Enviada em: 14/05/2022

Capítulo Único

You don’t know jigeumdo
Você não sabe nem agora
naman deo babocheoreom neol
Eu sou o único tolamente
saenggakhago isseo maeil deo
Pensando em você todos os dias
I will keep on waiting for your love
Eu vou continuar esperando pelo seu amor


sentia seu rosto latejar. O supercílio queimava, o canto da boca ardia e o corpo parecia anestesiado demais para evidenciar qualquer membro que provavelmente estaria quebrado.
Aquilo não importava. Não.
Ele só conseguia focar sua visão nas sirenes, no alvoroço ao redor e nas viaturas que se aproximavam tão rápido que ele ao menos conseguia pensar em algo para sair daquela situação. Não havia escapatória, daquilo ele podia ter certeza.
Podia sentir seu coração batendo rápido. Podia sentir a ponta dos dedos formigando enquanto seus pulsos eram enlaçados com as algemas geladas, e conseguia ouvir, mesmo que distante, a voz do policial que o segurava ecoando ao fundo.
queria gritar. Ele precisava muito gritar. Seus pulmões pareciam explodir a qualquer instante e agora, o que queimava, era o canto de seus olhos. Parte daquilo ele sabia que era por conta da quantidade de álcool impregnada em seu sangue e da insanidade que havia tomado conta de sua mente. Parte daquilo? Não. Ele podia botar a culpa facilmente nas bebidas e nas demais drogas que havia usado. Talvez tudo aquilo aliviasse de alguma forma seu coração que ele podia julgar que estava lacerado, foi o que pensou.
Mas não. Nada daquilo adiantaria. Nada seria suficiente para consertar as coisas. E a verdade era que, naquele estado, não sabia que caralhos havia acontecido.
Só tinha certeza que era tudo culpa dela.

I just wanna know you geochimeopseo nan
Eu só quero te conhecer, não foi hesitar
yojeum ireon naega eoieopseo nan
Eu não posso acreditar como estou hoje
dareun yeojadeureun gwanshim eopseo nan
Eu não me importo com as outras garotas
I just wanna love you
Eu só quero te amar
You’ve been on my mind
Você esteve na minha mente


ANTES

Ele arremessou mais uma garrafa longe, não se importando com o lugar que ela bateria e se espatifaria em mil pedaços. podia sentir sua mente rodando, a mesma visão turva de que estava acostumado e em como seus olhos ardiam só de lembrar do que tinha lhe acontecido.
Como ela poderia ter sido tão insensível? Era a pergunta que rodeava cada pequeno canto de sua mente. Se lembrar da cabeleira cheia e desalinhada de não estava ajudando em muita coisa naquele ponto.
Ele podia sentir o rancor percorrer cada minucioso pedaço de seu coração e de como a amargura se tornava presente cada vez mais. sabia que era fraco, mas não fazia ideia do quanto e de como aquilo havia se desencadeado por conta dela.
Conseguia se lembrar com bastante nitidez de quando observou o corpo da mulher adentrado ao local, tão vívida com o olhar de que sabia que poderia causar qualquer que fosse a reação naquela noite. nunca havia sentido uma presença tão marcante como a dela, principalmente depois que sentiu o perfume adentrar suas narinas.
O que era aquela mulher? De onde ela havia surgido?
Seu coração se remexia intrigado dentro do peito. Por que não poderia fazer o esforço de conhecê-la de alguma forma?
Ah, se ele soubesse que conseguiria destroçar seu coração inimaginavelmente…
O sorriso perspicaz da mulher invadiu sua mente outra vez. Exatamente da forma como ela costumava agir com ele. Diligente, sempre alerta. E não fazia ideia.
Enquanto a bebida passava por sua garganta anestesiada, as mãos de faziam questão de se tornarem presentes quase como se ela estivesse mesmo ali. Tão afável e determinada.
O problema era que ele não fazia ideia do problema que estava se metendo. Muito menos de quem era Choi de verdade.
Cambaleou sem qualquer resquício de lucidez e continuou andando sem um rumo ao certo, até sentir o baque de seu corpo contra outro, deixando tudo ainda mais turvo e embaçado.
soltou algumas palavras desconexas, pronto para continuar seu caminho, mas uma mão firme foi de encontro ao colarinho de sua blusa, o agarrando com tanta força que, assim que o chacoalhou, a garrafa que segurava em umas das mãos quicou ao chão, estilhaçando-a por completo.
– Então é você, uh? – a voz parecia longe demais para que ele pudesse decifrar a quem pertencia. – Quem você pensa que é?
O quê…?
O soco foi tão rápido que sua visão escureceu.
Seu corpo foi empurrado para trás com a pressão e tudo o que ele conseguiu sentir foi o gosto do sangue impregnando sua boca.
Mais uma apunhalada, desta vez em seu estômago. Ele podia sentir ainda mais que despejaria tudo o que havia bebido naquela hora.
veio em sua mente mais uma vez, dentre todas. Ele conseguia lembrar com nitidez a cor de seus olhos. Tão escuros como a personalidade que a mulher havia lhe mostrado.
Ele queria tanto poder lhe dizer…
– Você teve mesmo que se meter onde não era chamado, não é? E ainda é um louco, insano. Choi? Você tem ideia de quem ela é?
Ao ouvir o nome da mulher, deixou um sorriso desdenhoso transparecer em seus lábios, provavelmente já pintados pelo sangue que escorria. Claro que ele sabia quem ela era.
– Eu não deveria saber?
Aish… – a mão do outro rapaz, o que tinha a cabeça raspada e algumas tatuagens lhe acertou outra vez. pôde perceber que além dele, havia mais três. – Se tivesse ficado longe, pouparia sua vida. Tenho certeza que você já ouviu por aí a fama de Taeyong e ainda assim, resolveu se envolver com a mulher dele? Sério, cara? Que tipo de problema mental você tem?
Os outros soltaram uma risada fraca. sentiu o corpo enrijecer ao ouvir as palavras proferidas do homem à sua frente. Enquanto sentia seu corpo ser arremessado em meio a chutes e murros, ele conseguia se lembrar muito bem de quanto simplesmente acabou tudo, deixando bem claro o motivo de não poder mais continuar com ele.
E como se não fosse nada, lhe disse que tinha um caso com o chefe da gangue de Busan e, por conta disso, não poderiam ficar juntos.
Exatamente como se não fosse nada.
– É melhor você ter aproveitado bastante enquanto pôde. – a voz do homem ecoou mais uma vez antes de erguer seu olhar. – Não vai lhe restar muito tempo.
E o sorriso alucinado estampado nos lábios do rapaz, que ergueu o punho para lhe ferir mais uma vez, foi a única coisa que ele conseguiu avistar antes de apagar.

da shigan nangbiya
(É uma perda de tempo)
gakkeum neowa jeonhyeo sanggwaneomneun gireul georeodo
(Quando eu caminho por um caminho que não tem nada a ver com você)
meorissogen nega jakku tteoolla
(Mas eu continuo pensando em você)


Ele podia sentir seus olhos queimarem.
nunca havia sentido tamanha raiva se apossar em seu coração. O rapaz não enxergava mais nada a sua frente a não ser o caminho que fazia em direção à aquele galpão. O lugar que muito provavelmente lhe traria a paz que não estava tendo a dias.
Enroscou ainda mais os dedos machucados na arma que segurava.
Ele sabia ainda mais que o que iria fazer definiria muita coisa. Mas ele não ligava. Afinal, nada mais importava diante do que havia passado.
A verdade era que não queria estar fazendo nada daquilo. Não queria ter que tomar uma atitude tão drástica como havia planejado, mas não havia outra saída. Não havia outro jeito.
Não para ele.
podia ter sido honesta desde o começo, quando adentrou aquele bar, disposta a escolher a dedo a isca daquela noite. Ela podia ter lhe dito tantas coisas, tudo para que não resultasse em uma tragédia.
Mas só encontrava aquela solução.
Quando atravessou parte do campo, se aproximando da estrutura que Taeyong se camuflava, ergueu o punho, pronto para colocar em ação tudo o que havia pensado. Assim, apertou o gatilho.
E desejou piedosamente que o mesmo tivesse acertado bem no meio da testa do homem.
Ele podia sentir seu coração bater freneticamente dentro do peito e os dedos que seguravam o gatilho sequer tremiam por medo, pavor ou apreensão.
Não. estava mais do que certo do que queria fazer.
Mesmo um pouco longe de onde o outro homem estava, conseguiu avistar parte do sangue escorrer pelo chão imundo do galpão e o corpo imóvel de Taeyong sem qualquer vestígio de vida.
Não se importou se viriam mais alguns caras de sua gangue ou se levaria qualquer outra surra como havia levado anteriormente. O seu único foco no momento era virar as costas e ir de encontro a , pronto para ouvir o que ela teria a lhe dizer.
E ele esperava que pudesse o entender.

meorissogen nega jakku tteoolla
(Mas eu continuo pensando em você)
This is all your fault
(Isso é tudo culpa sua)


sentia seu corpo anestesiado. Nem mesmo conseguia passar por sua mente muito bem o que havia acontecido há alguns minutos atrás.
Seus dedos apertavam o volante com tamanha forma que o homem sequer se notava do que estava fazendo. O caminho até a casa de parecia mais longo que o normal e aquilo só o fazia ansiar ainda mais para chegar até o local. Ele precisava vê-la. Nem que fosse pela última vez.
Quando estacionou o carro em frente a residência da mulher, pôde observar as poucas luzes acesas e vislumbrou a silhueta da mesma passar pela cortina que tampava a visão da parte interna da casa.
Não pensou duas vezes antes de descer do veículo, se encontrando em frente a sua porta, tocando a campainha.
pareceu relutar um pouco para abrir a porta, mas assim que o fez, seus olhos se arregalaram em surpresa, os desviando para o lado de fora, como se procurasse alguém que os vigiasse.
– O que você ’tá fazendo aqui, ?! Ficou louco?! – sua voz parecia exaltada, mesmo tentando falar o mais baixo possível. – Você tem noção do perigo que corre estando aqui? Taeyong pode aparecer a qualquer momento e…
– Isso não vai mais acontecer. – a cortou. se calou, franzindo o cenho vagarosamente.
– O que quer dizer? – engoliu em seco. deixou um sorriso ladino transparecer no canto dos lábios, fazendo dar um passo para trás. – O que foi que você fez, ? Você não…
– Acho melhor sairmos daqui. O mais rápido.
Ele arqueou uma das sobrancelhas, a olhando seriamente.
Não notou quando as mãos de começaram a tremer de forma quase imperceptível antes de adentrarem o carro e seguirem para longe. O fato de estarem indo para qualquer outro lugar fez pensar no que havia acontecido e em como havia colocado a vida da mulher em risco, mais do que já estava por estar com Taeyong.
Olhou de soslaio para a mulher ao seu lado. Ela parecia entrar em colapso a qualquer instante.
– Você não… O que você… , você ficou louco! – agora era sua voz que tremia. – Ele vai nos matar! Ele vai acabar com você! – Isso não vai acontecer. Quero te tirar daqui justamente por isso. – Eu te falei que não podíamos ficar juntos. Eu te disse. Por que não me ouviu e simplesmente se afastou de vez? – gesticulava. a olhou por alguns segundos antes de virar sua visão para a avenida.
– Não ia deixar tudo para trás, . Não tinha como deixar você para trás. – disse, quase em um sussurro.
– Eu não pedi por isso! – ergueu a voz, colocando as mãos na lateral de seu rosto. Sua voz tremia ainda mais. – Você cometeu o pior erro da sua vida. Você é louco, inconsequente… Taeyong vai te matar e vai me matar depois disso. Tem noção do que fez?! Você tem noção da merda que enfiou a gen…
voltou a olhar para tentando entender o porquê de ela estar falando tudo aquilo se ele só pensou no que fosse melhor para ela. Para os dois. Observou a expressão desesperada tomar conta da feição da mulher, assim que virou o rosto para frente e tudo o que conseguiu ver foi a luz do farol do carro que vinha de encontro aos dois, na contra mão e do impacto e o apagou por completo.

DEPOIS


As sirenes continuavam a ecoar. Tudo parecia cena de um filme, um completo caos. olhava tudo o que acontecia de dentro da viatura, com as algemas apertando seus pulsos enquanto eram presas ao carro. Ele ainda sentia os cortes em seu rosto ardendo e o corpo doendo pelo que havia acontecido.
Depois do impacto, não conseguia se lembrar de muita coisa. Acordou sentado no banco do carro, em um estacionamento abandonado e já não se encontrava mais ao seu lado como antes. Quando tentou mover o corpo, sentiu o sangue escorrer pelo canto de sua boca, mas não deu muito tempo de cogitar o que havia acontecido.
Ele havia sido encurralado.
Ali, parado enquanto a perícia analisava toda a cena, tinha seus olhos fixos em um único lugar.
E seu coração parecia congelado demais para esboçar qualquer emoção. O corpo de permanecia esticado ao chão, como um pedaço de pano. O rosto da mulher estava virado para o lado, colado ao solo frio e sujo. Os olhos fechados como se estivesse dormindo, mas parecia apagada demais para tal. Um pouco de sangue escorria pelo meio de seu corpo e aquilo só fez com que engolisse em seco, tentando se lembrar ainda mais do que havia acontecido.
O que ele havia feito?
Quando ergueu seu olhar, quase em desespero, bem ao fundo, quase imperceptível, conseguiu reconhecer os olhos que o encarava sem qualquer resquício de remorso.
Taeyong o observava ao longe, imperceptível pelos policiais que ali estavam e um sorriso desequilibrado tomou conta de seus lábios, deixando claro tudo o que estava acontecendo ali.
sentiu o coração se dilacerar dentro do peito, observando suas mãos tremerem involuntariamente e por uma fração de segundos quase perdeu a cabeça, querendo sair de dentro do veículo. Ele queria gritar. Queria vociferar.
Olhou mais uma vez para o corpo imóvel de e uma lágrima solitária escorreu pelo canto do olho do rapaz.
não queria que nada tivesse sido daquela forma, mas não pôde evitar. Havia sido mais forte que ele. E tudo por ela.
Tudo por culpa dela.

da ne jalmoshiya
(Isto é tudo culpa sua)




Fim



Nota da autora: Oi, pessoal! Se você chegou até aqui, já agradeço muito por ter lido!
Espero que tenham gostado da história em si, vou adorar saber o que acharam! Beijos! Caso queira ler mais histórias minhas, vou deixar minha página de autora (clique no ícone para acessar).

Nota da beta: Que emoção ver essa história acontecendo! E ficou tudo tãããão lindo e maravilhoso. A única coisa que, por mim, poderia tornar ainda melhor seria ela sendo um pouquinho maior HAHAHa (as autoras não têm descanso - ainda mais quando escrevem tão bem). Parabéns, Isy, pelo seu trabalho! Tô super feliz com o resultado, a história ficou excelente! <3
Comentários:Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.




comments powered by Disqus