo jeito que faz qualquer coisa, . Você é forte, no fundo você sabe que é verdade.

A menina olhou-o fixamente nos olhos. Ele tentou captar algo do que a garota estava pensando ou sentindo, mas viu apenas uma enorme confusão. Nada o preparou para o que veio a seguir.
Em um piscar de olhos, colou os lábios nos dele, o surpreendendo completamente. Ela sabia que depois disso, não haveria outra chance. Não se veriam mais, com certeza. E, para a surpresa dela, não parou. Na verdade, ele queria isso tanto quanto ela. O verão inteiro. Puxou-a pela nuca, intensificando o beijo, enquanto sua outra mão foi parar em sua cintura. A garota passava uma das mãos em seu cabelo, como se estivesse acariciando algo amado.
O garoto partiu o beijo, ofegante.

- Quando você vai?

olhou para baixo.

- Segunda. - lágrimas se formavam em seus olhos. lhe roubou um selinho e limpou uma lágrima que havia escapado.
- Preste atenção. - segurou o queixo da garota, a forçando a olhar para ele. - Me prometa que você não vai me esquecer. Nós vamos manter contato.
- E a distância?
- Me prometa, . Por favor. Se você me prometer, arrumamos um jeito.
- Eu nunca vou te esquecer, . Eu prometo.


~•~•~•~



(3 anos depois)

Primavera de 2018


estava saindo do banho quando seu telefone tocou. Olhou na tela para ver o remetente antes de atender. Jake.

- Fala, bicha. - atendeu, bem-humorado.
- , Darling, você tem que ir no ensaio hoje. Só te liguei porque você é muito incompetente pra lembrar sozinho.
- Vai se foder, velho.
- Dois beijos! - Jake fez sons de beijo e desligou, deixando o amigo rindo só.

vestiu a calça e resolveu ouvir os recados da secretária eletrônica. Ligou a mesma e foi fazer café enquanto ouvia. Os recados eram os de sempre: Mãe, banco, garota que não se lembrava de uma noite qualquer, academia, outra garota qualquer.
O café já estava adoçado e indo em direção à sua boca quando uma voz peculiar cruzou o ambiente.

- Oi, . - primeiro, ele imaginou ser uma mensagem de voz, mas ao virar, se deparou com a garota que amava 3 anos atrás encostada no parapente da porta. Ao olhar a figura da garota à sua porta, ele não reconheceu a menina que o havia deixado naqueles anos. A mulher que via usava uma blusa de frente única de seda, colocada por dentro de uma calça de couro grudada em seu corpo. Seus cabelos, levemente mais claros que antigamente, tinham um corte ondulado. Batom vinho e lápis nos olhos faziam sua face tomar um tom mais escuro. Aquela garota exalava sensualidade, algo completamente diferente da garota que ele conhecia. Jensen de antes era doce e livre. Usava roupas que mostrassem sua personalidade calma e não gostava de maquiagem. Costumava ser dita como “hippie”.
sentiu o queixo cair enquanto encarava a estranha conhecida sorrindo para ele.

- ?!
- !! Eu senti tanto a sua falta! - a garota largou a mala de rodinhas que trazia consigo e correu para abraçar o amigo. Este, de tão atônito, nem conseguiu responder.
- ... o-onde você esteve? Por onde andou? O que aconteceu com você?! - ele percebeu que havia soado meio rude na última pergunta, mas não pareceu notar. A garota se jogou no sofá e passou as mãos pelos cabelos.
- Gostei do seu home-upgrade! Você não era riquinho assim quando eu fui pra NY! - ela comentou, olhando ao redor, ignorando completamente os questionamentos do amigo.
- Agora eu to trabalhando na Scarlets Records. Ganho bem mais que aquela mixaria que ganhava antes. - a garota abanou a cabeça, fazendo sinal de que tinha entendido.
- Vocês fecharam contrato?
- Estamos no processo, mas praticamente sim.
- Bacana.

Instalou-se um silêncio longo, algo que não costumava acontecer quando ambos estavam no ambiente. A garota respirou fundo.

- Quando foi que viramos desconhecidos?
- Quando você cortou o contato comigo. - ele não disse por mal, mas a sua voz estava carregada de rancor. A garota suspirou.
- , eu...
- Olha, desculpa, , mas eu tenho que ir trabalhar. Pode ficar aqui se quiser. Eu vou sair na hora do almoço, eu te mando o endereço do restaurante pra gente se encontrar lá.

E saiu, dando um beijo em sua bochecha e deixando a garota com seus próprios pensamentos.



Passou-se uns 15 minutos até que ela saiu para ver a cidade que havia deixado para trás, largando a mala na casa do amigo. Ela bem sabia que o choque seria grande, afinal, ela não era mais a mesma menina de 3 anos atrás. No começo eles haviam mantido a promessa. Trocavam mensagens e se ligavam, fazendo o possível para não perderem aquilo que consideravam tão precioso. Mas conforme os meses passavam, o contato entre eles passou a ser mais escasso, e alegou que a Juilliard passou a exigir grande parte do seu tempo. Ela queria muito dizer que era verdade, mas não era. Não completamente, pelo menos. A escola realmente tomava uma parte do tempo, mas não todo ele. Ela usava o seu tempo livre construindo uma reputação. Suas novas amigas lhe apresentaram um mundo novo, diferente, excitante. Frequentava todas as baladas, bebiam, de vez em quando umas coisinhas ilícitas... Tudo isso e ela ainda nem tinha 21. Não que ela se orgulhasse disso, claro que não. Ela tinha tanta vergonha do que havia se tornado, que não aguentava ouvir a voz do amigo pelo telefone. sempre teve tantos planos para ela, sempre dizia que ia conquistar o mundo com sua voz. Ele ia ficar decepcionado ao ver o que a sua estrelinha tinha se transformado. Mas agora ela estava de volta. Estava diferente, e ele estava também. Um diferente bom, muito bom. Ele estava, bem, delicioso. Muito mais do que quando ela se fora. E ainda era claro que o fogo entre eles não havia se apagado, ou ele não teria ficado tão nervoso a ponto de precisar sair da sala.
Riu sozinha enquanto caminhava na calçada beira-mar. Ela também tinha mudado para melhor, bem sabia. Agora era experiente, em todos os sentidos possíveis. Se antes ele tinha medo de machucá-la, isso não seria mais um problema. Ela finalmente teria o que desejava na adolescência e nunca teve coragem de dizer ou tentar: .



Já estava dando a hora do almoço, e resolveu ir para o tal restaurante. Pela localização que o amigo tinha mandado, era um lugar chique perto da SR. Chegou 10 minutos antes do combinado. Pegou uma mesa ao lado de uma enorme janela que dava vista para a Scarlets Records. Ela não tinha tido tempo de conversar com ainda, agora eles poderiam esclarecer tudo, ele a perdoaria, e, se tudo corresse como o planejado, ele faria muito mais que isso. Passado 5 minutos de 12:00, saiu da SR, sozinho. sorriu, já arrumando o cabelo e a postura. O garoto entrou no lugar despreocupado, procurando-a com os olhos. , tentando esconder a ansiedade, levantou a mão, sinalizando o lugar. sorriu e se dirigiu à ela. Conforme o garoto se aproximava, parecia que algo crescia na barriga de . Ela se sentia a mesma adolescente idiota que era antes de ir embora. Ela se concentrou em sorrir e abraçar o amigo, afinal, agora era a hora de por o plano em prática!

- Então, , o que você tem feito?

sorriu sem graça, e balançou a cabeça de leve.

- Ninguém me chama assim há uns três anos.
- Então vou voltar com esse hábito! - riu de leve, balançando os cabelos. sorriu ao vela assim. Ele achava que ela não seria a mesma de antes depois de três anos, mas, apesar do visual, era a mesma garota divertida e espontânea por dentro. A garota que ele amava. Sentiu as faces corarem, mesmo que não tivesse o dito em voz alta. - ?- estava genuinamente preocupada - Tá tudo bem?
- Ahn? Tá sim, eu... - fez cara de confusão - Eu estou sem fome.

Caminharam juntos até em casa depois do almoço. não teria que ficar na SR à tarde, então acompanhou-a até em casa. percebeu a postura rígida de , mas não sabia o que dizer.

- Você realmente está incomodado com a minha volta, não está? - ela parecia desconsolada
- ... não... - respirou fundo - Eu não sou o mesmo cara.
- Que cara você é então? - pararam na frente da casa de .
- Não um iludido que esperava uma garota que nem ao menos tentava manter contato.

suspirou.

- Bom, ela parecia uma idiota. Ainda bem que ela se foi. - ela segurou o amigo, fazendo-o virar para ela. - Você não é o único que mudou, .

Ao dizer isso, o puxou pelo pescoço e beijou-o. O garoto foi pego pela surpresa, mas não conseguiu se conter. Ele não ia negar que era isso que ele queria. Logo, sua mão estava por baixo da blusa da garota. Ele partiu o beijo, ofegante.

- , eu não sei...
- Eu quero isso desde os 15 anos. - ela falou ofegante. - Por favor, não me diga que você também não quer.
- A gente nunca chegou tão longe, se não pararmos agora, eu posso não conseguir parar. - apoiou a testa na dele.
- Então não pare.



caiu ofegante na cama. Apesar de cansado e suado, em seu rosto descansava um sorriso satisfeito. Virou de lado para ver a linda garota deitada, com o corpo colado ao seu. Seus cabelos estavam molhados e seu peito ia e vinha numa respiração tranquila. Em seu rosto tinha uma expressão de calma. olhava para o teto, como se estivesse refletindo sobre algo. tocou o seu rosto e levou os lábios de encontro ao seus. Estava feliz, em muito tempo.

- . – chamou-a. A garota o olhou com atenção. - Isso foi bom.
- Bom? , isso foi ótimo! - torceu o nariz, fazendo uma falsa cara de repulsa.
- Eu não acho uma boa ideia você me chamar assim depois de uma transa. - A garota gargalhou.
- Desculpa, hábitos antigos não se aplicam no presente. - ambos riram.
- Hey, você tem lugar para ficar? - olhou pra cima, como se tivesse pensando.
- Eu aluguei um apartamento no centro. Um studio pra mim.
- Ótimo.

Lá estava de novo. O clima estranho. bufou.

- Meu deus, ! A gente não consegue ter uma conversa normal mais! - chacoalhou a cabeça.
- Acho que não somos mais o que éramos.

Silêncio. Ambos sabiam que era verdade. Foi então que teve a ideia. Era brilhante.

- Nós não somos os mesmos, obviamente, então nossa amizade não tem que ser também!

olhou para ela, confuso.

- O que você quer dizer?
- Amizade colorida, seu besta! - falou, sentando de frente para ele. coçou a cabeça.
- Essas coisas não dão muito certo.
- Ah, vaiiii!!! Imagina, euzinha, completamente disponível para você com uma mensagem?
- Parece incrível - falou dando um selinho na garota.
- Então!

pensou um pouco.

- Ok. Eu topo. Mas com algumas regras.
- Manda.
- 1)Vamos ter um código para mandar um para o outro.

sorriu.

- Fácil. Que tal SOS? Você pode dizer que eu tive um problema.

sorriu.

- Ótimo. Regra 2) Sem se apegar. A gente pode sair com outras pessoas e não podemos sentir ciúmes um do outro. Assim ninguém se machuca.
- Beleza. Ótimo. - sorriu. O negócio ia ser fingir que não estava apaixonada. Tranquilo.
- Então estamos resolvidos. Como iremos fazer o pacto? Eu acho legal uma troca de fluidos corporais. - disse, com uma sobrancelha levantada. sorriu, insinuante.
- Como sangue? - falou, provocando
- Hum, eu pensei em um mais divertido - disse já se posicionando em cima da garota e a beijando. Ah, isso ia ser bom.



Os próximos dias foram o sinônimo de prazer. e se encontravam praticamente todo dia, casualmente. Às vezes fazia uma visita secreta na SR. Ou ia “buscar” alguma coisa que ele tinha esquecido no studio da . A garota havia conseguido um trabalho como cantora em um restaurante grande, então estava conseguindo pagar o aluguel do apartamento. Estava tudo correndo incrivelmente bem. Bem demais.



Em um dia qualquer de uma semana qualquer, resolveu fazer uma visita surpresa para na Scarlets. Quando estava na esquina, presenciou algo que não queria. , charmoso como sempre, conversando com uma garota loira. A tal garota estava mais se jogando nele do que conversando. cerrou os punhos. Isso só podia ser brincadeira. Seus olhos se encheram d’água, mas ela preferia acreditar que era pela brisa do mar, se isso ao menos fizesse sentido. “Aguarde, , vai ter volta” pensou. Tudo bem, ela tinha quebrado a regra. Foda-se! Até parece que ele também não gostava dela! Ou não gostava? sentiu o celular tremer no bolso, o que a tirou de seus devaneios agressivos.


“Hey, vai ter uma festa da SR no sábado. Pensei se talvez você não quisesse ir”

olhou para a tela durante alguns segundos. Uma oportunidade.


“Claro”



No dia da tal festa, passou o dia se preparando. Ele finalmente ia contar para que a amava. Era o dia. Quando chegou à festa, seus nervos estavam à flor da pele. Jake, o baixista do grupo e seu melhor amigo, estava tentando acalmar o coitado, mesmo sem saber o real motivo. Quando chegou, a boate inteira a viu. Ela estava extremamente sensual, com um vestido vermelho justo no corpo e salto agulha preto. Sua maquiagem estava forte, e o batom vermelho sangue, combinando com o vestido, destacava-se nos lábios. Seu usual rebolar parecia mais insinuativo naquela noite. Ela olhou rapidamente e sorriu ao ver completamente boquiaberto perante seu visual. Foi de encontro a ele.

- Oi, ! - cumprimentou-o com um beijo na bochecha.
- Oi - parecia chocado demais para falar. Perfeito. riu perante seu jeito. Então olhou o loirinho na frente deles, a devorando com o olhar. Mais perfeito ainda.
- Você não vai me apresentar seu amigo? - falou, devolvendo o olhar de Jake.
- Jacob Fright, mas a senhorita pode me chamar de Jake. - falou beijando a mão de , que parecia prestes a abrir as pernas.
- Jensen, mas você pode me chamar de .
- Muito prazer, .

A expressão de era impagável. Ele parecia o meio termo entre explodir e socar alguém. Ele puxou pelo braço.

- Licença, Jake. - a garota gritou.
- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?
- Nossa que escândalo! - a garota fez uma cara de susto, claramente falsa.
- , eu só vou perguntar mais uma vez. O. Que. Você. Está. Fazendo? - ele estava tentando controlar a respiração, sem sucesso.
- Socializando.

respirou fundo.

- Então é assim que você socializa?
- Aprendi com o melhor. - o sarcasmo bateu como um tapa no garoto.
- O que você quer dizer com isso?

revirou os olhos.

- Eu te vi com a garota loira essa semana.
- Garota loi... - pareceu entender. - , ela é uma agente da Fearstone Records. Ela quer fechar contrato com a banda. Ela é casada.

pareceu cair em si. Suas bochechas coraram tanto que ela parecia um tomate. Merda.
sorriu, passando um dedo em sua bochecha.

- Você ficou com ciúmes, ? - se aproximou um pouco.
- Talvez...
- Parece que eu conquistei seu coração, garota musical. Finalmente.





Fim



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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