Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

’s POV

Abri a porta de ferro pesada e lancei um olhar para cada lado do corredor, percebendo com um sorriso maldoso que este estava vazio.
Observei meu reflexo na tela de meu celular, ajeitando alguns fios teimosos de meus cabelos com toda tranquilidade do mundo, então coloquei o aparelho no bolso esquerdo do jaleco que vestia, arrumando sem necessidade a barra e verificando cada um de seus botões, que obviamente estavam todos em seu devido lugar.
Lancei uma última olhadela para o tal Dr. Thompson, estatelado no chão daquele almoxarifado como uma banana podre, e enfiei minha mão em meu bolso direito, verificando as credenciais que havia acabado de “pegar emprestadas”. Soltei uma risada baixa e repleta de sarcasmo, então dei de ombros e verifiquei mais uma vez o corredor, antes de sair daquele lugar e fechar a porta. Não me preocupei em trancá-la porque não ficaria muito tempo ali naquele local, eu só precisava concluir um plano rápido e então sairia dali antes de sequer cogitarem o que havia acontecido.
Meus passos eram rápidos, mas ao mesmo tempo não denunciavam minhas reais intenções naquele local. Eu precisava passar despercebido, pelo menos até alcançar meu destino, e não podia estragar tudo com a pressa. Ao contrário do que sentia por dentro, uma adrenalina que percorria cada uma de minhas veias, bombeando meu sangue com mais intensidade, eu exibia uma expressão tranquila e completamente habituada ao tipo de ambiente em que me encontrava.
Vi uma ou duas enfermeiras passarem por mim quando cheguei ao final do corredor, virando à esquerda, e ao notar seus olhares avaliadores em minha direção, deixei que meus olhos também fizessem uma análise detalhada da loira na esquerda. Gostosa era pouco para defini-la. Se eu tivesse mais tempo naquele lugar, provavelmente daria um jeito de me trancar com ela dentro de uma daquelas salas para deixá-la me lamber do jeito que a vi lambendo os lábios quando aprovou a visão que tinha. Lancei uma piscadela breve em sua direção e, com uma expressão safada, continuei a seguir pelo corredor, alcançando o elevador e entrando nele. Um jovem meio perdido e atrapalhado, com uma prancheta, levou a mão até a porta para impedi-la de se fechar e eu assenti em agradecimento.
— Dr. Thompson — ele soltou, com a voz nervosa. Estagiário, com toda certeza. Olhei seu nome no crachá e sorri meio fechado para não lhe dar margem de conversa.
— Jenkins — murmurei seu sobrenome e apertei o botão que indicava o oitavo andar, então fixei meu olhar nas portas e aguardei até o elevador chegar ao meu destino.
Durante o trajeto, revirei meus olhos com a quantidade de vezes que este precisou parar para mais pessoas apressadas e atrapalhadas adentrarem ou saírem do espaço. Mantive a mesma postura tranquila e fechada, apenas cumprimentando com um aceno de cabeça, assumindo a mesma atitude que tive com o estagiário.
Não tive problemas com alguém que conhecia o tal Dr. Thompson, porque a maioria mal me olhava nos olhos, ocupados com suas próprias preocupações, e quando finalmente o elevador atingiu o andar que eu desejava, saí quase soltando um suspiro de alívio, já me virando à esquerda e seguindo para o local que me indicaram.
Esperava que aquela maluca estivesse mesmo ali, do contrário, acabaria a deixando apodrecer naquela clínica.

Diante da porta do quarto 280, ajeitei mais uma vez as bordas do jaleco e levei a mão à maçaneta, mas antes que pudesse abri-la, ouvi um pigarro alto e paralisei em meu lugar, ao mesmo tempo que me questionaram:
— Posso ajudar, doutor?
Ergui meus olhos na direção de quem falava comigo, ao reconhecer instantaneamente a quem aquela voz pertencia.
— Porra, ! Tem ideia do caralho do susto que você me deu? — reclamei, um tanto irritado.
Minha cabeça já estava a mil, procurando uma bela desculpa para invadir o quarto de uma paciente que não era minha. Paciente esta que estava parada ao meu lado, com as mãos na cintura e um olhar repleto de malícia ao ouvir o que eu havia acabado de dizer.
— Não sei o do susto, mas o tamanho do seu eu adoraria relembrar. — Ela riu safada e acabou me fazendo erguer uma sobrancelha e acompanhá-la logo em seguida. Só para soltar uma resposta como aquela.
A encarei dos pés à cabeça, percebendo que, como eu, ela vestia um jaleco branco e as roupas de alguma enfermeira desavisada, então passei a língua por meus lábios, me aproximando dela e olhando para os dois lados do corredor antes de empurrá-la contra a porta do quarto.
— Como foi que saiu de lá? — Levei minhas mãos até sua cintura, apertando enquanto minha boca se aproximava da sua com sutileza e eu indicava o quarto com um leve inclinar de cabeça.
— Como acha que saí? — ela devolveu, com mais um de seus sorrisos espertos e repletos de malícia.
— Transou com seu médico? — tentei adivinhar, passando meu nariz por seu pescoço e a vendo engolir em seco.
— Eca, não. Era muito velho. Transei com a enfermeira mesmo. — Riu baixo, levando suas unhas até minha nuca e arranhando de leve antes de começar a brincar com meus cabelos.
— Não acredito que perdi essa cena — soltei decepcionado, com direito a bico e tudo.
— Cala a boca, . — Se inclinou em minha direção, envolvendo nossos lábios em um beijo apressado.
Automaticamente, pressionei meu corpo contra o dela com mais força, imprensando-a ainda mais contra a porta do quarto e explorando suas curvas com desejo. Eu não sabia definir com precisão como me sentia em relação a . Quer dizer, eu acreditava que não era apaixonado por ela, muito menos a amava, mas aquela mulher despertava um desejo quase incontrolável em mim quando estávamos tão próximos. E enquanto eu me sentisse daquela forma, estava feliz. Não havia nada melhor do que o desejo.
ergueu uma de suas pernas, enroscando-se em minha cintura e me fazendo sentir meu pau roçar em sua boceta. O contato, ainda que por cima do tecido, me deixou ainda mais excitado e para o inferno com o risco que estávamos correndo de sermos pegos. Quem se importava com aquilo em uma situação como aquela? Eu é que não.
Minha boca logo desviou dos lábios dela, seguindo pela lateral de seu queixo, passando até seu pescoço e explorando a região com chupões e mordidas que faziam a garota soltar exclamações baixas em apreciação. Subi uma de minhas mãos de sua cintura pela lateral de seu corpo, então toquei um de seus seios, apertando-o com vontade e ouvindo-a gemer um pouco mais alto, o que me fez soltar uma risada maliciosa e lançar um olhar rápido para a porta do quarto. Quem sabe entrar lá e comer em cima da maca fosse uma ideia bem deliciosa.
— Nosso tempo é limitado, — ela tentou argumentar, mas não parou de se esfregar no meu pau, que ficava cada vez mais endurecido com toda aquela brincadeira.
— Você sabe que eu não me importo com isso, não é? — resmunguei, tateando a porta atrás dela, à procura da maçaneta.
— Temos que seguir com o... plano. — Meus dentes puxaram devagar a pele de seu pescoço e desci minha boca até seu colo, deixando beijos languidos. Eu movia meu quadril contra o dela de forma quase automática, sem conseguir e sem querer conter meus instintos.
... — murmurei, fazendo-a olhar para mim. — Eu não me importo com porra de plano nenhum. Eu quero te foder tão gostoso, de um jeito que te deixe tão louca quanto esse lugar acusa. — Cada uma de minhas palavras ecoou diretamente em seu ouvido, em sussurros, lhe arrancando um suspiro alto enquanto apertava suas unhas em meus ombros.
Não esperei mais nenhuma resposta dela. Finalmente encontrei a maçaneta da porta, então adentrei o quarto com pressa, empurrando até a maca e me voltando rapidamente para trancar a porta, que havia apenas empurrado com o pé.
Voltei a olhar para a mulher e ela tinha dado um jeito de tirar a blusa e vestir o jaleco por cima de seu peito nu, já que provavelmente havia sido proibida de usar sutiã naquele local. Não que eu fosse reclamar, os peitos dela eram a coisa mais gostosa que eu já havia visto.
Me aproximei dela rapidamente e a empurrei, fazendo com que caísse deitada e subindo por cima dela. Beijei seus lábios rapidamente e voltei a seguir até seu colo, dessa vez indo mais além e abocanhando um de seus seios, chupando com vontade e passando a língua pelo bico. se moveu embaixo de mim, roçando novamente seu quadril no meu, de forma que conseguisse sentir minha ereção, e em resposta eu pressionei meu corpo no seu, mordendo seu seio de leve e explorando o outro com uma de minhas mãos.
Eu adorava ver cada uma das reações dela aos meus toques, era como se uma corrente elétrica percorresse seu corpo, fazendo com que ela não conseguisse nem disfarçar os efeitos que lhe causava.
Voltei a percorrer seu corpo com meus lábios e cheguei à base de sua barriga, brincando perigosamente com a barra de sua calça branca. Ela estremeceu com aquele ato e se moveu mais uma vez, buscando mais contato. Em resposta, passei meus dentes e puxei o tecido devagar, o que arrancou um grunhido agoniado de .
— Não temos tempo pra brincadeiras, . Me fode logo — ela soou quase raivosa, me encarando com o olhar brilhante de luxúria, o que me fez sorrir novamente e voltar a brincar com a barra de sua calça. — Por favor, ... — insistiu dessa vez em um tom manhoso e não resisti àquilo, afinal, nós realmente não tínhamos tempo.
Num ímpeto, eu já havia puxado sua calça e a calcinha junto. Passei a língua por meus lábios, levando minha mão até sua boceta e a acariciando devagar. soltou um barulho sufocado, reprimindo um gemido que a obriguei a deixar escapar, acariciando seu clitóris gentilmente, em movimentos circulares.
Sem lhe dar muito tempo para processar aquela informação, meti um de meus dedos nela, movendo-o com agilidade e sentindo o corpo de se sacudir em prazer, o que me incentivou a meter mais um dedo e voltar a me inclinar sobre ela para beijar seus lábios com intensidade.
Ela mal conseguia acompanhar os movimentos de minha língua, já que meus dedos entravam e saíam dela, girando em seu interior, fazendo-a se contorcer cada vez mais e grunhir, agarrando meus cabelos com força e abrindo ainda mais suas pernas para mim. Sua boceta se contraía, me pressionando tão deliciosamente que senti meu pau latejar do tanto que estava excitado com aquilo. Precisava acabar com aquilo de uma vez.
Então retirei os dedos dela e tratei de desafivelar o cinto da calça, abrindo o botão com pressa e tirando meu pau para fora da cueca, lançando um olhar repleto de malícia ao notar que o encarava fixamente.
Céus! Eu adoraria sentir aquela boca deliciosa dela me chupando inteiro outra vez, mas aquilo ficaria para um outro momento. E eu não tinha dúvida alguma de que este chegaria.
Posicionei meu pau em sua entrada e num tranco forte soquei todo de uma vez. soltou um gritinho contido, entrelaçando as pernas na minha cintura pouco antes de eu começar a me mover com intensidade, fazendo com que meu pau atolasse cada vez mais fundo em sua boceta.
Um prazer indescritível se apossou de meu corpo e eu conseguia sentir cada um de meus poros entrar em combustão, liberando ainda mais energia para que eu me impulsionasse dentro dela.
Nossos quadris se chocavam com violência e o ar ao nosso redor se tornava cada vez mais escasso, o que deixava nossas respirações entrecortadas. Trocávamos alguns beijos enquanto estávamos unidos como um só e a boceta dela me apertava tão gostoso que eu não queria que soltasse mais.
— Caralho, ... Porra — minha voz rouca ecoava quando meus lábios se separavam dos seus.
— Isso, , soca gostoso. Arreganha toda a minha bocetinha, vai — ela não ficava para trás e retrucava cada uma de minhas palavras, me incentivando a meter com mais força, a ponto do som dos nossos corpos se chocando ecoar por todo aquele quarto de hospital.
Aumentei a intensidade de meus movimentos, levando uma de minhas mãos aos seus cabelos e puxando-os possessivamente, de forma que seu pescoço ficou à mostra para mim, então passei a lambê-lo com vontade, enquanto sentia meu pau tocar fundo dentro dela, o prazer aumentando a cada segundo, nossos corpos sendo tomados pelo suor.
inverteu nossas posições, montando em cima de mim e apoiando as duas mãos em meu peito antes de começar a cavalgar com vontade. Eu sentia meu pau tocar bem fundo dentro dela e meus olhos insistiam em se fecharem em deleite, porém queria continuar a encarando. Havia alguma coisa no olhar daquela mulher que me prendia completamente.
O ar fugiu completamente de meus pulmões quando diminuiu a intensidade de seus movimentos, passando a rebolar de um jeito lento e alucinante. Prendi o lábio inferior com meus dentes, grunhindo baixo e soltando uma exclamação torturada ao sentir meu pau quase sair por inteiro de sua boceta. Num tranco delicioso, ela voltou a se atolar e revirei os olhos de prazer com aquilo.
— Puta que pariu, — resmunguei em meio a um gemido mais intenso e ela levou uma mão até meus lábios, murmurando para que eu fizesse silêncio.
Foda-se aquilo. Eu não estava mais me importando com risco algum. O jeito que aquela mulher quicava no meu colo era delicioso demais para que eu ficasse calado.
— Continua rebolando gostoso assim, vai. — Apertei sua cintura com força, guiando seus movimentos e passando a mover meu quadril em direção ao dela a cada vez que sentia meu pau todo socado em sua bocetinha.
A cada quicada, ela ficava mais molhada e aquilo facilitava ainda mais, intensificando o prazer que compartilhávamos. soltava gemidos baixos e manhosos que estavam me deixando cada vez mais louco, até que não aguentei e a segurei com mais força, fazendo ela parar de rebolar para meter com mais velocidade. Os movimentos faziam os peitos dela pularem e a cena era alucinante. Eu não ia durar muito assistindo aquilo e nem podia ou nosso plano iria todo por água abaixo.
Coloquei ainda mais intensidade em minhas estocadas, sentindo a boceta de me engolir com mais força, apertando meu pau de um jeito delicioso enquanto ela espremia seus olhos, demonstrando que seu ápice estava muito próximo.
Guiei uma mão até seu clitóris, acariciando-o com os mesmos movimentos circulares de antes e ouvi gemidos mais intensos escaparem dos lábios dela. O calor foi aumentando e eu fui socando com mais força.
Então meu abdômen começou a tremer violentamente, ao mesmo tempo que o corpo de se sacudiu com intensidade e sua boceta me apertou ainda mais, denunciando que nós dois chegávamos ao ápice praticamente juntos. Soltei um grunhido alto, ouvindo-a gemer em coro e não demorei a me derramar inteiro dentro dela, gozando tanto que meus olhos se reviraram de tesão mais uma vez.
foi rebolando devagar e eu pude sentir seu líquido melando todo o meu pau. Nossas respirações estavam falhas e precisamos de alguns segundos parados naquela posição para que depois ela desabasse ao meu lado na maca.
Permanecemos deitados ali, apertados enquanto recuperávamos o fôlego, então acabei soltando uma risada fraca que a fez me encarar confusa.
— O que foi, bonitão? — Ergueu uma sobrancelha.
— Se eu soubesse que essa clínica faria tão bem pra você, eu mesmo teria te colocado aqui antes. — A encarei sugestivo, recebendo um tapa ardido como resposta.
— Você sabe que eu não preciso que nada me faça “bem”. — revirou os olhos e então os arregalou quando ouvimos o barulho de alguém forçando a maçaneta.
— Porra! — exclamei baixo, dando um pulo da maca e tratando de fechar a calça aberta. Pelo menos eu não estava despido, ao contrário de , que precisou de minha ajuda para pegar suas peças de roupa espalhadas pelo quarto.
A porta foi forçada novamente, dessa vez com mais insistência e pude ouvir vozes alarmadas.
— Senhorita , abra já a porta!
Na real, quem havia sido o ser estúpido que havia deixado a chave na fechadura de uma clínica? Tudo havia sido fácil demais até ali. Aquela clínica era uma piada.
! — Ouvi a voz urgente de ao meu lado e só então senti que ela puxava meu jaleco, tentando atrair a minha atenção. A olhei meio aturdido e apenas assenti, indicando que estava ouvindo. — Vamos ter que pular a janela.
Olhei na direção que ela tinha indicado, percebendo que já havia aberto a tal janela ao mesmo tempo que ouvi mais passos apressados e batidas nervosas à porta. Despertei por completo de meus pensamentos e caminhei rapidamente até o local, notando que a altura que teríamos que pular era absurda, já que estávamos no quarto andar. Era loucura.
— Tá me tirando — sussurrei, ouvindo soltar um muxoxo de impaciência.
— Vai bancar o frangote agora, ? — debochou, me encarando com ar de riso. Se ela soubesse o que aquilo implicava, não teria achado engraçado.
Eu tinha a porra da fobia de altura.
Revirei meus olhos, disfarçando a onda absurda de adrenalina que se apoderou de meu corpo e preferindo nem responder. Engoli em seco, então subi no parapeito da janela.
— Senhorita , é nosso último aviso! Vamos arrombar a porta! — uma voz masculina ecoou, provavelmente era algum dos seguranças do local.
Olhei para baixo e engoli em seco de novo, voltando a desviar meu olhar para . Sua expressão mudou para uma de quem havia entendido e ela pareceu preocupada por alguns segundos.
— Você tem medo de altura, não é? … essa é nossa única saída. — Me olhou com um pedido mudo de desculpas, dei de ombros e voltei a tentar olhar para baixo.
Nós não íamos exatamente nos jogar no chão feito jaca madura, havia uma piscina grande na parte de fora da clínica. Eu não fazia ideia do motivo, mas não iria discutir, aquilo facilitaria nossa fuga.
Vi pelo canto do olho que assentiu, me encorajando e tocou um de meus ombros.
— Estou com você, . — E por algum motivo aquilo bastou.
As batidas na porta se tornaram porradas e eu sabia que não havia mais tempo.
Então tomei impulso e apertei meus olhos com força, prendendo a respiração e me lançando no ar.
A pressão da queda foi tanta que eu senti como se meus dois tímpanos estourassem, me deixando momentaneamente surdo. Cada um de meus músculos protestou enquanto eu afundava na água como uma bala sendo lançada por um canhão e me surpreendi por não ter batido com tudo no fundo daquela piscina.
Rapidamente, submergi, então a água espirrou em meu rosto, denunciando que havia pulado ao meu lado. Agradeci mentalmente por ela não ter ido parar justamente onde eu estava, ou nós dois nos machucaríamos feio, na menor das hipóteses.
Meu peito se sacudia violentamente enquanto buscava por oxigênio de forma um tanto desesperada. Por mais que eu soubesse o que havia acabado de fazer, meu organismo não estava exatamente preparado para uma atividade como aquela. Quem estaria?
Espantei aqueles pensamentos assim que também submergiu e fiz uma análise rápida de seu estado. Ela parecia sã e salva, o que significava que podíamos prosseguir com o plano. Na verdade, nós devíamos ou acabaríamos colocando tudo a perder. Não podíamos desperdiçar tempo, cada segundo era mais do que precioso.
Sem dizer uma palavra sequer, entrelacei sua mão na minha e então nadei rapidamente até a borda da piscina, ajudando-a a pegar impulso para se erguer enquanto ainda recuperava o fôlego da queda. Ela se levantou e estendeu a mão em minha direção, a fim de me ajudar também, mas eu recusei com a cabeça e, segundos depois, corríamos lado a lado em direção à saída da clínica. Nos despimos dos jalecos e não paramos para prestar atenção nos olhares espantados que eram lançados em nossa direção.
Achei que encontraríamos problemas nos portões do lugar, já que a essa altura já haviam arrombado o quarto de e concluído que uma paciente havia conseguido driblar tudo o que eles consideravam um esquema de segurança, embora na verdade fossem absurdamente estúpidos nesse quesito.
, caralho, onde você tá viajando? — Ouvi a voz irritada de chamando minha atenção e me encarando com urgência.
Só então percebi que estávamos parados em frente ao meu carro. Balancei a cabeça negativamente e tateei meus bolsos, sentindo um alívio instantâneo quando encontrei a chave. Seria uma desgraça completa se eu a tivesse deixado cair na piscina.
Em questão de segundos depois, o carro acelerava, os pneus cantavam ao entrarem em atrito com o asfalto e os cabelos de se lançavam ao vento, enquanto seguíamos na direção de sua liberdade.
Ou parte dela, já que ainda tínhamos muito o que fazer.

’s POV

O volume da música era ensurdecedor. Os corpos suados se movimentavam no ritmo de I Can't Feel My Face, do The Weeknd, numa dança sensual e hipnótica que elevava o nível hormonal de qualquer um ali presente, fosse alguém que fizesse parte da massa em peso na pista, fosse um mero espectador contemplando com o olhar vidrado.
Eu era uma mistura sutil das duas partes. Estava mais afastada da multidão, diante de um dos balcões do bar, enquanto meu corpo se movia de forma que eu julgava sexy, não só porque eu sabia muito bem quais movimentos fazer na hora certa, mas também pela resposta positiva dos olhares famintos do público masculino ou feminino.
Me deliciar com uma daquelas tentações não seria uma má ideia, mas naquela noite eu tinha um foco diferente. Foco este que estava diretamente ligado ao foco do loiro gostoso a apenas alguns metros de onde eu estava.
Tentei ser discreta enquanto observava dos pés à cabeça, mas tinha certeza de que não havia sido bem-sucedida. Como eu poderia? Ele era delicioso, sabia e abusava disso, e ver seu sorriso repleto de malícia em minha direção não contribuía muito para a minha sanidade, que já não era das melhores.
Eu poderia simplesmente jogar todo aquele plano para o alto e seguir na direção dele, empurrá-lo contra aquele balcão e lamber cada centímetro daquele homem maravilhoso. Minhas pernas se aqueciam só de lembrar do quanto ele era duro e... quente. Porra! Precisava parar de pensar nisso e o olhar que percebi vir de , assim que tive um lapso de consciência, me dizia claramente algo como: “Se você fizer sua parte direitinho, eu te fodo até você não conseguir mais andar”.
Soltei uma risada baixa, piscando para , porque eu praticamente podia ouvi-lo sussurrar aquelas palavras em meu ouvido, então desviei meu olhar do seu e voltei a focar no que deveria, não me surpreendendo nem um pouco ao perceber que um certo ruivo, que até que não era de se jogar fora, me encarava repleto de desejo.
Lhe lancei uma olhada rápida, então desviei, fingindo ter sido pega de surpresa e bebendo alguns goles da bebida em meu copo, sugando pelo canudinho de forma sugestiva e falsamente inocente. Movi meu corpo novamente, deixando-me perder momentaneamente nas batidas da música, e então voltei a encarar o homem, que não havia desviado seu olhar de mim.
Dessa vez, sustentei seu olhar, arqueando uma de minhas sobrancelhas enquanto balançava meus quadris de um lado para o outro, provocando, o instigando a fazer algo a respeito.
Ele atendeu ao meu desafio de prontidão e quase soltei uma risada vitoriosa quando o vi atravessando a multidão em minha direção.
Larguei meu copo vazio sobre o balcão e quando voltei à minha posição original, senti que estava mais próximo a mim do que o recomendado, mas não achava aquilo ruim, de forma alguma. Era exatamente o que eu queria, é claro.
— É até um pecado uma mulher como você andar por aí sozinha assim — ele soltou, em um tom que sugeria a quantidade de álcool que já havia ingerido.
— Quem disse que estou sozinha, meu bem? — retruquei, com um sorriso presunçoso. Ele ergueu uma sobrancelha e olhou à minha volta, procurando quem poderia ser minha companhia.
— Então alguém é muito otário para deixar você aqui. — Tentou novamente e se não fosse por meus planos com , eu provavelmente teria revirado meus olhos e mandado aquele ruivo para puta que pariu.
— Amor, quanto mais você tenta, mais se complica. — Meu tom era de riso, porque não consegui me conter, então dei um pequeno passo para colar meu corpo no seu. — Eu sei que sou gostosa pra caralho. Assim como também sei que você quer me comer desde a primeira vez que seus olhos bateram em mim, e nós dois sabemos que não foi exatamente aqui nessa boate. Eu sei quem você é e você sabe muito bem quem eu sou, então... — Passei minhas unhas compridas pelo colarinho de sua camisa, roçando em sua pele de propósito. — Por que não cortamos o papo furado e vamos direto ao que interessa? — Ele pareceu espantado com minha atitude e congelou por alguns segundos. — A não ser que você não vá dar conta do recado. Porque, sabe, eu até pensei em ser professora uma vez, mas não tenho muita paciência. — Peguei o copo da mão dele e virei todo o conteúdo do que claramente era um uísque caríssimo.
A pequena afronta à sua masculinidade foi o suficiente para que eu tivesse uma resposta imediata. Ronan Cavelier tirou o copo vazio de minha mão, colocando-o no balcão, então me puxou sem muita delicadeza contra si, pressionando seu corpo no meu e me fazendo sentir cada centímetro de seus músculos deliciosos me roçarem. Ele apertou minha cintura com uma mão, enquanto a outra se direcionou ao meu pescoço com urgência, então seus lábios se grudaram aos meus, dando início a um beijo voraz.
Ronan era ninguém mais, ninguém menos, que o mais novo presidente do Bank of America, um dos maiores bancos dos Estados Unidos. A renda da empresa estava estimada em cerca de 2 trilhões de dólares. Ele era o solteiro mais cobiçado da atualidade e havia sido palpável o desejo que sentira desde a primeira vez que havíamos nos encontrado.
Não que eu fosse convencida ou algo assim, mas, querendo ou não, uma mulher sempre nota quando um cara não consegue desviar seus olhos dela.
Fazia algumas semanas que meu emprego lá havia sido concedido. Eu havia conseguido me passar perfeitamente por Melanie Strauder e ninguém me reconheceria fora dali, já que havia cuidado para que minha fisionomia não fosse a mesma. Mesmo morena, em contraste com minha pele branquinha, Cavelier havia se encantado de imediato pela “mocinha do café”.
Todos os dias eu lhe servia, e todos os dias sentia seu olhar queimar em cada curva de meu corpo. Ele já havia, inclusive, tentado me tocar algumas vezes, mas em local de trabalho eu bancava a santa e apenas lhe lançava um olhar desafiador antes de me afastar. E assim eu despertava ainda mais a curiosidade que ele sentia de me ter.
Claro que dificuldades surgiram no caminho e, antes que eu pudesse realmente me aproximar de Ronan em ambiente de trabalho, a garota estúpida que dividia o quarto comigo em Charlotte havia decidido que eu não era sã o suficiente para conviver em sociedade. Foi por isso que passei mais de uma semana trancafiada em uma clínica psiquiátrica e por causa disso meu emprego havia saído pelo ralo, não que eu realmente estivesse me importando com aquilo.
O resto da história vocês já conhecem.
Eu e não queríamos muito dele, então não seria nada difícil conseguir o combinado, eu só precisava levar Cavelier para a cama.
Não me surpreendeu nem um pouco eu ter conseguido isso em menos de cinco minutos de conversa.

Entramos aos tropeços no apartamento dele. Suas mãos apalpavam cada centímetro alcançável de meu corpo, num carinho gostoso que me arrancava suspiros e gemidinhos baixos. Ronan me beijava com volúpia, demonstrando cada gota de desejo que ele havia precisado reprimir durante todo aquele tempo.
Não vi o momento em que a porta foi fechada, mas eu tinha certeza de que ele não a havia trancado, o que facilitaria meus planos, e tratei de cuidar para que ele não lembrasse desse mero detalhe, levantando uma de minhas pernas e grudando mais seu corpo ao meu, sentindo sua ereção pressionar meu baixo ventre. A boca dele se ocupou em beijar e lamber toda a extensão de meu pescoço e eu puxei seus cabelos com força, lhe incentivando a continuar.
— Não sabe o quanto eu esperei por isso — Cavelier sussurrou, contra minha pele. Sua voz rouca arrepiou cada poro de meu corpo e eu suspirei baixo antes de soltar uma risada maliciosa.
— Posso não saber, mas tenho um palpite...
Desci uma de minhas mãos de sua nuca até seu pau coberto pela calça. Apalpei-o devagar, dedilhando com minhas unhas e o ouvindo gemer baixo quando alcancei a barra de sua calça jeans. Olhei-o nos olhos, enquanto minhas mãos se ocupavam em desabotoar e abrir o zíper da peça de roupa, então adentrei sua boxer e passei a língua pelos lábios ao tirar seu pau para fora, tão rígido e pronto para mim. Acariciei-o devagar e mordi a boca, fazendo menção de que iria me abaixar para chupá-lo.
— Do jeito que você está duro pra mim, eu diria que é muito. — Fiz uma cara de falsa inocência e ele riu safado, acariciando meu rosto antes de levar sua mão até minha nuca e empurrar minha cabeça para baixo, me incentivando a me ajoelhar em sua frente.
— Você só vai ter certeza se me chupar bem gostoso. — Sua voz era carregada pelo desejo e a expectativa do que viria a seguir.
Dessa vez, eu ri verdadeiramente. Ele estava tão ridiculamente entregue para mim que eu teria me surpreendido, se já não esperasse nada menos do que aquele tipo de atitude.
Não hesitei em fazer o que ele havia me imposto. Segurei seu pau pela base e passei a língua devagar por toda a extensão, conseguindo colocá-lo por inteiro em minha boca em seguida e chupando-o com vontade.
Os toques dele eram um tanto brutos, mas não do jeito que eu realmente gostava, não com aquela possessão que me dava margem para dominar também. E eu me peguei sentindo uma vontade absurda de ter ali no lugar de Ronan.
Mas que porra estava acontecendo comigo? Me deixar levar por sentimentos bobos ia completamente contra tudo o que eu sempre havia imposto a mim mesma. Mas quanto mais eu me esforçava para tirar o maldito de minha cabeça, mais o sorriso sacana dele se formava em meus pensamentos, mais eu conseguia ouvir a voz dele, tão rouca e gostosa, murmurando o quanto ele estava louco para encher minha bunda de tapas. E eu tive de me controlar para não sussurrar o nome dele, aumentando a intensidade dos movimentos de minha boca e sentindo o abdômen de Cavelier estremecer, denunciando que faltava muito pouco para ele se derramar em minha boca.
Por mais que eu quisesse acabar com aquilo de uma vez e correr para os braços de quem realmente me importava, eu não podia, tinha de manter meus pés no chão. Por mais que eu tivesse percebido aquela paixonite maluca por , isso não significava que ele retribuía. Na verdade, eu duvidava disso.
era o tipo de cara que eu jamais imaginaria amarrado a alguém. Ele tinha o espírito livre demais para se apegar e manter um relacionamento sério. Éramos muito parecidos nesse quesito. Ele havia nascido para destruir corações e eu tinha certeza de que a partir do momento em que me deixasse levar por todo aquele charme que ele exalava, eu estaria completamente ferrada. esmagaria meu coração.
Minha boca passou a espalhar uma trilha de beijos, conforme eu me livrava dos botões da camisa de Ronan. Ele deixou que a peça deslizasse por seus ombros e caísse no chão, me encarando cheio de desejo quando passei a língua por seu queixo e o olhei de volta. Eu ainda conseguia ver em seu lugar e talvez fosse toda a minha imaginação fértil que me ajudava a seguir com o plano.
Levei minhas duas mãos ao peito desnudo de Cavelier e o empurrei devagar, fazendo ele dar alguns passos, completamente submisso, e então cair deitado na cama, o que me fez alargar o sorriso malicioso. Em um movimento só, puxei meu vestido, fazendo-o deslizar por meus braços e atirei a peça a um canto qualquer, quase rindo do olhar bobo do rapaz ao perceber que eu não estava de lingerie. Eu odiava usar sutiã e calcinha, na verdade, aquilo me dava a sensação de estar presa e eu ficava marcada de um jeito nada prazeroso. Não, quanto mais livre eu estivesse, melhor. Juro que se pudesse, andava pelada, seria uma delícia.
Ri de meus pensamentos e me inclinei sobre Ronan, sentindo as mãos grandes dele envolverem meus seios e apertá-los com desejo, me arrancando um suspiro baixo, mas dessa vez não estava com paciência para mais brincadeiras. Afastei suas mãos de mim e busquei uma camisinha, rasgando o pacote para vesti-la em seu pau logo em seguida. O segurei com um meio sorriso sacana, deslizando-o por minha boceta e brincando, fingindo que ia meter em minha entrada, mas apenas o esfregando em meu clitóris. Cavelier grunhiu agoniado, então segurou em minha cintura com força, indicando também que não estava mais tão paciente, então permiti que ele me penetrasse.
De início, foi até gostoso. Ele me preencheu de uma vez só e não demorou muito para que começássemos a nos movimentar em busca de mais prazer. Só que não era a mesma coisa, parecia que algo estava faltando e por mais que eu tentasse, não conseguia parar de fingir que estava indo à loucura com toda a nossa brincadeira.
Ao contrário de mim, Ronan não fingia absolutamente nada. Eu sabia porque podia ver e sentir o corpo dele estremecendo em prazer enquanto o suor corria por seus músculos. Eu o apertava contra mim e mordia meus lábios, mas não porque ele estava me tirando a sanidade e sim porque eu estava ficando tão entediada com aquilo tudo que sentia vontade de rir. Era novidade pra mim transar com alguém e me sentir tão... incompleta?
, eu juro que mato ele.
Eu poderia ficar aqui citando as várias posições que Ronan pedia, mas nenhuma delas merecia de fato ser lembrada, já que em todas elas eu desejava cada vez mais que tudo aquilo acabasse. Em nenhum momento deixei de desempenhar meu papel com excelência e quando ouvi um grunhido alto vir da direção de Cavelier, sentindo-o me apertar com mais força, estremeci meu próprio corpo de propósito, grunhindo ainda mais alto e gemendo logo em seguida, no orgasmo mais falso que já havia criado. Ele me beijou rapidamente, então desmontou exausto ao meu lado, caindo no sono instantes depois e me fazendo gargalhar do quão patética aquela noite havia sido.
E lá seguíamos para mais uma parte do plano.

’s POV

Os anéis de fumaça se espalhavam na calada da noite. Meu corpo estava encostado despreocupadamente na lataria de meu carro, enquanto eu tragava mais uma vez meu cigarro de forma lenta, deixando a nicotina fazer seu trabalho em meu organismo. A cada tragada eu sentia meu corpo mais relaxado e meus olhos até pesavam algumas vezes, quase me levando à inconsciência de tão leve que eu estava.
Creio que só não dormi porque tinha algo importante a fazer. A qualquer momento, irromperia pela porta daquele lugar e eu precisava estar preparado para sairmos dali o mais rápido possível.
Fazia um bom tempo que ela havia seguido com Ronan Cavelier para o lugar onde o cara morava e fui o mais discreto possível para que ele não notasse que eu os seguia.
Pouco antes dos dois entrarem, notei que Ronan caminhava com ao seu lado, apalpando a bunda dela sem disfarçar, e, por algum motivo, aquilo me fez franzir o cenho e fechar a cara, desejando não precisar mais ter que ver cenas daquele tipo. Talvez fosse o senso de proteção que eu tinha com relação a ela, já que nós nos conhecíamos há tempo demais, éramos amigos de longa data.
Alguma coisa esquisita no meu peito batia e dizia que eu estava enganado, mas eu ignorava porque não era estúpido a esse ponto.
Acendi o terceiro ou quarto cigarro daquela noite, eu não saberia dizer ao certo, então o traguei de forma breve, soltando a fumaça e voltando a olhar para o cigarro enquanto me preparava para tragar novamente, até que fui interrompido quando uma mão com unhas poderosas se aproximou e tirou-o de minhas mãos. Mais uma vez, eu não precisava de muito para saber a quem pertenciam, então não me surpreendi nem um pouco quando meu olhar pousou em uma um tanto descabelada, que agora tragava meu cigarro e soltava um gemido baixo de prazer logo em seguida. O vestido dela estava todo amarrotado e precisei de bastante autocontrole para não franzir o cenho novamente.
— Onde está? — questionei, lhe encarando despreocupadamente. Ela sorriu enviesado e então me entregou o cartão de identificação de Ronan, mas não era só isso. Ela também havia conseguido colher uma amostra da impressão digital do cara.
— O que você acha? — questionou, embora soubesse que não precisava disso. Eu retribuí o sorriso dela e guardei nossa nova mina de ouro.
Abri a porta do carona para que entrasse e, segundos depois, eu dava partida para que nos mandássemos logo daquele lugar.
— Vejo que deu um belo tombo no mauricinho — comentei, em tom maldoso, ouvindo uma risada presunçosa vir da direção dela.
— Ciúmes, ?
Oh, merda! Era disso que aquilo tudo se tratava? Um ataque bobo de ciúmes? Desde quando eu tinha aquilo?
Acompanhei a risada dela, tentando disfarçar o quanto aquele questionamento havia me deixado pensativo e, pela primeira vez, menti para .
— Não sei do que está falando, . Foi apenas uma pergunta. — Dei de ombros e acelerei um pouco mais. Eu estava um caco e precisava dormir um pouco antes de seguirmos com a última parte do plano.
— Ele estava bêbado, não foi difícil fazê-lo cair no sono, embora eu tenha quase morrido de tédio. — O tom dela havia mudado sutilmente, como se estivesse chateada com algo, e eu associei aquilo ao fato do ruivo lá não dar conta do recado.
— O cara mais desejado de Charlotte não deu conta de você na cama? — soltei, em tom de riso, então lhe lancei um olhar breve e presunçoso. — Não me diga que a culpa é minha.
Ela estreitou os olhos em minha direção e balançou a cabeça em negação logo depois.
— Se eu disser que sim, você vai fazer alguma coisa a respeito? — me desafiou, com um olhar que não consegui decifrar muito bem.
— Uh, não sei. Você quer que eu faça algo a respeito, ? — respondi, mantendo meu olhar nas ruas e aproveitando a parada no semáforo para guiar uma de minhas mãos até sua coxa. Deslizei a ponta de meus dedos por sua pele bem devagar, então olhei em sua direção quando ela suspirou, passando a língua pelos lábios.
— Eu quero que você faça muitas coisas a respeito, . Afinal, graças à minha tolerância em aguentar um cara ruim de cama, nós estamos praticamente bilionários — retrucou, tocando minha mão com a sua e guiando por toda a extensão de sua perna.
Voltei a pisar o acelerador quando o sinal abriu e deixei ela subir com minha mão para dentro de seu vestido, não me surpreendendo nadinha quando notei que não usava calcinha e já estava toda molhadinha pra mim.
A ideia de que outro homem havia tocado nela naquela noite me deixou puto sem que eu conseguisse perceber um motivo aparente, mas aquilo me atiçou a esfregar ainda mais seu clitóris com meus dedos, fazendo movimentos circulares, disposto a dar a ela tudo o que não havia conseguido e lhe frustrava tanto.
Ouvi um gemido baixo ecoar de sua boca e comecei a explorar sua boceta descaradamente, passando meus dedos pelos grandes lábios, abrindo-a para mim por mais que eu não pudesse lhe apreciar devidamente no momento, já que estávamos em um carro em movimento. Continuei aquele carinho gostoso e rocei sua entrada com meu dedo médio. soltou um suspiro enquanto mordia os lábios e deslizei meu dedo para dentro dela, mal a esperando se controlar para começar a meter com intensidade, vendo pelo canto do olho que o corpo dela se sacudia.
Seus dentes se cravaram com mais força e eu tinha certeza de que a qualquer momento ela cortaria a própria boca, tamanha era a pressão que colocava para não gemer mais alto, só que era exatamente isso que eu queria.
— Você sabe o quanto odeio quando tenta se controlar, . O que foi? Não tá gostando? — Fingi uma careta de decepção, enquanto lhe encarava de canto.
Ela não conseguia me responder. Suas palavras se perdiam em meio aos gemidos que insistia em conter. E, para lhe provocar ainda mais, a ponto de realmente não conseguir se controlar, passei a meter dois dedos e aumentei mais a intensidade de meus movimentos, de forma que podia ouvir nitidamente o som deles entrando e saindo com agilidade.
soltou um gritinho surpreso e fechou os olhos com força, abrindo ainda mais suas pernas e deixando de me encarar para observar meus movimentos.
— Puta que pariu, — ela exclamou, com a voz quase chorosa de prazer, e começou a gemer mais alto, enquanto eu ia o mais fundo que conseguia dentro dela.
Não sabia como estava conseguindo manter o carro em movimento, talvez a nossa sorte fosse justamente aquela rua estar deserta naquele horário, o que era um tanto incomum em uma cidade movimentada como Charlotte, mas eu tinha certeza de que não ia conseguir me manter daquele jeito por muito tempo, assim como me conhecia o suficiente para saber a mesma coisa, por isso não me surpreendeu nem um pouco ouvir aquela voz sexy dela ecoar totalmente desejosa para mim.
— Para essa droga de carro e vem me foder com seu pau, . — Sua fala falhou algumas vezes porque eu não deixei de mover meus dedos por um minuto sequer, mas suas palavras alcançaram o objetivo desejado.
Com uma freada brusca, parei o carro no acostamento, pouco me importando se havia parado na frente de alguma casa de família ou algo do gênero. Eles iam ter um baita pornô ao vivo se resolvessem verificar que carro era aquele.
Esse pensamento me fez soltar uma gargalhada rouca e eu me virei totalmente para , ouvindo-a rir de volta para mim, com uma expressão safada e desejosa em seu olhar.
Com a mão livre, puxei seu rosto em minha direção e suguei seu lábio inferior de forma faminta antes de dar início a um beijo tão intenso que um gemido sôfrego ecoou de meus lábios. Minha língua entrou em contato com a dela e a acariciou de forma que eu conseguisse sentir toda sua maciez enquanto ela correspondia, explorando minha boca tanto quanto eu explorava a dela.
Suas unhas não demoraram a tomar o rumo de minha nuca, onde ela arranhou devagar antes de se colocarem por baixo de minha camiseta, arrancando mais um grunhido baixo de minha parte.
Meus dedos se moveram com ainda mais afinco dentro dela, se curvando à procura de seu ponto de prazer e fazendo a garota soltar mais um gritinho um tempo depois, demonstrando que eu havia o encontrado.
puxou minha camiseta para cima de forma desesperada, explorando meu pescoço com sua boca e soltando gemidos sôfregos que me deixavam ainda mais louco. O corpo dela voltou a se sacudir com meus movimentos e ela mordeu meu ombro com relativa força, descendo suas mãos por meu abdômen, brincando com o fecho de minha calça antes de abri-la de uma vez e adentrá-la, tocando meu pau já por dentro da cueca.
Soltei um gemido baixo, mordendo meus próprios lábios e voltando a beijá-la com força. Ela então tratou de puxar meu pau para fora, movimentando sua mão com destreza e me fazendo praticamente ver estrelas com seu carinho delicioso. Eu queria mais do que aquilo, não queria só sentir a mão dela envolvendo meu pau, e a cada movimento que ela fazia, deslizando seus dedos por toda minha extensão, eu sentia aquele desejo aumentar, me fazendo pulsar e mover meus dedos dentro dela com mais intensidade, a ponto de sentir que a qualquer momento ela atingiria seu ápice.
Deixei que ela estivesse praticamente pronta para gemer alto em minha mão. Via seus olhos revirarem nas órbitas e seus lábios sendo pressionados com força, assim como os movimentos da mão dela foram diminuindo, já que perdia o foco em tudo ao seu redor.
... — Ouvi meu nome ecoar dos lábios dela em deleite, mas logo fiz um gemido de frustração tomar lugar quando, sem mais nem menos, retirei meus dedos de dentro dela, levando-os à minha boca de forma provocativa, enquanto ela abria os olhos e me encarava um tanto indignada.
— Você não vai gozar na minha mão, . Quero você gozando aqui no meu pau, rebolando tão gostoso quanto você tava agora pouco. O que acha disso? — Soltei aquelas palavras de maneira rouca de tão excitado que estava.
No instante seguinte, eu havia afastado um pouco o banco da frente para que ela se encaixasse no meu colo. Meu pau entrou todo de uma vez na boceta dela e soltou um gemido sôfrego quando impulsionei meu quadril contra o seu, tocando bem fundo dentro dela.
— Quica pra mim, meu amor — deixei escapar, completamente dominado pelo tesão que sentia, e nitidamente surpresa com a forma que eu havia lhe chamado, atendeu prontamente ao meu pedido, começando a se movimentar sobre mim enquanto eu apertava sua cintura com força, levando minhas mãos até sua bunda para auxiliar seus movimentos. Ela subia e descia cada vez mais rápido e eu mordia seus peitos por cima das roupas, completamente enlouquecido pelas sensações que me causava.
Eu podia ouvir os gemidos dela ecoando com cada vez mais frequência e louco de tesão lhe dei alguns tapas, ouvindo-a grunhir extasiada, o que só me estimulava a me mover ainda mais, fazendo com que ela batesse a cabeça no teto do carro algumas vezes. Nós soltávamos risadas roucas e excitadas, mas aquilo não fazia com que parássemos.
A cada mover de nossos corpos, uma nova sensação de prazer percorria cada poro de meu corpo, eu me sentia em êxtase e aquele estado só aumentava, tornando os grunhidos e gemidos incontroláveis. O suor percorria nossos corpos, os vidros do carro estavam embaçados, denunciando tudo o que acontecia dentro daquele veículo. E em meio a todo aquele frenesi em que nos tornávamos um só, senti tudo se explodir em um ápice alucinado.
Soltei um gemido alto e contínuo, ouvindo a voz dela fazer coro à minha enquanto nossos corpos estremeciam juntos. Havíamos gozado juntos e eu nunca pensei que soltaria tanta porra quanto eu estava soltando aquela vez. Por maior que fosse a loucura de transar em um lugar público, eu havia me sentindo um tanto diferente. Completo, de uma forma que nunca havia me sentido antes.
Tentei ignorar aquele tipo de pensamento, relaxando e recuperando o fôlego aos poucos, sentindo o corpo mole de sobre o meu e sorrindo quando ela me encarou meio grogue, ainda tomada pelas sensações do orgasmo. aproximou sua boca da minha e deu início a um beijo calmo, que eu retribuí sem hesitar, então separei nossas bocas e soltei uma risada rouca, balançando a cabeça em negação e encarando sua expressão também risonha, mesmo que não tivesse entendido muito bem o motivo de eu estar rindo.
— Só você pra me fazer parar o carro pra te comer — comentei, ouvindo uma gargalhada sonora dela como resposta, então saiu de meu colo e voltou a se sentar no lado do carona, ajeitando suas roupas enquanto eu fazia o mesmo com as minhas.
— Eu? Quem começou a me passar a mão foi você, meu bem. — Mordeu o lábio com uma expressão travessa.
— Ninguém mandou ser gostosa. — Dei de ombros, ajeitando meu cabelo ao olhá-lo no retrovisor e voltando a dar partida no carro logo em seguida.
— Sei que sou, . Agora dirige logo essa porra, porque temos uns bilhões pra buscar — ela soltou, com um tom de voz mandão, e eu apenas gargalhei, aumentando o volume do rádio e deixando Fluorescent Adolescent, do Arctic Monkeys, soar enquanto acelerava.

’s POV

O banco estava quase esvaziando, já que o horário de funcionamento havia encerrado. Apenas poucas pessoas ainda esperavam ser atendidas, pois entraram antes do horário final do expediente e alguns funcionários já até haviam ido embora, o que tornava tudo ainda mais fácil para meus planos.
Eu havia conseguido um lugar confortável para me esconder, graças aos dias nos quais eu me infiltrara no ambiente através de meu emprego temporário como Melanie Strauder. Era uma salinha pequena, usada para guardar alguns produtos de limpeza e kits de emergência, e ninguém nunca entrava ali, a não ser eu mesma. Duvidava que já tivessem conseguido colocar alguém em meu lugar.
A porta tinha uma daquelas janelinhas de vidro que me davam a visão perfeita de todo o banco e eu pude ver o exato momento em que saiu da mesa do gerente. Ele achava que fazer um depósito gordo antes de levarmos uma boa grana era uma tática legal para analisar bem o terreno em que estávamos. Não discordei dele, embora tivesse usado meus dias de serviço para conhecer cada canto daquele lugar como a palma de minha mão.
Nós teríamos um certo trabalho para sair daquele prédio enorme com a quantia que pretendíamos, mas nada era impossível, talvez conseguíssemos escapar ilesos.
Isso mesmo, eu disse talvez, mas o que é um pouquinho de adrenalina e risco de morrer se formos comparar o quanto nossa vida estaria ganha se fôssemos bem-sucedidos?
Eu tinha até vontade de rir só de pensar.
Adquiri uma pose meio alerta, vendo que meu parceiro se aproximava de meu esconderijo, então lancei uma boa olhada ao meu redor, me certificando de que a câmera na área 23 estava mesmo fora de funcionamento antes de sair da salinha a tempo de encontrar no caminho, seguindo com ele pelo corredor como se estivéssemos juntos o tempo todo.
— Tudo certo? — questionei, lhe encarando com uma expressão tranquila e notando que ele se encontrava da mesma forma.
— Sem problemas, por enquanto. O lugar tá quase vazio e eles já estão começando a apagar as luzes. Precisamos agir antes que façam a conferência dos cofres — ele me respondeu, como se estivéssemos tendo uma conversa casual sobre o tempo.
Se por um acaso encontrássemos algum funcionário pelo caminho, bastava fingir que estávamos perdidos. Eu havia visto aquilo acontecer uma ou duas vezes por ali.
— Ótimo, vamos agir de imediato. — Era até engraçado o jeito que estávamos falando um com o outro, em um tom profissional que não sugeria que havíamos transado feito dois animais a noite inteira.
Passei a língua por meus lábios e reprimi um sorriso malicioso ao me lembrar disso, então olhei de relance para , admirando-o com aquela roupa social.
— Você fica gostoso pra caralho de terno, pena que não temos tempo — acabei soltando, sem conseguir me conter, e vi ele reprimir um sorriso da mesma forma que eu havia feito segundos antes.
— Assim que colocarmos a mão nessa grana, sou todo seu, , mas ainda acho que esse tom de ruivo não combina com você — retrucou, me fazendo revirar os olhos.
Lógico que nós dois estávamos o mais disfarçados possível para não corrermos o risco de sermos reconhecidos depois de tudo. Seria um fiasco sermos presos por burrice.
Minha mente registrou sem minha permissão a parte em que ele havia dito que seria todo meu e meu estômago fez uma dancinha estranha que travou minha fala por alguns segundos, então me limitei a apurar meus passos, virando o corredor e seguindo para as escadas com ele em meu encalço.
Precisávamos ser o mais silenciosos possível, então descemos rapidamente até o subsolo, onde estaria nossa mina de ouro.
Verifiquei os corredores e mais uma vez a câmera daquela parte. Eu havia tomado o cuidado de desviar todas que me seriam convenientes, de forma que eu e pudéssemos passar sem aparecermos nas imagens, então confiava que não teríamos nenhum problema com aquilo, mas todo o cuidado era pouco, nossa missão era arriscada demais.
Seguimos até a porta do cofre, então puxei o cartão de identificação de Ronan Cavelier, o herdeiro mimado que havia ficado tão bêbado que me dera tempo de furtar suas identificações. Eu tinha tudo que precisava, inclusive o molde de suas impressões digitais, que havia sido requerido segundos depois.
Nós tínhamos nada menos do que a identificação do dono daquela porra, então não haveria nenhuma barreira para que colocássemos a mão naquela grana.
Entramos no cofre e vi puxar a Glock 17 de nove milímetros, que ele havia furtado de um dos guardas assim que chegamos ao banco. Como ele tinha conseguido fazer isso sem ser notado, até agora eu tentava descobrir. era tão bom quanto eu em passar despercebido quando queria.
— Seja o mais rápida possível, . — Ele me jogou uma das bolsas grandes onde levaríamos a grana, então se posicionou diante das portas, ficando preparado para qualquer eventual problema.
Assenti febrilmente, então peguei a bolsa e corri para as prateleiras onde os dólares estavam separados em malotes já contados, o que facilitou muito para que eu os colocasse na bolsa.
A quantia que nós queríamos encheu a quantidade de bolsas que nós já havíamos previsto, e embora ficasse me olhando um tanto agoniado o tempo inteiro, como se alguém tivesse entrado no lugar, eu consegui completar minha parte do plano sem maiores dificuldades. O problema seria a parte seguinte, onde precisaríamos carregar tudo aquilo até o carro, que havíamos roubado também sem que levantássemos suspeitas.
soltou a arma meio relutante para me ajudar a carregar as primeiras e eu o guiei pelo caminho que sabia que nos levaria à garagem privativa. Era até engraçado eles terem uma garagem assim, facilitava muito a vida dos ladrões, mas eu não iria reclamar. Ele abriu o carro e colocou as bolsas lá dentro, então voltamos para pegar o restante do dinheiro.
Estava tudo tranquilo demais, o que me fez ficar um pouco desconfiada. O banco não estava deserto, a qualquer momento, por mais silenciosa que nossa movimentação fosse, seríamos notados, então precisávamos estar prontos para tudo.
estava mais preparado do que eu. Assim que viramos o corredor de volta ao cofre, avistamos um segurança com a arma apontada para nós dois, porém, num movimento rápido, já havia puxado a arma e atirado na cabeça dele. Estávamos livres por hora, mas o barulho do tiro com toda certeza alertaria os outros e logo nós teríamos problemas.
Dessa vez, não fizemos questão de sermos silenciosos, corremos até as outras bolsas e voltamos com elas até o carro. Meu parceiro precisou acertar mais dois no caminho e eu me senti realmente inútil porque não consegui sacar a arma tão rapidamente. Também pudera, aquelas bolsas eram pesadas, mas eu não iria reclamar.
Última volta no que parecia ser um circuito, e, quando voltávamos com a última parte do dinheiro, ouvimos o alarme ecoar por todo o banco, o que indicava que as saídas seriam bloqueadas. Precisávamos nos apressar ou estaríamos fodidos.
Ouvi passos atrás de mim e, pela primeira vez naquele lugar, consegui acertar um tiro em um guarda. Acertei sua testa em cheio e ri com aquilo, vendo-o cair feito um saco de batatas. Tive que largar uma das bolsas ao ser surpreendida por outro guarda.
Eu não sabia de onde aquele desgraçado havia brotado, mas precisei socar seu estômago antes de mirar a arma em seu peito e atirar sem hesitar. O sangue dele espirrou na minha cara e eu bufei irritada, voltando a pegar a bolsa e correndo desesperadamente, vendo que estava a alguns metros de mim, quase alcançando a porta. Ele apurou seus passos e logo desapareceu, então eu sabia que ele havia conseguido levar o dinheiro até o carro. Eu estava quase lá também.
Mas, antes que eu pudesse chegar até a porta, que agora já não estava tão longe assim, senti que alguém havia se aproximado e antes que eu pudesse reagir, senti uma dor lancinante quando fui atingida em minha barriga. Ele tinha me pegado de jeito, porque de imediato eu comecei a tossir, o ar escapando de meus pulmões.
Mirei a arma nele e consegui acertá-lo no pescoço, vendo-o cair e tentando me arrastar para a porta, mas de repente tudo havia ficado mais pesado e as coisas ao meu redor estavam se embaçando.
... — eu não conseguiria gritar, minha voz saiu num murmúrio agoniado. O gosto de sangue tomou conta de minha boca, pontos pretos começaram a surgir em minha frente, mas então eu vi uma sombra parada na frente da porta. Eu não conseguia mais enxergar direito, mas sabia que era ele. — Pega a grana e vai! Eles estão vindo! — tentei soar o mais urgente possível, mas correu em minha direção, parecendo chocado com o que acontecia comigo.
— Eu não vou deixar você aqui, ! — As palavras dele soaram estranhas para mim. Desde quando ele pararia qualquer coisa que fosse lhe beneficiar para cuidar de alguém? Aquela era a chance dele de levar toda a grana sozinho, não era?
— Leva a porra da grana, ! Eu tô morrendo, não tá vendo?
Comecei a tossir com o esforço de deixar aquelas palavras escaparem. A dor queimou ainda mais e eu segurei minha barriga com mais força, tentando estancar o sangue que jorrava.
— Vai logo! — não havia feito o que eu pedia ainda, ele parecia paralisado e até meio indeciso. — Vai, caralho! — berrei, tossindo ainda mais e ele pareceu despertar de seus pensamentos.
Com uma pontada terrível em meu peito, uma que eu jamais me imaginei sentindo, vi se aproximar de mim e pegar as bolsas que antes estavam comigo. Então, sem nem me olhar direito, ele virou as costas para mim e voltou a caminhar na direção do carro.
Parecia que eu havia levado mais um tiro, dessa vez no meu peito, e meu coração se desfazia em mil pedacinhos, então havia cuspido em cada um deles e jogado limão. Doía tanto... Eu me sentia traída.
Era isso. Por mais que tivesse obrigado ele a fazer aquilo, eu me sentia assim. Talvez algum lugar, bem no fundo de meu peito, tinha esperança de que ele iria escolher me salvar e deixar aquele dinheiro para lá. Sem perceber, eu havia permitido que as barreiras ao meu redor caíssem e lá estava eu, pateticamente iludida pelo cara que pensei que me completasse.
— Como eu sou idiota. — Minha voz quase não saiu e nem era a intenção, mas talvez, se eu me esforçasse mais, conseguiria morrer mais rápido, não era esse o meu destino?
Ouvi passos se aproximando de mim e dessa vez eu sabia que era o fim. A dor só aumentava e eu senti os pontos pretos aumentarem ao meu redor. Era isso, eu estava mesmo morrendo.
Tudo pareceu girar de uma forma esquisita e meus olhos pesaram tanto que não ofereci mais resistência e permiti que a escuridão me levasse.

’s POV

Meu olhar para havia sido bastante orgulhoso por vê-la se defendendo tão bem contra aqueles merdas. E eu teria ficado mais tempo olhando para ela em ação se não precisássemos nos mandar dali de uma vez.
Eu havia acabado de largar as bolsas com a grana no carro, quando ouvi mais um barulho de tiro e teria sorrido mais uma vez com aquilo, se algum tipo de instinto não me dissesse que tinha dado merda.
Não pensei direito, apenas voltei até a porta, ouvindo mais um tiro e, quando me dei conta do que havia acontecido, meus olhos identificaram caída no corredor, com uma mancha vermelha se formando na região do abdômen, enquanto ela tossia e olhava ao redor espantada. Seus olhos encontraram os meus e continuei ali paralisado, sem saber o que fazer. Eu só conseguia pensar que as coisas não poderiam ter tomado aquele rumo, estávamos tão perto de conseguir.
— Porra! — murmurei, desacreditado e, por aqueles segundos, indefeso.
Então ouvi a voz dela me pedindo para pegar o dinheiro e dar o fora dali de uma vez, mas eu não podia, eu não queria deixá-la ali.
Aquilo fez meus músculos despertarem e então eu corri na direção dela, me agachando ao seu lado, enquanto minha mente trabalhava no que fazer. Tínhamos pouco tempo antes daquele corredor ser tomado por guardas e eu sabia que aquele seria o nosso fim se eu não agisse logo.
— Eu não vou deixar você aqui, ! — disse, com urgência na voz, notando o olhar dela surpreso, por mais que suas feições tivessem se tornado cansadas. Eu sabia que ela estava lutando muito para se manter viva e eu precisava que conseguisse. Mas não era somente determinada, ela era teimosa feito uma mula e eu não me surpreendi nem um pouco quando ouvi suas próximas palavras.
— Leva a porra da grana, ! Eu tô morrendo, não tá vendo?
Sim, eu estava vendo. E alguma coisa dentro de mim doía feito o inferno e grudava meus pés no chão. Não podia fazer isso com ela, não iria fazer isso com ela!
— Vai logo! — insistiu e voltou a insistir até que eu pegasse as sacolas de dinheiro e saísse desesperado pelo corredor, num ato estúpido que só me fez odiar a mim mesmo.
Mas era o que ela queria e eu tinha um instinto idiota de querer sempre fazer o que me era pedido sem questionar direito.
Que porra de defeito era aquele?
Bufei, sentindo meus olhos arderem enquanto jogava as bolsas com o dinheiro no carro. Mas não seria totalmente como queria. Eu disse que não a deixaria e realmente não a deixaria.
Bati as portas traseiras do carro com certa força, então voltei a correr na direção do corredor, bem a tempo de ver dois guardas surgirem apontando suas armas. Meti um tiro em cada um, sendo certeiro e atingindo suas testas, então voltei a correr para ela.
Ao me aproximar o suficiente de , abandonei toda e qualquer cautela, me abaixando para tomá-la em meus braços e sentindo um aperto absurdo no peito ao notar que estava desacordada. Ela não podia estar... ela não podia estar morta!
Engoli em seco, tentando reunir forças ao sentir meu corpo desejar desabar e se encolher como uma bola.
Mas que porra de sensação era aquela? A de que se aquela mulher morresse, meu chão desabaria?
Merda.
Agarrei a arma com uma de minhas mãos, tentando mantê-la a postos enquanto segurava com firmeza, voltando a ficar em pé e metendo dois tiros no próximo guardinha que apareceu.
Então eu corri o mais rápido que pude na direção do carro, sentindo um tiro passar quase raspando em minha cabeça e atingindo a parede. Alcancei a porta e passei por ela, empurrando-a com força, usando meu pé esquerdo, então cheguei ao carro e deixei no banco do carona.
Corri para o lado do motorista e entrei, dando partida no exato momento em que a porta se abriu e mais cinco policiais irromperam dela. Ergui a Glock para fora e disparei tiros, agora às cegas, enquanto manobrava o carro na direção da garagem. Eles revidaram e eu consegui ouvir as balas atingindo a lataria do veículo.
Segui na direção da porta e usei a identificação de Cavelier para desbloqueá-la, então quase ri aliviado quando vi a iluminação da rua aparecer. Disparei mais alguns tiros, querendo na verdade jogar uma bomba naqueles merdas, então acelerei o carro ao constatar que estava livre pra ir. Eles já não podiam mais nos alcançar.
Com a adrenalina circulando em minhas veias, o vento soprando em meus cabelos e minhas mãos apertando o volante com força, enquanto ainda segurava a arma, eu sentia o sabor amargo da vitória me atingir. Amargo porque ao meu lado estava desacordada. Amargo porque eu não sabia se ela iria voltar a acordar. Amargo porque eu precisei vê-la morrendo para entender que, por mais que tentasse negar, eu estava apaixonado por ela esse tempo todo.

’s POV

Quando tornei a abrir meus olhos, estava em uma cama fofa e a iluminação do local, embora fraca, não era a que eu estava acostumada, por isso precisei piscar algumas vezes para que minha visão não se irritasse.
Assim que tomei consciência do ambiente ao meu redor, também percebi que eu ainda sentia aquela dor incômoda na barriga, ela havia diminuído de forma considerável, mas ainda estava ali, o que fez com que eu levasse uma de minhas mãos até a região e sentisse o enorme curativo que havia sido colocado.
Ouvi um movimento sutil ao meu lado direto e virei meu rosto a tempo de identificar a silhueta de , que havia levantado para se aproximar de mim. Ele parecia um tanto cansado, mas muito mais inteiro do que eu, e preocupado de um jeito que eu jamais havia o visto.
— Idiota — murmurei, sentindo minha garganta seca de sede, então pigarreei e tentei de novo. — Preciso de água — pedi, notando um sorriso divertido brotar nos lábios dele.
Não bastava sentir dor, eu precisava daquela sensação ridícula que fazia meu peito quase lançar meu coração pra fora.
Não lembrava quando havia começado a me sentir daquele jeito com ele por perto, mas não me surpreendia mais. Havia assumido minha derrota com relação a ele.
encheu um copo com água e não demorou a vir até mim e entregá-lo, sentando-se na beirada da cama e me observando pegar o copo e virá-lo quase todo de uma vez só.
— Mais? — ele questionou em dúvida e eu acabei assentindo porque um copo só não havia sido o suficiente para saciar minha sede. Eu não fazia ideia de quanto tempo eu havia ficado desacordada, então supus que isso explicava.
Pacientemente, ele atendeu ao meu pedido e dessa vez permaneceu em pé ao meu lado ao questionar se eu precisava de mais água novamente. Neguei com a cabeça e largou o copo na mesinha ao lado da cama e tornou a se sentar perto de mim, o que fez com que eu me sentisse mais ansiosa a ouvir o que ele tinha a me dizer. Só que eu estava patética demais quando se tratava dele e acabei soltando, sentindo vontade de bater minha cabeça na parede depois que percebi o que tinha dito.
— Você não me deixou. — E então eu sorria idiotamente, percebendo com espanto ele retribuir meu gesto e aproximar sua mão da minha, tocando-a gentilmente e a acariciando devagar.
— Eu disse que não te deixaria, — ele respondeu, com a voz um tanto rouca.
Seus olhos me encaravam indecifráveis e eu me sentia cada vez mais perdida nas feições de seu rosto. Era até engraçado uma situação como aquela entre nós dois, onde estavam as provocações?
— Por quê? — questionei, sem desviar meu olhar do seu. abriu um meio sorriso e se aproximou um pouco mais de mim na cama.
— Porque eu percebi uma coisa maluca com tudo isso que aconteceu. — Seu tom era de confissão.
Franzi meu cenho e também me aproximei mais dele, disposta a entender do que falava.
— Percebeu o quê? — o incentivei a prosseguir, curiosa. soltou um longo suspiro, que me deixou sem entender, antes de continuar.
— Que eu não iria suportar a ideia de te perder, . Que durante todo esse tempo em que nós nos conhecemos, eu achava que você era apenas uma amiga gostosa que eu adorava levar pra cama de vez em quando. — Ele engoliu em seco, nervoso, então voltou a falar antes que eu pudesse me pronunciar. — Eu percebi, , que eu sou apaixonado, doido e viciado em você.
E foi como se o chão tivesse se aberto debaixo de meus pés, mas não de uma forma ruim, muito pelo contrário. Eu estava era flutuando e meu coração fazia uma espécie de dancinha que eu não sabia muito bem como definir.
Ele estava mesmo dizendo que era apaixonado por mim? O que eu diria, porra?
Talvez que você o ama de volta?
Não era tão simples, ou era?
— Você não precisa me dizer nada de volta, . Eu só respondi a sua pergunta. Não acho justo omitir as coisas. — me acordou dos pensamentos, o que fez meu peito doer um pouquinho ao notar a expressão um tanto desconcertada em seu rosto.
Ele estava interpretando minhas reações de forma totalmente errada.
— Não seja trouxa, . Se eu responder, não é porque você me obrigou e nem nada disso — retruquei, lhe encarando um tanto risonha e ele pareceu um tanto aliviado, soltando uma risada nervosa. — Nem você e nem ninguém me força a nada, você sabe disso. Eu só não sei encontrar as palavras certas pra dizer as coisas que nunca achei que teria coragem. — Soltei o ar, sentindo minhas mãos tremerem. — Eu não sou boa com essas coisas como você, , mas eu deixei você entrar no meu coração e dançar em cima dele se quiser... Mas não faça isso — fiz graça, vendo-o balançar a cabeça em negação. — O que quero dizer é que nós dois somos os seres mais idiotas do mundo, porque eu também estou apaixonada, doida e viciada em você. Eu quero você como nunca quis ninguém e quando eu estou contigo, me sinto... completa. Talvez seja isso que defina melhor, você me completa.
Eu queria me enfiar num buraco e não sair nunca mais, mas não deixaria.
Uma risada soou abafada, seguida de uma exclamação de dor e um pedido de desculpas quando ele se colocou por cima de mim, agarrando minha coxa do jeito que só ele sabia fazer e voltando a olhar fixamente meus olhos.
— Nós ainda iremos nos matar, mas não será hoje. Hoje somos eu e você, dois bilionários.
Sorri com aquilo e permiti que ele unisse seus lábios nos meus.

’s POV

O ronco do motor fazia com que meus lábios se abrissem em um sorriso satisfeito. Ajeitei os óculos escuros em meu rosto e espiei minhas feições no retrovisor do conversível, então voltei minha atenção para a loira gostosa que abria a porta do carona e se aconchegava ao meu lado, sorrindo daquele jeito repleto de malícia que eu adorava.
— Pronta? — questionei, alguns segundos depois, ainda lhe encarando.
— Ainda não, falta uma coisa. — Ela se aproximou de mim e beijou meus lábios calmamente, me fazendo sorrir com o ato quando nos afastamos. — Agora estou —completou e eu ri baixo, fazendo o motor roncar mais uma vez enquanto observava ela ajeitar também os óculos de sol.
— Eu amo você, — deixei escapar, vendo-a sorrir ainda mais para mim antes de me responder.
— Eu te amo mais, . — Mordeu o lábio, então se inclinou para ligar o rádio do carro ao mesmo tempo em que eu, por fim, dei partida.
O vento batia em nossos rostos, fazendo com que os cabelos voassem e a sensação de triunfo fazia com que eu não conseguisse parar de sorrir.
A música começou a tocar e nós gargalhamos alto, não havia trilha sonora melhor do que aquela para definir aquele momento.
Nós tínhamos agora um mundo inteiro para explorar e aquela sensação amarga havia dado lugar a uma sensação maravilhosa.
A sensação de estar completo.
A sensação de ter nascido para ser selvagem.


FIM



Nota da autora: Nossa, o tanto que eu amei esse casal não tá escrito. Essa fic era antiga e eu reescrevi ela pra postar de volta. Espero que vocês gostem!
Me digam o que acharam nos comentários.
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Beijos e até a próxima.
Ste.



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