Última atualização: 20/10/2021

Capítulo Único

Escritório, Sede da Filter. Seul, Coréia do Sul, 2025.

Os papéis estavam extremamente bagunçados em cima da mesa dele. Com a cadeira na qual sempre se sentava, ele ia de um lado para o outro na grande sala que lhe foi proporcionada. Seus grandes feitos na empresa lhe traziam algumas ou várias regalias, mas prazos com certeza não era uma delas, seu chefe lhe cobrava incansavelmente sobre novidades. se questionava até onde ia o limite da sua criatividade e por quanto tempo iria conseguir manter aquele ritmo, mas ele sabia que a fonte de onde tirava suas inspirações estava cheia de histórias para lhe proporcionar os mais diversos filtros.
Quando comparecia em algum evento e as pessoas lhe perguntavam sobre qual era o seu cargo, ele sempre respondia a mesma coisa: um criador. Ele era um criador.
A Filter cresceu mais rápido no mercado do que qualquer um poderia imaginar. Ela não parecia trazer nada de muito diferente para o mercado no qual iria se inserir, existiam várias companhias no meio que ofereciam filtros para fotos, mas alguma coisa nos filtros deles atraíam. Algo por trás deles causou uma viralização inesperada, as pessoas usavam incansavelmente e sempre estavam à espreita, se perguntando quando e quais seriam as novidades acerca do aplicativo. Havia um fórum na internet que ninguém da empresa conseguia localizar quem o tinha criado, nele continha teorias interessantes sobre o que havia por trás da mente do criador de tudo aquilo. riu debochado quando leu aquele tipo de coisa, não porque achava ridículo ou algo do tipo, mas porque achava, em algum lugar da sua personalidade, que continha um ar mais superior, que as pessoas nunca iriam descobrir aquele tipo de coisa.
Toda vez que pensava nisso, se questionava se aquilo tudo era realmente um segredo. Talvez algo privado para ele, mas sem a entonação de algo que precisa sem encoberto. Quando se abria para pegar novas ideias do que entregar e colocar dentro daquele universo de capas que mudam suas fotos, visitava a parte da sua vida que era a única que ele não tinha obtido sucesso, a amorosa. Ninguém sabia, mas tudo girava em torno das suas ex-namoradas.
Essa era sua carta na manga.
Cada filtro, cada coisa, os mínimos detalhes colocados neles, continha aspectos das personalidades de suas respectivas antigas namoradas. Desde os filtros mais fofos até os mais fortes, cada um de forma isolada, diziam sobre alguém com que ele tinha se relacionado. sempre teve a certeza de que as pessoas sentiam um certo tipo de intimidade vindo dos filtros e esse era o grande diferencial, elas eram os grandes diferenciais. Os filtros contavam histórias, histórias que ora traziam uma sensação alegre para ele, ora o assombravam por dentro. Mas nada se comparava aos seus três filtros especiais.
Ele achou uma ironia do destino quando os seus três preferidos acabaram sendo eleitos os três mais usados pelo público. Eles continham o que era considerado por ele suas histórias mais marcantes, aquelas que levaram mais tempo para cicatrizar; que voltavam com mais frequência para rodear sua mente e levantar questionamentos. E o mais importante, para lhe fazer ter a certeza do porquê de ainda estar sozinho.
Ficava a maior parte do tempo sozinho em seu escritório. Por isso, estranhou quando ouviu a batida na sua porta, o tirando de seus devaneios.

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Saída da sede da Filter. Seul, Coréia do Sul, 2025.

Já era quase noite quando o rapaz saiu apressado e completamente estressado de dentro do elevador da Filter, com a pequena pasta preta em uma das mãos, enquanto com a outra ajeitava os cabelos claros que caíam em camadas, mesmo quando sua intenção era a de simplesmente bagunçá-los. Não estava próximo do fim de semana e aquela terça-feira havia se iniciado de forma lenta e atarefada, fazendo com que ficasse agitado. Não só seus afazeres e os novos filtros que tinha que verificar o atordoavam, mas também o calor que fazia e a sensação daquele terno, que o agoniava. A única coisa que passava por sua cabeça era tirá-lo o mais rápido possível.
Ainda com o mesmo pensamento rodeando sua mente, o rapaz tentou afrouxar a gravata em seu pescoço e soltou um resmungo cansado quando passou pelas portas de vidro da enorme entrada da empresa. Não era como se os outros dias tivessem sido a paz e a tranquilidade que tanto desejava, mas naquele dia em específico algo se remexia dentro de si. Isso fazia com que sentisse os ombros pesados e a mente como se estivesse ligada em duzentos e vinte, sem nem mesmo entender o motivo daquilo. Talvez fosse o estresse acumulado ou até mesmo os arquivos em seu notebook que o esperavam para que fossem terminados, mas ele ainda sentia no fundo que tinha algo a mais.
Não era como se não gostasse do seu trabalho. adorava o que fazia, ainda mais porque em todos aqueles filtros, havia algo que somente ele fazia e tinha a oportunidade de colocar de sua forma, do seu jeito. Ainda assim, era estressante, não tinha como omitir essa parte. O rapaz saía quase todos os dias sentindo que a única coisa que precisava era de um bom descanso e que sempre que entregava um bom trabalho, ainda exigia muito mais de si para entregar algo melhor. Ele sentia seus dias em tons pretos e brancos todas as vezes, do momento em que acordava até o momento em que chegava ao seu apartamento, exausto e pedindo por um banho demorado. Não era como se realmente tivesse alguma motivação além do seu trabalho e aquilo o aborrecia ainda mais.
Colocou uma das mãos no rosto, na medida em que caminhava pela calçada, sentindo o corpo ainda mais cansado do que antes. Ele só precisava estar em casa e, quem sabe assim, descansar enquanto saboreava o vinho que tinha guardado há um tempo.
O céu já estampava o azul escuro e nublado, evidenciando que para todo aquele calor que tinha feito, havia um motivo, e com toda certeza viria chuva em algum momento. apressou o passo em direção ao estacionamento, ainda sentindo o mesmo calor de antes e, novamente, levou uma das mãos até a gravata, como se aquilo de alguma forma o fizesse se refrescar. Sentiu o celular vibrar no bolso da calça social, o fazendo revirar os olhos, quase se rendendo a não o atender. Não era possível que ainda tinham a audácia de ligá-lo, mesmo sabendo que já tinha saído do escritório, para informar sobre mais alguma coisa. Não era a primeira vez que isso acontecia, se estressava na maioria das vezes em que avistava em seu display o nome do setor comercial brilhando de maneira irritante.

Sr. Park, desculpe entrar em contato após seu expediente, mas recebi os próximos arquivos e gostaria de saber se…

A frase foi se perdendo no ar, já que realmente não estava fazendo questão de escutar o assistente do outro lado da ligação. Como havia imaginado, e sempre soube, não era a primeira vez que acontecia de o perturbarem após o trabalho, e aquilo só o fez bufar um pouco mais, trocando o aparelho de lado, para o outro ouvido.

– Deixe em cima da minha mesa. Amanhã irei verificar. – Deu ênfase ao engrossar seu tom de voz, deixando bem claro que aquele não era o momento para tal coisa.
Sim, mas o senhor quer que eu-
– Só coloque em cima da minha mesa. Não vou resolver nada hoje. Deixe no meu escritório e por favor, não me ligue após meu expediente. Obrigado. – Mencionou quase rosnando com o celular pressionado ao ouvido e respirou fundo, fechando os olhos antes de tirar o aparelho dali e pressionar o pequeno círculo vermelho, novamente irritado.

Aquela era uma das situações que o fazia pensar seriamente se deveria ter mesmo um assistente ou não, já que na maioria das vezes servia somente para tirá-lo do sério. Pigarreou, consertando sua postura, e passou novamente uma das mãos pelos cabelos, erguendo seu olhar. O rapaz até continuaria com seus passos firmes até o estacionamento, onde seu Cadillac SUV estava estacionado, mas sentiu seu corpo paralisar ainda enquanto andava, quando viu a cena não tão longe de si.
Não era como se ele não tivesse visto alguma mulher de beleza indescritível em sua vida, mas aquela que se aproximava, atravessando a esquina a poucos metros perto de , fez o tempo parar. Foi quase como se tudo ficasse em câmera lenta e ele pudesse apenas enxergá-la, seus cabelos esvoaçando com o pouco vento que passava, o semblante sério com um sorriso contido nos lábios curvados e o porte ereto, completamente elegante.
Ele não queria admitir o que tinha acontecido naquele momento: por incrível que pareça, o seu dia que estava sendo cansativo e desbotado, se tornou colorido e agitado em questão de segundos com aquela visão. conseguiu observar que uma música animada ressoava pelas ruas de Seul - mesmo quando tudo ainda permanecia de forma lenta, visto que seus olhos ainda repousavam sobre ela. Não sabia explicar, mas as lojas a seu redor pareciam mais coloridas e decoradas.
O que era tudo aquilo? Pôde sentir seu coração acelerar gradativamente, sentiu o corpo arrepiar por segundos e franziu o cenho, ainda a vendo passar com toda calma do mundo. Aquela cena era única, como se não existisse mais nada em sua volta e a única coisa na qual ele conseguia focar era a mulher que havia tirado toda a sua atenção.
Não notou que ainda permanecia com os olhos focados nela, mesmo a mulher andando de forma calma até passar do seu lado, sem sequer notá-lo. Isso fez com que ficasse ainda mais atordoado, não percebendo sua mão ficando frouxa ao redor do celular. Só voltou a realidade quando ouviu o barulho do aparelho caindo ao chão, o fazendo piscar algumas vezes.
O rapaz olhou para os lados, se perguntando o que havia sido aquilo, já que nem mesmo sabia explicar todo o misto de sensações que sentia no momento, e rapidamente se abaixou para pegar o telefone. No mesmo segundo em que virou seu corpo ao se levantar, procurou pela sombra da mulher que havia visto, mas não havia nada. Não havia ninguém.
O rapaz engoliu em seco, voltando a olhar para quem quer que estivesse ao redor e bagunçou os cabelos, tentando, mesmo sabendo que falharia, se concentrar em apenas seguir o caminho para o estacionamento.
Mas era claro que a imagem da mulher não saía de sua mente um minuto sequer.

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Escritório, Sede da Filter.

permanecia sentado na enorme cadeira acolchoada preta de seu escritório, enquanto com uma mão rolava o cursor do mousepad pelos arquivos abertos em seu notebook e, com a outra, brincava com a caneta entre os dedos, completamente desconcentrado em seu trabalho. Sua mente estava longe e ele não estava mesmo pensando em qualquer coisa relacionada à Filter. Não mesmo. Ele só conseguia imaginar, mais uma vez naquele dia, os olhos marcantes da mulher que havia o hipnotizado logo após sua saída da empresa ao final do dia. A forma com a qual ela andava, como se apenas caminhando pudesse chamar a atenção de qualquer um e a maneira que seus cabelos caíam de forma chamativa por seus ombros, mesmo sendo balançados pelo vento.
Deixou um suspiro lento escapar de seus lábios.
Quem era ela? E a pergunta que mais tinha se feito desde o dia anterior martelava sua mente insistentemente… Por que havia chamado tanto sua atenção?
se questionou naquele instante o porquê de se sentir daquela forma, já que havia tempos desde que tinha se sentido daquele jeito por alguém. Era verdade que se importava muito mais, agora, em focar em seu trabalho apenas e colocava em sua cabeça que não tinha tempo nenhum para algum relacionamento. Não era importante para ele, mesmo que se sentisse sozinho. O rapaz havia se acostumado a ser só desde os últimos relacionamentos que tivera.
Ele realmente não sentia que precisava de alguém em sua vida naquele momento, mas só o fato de não a tirar de sua cabeça…
Quem era aquela mulher?
Bufou, deixando a caneta pela mesa de qualquer forma, e rodou o corpo ainda sentado na cadeira, focando sua visão na enorme janela de vidro de seu escritório. Ele conseguia ver nitidamente o fim de tarde se aproximando e os tons escuros se abrindo pelo céu, indiciando o começo de mais uma noite. Ele se sentia tão frustrado por toda aquela confusão em sua mente. Mais frustrado ainda por voltar a sentir todas as coisas que não sentia há tempos, e que não queria mesmo sentir.
Era quase como se tivesse sido pego de surpresa pela cena no dia anterior, quando tudo ficou em câmera lenta e algo diferente invadiu seu peito. O que seria tudo aquilo? Por que logo agora?
Ele passou uma das mãos no rosto, a levando em direção aos cabelos claros e os ajeitou de forma nervosa, sem saber exatamente sobre o que pensar e nem se deveria continuar pensando naquilo. Sentia como se não tivesse controle por tudo o que sentia e aquilo o deixava irritado, completamente atordoado. precisava fazer algo para que extravasasse tudo o que estava sentindo naquele dia e, por pelo menos alguns segundos, esquecer do que tanto o atormentava.
Não pensou duas vezes antes de abaixar a tela do seu notebook, o desligando, e se levantou de sua cadeira acolchoada, decidido a fazer apenas uma coisa e não era voltar para casa, nem mesmo continuar na Filter.
Pegou seus pertences, a chave do carro e a carteira na gaveta de sua enorme escrivaninha, e rapidamente abriu a porta do cômodo, apagando a luz da sala antes de bater a porta atrás de si. Passou um olhar rápido, porém sério, pelos funcionários que se encontravam do outro lado, na área aberta, antes de seguir em direção ao corredor, onde estava o elevador, para que logo pudesse ir embora.
caminhou pelas mesas espalhadas por ali sem sequer voltar a olhar ou se despedir de quem quer que estivesse por ali. Achou que sua atitude poderia deixar bem explícito que ele não queria nenhuma conversa, mas a voz de seu assistente o fez respirar fundo, segurando a vontade de simplesmente ignorá-lo.

– Sr. Park, enviei as últimas atualizações para seu e-mail e gost–
– Amanhã. – Murmurou, ainda sem olhá-lo. apertou o botão do elevador mais uma vez, como se aquilo o fizesse andar mais rápido.
– O quê?

Ele fechou os olhos, levando uma das mãos à têmpora e suspirou alta e profundamente, virando o rosto em direção ao assistente, que piscou, engolindo em seco com a olhada que havia dado.

– Mostre amanhã. – Quase rosnou para o rapaz, que rapidamente assentiu, se virando e voltando a fazer seus afazeres. pressionou os lábios, entrando no elevador em seguida, não antes de afrouxar sua gravata, a enrolando na mão em cima e desabotoando os primeiros dois botões de sua blusa social.

Ele só precisava de uma bebida.

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Cobbler Bar, Seul.

estacionou seu Cadillac SUV na vaga mais próxima em frente ao bar, que já estava movimentado naquele horário, com suas luzes acesas, porém discretas, e algumas pessoas conversando entre si na parte externa. Ele desceu do carro, o trancando, e, de onde estava, conseguia ouvir a música que tocava dentro do local, assim como as pessoas agitadas que estavam por ali. Aquele era um dos bares que gostava de ir sempre que estava estressado ou quando precisava beber, nem que fosse uma cerveja barata, ainda que ele não gostasse tanto assim e fosse mais adepto ao seu bom vinho.
Não esperou muito para que logo seguisse em direção à enorme porta transparente de vidro e, com uma pequena olhada para o segurança, entrou sem que precisasse informar quem era, já que muitos dali já o conheciam.
Ele seguiu em direção ao balcão amadeirado, onde estavam alguns garçons servindo as pessoas já sentadas, e, antes que pudesse pedir alguma coisa, aproveitou para sentar-se na banqueta também de madeira e passou seus olhos por ali atentamente.
Ele gostava de todo o clima que o Cobbler transmitia, principalmente pela decoração mais rústica e boa parte das bebidas mais refinadas que o bar proporcionava. O rapaz era bem criterioso em relação à bebida, já que ele gostava de saborear algo único e de boa qualidade.
Observou também que não estava tão cheio como achou que poderia estar, a música tocava animada, como constatou ao lado de fora, e as pessoas próximas a si conversavam da mesma forma entre elas.
Respirou fundo. Claro que ele não queria conversa, a intenção de ter ido ali era única e somente de se desestressar um pouco, mas precisava confessar que fazia falta, em algumas vezes, ter alguém para poder ouvir suas lamentações. Ou simplesmente ter alguém para estar em sua companhia, nem se fosse apenas para beber.
acenou para o barman, que já o conhecia, e continuou ali, no aguardo de sua bebida, que não demorou muito para que fosse entregue. O fazendo, assim, dar o primeiro gole, satisfatório, saboreando o vinho que ele tanto havia ansiado durante aquele dia estressante.
Bebericou o líquido mais uma vez, voltando a passar seu olhar sobre o bar por completo e virou seu corpo para o lado, apoiando o mesmo com o braço sobre o balcão do bar. gostava de passar uma parte do tempo ali, bebendo, observando algumas pessoas e até mesmo conhecendo outras. Ele era o tipo de cara que poderia ter quem quisesse, apesar de ser bastante seletivo. Não era sempre, mas quando precisava e sentia necessidade, em um piscar de olhos já tinha alguém em seu colo.
Bom, não podia reclamar. Não mesmo.
Continuou ali por um bom tempo, voltando a ter a imagem que estava tentando se livrar mais cedo em sua mente na medida em que bebia um pouco mais. Ele não conseguia apagar os olhos marcantes da mulher que havia visto, o jeito que ela andava, o porte e a forma como ela demonstrava ser tão dona de si que o fazia se questionar se ela realmente existia ou se era invenção de sua imaginação.
Não era possível que ele havia ficado hipnotizado daquele jeito, parecia surreal. Ele queria fazer de tudo para tirá-la de sua mente e começaria com toda aquela bebida, mesmo sabendo que ele não era tão fraco em se embebedar.
Deu um último gole na bebida, pedindo pelo próximo copo e apoiou os cotovelos na bancada, colocando uma das mãos em seu queixo. Virou o rosto para o lado, tentando buscar qualquer outra coisa para focar sua atenção.
Mas quando deixou seus olhos pousarem na bancada do outro lado do balcão, foi exatamente como se toda aquela sensação do dia anterior voltasse naquele momento. Ele sentiu o tempo parando mais uma vez, a música ficando mais lenta e a sensação na boca de seu estômago da forma que ele não queria.
A mulher que ele tanto estava tentando apagar de sua mente, que tanto queria esquecer, estava bem ali, sentada de forma completamente atrativa. Ela tinha os cabelos jogados para um lado, caindo em cascata nos tons escuros. E, de onde ele estava, conseguia analisar que ela trajava, provavelmente, um vestido também escuro, colado ao corpo; e quando voltou o olhar para seu rosto, ele pôde notar um sorriso ladino nos lábios carnudos.
Ele não havia notado há quanto tempo estava a observando.
deixou seu olhar cair sobre o dela, o firmando por um tempo e ergueu o rosto, como se a analisasse um pouco melhor.
Ele conseguiu perceber que algo o fazia se questionar o porquê de ela tanto lhe atrair, o porquê de não conseguir tirar seus olhos de cada detalhe da mulher. Ela o havia atraído tanto, quase como se algum dia ele tivesse encontrado com ela de outra forma, e aquilo o fez ter um sentimento estranho no peito.

observou a garota ao longe, com sua bolsa pendurada no ombro e os cabelos curtos sendo balançados pelo vento que passava pelo campus da universidade. Ele não conseguia explicar ao certo o que sentia, mas ela o encantava de forma tão clara que ele realmente não conseguia entender tudo o que se passava dentro de si. Sentia como se em resposta a qualquer movimento que a mulher fizesse perto dele ou em direção a ele, seu coração palpitava de uma forma surreal e suas mãos suavam de forma bizarra. Ele não entendia o que acontecia.
Continuou ali, parado, sequer percebendo a hora passar, para que voltasse para seu apartamento e fosse para seu estágio. Achou engraçado quando notou que se sentia estranhamente feliz apenas de vê-la ao longe, conversando com seu grupo de amigos e nem mesmo sabendo da existência de .
Talvez ela até soubesse, mas não imaginava o sentimento que o rapaz nutria por ela durante todo aquele tempo, nem mesmo todas as vezes em que ele a observava ao longe, em praticamente todos os lugares.
Ele não queria parecer obcecado daquela forma por um amor não correspondido, mas era impossível não a notar e, até mesmo, esquecê-la.


Fechou seus olhos brevemente, espantando toda aquela lembrança e se praguejou por ter se lembrado de algo tão…
Ah, ele não queria pensar novamente.
Olhou mais uma vez em direção à mulher e naquele momento, foi quase como se ele não quisesse sequer abaixar seu olhar, achando que talvez se o fizesse, ela evaporaria como da última vez.
Com uma das mãos livres, segurou a base do copo, o levando em direção à boca. A mulher, do outro lado, continuou o olhando, e bebericou sua bebida assim como ele.
não sabia por quanto tempo ficaria a observando, mas tinha certeza de que precisava tomar alguma atitude naquela noite. Não iria deixar escapá-la outra vez. Com um gole longo e rápido, o rapaz se levantou de forma vaga do banco de madeira, colocando uma das mãos no bolso da calça e, com a outra, ajeitou os cabelos loiros antes de caminhar em direção à ela. deixou o corpo ereto ao se ajeitar e desviou de algumas pessoas, caminhando até a outra ponta do balcão.
Ao se aproximar o suficiente, observou que ela havia levado suas mãos em direção aos cabelos brilhosos, os ajeitando para o lado antes de virar o rosto.

— Posso te fazer companhia?

Ele disse, um pouco mais próximo dela, recebendo um sorriso convidativo em resposta. Aquilo foi como o ápice para que sentisse que precisava puxá-la para mais perto, mas não o faria até que fosse convidado. Sentia que precisava conhecê-la, e ver os olhos escuros brilhantes da mulher em sua direção, de forma tão atrativa, o fazia querer cometer uma loucura.

— Achei que fosse demorar mais. — A mulher comentou, mordiscando os lábios ao analisá-lo da cabeça aos pés. se sentiu tão extasiado com aquela olhada, que a única coisa que se passava por sua cabeça era o que ele poderia fazer com aquela mulher, independente do lugar.
— Não cometeria esse crime. — Sorriu galanteador, a vendo olhá-lo com um pequeno sorriso no canto dos lábios. Ele pôde observar seu corpo curvilíneo, o vestido ainda mais colado do que imaginava. — Não quando não conseguia tirar meus olhos de você.
— Então, fico feliz que tenha se aproximado.

soube que, com aquela resposta, ele não se arrependeria de ter chegado até ela para puxar algum assunto. Enquanto os dois permaneciam ali, próximos um ao outro, e conversando de forma casual e provocativa, a noite ia passando rapidamente, sem que eles sequer percebessem, mas não poderiam concordar mais sobre o quão agradável estava sendo.
Ele já estava muito mais próximo a ela, de forma com que conseguia sentir o salto alto da mulher volta e meia roçando em sua panturrilha, fazendo com que ele percebesse bem suas intenções naquele momento.
continuou a observando, encantado da mesma forma que o dia anterior.

— O que foi? — a mulher arqueou uma das sobrancelhas ao ver a expressão do rapaz em direção a ela. — Por acaso está pensando em seu arrependimento em ter se aproximado?
— Não mesmo. Queria saber de algo, mas não sei se você está disposta a me responder sobre. — disse, aproximando seu rosto do dela, fazendo com que a mulher se arrepiasse no mesmo instante. Ele percebeu, com isso levou seus dedos em direção ao braço completamente despido dela, fazendo um carinho tentador ali.
— E o que é?

Ele passou a língua pelo lábio, o umedecendo, e abriu um sorriso ao vê-la curiosa daquela forma.

— Deixe-me saber o seu tipo. — disse mais em afirmação, com seu típico olhar completamente sedutor, enquanto mordia seus lábios ainda a observando. Naquele segundo, ela se esqueceu completamente como se respirava de forma correta e o olhar de sobre si fez com que seu corpo esquentasse no exato momento.

Não foi preciso uma resposta para que ele soubesse que aquela era a deixa para que se aproximasse devidamente, colando seus lábios nos dela. A mulher sequer tentou afastá-lo, queria aquilo tanto quanto ele. Os dois precisavam sair dali o mais rápido possível para saciar toda a vontade que estavam de sentir cada pedacinho um do outro.
Claro que, de primeira, queria ser um cavalheiro, sem apressar qualquer outro passo, mas seu corpo pedia por outra coisa. E ele sabia muito bem o que era.
Sem que eles pensassem muito no que iriam fazer, o rapaz estendeu uma das mãos em direção a ela, que rapidamente pegou, e os dois seguiram até a parte mais restrita do bar, onde poucos permaneciam. Ele não conseguiu nem pensar muito no que faria primeiro com ela, já que pôde sentir as mãos da mulher invadindo seus cabelos, o puxando para mais perto em um beijo completamente sedento. conseguiu sentir todo o tesão pulsar pelo seu corpo por finalmente estar com sua boca colada à dela e com suas mãos ao redor de sua cintura.
Ela deixou as mãos percorrendo o corpo definido do rapaz, que a puxava ainda mais para si durante o beijo, e sentiu suas mãos tatearem todo o seu corpo. A verdade era que nenhum dos dois estavam pensando muito naquele momento, eles só conseguiam sentir. sentia sua ereção pulsar fortemente pelos toques que ela lhe proporcionava e ela sentia que explodiria em tesão a qualquer momento por sentir as mãos do rapaz de encontro à sua bunda, apertando-a descaradamente.
Toda aquela situação era surreal, principalmente para .
E os dois sabiam que se continuassem daquele jeito, tudo esquentaria ainda mais…

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Parque Namsam, Seul.

Já havia se passado algumas semanas desde que os dois haviam se encontrado algumas vezes para se verem novamente de forma casual e isso se tornou rotineiro desde a última vez no bar. Aparentemente, a mulher havia encantado de uma forma que o rapaz não sabia explicar, mas que estava gostando por igual, assim como ela indiciava sentir o mesmo.
E agora, ali estava ele, a esperando para mais um encontro, aquele no qual ele nomeava como um encontro de verdade. Não que os outros não fossem, mas desta vez ele estava pensando em começar a levar tudo a sério pela primeira vez depois de muito tempo. Depois de passar anos sozinho desde seu último relacionamento.
Ele continuaria com o mesmo pensamento de antes se não fosse por ela e por sua personalidade, que a cada dia deixava o rapaz mais curioso.
respirou fundo. Observou o céu em tons escuros azulados com poucas estrelas, mas com o clima bastante ameno e fresco, o fazendo ficar um pouco mais ansioso pelo que iria acontecer. Se sentia uma criança daquela forma, com suas mãos suando frio e seu coração batendo a mil, acelerado.
Olhou ao seu redor mais uma vez, procurando pela mulher, que poderia chegar a qualquer momento, e tentou ficar um pouco mais tranquilo, para não demonstrar o quão nervoso estava. Continuou parado no mesmo lugar, observando as luzes que rodeavam o lugar de ponta a ponta e as árvores, que o decoravam de forma chamativa. Não era do feitio de visitar lugares como aquele, até porque o público que mais o frequentava eram casais à procura de um programa menos comuns.
E aquele realmente não era o tipo de programa que ele procurava há alguns meses. Mas agora as coisas estavam um pouco diferentes. estava fazendo o rapaz se sentir extasiado, animado e, de alguma forma, mesmo com aquele coração rancoroso, um pouco mais felizardo. Ele realmente não sabia o que estava acontecendo, mas não era como se quisesse mesmo saber. Para ele, estava bom daquele jeito.
Olhou para os lados, a procurando, e quando virou seu rosto em direção à entrada do parque, pôde observar a mulher caminhar de forma despreocupada em sua direção, completamente deslumbrante. Por alguns segundos foi quase como se ele conseguisse sentir seu queixo despencar com tamanha beleza que ela tinha. Não era como se precisasse se arrumar por completo para estar apresentável, ela por si só já emanava uma beleza indescritível.
E toda aquela cena, fez com que o rapaz se lembrasse de algo vagamente…

estava sentado no banco da escola, o intervalo acontecia animado para seus colegas de classe. Ele se encontrava sentado em um banco mais afastado, como sempre ficava, não gostava de socializar com muitas pessoas, mas isso era diferente com a garota que havia acabado de ocupar o lugar ao seu lado. Ela tirou um lado do fone de ouvido que ele estava usando, chamando sua atenção, e ele a olhou sorrindo, como sempre fazia

— Oii, – ela começou a conversa, sorridente também, a garota sempre estava assim, era uma das coisas que ele mais gostava nela.
— Você sempre fala oi como se a gente já não tivesse se visto ou conversado hoje. — Ele riu e voltou a desenhar no caderno que se encontrava no seu colo.
— Aaaah, deixa de ser assim, eu gosto de falar oi toda vez que a gente se vê, porque no final sempre é o início de uma nova conversa.
— Faz sentido, mas não diminui o fato que você é muito gentil.
— Eu amo quando você me elogia.
— Então talvez eu deveria começar a fazer isso mais vezes.

Ela colocou uma mecha do seu próprio cabelo atrás da orelha, envergonhada pelo que ele tinha dito e, céus, ele podia jurar que ficaria ali parado no tempo, admirando a menina na sua frente por horas, meses ou anos e, se bobear, pelo resto da sua vida. Sua melhor amiga andava lhe causando sentimentos que ele não saberia explicar. O restante de conversa jogada fora naquela tarde, o jeito que quando ela levantou, ela se destacou na multidão para ele, só lhe confirmou que ele estava indo para o desconhecido. Ficava feliz por estar se permitindo a isso, mas também com medo de ser magoado.


Ele balançou a cabeça. Não. Não iria se lembrar daquilo logo agora.
observou a mulher se aproximar dele com um sorriso contido nos lábios, trajava uma calça jeans escura, a blusa mais soltinha e um pouco transparente. Exatamente da forma que o deixaria louco.

— Desculpe o atraso. — Iniciou, parando em frente ao rapaz enquanto ajeitava os cabelos por conta do vento. — Fiquei agarrada no trânsito. Você está esperando há muito tempo?
— Não, acabei de chegar há alguns minutos. — respondeu, a observando mais uma vez. assentiu, o olhando. — Você está linda, a propósito.
— Obrigada.

Ela respondeu um pouco envergonhada, apesar de tentar não transparecer, e notou em como ele a olhava, admirado, como sempre. Claro que o olhar de sobre ela a deixava desconcertada, mas não queria que ele percebesse isso.

— Vamos? Reservei um lugar incrível. — Ofereceu um dos braços para que ela segurasse e sustentou seu olhar no dele por alguns segundos, antes de entrelaçar seus braços e começar a caminhar com ele pelo meio do parque.

O lugar naquela noite estava incrivelmente bem iluminado e atrativo, fazendo todo o clima romântico se instaurar entre os dois, que conversavam de forma calma enquanto caminhavam em direção ao restaurante que havia dentro do parque Namsan. Eles caminhavam de forma despreocupada, como se nem tivessem que retornar para suas casas ao final da noite. Passaram próximos à enorme torre iluminada do parque, à pequena atração do pavilhão, perto de todas as pessoas que tiravam fotos e aproveitavam aquele momento descontraído que a noite oferecia.
Eles estavam aproveitando bastante, não tinham dúvidas.
Quando se aproximaram do restaurante, sorriu para ela, que observava o lugar encantada pelas luzes amareladas que ele oferecia.

— Pelo seu olhar, acho que nunca visitou o N. Grill. — Ele comentou, notando um pequeno sorriso surgir nos lábios da mulher.
— Preciso dizer que é um restaurante incrível. É encantador, .

Ela o olhou, ainda com o sorriso no rosto e abaixou a cabeça veemente em forma de agradecimento, o fazendo negar, como se dissesse que não precisava daquilo.

— Fico feliz que você tenha gostado. Eles têm um dos melhores cardápios, em minha opinião. Espero que goste. — Mencionou, caminhando com a mulher ainda com os braços cruzados aos dela para dentro do restaurante. O lugar era bem aconchegante e acolhedor. De onde a mesa deles estava posta, conseguiam ter uma vista espetacular de todo o parque e, principalmente, da torre do local completamente acesa e nítida pela noite.

Eles engataram em uma conversa calorosa depois que os pedidos foram feitos e passaram a maior parte da noite entre conversas e cochichos insinuantes, quase como se soubesse mesmo onde tudo aquilo iria parar. Claro que não queria ser tão direto naquele ponto, mas ele não aguentava mais estar tão perto dela e não conseguir fazer nada. Ele queria muito mais.
E queria o mesmo.
observou em como ela olhava para a paisagem do outro lado e voltava seu olhar em direção ao rapaz, como se tivesse alguns pensamentos em mente.

— O que foi? — perguntou, curioso. Com isso, colocou uma das mãos no queixo, ainda a observando.
— Nosso encontro foi memorável. Realmente gostei da noite de hoje. — começou piscando ao vê-lo a encarando da mesma forma de sempre, admirado. — Tem sido bom estar com você.
— Não posso discordar. Gosto da sua companhia, . Confesso que fiquei feliz quando você aceitou se encontrar comigo.
— Não é como se eu tivesse recusado das últimas vezes.

sorriu com sua resposta e balançou a cabeça em afirmação.

— Sim, mas as últimas não foram um encontro oficial como esse está sendo. Concorda? — arqueou uma das sobrancelhas, em uma expressão completamente atrativa de acordo com .
— Plenamente. — Ela aproximou seu rosto do dele, o percebendo ficar ereto, também se aproximando dela. — E acho que para oficializarmos esse encontro, ele vai ter que terminar de outra forma.

E, desta vez, ela quem arqueou sua sobrancelha, dando a entender o que pretendia. observou a expressão completamente sem vergonha da mulher à sua frente e não conseguiu pensar em outra coisa que não fosse pedir a conta o mais rápido possível, para que eles logo seguissem para seu carro, começando o que ele tanto queria.

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Edifício Hanham, Seul.

Ele girou a chave no buraco da maçaneta, fazendo-a em seguida soltar um click logo antes de abrir. O apartamento continha uma luz baixa. Ele a olhava, se perguntando o que estaria pensando; ele jurava que poderia matar para saber. Ela observava todos os mínimos detalhes, se dando conta de que a residência do homem ao seu lado continha o mesmo ar charmoso de mistério que rodeava ele e isso só lhe confirmou como aquela noite iria acabar.
A gravata sendo desatada com a ajuda dos dedos e unhas delicadas dela; sua calça jeans sendo desabotoada; suas línguas travando uma batalha feroz no espaço que se criou ao juntarem suas bocas. Seus corpos se esquentaram tão depressa que pareciam mais um vulcão prestes a entrar em erupção. O sutiã, junto com as outras peças íntimas, foi removido em momentos que, se perguntado na manhã seguinte, um não saberia dizer para o outro quais foram esses.
sentiu suas costas encostando em algo macio quando o homem, que a segurava firme pela cintura, começou a deitá-la lentamente. O peso do seu corpo sob o dela era a melhor sensação que poderia ter sentido nos últimos tempos. A forma que a mão de deslizava e preenchia cada curva de seu corpo, ela jurou que queria sentir esse toque para o resto da vida. Nos pensamentos dele, a maneira com a qual seus corpos nus roçavam um no outro na mais deliciosa das provocações, mas sem se preencherem por completo ainda, lhe trazia a sensação de que era ali que ele pertencia. Cada puxada de cabelo que ela dava nele enquanto arfava confirmava isso.
Os beijos que eles davam tinham sabores inexplicáveis. Era como uma constante crescente e eles não sabiam como, mas um sempre ficava melhor que o outro. desceu sua boca para a curva do pescoço de , se sentindo extremamente satisfeito pelos sons que arrancava da mulher deitada com ele, isso só o incentivou para a intenção que tinha. Apertava a lateral de sua coxa enquanto descia sua língua, percorrendo o meio de seu busto, a sua barriga, dando leves chupadas pelo percurso. O caminho do paraíso nunca fora tão verdadeiro, porque quando ele passou os lábios lentamente pela intimidade dela, esticou seu dedo até a boca carnuda de , a fazendo chupa-lo, e logo após o meteu lentamente na cavidade quente e extremamente úmida dela, enquanto sua língua brincava muito habilidosamente com o seu clitóris. Foi assim que eles se sentiram no paraíso.

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despertou com os raios de sol entrando pela fresta da cortina de seu quarto. Seu peitoral, assim como suas pernas, se encontrava descoberto, sendo coberta pelo lençol branco somente sua região peniana. Ele se espreguiçou antes de passar a mão ao seu lado na cama, não encontrando o que esperava - as curvas da mulher com a qual havia passado a noite. Sentou na cama, confuso, não sabendo onde ela estava. Passou as mãos pelos cabelos loiros, tentando colocar os pensamentos em ordem. Olhou mais uma vez para o espaço ao seu lado na cama, reparando somente naquele momento o bilhete no travesseiro vazio. Pegou, sentindo o cheiro dela emanar dele, abrindo logo em seguido e lendo a mensagem escrita com letras delicadas.

“Te vejo mais tarde,
tenho uma surpresa para você.”


No final do bilhete, a cor vermelha se destacava com a forma de uma boca desenhada. Ela tinha assinado de uma forma diferente. ficou sorrindo na cama por longos minutos, completamente nu, se lembrando da noite passada e pensando nos efeitos que aquela mulher estava lhe causando.

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Sede da Filter, Seul.
Ele vestia um dos seus ternos pretos, básico, mas que nele ficava deslumbrante pelo fato da peça ser colada ao corpo. Tinha acabado de entrar no elevador e usava seus óculos escuros, mas tirou assim que a caixa de metal se fechou, seguindo para o andar que ele havia apertado o número no botão.
Chegou no andar respectivo ao seu setor completamente sorridente. cumprimentou todo mundo com olás bem animados. Passou pelo assistente, o puxando para perto pelos ombros, o abraçando de lado e lhe desejando bom dia. Esse estranhou completamente o ato de seu superior, devido a ele sempre ser rude nos dias em geral. Chegou à porta de madeira da sua sala e adentrou, dando um último aceno geral para todas as pessoas presentes ali, fechando a porta logo em seguida.
Sua sala parecia estranhamente mais agradável que o habitual. Ele pegou alguns papeis que estavam na mesinha de canto, perto da porta, talvez alguém do pessoal da correspondência tivesse deixado ali. Pegou seu celular assim que se sentou na cadeira atrás da grande mesa que ocupava sua sala, desbloqueou, indo diretamente na conversa da garota que ocupava seus pensamentos. Olhou a mensagem de bom dia que havia mandando assim que levantou para tomar banho de manhã, ela ainda não tinha respondido, mas ele não se importava. Sabia que deveria estar ocupada com algo e, como ela mesma havia dito, mais tarde eles se veriam. Digitou uma mensagem rápido sorrindo para a tela

‘Estou com saudades - .’


guardou o aparelho no seu bolso para sentir ele vibrar quando fosse respondido e começou a ajeitar as coisas para começar seu dia de trabalho. Abriu seu notebook e, como todos os dias, o navegador surgiu automaticamente, revelando algum site de notícias aleatório que nunca dava muita importância. Naquela manhã, entretanto, foi diferente. Sua foto estava estrondosamente estampada na página inicial do site e, por mais aterrorizante que aquilo fosse, nada se comparava ao título da matéria. Ele apoiou as mãos em sua mesa e suspirou pesadamente quando soltou em voz alta as oito palavras contidas ali em destaque.

“Aplicativo Filter: O lado obscuro que ninguém esperava”


Epílogo

O som do salto alto de ecoou por todo o galpão assim que ela puxou o enorme portão e começou a caminhar pela parte interior, com os óculos escuros no rosto e os cabelos soltos caídos por suas costas. Ela caminhava decidida em direção às três mulheres, que a esperavam ansiosamente ao final do local, com as expressões de curiosidade estampadas em seus rostos.
Claro que estavam daquela forma, queriam tanto saber se o plano inicial havia dado certo. A verdade era que, sim, não sabia dizer no que aquilo implicava. O com quem tinha passado as últimas semanas era alguém, era algo diferente, mas tudo aquilo havia sido um plano elaborado por todas elas, ela precisava ir até o final e por sinal…
— Olá, garotas. — Começou de forma séria, retirando os óculos do rosto vagarosamente antes de dizer o que elas tanto esperavam. ajeitou os fios para o lado, observando cada uma que estava ali. As três garotas se tratavam de Yuna, Sarang e Mina, as três mulheres que queriam se vingar de alguma forma. — Parece que o plano funcionou exatamente como esperado.
E, com isso, sorriu olhando para as três garotas, mesmo que, por dentro, seus sentimentos estivessem confusos.

Há alguns meses atrás…



encarava a tela de seu computador com o cenho franzido. Ali, havia o site da Filter aberto de forma clara e evidente, e ela já havia rolado a página trezentas vezes tentando entender como funcionava e o porquê de existir um site como aquele. Claro que estava sendo uma febre, todos estavam adorando, mas ainda tinha algo que a deixava com uma pulga atrás da orelha…
Talvez pelos três filtros específicos que ocupavam o pódio da empresa, assim como todo os outros, eles haviam sido criados por um dos desenvolvedores, mas aqueles três especificadamente lhe chamavam a atenção de alguma forma. E era mais estranho ainda saber que poderia ter algo por trás de tudo aquilo. Por que Park havia desenvolvido apenas aqueles filtros? Por que cada um parecia ter uma personalidade única?
Aqueles foram um dos questionamentos que rondavam a cabeça de por algumas semanas antes de todas as peças do quebra cabeça se encaixarem para ela. Antes de ela conseguir descobrir tudo.
Descobriu que o tão adorado CEO da Filter havia tido apenas três ex-namoradas e que com cada uma delas havia terminado de alguma forma específica e nada boa. Sabia que descobriria muito mais assim que viu as três mulheres entrando em seu escritório, olhando uma para as outras, e sorriu de forma amigável, se levantando para recepcioná-las.

— Sejam bem-vindas. — Iniciou assim que elas se sentaram, parando em frente à mesa do escritório. posicionou suas mãos atrás do corpo, apoiando-as na mesa. — Eu sei que devem estar se perguntando o que estão fazendo aqui, mas a resposta é uma só e tem nome e sobrenome.

Elas se olharam mais uma vez, quase como se soubesse de quem a jornalista estava falando.

— Eu me chamo , sou jornalista da Times, como podem ver. — ergueu uma das mãos, mostrando ao redor. Cada uma ali se apresentou devidamente e esperou que terminassem para continuar. — Acho que vocês fazem ideia de quem estou falando.
— Não é um assunto que eu goste de me lembrar. — Mina disse para que todas pudessem ouvir e respirou fundo, pousando seus olhos sobre os de .
— Eu entendo, imagino que cada uma tenha tido um motivo especial para que não estejam com Park atualmente. — Assentiu, cruzando as mãos em frente a seu corpo. — Mas eu gostaria da ajuda de vocês. Gostaria de expor o desenvolvedor da Filter e acho que a ajuda de cada uma seria valiosa.
— Por que te ajudaríamos? Não sabemos o que está em jogo. — Yuna respondeu.
— Podemos ter a chance de arruinar a carreira do Park. Tenho certeza de que vocês querem isso tanto quanto eu. — Mencionou, sorrindo de canto. As três observaram por um bom tempo antes que pudessem dizer algo. — Antes que vocês pensem em qualquer outra coisa, não tive qualquer relacionamento com ele. Quero expor, pois prezo pela integridade feminina. Sei que ele usou da personalidade de cada uma para obter lucros com cada filtro criado e tenho certeza de que não é algo que vocês permitiram. — Pressionou os lábios em linha reta, olhando para cada uma. — Acho que cada um ganha nesse jogo. Eu terei a matéria do ano e vocês terão a oportunidade de entrar com um processo. Ambas veremos o pequeno reino de Park cair.

E, com isso, sorriu abertamente, podendo notar cada expressão dentro daquele cômodo mudando drasticamente ao saber que poderiam, de alguma forma, desmascarar todos os segredos que Park carregava consigo.
Depois de terem acordado entre si sobre o que fariam, cada uma explicou o seu motivo pessoal para que tivessem terminado seu relacionamento com ele. Sarang havia sido o primeiro amor de , relacionamento no qual ele se tornou completamente abusivo. Eles eram amigos na época da escola e quando ele confessou seus sentimentos tudo pareceu mudar, ele pareceu ter se tornado outra pessoa. Ela sabia exatamente qual filtro era destinado a ela: o número 3 no ranking, tinha um ursinho no canto superior, igual ao que ele havia lhe dado quando eles eram mais novos; e no coração que o urso abraçava tinha a inicial dela. Ela, assim como todas as outras garotas, já desconfiavam pela conjuntura dos filtros que eram para elas, mas esses pequenos detalhes, escondidos como se ele tivesse colocado somente para elas acharem, as faziam terem certeza. Yuna sabia dos sentimentos do rapaz e não poderia correspondê-lo da mesma forma na época da faculdade. E sabia ainda mais que não aceitaria sua resposta, por isso ficava à espreita da mulher sempre que podia, como um stalker. Ela se sentia perseguida. O seu filtro, o número dois do ranking só confirmou suas suspeitas desse amor doentio que ele criou por ela. O filtro era a imitação de uma de suas fotos, os tons, a paisagem leve no fundo, tudo. E o detalhe da câmera fotográfica, que era igual a que ela estava usando quando o avistou em um parque perto da universidade, só confirmou tudo. E com Mina, bom, o motivo havia sido a traição. O filtro inspirado nela ocupava o primeiro lugar no ranking, era um fenômeno. Sem dúvidas, o mais sombrio de todos. Ela, entre as garotas ali, foi a que teve mais tempo de relacionamento com ele, chegando a durar mais de um ano. As traições começaram por ela se sentir extremamente mal no relacionamento que compartilhava com ele, ele sempre perdoou, não só uma, mas várias. Acabando em traição da outra parte, e isso acarretou em fazendo de tudo para que a culpa caísse sobre ela e ela fosse taxada pelo resto dos anos como uma mulher qualquer. O filtro dela deixava as pessoas com a boca em um avermelhado claro, o que ele sempre dizia que era a marca registrada dela.
não conseguia acreditar no que ouvia, não era possível que aquilo tivesse acontecido com as três. Park era completamente narcisista, pretensioso e dissimulado. Ela conseguiu ter certeza daquilo com aqueles relatos.
E foi mais um dos motivos para que ela quisesse colocar seu plano em prática o mais rápido possível.




Fim.



Nota da autora: Oiiiii meus amores, como estão?
Cara, o que foi escrever Filter?? Eu e a Isy não conseguimos colocar em palavras, esse plot surgiu do nada na minha cabeça já faz um tempo, e nós lutamos para transformar ele em uma short kkkkk foi difícil, tivemos que se segurar, mas foi muito gostoso, a gente amou o nosso PP, escrever com ele e a maravilhosa da PP nem se fala, obrigada para quem leu até aqui, espero que tenham gostado.

Nota da Beta: Gurias, que enredo bem estruturado! Confesso que não imaginei esse final, mas fico feliz que a Hyu tenha conseguido levar o plano até o final... Agora só me resta a dúvida: vem uma continuação por aí? Porque o Jimin parecia bem apaixonado HAHA Eu espero que sim! <3

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Fanfics da Bianca:
One Chance
Immergere
04. Make It Right
Locus Quattuor

Fanfics da Isy:
West Coast
Bold As Love
Locus Quattuor
Yeontan's Fault
Book Marked
Surrender To You


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