Última atualização: 24/05/2021

Capítulo Único

sentiu todo seu corpo paralisar naquele momento. Desde o início de sua carreira, desde quando entrou para a academia, soube que nada seria fácil como qualquer outro emprego. Teria todas as dificuldades, todos os problemas de ser um agente do FBI. teve que colocar muitas coisas na balança quando conseguiu entrar, isso incluía sua família, todos os seus amigos e até mesmo , sua namorada. Ela sabia exatamente o que aconteceria, ele deixou bem explícito todos os riscos antes de aceitar e, mesmo assim, a mulher continuou apoiando-o.
Quando se formou em Medicina, o rapaz nunca soube que seu destino seria dentro da polícia investigativa de Seul, nem mesmo que se tornaria um dos melhores agentes da academia. dava tanto de si a ponto de sempre ser elogiado por suas missões, essas quais forneciam-lhe vários méritos na profissão. Não podia reclamar.
Mas da mesma forma que forneciam privilégios, também mostravam o lado doloroso de trabalhar com o que trabalhava. E ele estava, naquele momento, sentindo na pele o que jamais pensou em sentir um dia.
, olhe para mim.
Ouviu a voz pela milésima vez ecoar por sua mente, o rapaz não conseguia focar sua atenção em seu supervisor no momento em que ouvia o mesmo lhe chamando.
O rapaz sentia toda sua respiração se dissipar rapidamente e a falta de ar tomar conta de seus pulmões, tentava pensar nas formas e variáveis para fazer o que pensava.
Ele não queria demonstrar o que estava sentindo, nem mesmo transparecer o quão atordoado estava com a notícia, mas somente uma coisa se passava por sua cabeça.
. Olhe para mim. — Jake, seu supervisor, ordenou uma última vez, desta mais nítida para , que ergueu sua cabeça, olhando o outro em sua frente. — Você entende o que eu disse? Temos tudo sob controle, mas não sabemos exatamente o porq...
— Não há nada sob controle se ainda não a encontraram. Precisamos achar alguma solução.
— Se continuar deste jeito, não saberá de mais nada sobre. Não é isto o que quer, é? – disse num tom mais sério, encarando o rapaz.
tentou controlar seus batimentos e sua respiração descompassada, engolindo em seco e balançando a cabeça, de forma afirmativa, ainda sem focar sua atenção em Jake.
O rapaz só pensava em como resgataria do que quer que estivessem fazendo com ela. Nunca pensou que logo sua amada correria risco por conta dele, e o pior era que ao menos sabia o motivo de tudo aquilo.
Claro que envolvia-se em variadas missões, de todos os tipos, mas atingí-lo de forma tão pessoal… Não tinha lógica.
Talvez até teria mas, naquele momento, não estava pensando certamente.
— Eu preciso saber o que houve. Preciso saber o porquê de pegarem logo ela. Não é possível. Como souberam? — ele dizia para Jake, mas ainda assim, era como se falasse para si mesmo. — Eles fizeram uma ligação direto para o meu celular. Se enviarmos as informações par...
. — Jake se aproximou, colocando uma das mãos no bolso da calça social. — Já estamos resolvendo a situação. Acho que seria mais apropriado que você fosse para casa.
— Para casa? Enquanto está correndo perigo e ao menos sabemos o que, de fato, está acontecendo? — o rapaz se exaltava na medida em que ia falando.
Pressionou os lábios, levando as mãos nas têmporas.
— Não posso ficar aqui vendo tudo acontecer, sem ao menos poder fazer algo.
— E você realmente não pode.
— Jake, por favor. Eu preciso fazer algo. Você sabe que estou pronto o suficiente…
Naquele ponto, era quase como se o implorasse para ir atrás da namorada.
— Não posso deixar você tomar uma decisão no calor do momento. Nem mesmo quando sei que suas emoções falam mais alto do que sua razão. — afirmou, balançando a cabeça de forma negativa. — , vá para casa.
— Não. Eu não posso. Não posso sair daqui. — disse entre os dentes, fechando os punhos, e Jake o analisou por alguns segundos, ainda em silêncio. — Me deixe cuidar disso. Por favor. Pela . Não posso aguentar saber que ela foi sequestrada e ficar de braços cruzados. Isso não vai acontecer. — posicionou-se em frente ao supervisor, falando de forma dura.
— Você acha mesmo que está pronto, ?
ficou parado por alguns instantes, ainda no mesmo lugar, enquanto sua mão se fechava com força só de imaginar o que sua noite poderia estar passando.
— Você sabe minha resposta. Sabe que nasci pronto. — murmurou, olhando Jake completamente sério.
O outro à sua frente respirou fundo, passando as mãos pelos olhos, deslizando-as até o rosto, praticamente como se estivesse em uma guerra mental para decidir o que fazer.
Sabia que era impulsivo, conhecia seu agente melhor do que ninguém e, exatamente por aquilo, não sabia se poderia conceder-lhe aquele pedido.
Mas, por outro lado, colocou-se no lugar do rapaz quando recebeu a ligação de que havia sido sequestrada, sem ao menos lhe falarem algum motivo concreto para que aquilo estivesse acontecendo.
Sabia bem que não era uma situação como qualquer outra.
Ele o olhou mais uma vez, vendo um completamente enfurecid,o estampando um olhar doloroso em seu rosto.
Balançou a cabeça, assentindo vagarosamente e olhou mais uma vez, dando a entender que permitia.
— Tome cuidado, . Não deixem suas emoções interferirem nessa missão.

✖️


Já era fim de tarde quando o rapaz colocou os pés para fora do carro.
chegou no enorme galpão abandonado exatamente como diziam nas informações dadas para localização que havia recebido em seu celular, então rastreado, e sentiu o corpo esquentar momentaneamente, levando a mão de forma automática em seu coldre na cintura enquanto ajeitava o próprio corpo por conta do colete. Olhou de forma discreta para os lados, percebendo os pontos estratégicos em que os outros agentes estavam posicionados justamente para se algo acontecesse com ele ou com sua amada. Ele não sabia exatamente o que pensar naquele momento, já que a única coisa que rondava sua cabeça era achar o mais rápido possível e tirá-la de todo aquele tormento. não conseguia nem imaginar.
Deixou a postura ereta, engolindo em seco, e observou o sol cair no horizonte, entre as árvores e o galpão, mostrando assim como logo todo o local ficaria escuro, dificultando ainda mais sua busca.
Pensou, por alguns segundos, em como começaria, como faria sua abordagem mesmo já sabendo como tudo aconteceria, mas só de pensar no que ela poderia estar passando, no que queriam justo com ... não conseguia organizar seus pensamentos, só conseguia pensar no que faria quando colocasse as mãos no responsável por aquilo.
E não seria mesmo nada bom.
Você consegue nos escutar, ?
Pôde ouvir a voz de Jake invadir sua mente pelo fone de segurança.
— Perfeitamente.
Com isso, levou uma das mãos em direção ao seu ouvido, ajustando-o pela última vez.
Ótimo. Preciso que você nos informe sobre tudo o que acontecer. Desde sua entrada até a saída. Temos agentes espalhados por todo o local, por vários pontos, e estou um pouco mais longe, junto com o restante da equipe.
— Entendido, chefe.
... . — o rapaz pôde ouvir o suspiro do outro lado. — vai ficar bem. Nós vamos encontrá-la.
— Eu tenho certeza disso.
disse de forma direta e convicta, balançando a cabeça em forma afirmativa para si mesmo. Respirou fundo, analisando cada lugar do galpão em sua frente. Naquele ponto, o rapaz se sentia extasiado pela adrenalina do que iria fazer e até mesmo pela preocupação de pensar tanto em como sua namorada estaria dentro daquele lugar. Do que estariam fazendo com ela... A verdade era que não queria nem pensar em uma possibilidade daquelas.
Ele estava ali agora, e a tiraria daquele lugar o mais rápido possível.
Podem invadir agora.
Ouviu o comando de seu chefe do outro lado e, sem pensar duas vezes, caminhou em direção à enorme porta do lugar, pronto para derrubá-la se precisasse, mas com toda cautela. Assim que ia aproximando-se, olhava para os lados, observando se havia mais alguém sem ser de sua equipe, procurando por algo suspeito.
Olhou para cima, observando as janelas antigas e enferrujadas parcialmente abertas, mas não havia ninguém. Assim, olhou para o lado onde o restante dos agentes permaneciam a postos e indicou, com seu indicador, a lateral do galpão, fazendo assim com que eles seguissem rapidamente, mas antes que pudesse fazer qualquer outra movimentação, ouviu o ranger da porta à sua frente, vendo a mesma se abrir vagarosamente.
Franziu o centro, achando estranho, e recuou um pouco, não antes de levar uma das mãos em direção ao coldre.
Provavelmente querem que você entre, . Sozinho.
— Isso eu já percebi. — murmurou, deixando um leve suspiro escapar de sua boca.
Pressionou os lábios, adentrando o local de forma vagarosa, ainda atento a tudo o que poderia acontecer.
Observou que o lugar realmente parecia estar abandonado por um bom tempo, já que haviam buracos nas paredes e até mesmo a falta de alguma parte delas. O cheiro de mofo era perceptível, fazendo franzir o nariz por alguns segundos e tirar a arma do coldre, já que sua mão ainda descansava sobre ele. Com a mesma apontada para frente, andou a passos lentos em direção ao fundo do lugar, achando estranho o mesmo estar tão silencioso e vazio.
Seu coração palpitava rapidamente.
Onde estaria?
Ouviu um pequeno barulho atrás de si, virando-se ainda com a arma apontada, mas sequer notando algo ali. Pôde ouvir passos correndo, o barulho ficando em evidência. O rapaz tentou concentrar-se, mas não conseguia. Seu único foco era procurar sua amada.
Apontou para cima, no andar superior, percebendo o mesmo vazio de forma igual.
— Eu avisei para não vir armado.
Rapidamente, virou ao ouvir a voz que ecoara, mesmo não conseguindo ver ninguém ali dentro com ele. Pensou por alguns instantes, não conseguia reconhecer aquela voz, nem mesmo a quem pertencia.
— O que você quer? — rosnou em resposta.
— São tantas coisas. Por que você não... — ouviu uma risadinha, seguida de um suspiro alto.
Isso o fez apertar ainda mais o cabo da arma em sua mão.
— Por que não tenta se lembrar de algumas de suas prisões? Acho que fez isso com a pessoa errada.
— Onde está ? — ignorou o que a outra pessoa dizia, tentando não se abalar com aquelas palavras.
O silêncio se instalou novamente.
— Onde está ?!
Repetiu de forma mais alta e clara. A única coisa que conseguiu ouvir naquele momento foi o eco de sua voz pelo galpão, seguido de uma risadinha maligna e baixa. Foi impossível não murmurar naquele momento, sentindo seu corpo todo ferver pela raiva que sentia.
, você precisa de reforços. Não faça nada sozinho.
Jake dizia pelo fone em seu ouvido, mas aquilo era irrelevante. não o ouviria, não naquele ponto.
fechou os olhos em questão de segundos, abrindo-os novamente ao ver que estava no escuro, literalmente. Podia ver a luz do luar invadindo o local por algumas frestas, podia ouvir o barulho ao lado de fora de alguns pássaros, mas nenhum sinal de sua mulher. Aquilo o atormentava.
— Não se preocupe com sua donzela, agente . Não faremos nada, ainda. — sussurrou a última palavra de forma com que o rapaz pudesse ouvir claramente e o mesmo trincou os dentes, caminhando de forma um pouco mais cautelosa.
Ele podia sentir o coração batendo dentro do peito rapidamente e aquilo só fez com que ele ficasse ainda mais agitado.
— O que é que vocês querem?! — perguntou novamente, a ponto de querer atirar em qualquer que fosse o lugar, só para aliviar um pouco do ódio que sentia percorrer em suas veias.
Por que sentia que algo não estava encaixando-se? Por que pareciam estar querendo tomar seu tempo?
— Você realmente é muito ingênuo, . Achou mesmo que iríamos deixar tudo passar de forma tão batida depois do que fez?
— Do que é que você está falando? Apareça de uma vez. — passou por uma das janelas, observando a luz da lua passar por suas botas, voltando para a escuridão. — Não deveria ter envolvido terceiros neste assunto.
— E por que não? Só por que é sua namorada? Se fosse com qualquer outro, você não mediria tanto esforço, como agora.
Ao final da frase, pôde ouvir o barulho de algo metálico cair e um resmungo alto, quase como se estivesse pedindo por ajuda.
Era .
— O que vocês estão fazendo?! Soltem ela, agora! — gritou, virando o corpo de um lado para o outro, procurando de forma desesperadora quem quer que estivesse com sua namorada.
Engoliu em seco, soltando um suspiro pesado, e mirou a arma para cima, em direção ao andar superior. Seus olhos foram puxados para a escada que levaria-o até lá. A mesma estava caindo aos pedaços, parecia desabar a qualquer momento.
— Nós estamos a recepcionando muito bem. Não se preocupe. — pôde ouvir novamente assim que ia pisando nos degraus o mais próximo possível da parede.
olhava frenético para todos os cantos possíveis, pronto para atirar em quem quer que aparecesse em sua frente.
Ele não teria piedade.
... — ouviu outro murmúrio de , o que fez seu coração apertar dentro do peito.
Era um murmúrio de dor, de socorro, e ele se sentiu impotente por não achá-la de forma mais rápida.
— Se você a machucarem, podem ter certeza de que não vou ter um pingo de pena em acabar com a vida de cada um envolvido. — disse raivoso, chegando no andar. — E eu falo sério.
Por alguns segundos, o silêncio se instaurou novamente no lugar, fazendo-o alarmar-me. Os mínimos barulhos ainda continuavam e podia ver de relance, ainda que de forma confusa, algumas silhuetas.
— Sabemos do que é capaz, . E mesmo sendo contra a minha vontade, estou aqui para lhe fazer uma proposta. É pegar ou largar, camarada.
O rapaz tombou a cabeça levemente para o lado, com os olhos franzidos ao ouvir o que o suspeito havia dito. Que tipo de proposta ele lhe faria? Algo continuava não se encaixando.
— Sabemos que foi você quem estava responsável pela operação do Lansky e até mesmo sabemos que foi você que o prendeu, mas você já sabia de tudo isso, certo, ?

Aqueles últimos meses não haviam sido fáceis. Não tinha uma noite em que havia conseguido dormir e, na maioria delas, acabava ficando em seu escritório na agência, imerso em seu caso quando sua namorada estava sozinha, à sua espera, mas tão cansativo e exaustivo havia sido, estava sendo então prazeroso, e o rapaz podia sentir o alivio tomar conta de todo o seu corpo.
Havia pegado o culpado.
James Lansky havia sido preso. Por ele, por sua equipe. Não havia orgulho melhor que aquele. O homem era um dos mafiosos golpistas mais procurados de Nova Iorque, incluindo todos os jogos de azar em que apostava e a construção de cassinos para continuar com toda sua trama.
Sua equipe estava atrás do homem havia tempos e, depois de muito esforço, ali estava ele, prendendo-o.
— Sr. Lansky, você está preso. Você tem o direito de ficar calado. Tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal. — o segurava de forma firme, não só pelo braço como também nas algemas, e o outro o encarava de forma séria, como se realmente não fosse falar nada.
Isso foi o que pensou.
— Eu já presumia que você viria. Espero que não se arrependa depois.
disse, um pouco mais baixo para que só ouvisse.
O rapaz o olhou, sem entender.
— O que disse?
Lansky apenas balançou a cabeça, olhando para além de , deixando o agente pensativo por suas palavras. Mas, naquele momento, aquilo não importou. O rapaz só conseguia pensar que mais um caso estava concluído e era isso o que importava.


— Lansky? – murmurou. — Onde quer chegar?
— Você sabe o caminho. O julgamento está se aproximando. Não vai ser tão difícil para você. — fez um pequeno barulho com a boca enquanto se aproximava.
Na medida em que procurava no meio de todo aquele breu, sua mente trabalhava rapidamente com tudo o que ia escutando.
— Nossa... Como eu odeio vocês, agentes de merda. Tão alienados... — podia-se ouvir nitidamente a voz de quem falava carregada de raiva. — Você já entregou as provas, eu sei, mas... Mas você pode dar um jeito.
— O que?
— Você me ouviu. Dará um jeito de provar a inocência de Lansky assim como fará com que as provas se tornem inexistentes. Se fizer isso, terá sua amada novamente. Caso contrário... — parou de falar e, em seguida, pôde ouvir o gatilho sendo armado.
Seus olhos se arregalaram.
— Eu não preciso dizer, não é?
— Não. — Concordou, quase em um sussurro.
— Você devia aproveitar que ainda estamos sendo amigáveis. Qual é, . Eu podia estourar a cabeça dela aqui, agora mesmo. — deu uma pequena risada, fazendo com que soltasse um grito abafado por conta da boca tampada. — Mas por outras ordens, ainda não o fiz. Então, o que me diz? Estamos acordados?
Ele ponderou um pouco antes de responder e, em meio à confusão de seus pensamentos para uma decisão, podia ouvir murmurar alto do outro lado. O rapaz, então, tentou seguir os grunhidos da mulher.
? — o rapaz perguntou, a procurando ao redor com rapidez.
Podia sentir a mão latejar por segurar a arma com tanta força.
— Parece que alguém quer falar com você.
No segundo seguinte, o andar ficou silencioso novamente e, quando deu mais um passo, ouviu.
, não! Você tem que sair daqui! — começou a dizer desesperada e rápida, como se fosse dar-lhe algum recado. — É tudo uma armadilha, eles vão te pegar! Eles querem expl....
— O quê?! — ele gritou de volta, virando a cabeça rapidamente para de onde a voz dela vinha, sendo abafada novamente por alguém que a segurou.
Ele podia ouvi-la gritar, espernear e, mesmo assim, não conseguia localizá-la. Foi só quando ele andou de forma mais rápida até o final daquele andar que pôde ver, no meio de toda a penumbra e o sereno que caía pela noite fria.
Ele pôde ver o corpo de ser carregado sem qualquer cuidado pelo homem que segurava-a de forma bruta, tapando sua boca enquanto, com a outra mão, também segurava uma arma.
— Solte ela! ! — gritou com todos os pulmões enquanto via-o carregá-la.
O rapaz seguiu até os dois, tentando pará-los. Na medida em que corria, podia ouvir o choro engasgado de enquanto era carregada, mas assim que desceu as escadarias, pronto para a apertar o gatilho em direção ao homem que carregava-a, ele podia sentir.
não só sentiu como também ouviu. O disparo feito por quem quer que estivesse mais ali e a bala chicoteando em sua perna, fazendo-o cair. Um urro de dor ecoou pelo lugar, seguido pelo grito abafado de sua namorada misturados com a risada sarcástica.
! — berrou, esticando uma das mãos em direção à mulher assim que seu corpo tombou no chão, de joelhos, os olhos arregalados, a expressão de dor tomando conta de seu rosto.
Mas além da dor, o sentimento mais explícito em si era o de raiva. Ele não deixaria daquela forma.
tentou levantar mais uma vez, mesmo sentindo o sangue escorrer por sua perna, e tentou caminhar mais uma vez em direção a ela. Podia ver, com clareza, remexendo o corpo na tentativa falha de soltar-se enquanto ela se debatia.
— Ah, ... Você deveria ter aceitado o acordo.
Pôde ouvir novamente a voz antes de ouvir outro disparo, esse acertando seu ombro de forma brutal, jogando seu corpo para trás. já não conseguia ver tudo com muita nitidez, mas ainda permaneceu ali, com os olhos abertos. Conseguia ver ao longe, gritando seu nome, gritando para todos, e ainda conseguiu ouvir a sirene enquanto alguns agentes invadiam o lugar rapidamente.
Ele queria muito poder confortar sua amada, mas antes de apagar, a única coisa que conseguiu ouvir fora seu nome. E nada mais.
!

✖️

Quando abriu os olhos, foi difícil distinguir o que acontecia. Primeiro de tudo, o clarão quase cegando sua visão e, em seguida, tudo ficando nítido aos poucos. Quando seus olhos se acostumaram com a luz, o mesmo pôde ver com clareza onde estava.
Ele conseguiu ver os móveis, as paredes pintadas e as plantas que tanto gostava de cultivar. estava em casa.
Por alguns segundos, ele pôde sorrir levemente ao perceber mas, em seu coração, algo ainda não se encaixava.
Algo estava errado.
— Querido.
Ouviu a voz de atrás de si e virou, podendo ver a namorada o esperando.
— O que? — perguntou ao notar o olhar de sobre si.
— É só que... Eu senti sua falta. — murmurou, ainda parado.
— Sentiu minha falta? — indagou, deixando uma risadinha escapar. — Mas não faz minutos que nos vimos, amor.
— Eu sinto que quase te perdi.
— Não fale besteiras. – aproximou-se do rapaz, levando uma das mãos em seu rosto. — Você nunca irá me perder.
— Eu amo você, . Muito. — fechou os olhos brevemente ao sentir o toque das mãos da mulher.
Ao abri-los novamente, ela ainda o olhava de forma calma mas agora um pouco séria.
— Eu também amo você, meu amor, mas...
— O que?
— Você não pode ficar aqui, . — disse, assentindo.
O rapaz afastou o rosto, tentando entender o que ela dizia.
— Você não pode.
— Do que você está falando, ? — questionou.
Ela o olhou por mais alguns instantes, antes de afastar-se milimetricamente do rapaz. Pressionou os lábios, sorrindo para ele mais uma vez.
— Você é muito bobinho. Vamos, não fique parado aí. — piscou para ele, segurando sua mão. — Você precisa ir.
— Para onde?
Mas ela não respondeu mais. continuou fazendo perguntas, já que não entendia o que acontecia, nem mesmo o porquê de ela não conseguir escutá-lo mais e, ainda assim, continuava o levando. Quando pararam em frente a uma porta, a mulher se virou para ele, sorrindo, e abriu, fazendo assim apagar outra vez.

?
O rapaz ouviu o chamar, fazendo com que sua atenção fosse voltada para ela. Franziu o cenho novamente, sem entender o que estava acontecendo e olhou ao redor, notando que desta vez, não estava em casa.
E sim em um restaurante.
Aparentemente, ele e estavam em um encontro.
— Você parece estar com a mente longe.
— Eu sinto como se realmente estivesse. — disse, levando uma das mãos nas têmporas.
Com isso, ele a olhou novamente.
— O que foi? Você não queria vir aqui?
— Não é isso. É só que... Já não estivemos aqui antes? — perguntou, ainda permanecendo com os olhos sobre ela.
o olhou e sorriu minimamente, balançando a cabeça de forma positiva.
— Já sim. Há um tempo. — deu uma leve risadinha. — O que te preocupa?
— Eu não sei dizer. São só esses pensamentos... Parece que tudo é uma lembrança.
Ela apoiou os cotovelos na mesa e com as mãos, apoiou seu queixo.
— E o que te faz pensar que talvez não seja?
tombou a cabeça para o lado, confuso.
— Você parece vívida demais para isso. — o rapaz estendeu sua mão em direção a ela.
, no mesmo instante a pegou, fazendo um carinho leve.
— Por isso você não pode continuar aqui. Para que eu possa continuar vívida para sempre. — balançou a cabeça, fazendo-o entender. — Você promete?
— O... O quê? O que está dizendo, meu amor? — piscou algumas vezes, tentando entender.
— Promete que não irá ficar? Por favor. — murmurou para ele, apertando sua mão.
levou os olhos da mão da mulher para ela e franziu o cenho.
— Prometer?
– Sim, querido. Prometa que não ficará aqui e achará uma forma de voltar.
— Voltar para onde? Estou onde queria.
— Não. Você não está. – afirmou, pressionando os lábios. — Seu lugar não é aqui.
— E onde é?
— Você sabe onde pertence. E não é aqui, querido. — deu um pequeno sorriso reconfortante em sua direção. — Agora, você precisa ir.
— De novo?
— Sim. De novo.
E com isso, acariciou suas mãos antes que tudo virasse um borrão novamente, deixando mais uma vez naquele escuro, sozinho.
Realmente não fazia ideia do que acontecia.

podia sentir o vento tocar seu corpo lentamente, quase como se acariciasse sua pele. Ou pelo menos, achava que estava sentindo.
Quando abriu seus olhos, conseguiu avistar de primeira o mar batendo ao longe e o barulho das ondas ecoando por sua mente. Por alguns segundos, conseguiu sentir cada músculo de seu corpo relaxar com aquela paisagem, mas no instante seguinte, sentiu seu corpo ser abraçado pelos braços finos e delicados de .
Instantaneamente, sorriu. Não sabia nem explicar o quanto amava-a.
— Eu gosto tanto desse lugar. Podíamos vir aqui mais vezes. — ouviu a voz abafada em suas costas e riu fraco da forma com que ela falava.
amava o mar.
— Você realmente gosta, não é? — virou a cabeça para o lado, tentando vê-la. — O que acha de voltarmos nas férias do meado do ano?
— Acho incrível! — disse empolgada, ficando ao seu lado, ainda abraçando a cintura do rapaz.
Ele podia vê-la com mais clareza.
— Mas, para isso, você tem que voltar.
— Como assim? , você me deixa no escuro dessa forma.
Ela suspirou, balançando a cabeça de forma negativa. Com isso, ele continuou olhando-a e levou uma de suas mãos até os fios bagunçados da mulher pela brisa do mar. Ela sorriu.
— Você ainda não entendeu, não é?
— Pelo visto, não.
fez uma pequena careta, fechando seus olhos rapidamente.
— Acorde, . Eu preciso de você. — disse, acariciando o rosto do rapaz.
— O qu...
— Você precisa voltar, meu amor. Volte para mim. — continuou, fazendo continuar observando-a. — Volte e, assim, podemos visitar essa praia novamente, assim como você disse.
— Do que está falando, ?
— Você irá entender. — assentiu para o rapaz, pressionando os lábios. — Vem comigo?
— E vamos para onde?
Ela segurou uma das mãos no rapaz, puxando-o para si. Assim, deu um sorriso contido. não sabia bem o que pensar, nem mesmo o que estava acontecendo, mas só de olhar os glóbulos brilhantes e o sorriso motivador no rosto de , entendeu que não precisava esforçar-se para aquilo.
Ela faria tudo por ele.
— Vamos voltar.

✖️


sabia desde o começo que nada daquilo seria fácil como, mesmo no fundo, tinha presumido. Nem mesmo imaginou que um dia pudesse correr o perigo que correu, fazia ideia sim de que poderia acontecer, mas não da forma como foi.
E muito menos imaginou que sua amada se envolveria em tudo aquilo.
Talvez tivesse colocado seus sonhos na frente de sua realidade, talvez tivesse sido orgulhoso ao ponto de não pensar nas consequências e tudo havia o deixado ali, onde estava naquele momento.
Mas ele podia sentir. Ele sentia seu corpo formigar em todas as partes, mas a escuridão ainda continuava estampando seus olhos. Não conseguia pensar em qualquer outra coisa.
O que havia acontecido, afinal?
— Volte para mim, . Por favor.
Ele conseguia ouvir sua namorada pedindo de forma tão dolorosa, tão suplicante, mas por que não conseguia vê-la? Só conseguia sentir o quão a tortura de seu tom de voz.
Ele queria lutar contra o que acontecia, mas sentia que nada conseguia fazer. Na verdade, sentia que todo esforço era em vão, já que tudo o que ele enxergava era a escuridão inebriante.
queria gritar. Queria chamá-la, pedir para que ela fosse a seu encontro.
Por que não acontecia?
— Eu amo você, meu amor, mas...
! — tentou gritá-la inconscientemente. — Eu amo você...
podia sentir o nó se formar em sua garganta, o soluço agarrado pelo choro contido em busca da sua amada. O que ele poderia fazer? Não conseguia tomar nenhuma atitude. Sentia seu corpo paralisado.
— Você precisa voltar.
E o silêncio se instalou mais uma vez, deixando o rapaz absorto em seu pensamento e na escuridão, apenas ali. Sozinho.
sabia que não continuaria ali e foi com esse pensamento que começou a avistar um pequeno clarão no meio de toda a escuridão, e a cada vez em que chamava o nome de sua amada mentalmente, a claridade só ia se aproximando ainda mais.
De primeira, ele só conseguiu avistar o branco. Tudo tão branco, tão claro... Depois, conseguiu notar que tinha mais coisas.
Quando seu olhar foi focando aos poucos, ele pôde notar que, além do branco, havia algumas cores e, além das cores, alguns objetos. Notou, ao seu lado, o suporte com uma bolsa de soro, logo com uma menor abaixo, e assim que sua audição foi se acostumando, ouviu o bipe da máquina à qual estava ligado, também ao seu lado.
Piscou lentamente, ainda desnorteado e olhou vagarosamente para o outro lado, avistando de primeira a janela do quarto em que estava. Fechou os olhos mais uma vez com a claridade do céu azulado. Com isso, tentou movimentar a mão em direção ao rosto, mas sentiu-a pesada demais e a única coisa que conseguiu fazer foi mexer alguns dos dedos, movimentando-os.
Respirou fundo, só então se dando conta.
Onde estava ?
Era claro que seria um louco de tentar mexer-se de forma tão rápida naquele momento, mas foi impossível controlar sua preocupação sem ver a mulher que tanto amava ali e, aos poucos, as lembranças iam invadindo sua mente, uma atrás da outra.
A última da qual recordava-se era de estar no galpão. Ela estaria bem? Havia dado tudo certo ao final?
Aos poucos, conseguiu ouvir o bipe da máquina ficando mais rápido, notando que seus batimentos estavam da mesma forma. Estava agitado, preocupado e nervoso.
Droga, ele queria ver . Precisava vê-la.
... — tentou chamá-la, sentindo a garganta mais seca que o normal. Da mesma forma que tentou chamá-la, tentou também levantar seu corpo.
Sem sucesso.
Foi só quando ele tentou chamá-la mais uma vez que pôde observar a movimentação em seu quarto, avistando uma enfermeira entrando apressada, seguida do médico, mas só conseguiu focar no pequeno ser que entrava agitado no quarto, já com os olhos marejados.
Quando sua visão focou na sua frente, tão nítida, tão linda, tão... Preocupada, soube que não havia ninguém melhor que ela naquele momento. Soube exatamente que a queria para o resto da vida.
— Meu amor. , querido. — a mulher se aproximou, segurando suas mãos de forma delicada.
Ele a olhou emocionado da mesma forma, mas já conseguia derrubar algumas lágrimas.
— Linda... Você é linda... — disse baixinho para ela, que assentiu, ainda continuando a chorar. — Achei que tinha te perdido...
— Eu que devia falar isso, amor. Achei que nunca mais veria você outra vez. — aproximou o rosto do dele, depositando um beijo carinhoso e calmo, misturado com as lágrimas, em sua bochecha. — Nunca mais ouse me deixar assim, .
Mesmo chorando, soltou uma pequena risadinha com o que havia dito. sorriu para ela.
— Não conte com isso. Não há possibilidade. — disse, tentando piscar para ela.
balançou a cabeça mais uma vez, depositando outro beijo desta em sua mão.
— Agora, me conte. O que aconteceu depois que apaguei?
— Jake e o restante dos agentes me resgataram e conseguiram pegar um dos comparsas do Lansky. A verdade é que fizeram tudo isso para tentar imunizá-lo sem as provas e, como você foi o responsável pelo caso, acharam que te atingiriam pelo seu ponto fraco. No caso, me sequestrando. — fechou os olhos brevemente ao lembrar. — Não aconteceu nada comigo. Ele não conseguiu me ferir, não fisicamente. — pressionou os lábios. — Eu realmente achei que te perderia, . Foi um pesadelo. — colocou uma das mãos no rosto, tentando controlar as lágrimas que insistiam em cair.
Sh, calma. Estou aqui, meu amor. Estou com você. Não vou a lugar nenhum. — apertou a mão que segurava e a mulher se aproximou, depositando um pequeno selinho nos lábios do rapaz.
— Acho que você e Jake tem muito o que conversar, logo ele estará aqui... — assentiu, afastando-se. — Eu amo você, . Com todo meu coração.
— Eu também amo você, minha linda. Com todo meu coração. — repetiu, sorrindo para ela. — Sabe, me ocorreu uma coisa há alguns segundos.
— O que foi? Está tudo bem?
Ele assentiu, fechando os olhos por alguns segundos. A mulher continuou olhando-o.
— Quando tudo isso acabar e estivermos em casa, quero te levar novamente àquela praia em que fomos na Austrália. Aquela pela qual você se apaixonou. — sorriu para ela, acariciando o peito de sua mão. — Hyams Beach, não é? Podemos voltar logo. Só nós dois, novamente.
— Sério, amor? Mesmo? — perguntou extasiada, sem tirar os olhos dele.
sorriu de forma encantadora, pôde sentir o coração esquentar. — Claro que podemos voltar, querido.
— Só tenho uma condição. Tudo bem para você?
— Claro, sim. Qual seria? — a mulher deixou a cabeça tombar para o lado, curiosa.
a olhou por alguns instantes, admirando a beleza que ele julgava por ser única de sua namorada, os olhos apertados, o rosto delicado e os lábios marcados. era sua perdição e sua salvação.
— Vamos voltar assim que eu me recuperar. E eu espero muito que seja em nossa lua de mel.
O que...?
A mulher piscou algumas vezes, ainda encarando o homem deitado, olhando fixamente para ele. Era claro que queria muito ser sua esposa, queria tanto casar com ele, mas vê-lo ter tanta certeza assim aquecia seu coração de uma forma que ela não sabia mesmo explicar.
— Você... Você realmente quer?
— Claro que sim. Na verdade, sequer pensei em desistir. — soltou uma risadinha fraca, vendo completamente emocionada. — E então, o que me diz?
— É claro que eu aceito, ! — a mulher se levantou rapidamente, tentando abraçá-lo mas recuando em seguida após perceber que poderia machucar seu noivo. — Mas, tem certeza de que está pronto? Não quero apressar as coisas...
a olhou por alguns instantes, sentindo um misto de sentimentos que não sabia bem decifrar. Ele só conseguia sentir que tinha tudo o que precisava naquele momento, mesmo com todos os problemas, mesmo com tudo aquilo tendo acontecido. Ele tinha corrido todo o risco por sua amada e não se arrependia mesmo de nada daquilo. Não se arrependia do que tinha feito e, se precisasse, faria novamente, sem pensar duas vezes. Por ela.
Observou o olhando, esperando por uma resposta. Tão linda, esperançosa... Vê-la ali ao seu lado era a prova de que não podia pedir por alguém melhor em sua vida e, disso, ele tinha mesmo certeza.
— Eu tenho, sim. Nasci pronto, meu amor.


Fim.



Nota da autora: "Olá, como vocês estão? Aqui estou eu com mais um ficstape prontinho para vocês, já peço desculpas se mencionei algo errado referente à termos técnicos e espero muito que vocês gostem assim como eu! Beijão! Com carinho, Isy."



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