Finalizada em: Out/2021

coin

강자에게 더 세게 I love gamble
과감할수록 신세계 on my table
I'm sorry 세상이 원래 불공평해
So 더럽게 재미있지
(Jogada implacável para os grandes apostadores, eu adoro apostar
Um novo mundo se abre enquanto ouso na minha mesa
Sinto muito, o mundo de verdade é injusto
Então, o sujo é divertido)


A vista era magnífica.
Do alto da Torre de Tóquio, Furlan desfrutou das luzes da cidade com atenção, porém sem toda a alegria de sempre. Era linda, brilhante, estupefata. A imensidão escura a fazia se sentir menor do que era, mas alguma coisa faltava desta vez. E saber disso não era vantajoso no momento.
Sua concentração para a partida dependia de um momento de paz e sossego naquela cabine sobre as luzes.
Esse momento passou rápido demais. Geralmente, os últimos minutos finais que passava sozinha eram bem aproveitados, com meditação, respirações profundas ou um cigarro. Tudo para preparar a mente para o que estava por vir. Mas desde o fim da primavera, precisava fazer um pouco mais de esforço para conseguir atingir o pico de paz interior necessário que garantiria sua vitória.
Os passos atrás dela surgiram rápido demais. A pessoa em questão apenas limpou a garganta, não emitindo nenhum barulho além que pudesse atrapalhar o torpor preparatório da jogadora.
Entendendo o recado, deu adeus à vista majestosa e calçou os saltos largados ao lado da cabine, soltou um suspiro pesado e começou a caminhar para o salão de apostas.



승리를 손에 꽉 잡아 말아 쥐어
Worth more than jewels
저리 가서 놀아줘
It's no kids zone
매경기 살벌하게
난 목숨을 걸어 like a bullfight
(Seguro a vitória firmemente nas mãos
Vale mais do que joias
Vá brincar com as cartas em outro lugar
Essa é uma zona proibida para crianças
Toda rodada é sangrenta
Eu me arrisco como em uma tourada)


Furlan era conhecida como a maior apostadora do submundo.
No entretenimento, ela era chamada por Ofelia, e raramente fazia qualquer aparição pública. Estava sempre vestida de uma mistura de casual e sexy, o que a tornava enigmática, inalcançável. Desafiar sócios de cassinos fazia parte do trabalho, e exatamente por isso não entregava mais do que alguns olhares na mesa de apostas. Sua presença foi claramente notada e admirada assim que pisou no ambiente abarrotado, tendo consciência dos olhares lascivos que recebia vez ou outra, mas que eram facilmente ignorados assim que ela se sentava na cadeira executiva com toda elegância e era servida com o melhor vinho da casa.
— Está pronta pra hoje, senhorita? — perguntou o garçom bem apessoado em voz baixa ao seu redor.
— Eu sempre estou.
— Isso é bom. Hoje temos um novo participante.
— Vou jogar com um novato? — sua voz destilou desdém. Um par de mãos usando luvas brilhantes depositou a caixinha metálica cuidadosamente na mesa de veludo à frente, o recipiente das armas de Ofelia.
— Ele insistiu em jogar especialmente com a senhorita — continuou o homem, ainda em voz baixa e cortês — Foi bastante persistente. Disse que é um velho conhecido.
Os ouvidos de se empinaram um pouco com a informação, mas não foi o bastante para que perdesse a atenção no globo giratório da mesa. As pessoas começavam a tomar seus lugares – políticos, nobres e toda a elite japonesa em ternos italianos caros e champagnes exorbitantes. No mínimo, mais da metade das pessoas no recinto a conheciam, até mesmo já jogaram com ela. Portanto, era inútil se preocupar com uma coisa daquelas.
— Eu conheço muita gente — murmurou, alisando uma das cartas com a ponta das unhas pintadas em preto.
O garçom soltou uma risada leve. Desejou um boa sorte gentil para a garota e se retirou, dando espaço para a partida começar.
Ela se concentrou novamente nas cartas personalizadas, na modalidade que poderia usar desta vez, no tempo que poderia levar e em todas as questões que cercavam uma boa vitória. Contudo, qualquer jogo que envolvesse cartas também envolvia pessoas, e Ofelia poderia afirmar com toda certeza que decifrá-las era a metade do processo. Ela esticou o olhar sobre todos ao redor de forma discreta, avaliando até mesmo a escolha do baralho e as possíveis leituras labiais e métodos de trapaça. Podia-se dizer que não existia ninguém mais preparado do que ela, e nada seria capaz de afetar sua postura e concentração.
A não ser um membro específico que se aproximou, trajando um smoking claramente mais barato do que os outros, mas caminhando com tanta elegância quanto os outros. O baralho escapou das mãos de Ofelia. Ele se sentou na cadeira do outro lado, fitando seus olhos com intensidade, com reconhecimento. Ela sentiu a garganta dar um nó e a respiração sair entrecortada.
— Senhorita, este é o novo participante — uma outra voz sussurrou em seu ouvido, mas parecia vir de quilômetros de distância. Ofelia desviou os olhos para a mesa de veludo, tentando pensar rápido, tentando fugir. O que ele fazia aqui? Logo aqui…
— Prazer em conhecê-la, senhorita Ofelia — a voz incendiou cada célula do corpo de Ofelia. Ela ergueu os olhos devagar, pousando-os nele mais uma vez, sentindo a boca seca e todos os pensamentos lógicos escaparem de si — Será um prazer jogar com você.



Queen, nicely done
My bad, you lose
구걸하지 않는 눈빛 우리 game의 rule
(Dama, muito bem. Foi mal, você perdeu
Sem olhar de súplica, essa é a regra do nosso jogo)


Yoon Sanha não era um rapaz de segredos.
Diferentemente do que se pudesse pensar a respeito de alguém que se conhece em uma estadia afastada no início da primavera, a transparência e honestidade eram sua maior característica. Essas foram apenas a ponta do iceberg de todo o combo que fizeram perder a cabeça e se entregar a um amor desconhecido e surpreendentemente leve. Mesmo sabendo que tudo teria um fim, ela se deixou levar e viver o momento de paz. Era sempre assim nas viagens esporádicas entre uma partida e outra: um caso, um novo alguém e o fim da experiência.
Ela só não contava que aquele garoto alugaria um espaço especial em sua memória, e se recusaria a sair até o último momento.
Como ele descobriu seu verdadeiro trabalho ou sua localização, pouco importava. Também era no mínimo bizarro a forma como ele jogava perfeitamente bem e tinha bastante destreza na mesa de pôquer, mesmo que tenha perdido no final, de qualquer forma. Seu desempenho era algo incômodo e ultrajante. Como ela não tinha percebido isso na primavera em Jeju? Ele parecia ser o cara mais doce da face da Terra.
A ponta dos saltos martelava nos corredores do hotel à medida que ela buscava o ar fresco da torre com mais pressa. Os lábios estavam franzidos de irritação, a testa não escondia os vincos e seu corpo borbulhava de perguntas e de pura frustração. A partida tinha sido cansativa, extenuante, mais do que o normal. Não era pela habilidade do adversário, mas sim, porque se concentrar foi a maior batalha em si. A batalha contra a própria mente.
No entanto, as surpresas daquele dia pareciam estar apenas começando. Depois de conseguir dispensar todos os esforços de seu pseudo empresário em fazê-la tomar uma água e voltar para a confraternização da elite como uma bela dama do sub mundo deveria, finalmente tinha conseguido uma hora para esfriar a cabeça no ar fresco do topo da Torre. A exigência de ficar sozinha foi imperativa e sem objeções. Sua garganta estava tão presa que ela era capaz de soltar um grito extravagante assim que fechasse a porta da cobertura, e teria feito isso, se não encontrasse outra pessoa parada há alguns metros, observando as mesmas luzes sob os pés, assim como ela fazia há algumas horas atrás.
— Não brinca…
Era para ter sido um sussurro, mas o rapaz se virou devagar para trás, expondo um sorriso singelo e tranquilo ao vê-la.
— Eu sabia que você viria.
— O que faz aqui? — ela engoliu em seco. A garganta arranhava mais que o normal — Como me achou?
— Isso importa? — ele deu de ombros — Você não sumiu exatamente sem deixar rastros. Achei que fosse um sinal de que quisesse me ver de novo.
O lenço. É claro. A logo, as flores, tudo que ela havia feito por pura falta de atenção, uma atípica falta de atenção. Sanha havia conseguido drenar toda e qualquer discrição que ela manteve por anos.
— Não era a intenção — respondeu, tentando manter a voz firme o suficiente — Você não deveria estar aqui. Quem seria idiota o bastante para se arriscar a me desafiar na primeira partida pública? Arruinou toda a sua reputação antes mesmo de construir uma.
— E quem disse que vim pelo jogo? — os pés do garoto se arrastaram para perto dela — As cartas, as apostas, nada disso me interessa. Eu vim por você.
— Não diga isso…
— E o que mais eu diria? Quer que eu acredite que tudo o que tivemos realmente acabou com o fim da primavera? — suas sobrancelhas arquearam — Que tudo aquilo não passou de uma mera aposta sua, da vida real? Não, eu não acredito nisso, . E sei que você também não. Podemos ficar juntos-
— Será que você é tão idiota assim? Não percebe o tipo de vida que eu levo? — ela gesticulou com as mãos, que apontaram para a imensidão da cidade iluminada — Tudo isso me pertence. As coisas acontecem quando eu bem entendo, inclusive minhas próprias fugas da realidade. Eu controlo e mando em tudo isso. Você não passou de uma aventura, uma miragem, que tratei logo de apagar e voltar para a vida real.
— E conseguiu me tirar da sua cabeça? — ele balançou a cabeça, soprando em uma voz aveludada — Mandou ela me esquecer? Assim como Jeju, a primavera e seus momentos de felicidade? Me diz, teve sucesso nessa parte?
abriu a boca para responder, para protestar e se livrar daquele cara com todo o seu bom repertório grosseiro, mas nada saiu. Ele estava perto demais, e seu cheiro inebriava e remexia todas as memórias guardadas em seu coração. Sanha não parecia ser real naquele momento, se assemelhando a uma peça pregada pelo coração de , que tanto desejou vê-lo de novo.
— Eu n-não… — gaguejou, respirando fundo em busca de uma resposta concreta — Eu não posso. Não podemos. Eu tentei explicar-
— Você apenas explicou, . Não perguntou se eu estava disposto a arriscar, se eu faria de tudo para ter você do meu lado. Sempre fui um cara simples e sem desejos inusitados, mas quero te acompanhar por onde for, estar com você em qualquer lugar. Não me importo com seu estilo de vida ou a falta dele. Só quero ficar com você.
— Sanha…
E então, o toque desejado aconteceu. Ela se viu envolvida novamente, assim como fantasiou em seus sonhos várias e várias vezes, nos braços do garoto alto e bonito, levando-a para outra dimensão, para um paraíso perdido escondido na redoma que se formava quando seus corpos se uniam. achou que tudo acabou muito depressa. Ela parecia um pouco desnorteada.
— Você vai me dar uma resposta ou prefere que eu a beije de novo? — perguntou ele em seu ouvido. Um borbulhar cresceu em seu peito pelo tom de voz. Ela queria se afogar naqueles lábios o mais rápido possível.
Mas, antes que pudesse extrair seu desejo e descarregá-lo no homem mais uma vez, ela se afastou e segurou em seus ombros, com um olhar carregado de firmeza.
— Talvez tenhamos que sair correndo — disse ela. — E usar nomes diferentes.
Sanha lançou-lhe um sorriso juvenil e agarrou uma das bochechas da garota.
— Contanto que saibamos um do outro, posso fazer qualquer coisa.
E ela o aceitou, de corpo e alma, se despindo de toda a resistência contra o amor que cultivou por décadas.
De todas as partidas ocorridas, que a condenaram a uma vida de genialidade e anonimato, Yoon Sanha era sua melhor aposta, e nem a imensidão da Torre de Tóquio era capaz de mostrar o quão pequena ela era diante dos acasos da vida.


FIM.



N/A FIXA 📌: Obrigada por ter lido :)


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