Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

No interior do Quinjet, a equipe se preparava para mais um dia de trabalho. Natasha pilotava com maestria ao lado de Clint, levando a equipe ao seu destino:
Invadir outra base da HYDRA.
Steve Rogers permanecia com o semblante fechado. Ele odiava a organização criminosa com todas as suas forças, afinal ele havia perdido muito por culpa dela.
Thor estava de pé, sua capa vermelha reta em suas costas. Preferia estar voando do lado de fora, mas permanecia curioso e atento. As engenhocas Midgardianas eram realmente interessantes.
Tony estava elegantemente sentado, um copo de bebida cara na mão e seu semblante extremamente entediado. Ele estaria reclamando no momento se Natasha não o tivesse ameaçado após o quinto choramingo em menos de cinco minutos. Ele resolveu se calar. Natasha era uma mulher formidável, mas assustadora.
Bruce estava sentado tentando ficar calmo. A missão seria difícil, ele podia sentir.
Respirando fundo repassou os procedimentos de emergência em sua mente enquanto lia a planilha de dados, afinal ele era o backup da equipe.
sentou ao lado dele e prendeu o cinto, um sorriso sereno estampado em seu rosto enquanto discutia baixo com o cientista. Estava internamente preocupada com sua equipe, com seus amigos mas precisava de foco.
- Sabe querida, acho que devemos jantar para comemorar, algumas bebidas depois talvez. – Tony disse vagarosamente.
- Comemorar o que Tony? – Perguntou a mulher divertida, mas sem tirar os olhos dos dados nas mãos de Bruce.
- O sucesso da missão e seu novo corte de cabelo que realçou sua beleza. Posso pegá-la as 18:00? – Perguntou o homem exalando charme e confiança.
- Stark, deixe-a em paz – resmungou Steve.
- Tenho certeza que há uma fila querendo ter essa oportunidade Tony, eu gentilmente cederei meu lugar, mas obrigada – Disse a mulher sorrindo do beicinho infantil de Tony. Ele sorriu para ela e piscou logo depois.
havia entrado na equipe há um ano, recrutada por Clint após entrar acidentalmente no radar da SHIELD.
Rapidamente a mulher com poderes havia se encaixado na equipe sendo amigável, mas reservada (exageradamente reservada para Tony) embora isso não impediu o homem de paquera-la ocasionalmente e de traze-la sobre sua asa ao ver o interesse da mulher pela ciência e pelo desenvolvimento.
A mulher sempre o respondia educadamente e eles se tornaram bons amigos em uma amizade estranha, onde o respeito predominava.
Tony sempre havia sido um homem marcado por diversos problemas, sua bagagem era grande e pesada, seu psicológico já estava abalado desde antes do cativeiro no Afeganistão que obrigou o nascimento do herói. Após o incidente Chitauri onde ele vislumbrou o vazio, ele havia piorado.
Ele não era mais o mesmo embora sua fachada continuasse intacta (ou assim ele pensava).
A missão havia sido um fracasso, seguida de outras. Coisas aconteceram, palavras foram ditas, coisas foram feitas e após meses as portas do inferno se abriram.
A bagagem de Tony não conseguia mais se manter fechada. O limite foi atingido.
Tony estava desaparecido por dias em sua oficina.
Ninguém consegui tirá-lo de lá.
Ele estava obcecado.
Sua alma torturada.
Litros e litros de bebida cara sendo despejados goela abaixo sem piedade.
O corpo dando sinais de sobrecarga.
As mãos tremulas pelo pânico.
Os ternos armados se multiplicando de maneira descontrolada.
Um espiral veloz de autodestruição nos olhos castanhos do rico empresário.

(...)


  Tony Stark era para todos o gênio bilionário, convincente, arrogante e sem dúvida, irritante.
Mulheres, bebidas e dinheiro.
Invenções.
Mídia. Super herói. Homem de ferro.
Mas Tony Stark se sentia perdido, cansado, exausto, ferido, desanimado, destruído.
Insônia. Exaustão.
Pesadelos.
Transtorno de estresse pós-traumático.
Crises.
Medo.

If I don't say this now I will surely break
As I'm leaving the one I want to take
Forgive the urgency but hurry up and wait
My heart has started to separate

Se eu não disser isso agora eu certamente enlouquecerei
Como se deixasse a única coisa que quero ter
Perdoe a urgência, mas apresse-se e espere
Meu coração começou a se partir

Fora um período incrivelmente difícil e ainda estava sendo.
Um dia de cada vez. Ele repetia esse mantra diariamente tentando se manter são após os momentos críticos.
Era difícil.
A mente acelerada de Tony dificilmente lhe dava descanso.
Na maioria das vezes ele não sabia mais o que pensar e o que sentir.
Seus dias se resumiam em estar em sua oficina, o barulho das ferramentas, a emoção e a necessidade de criar, a raiva de cair em um ponto sem saída e recomeçar tudo de novo. Nesses momentos de trabalho sem descanso ele conseguia sentir algo.
A outra parte de sentir era quando ela estava por perto.
O que para ele era irracional.
Ao mesmo tempo que sentia a paz em seu coração sentia o incomodo persistente e desejo ardente de não sentir.
Durante um de seus momentos de pânico sentia o medo subjugando seus batimentos cardíacos, as lembranças de todas as coisas que o levaram até ali, a dúvida e a persistente lembrança de afastar as pessoas e delas o afastarem de suas vidas.
Ele estava sozinho.
Seus pais (seu velho pai Howard em especial) haviam afastado Tony de suas vidas desde que ele era uma criança. Muito trabalho, pouco tempo e crianças exigem muita atenção, mas havia uma indústria, a busca pelo Capitão congelado e festas exuberantes para fazer.
Tony afastava todos pelo medo da tragédia e no fundo, pelo medo da rejeição. Melhor não arriscar.
Talvez sempre seria um ciclo interminável.
Mas esse caos em seu peito parecia passar por alguns segundos quando colocava a mão leve sobre o ombro do homem e se inclinava para poder enxergar alguma nova criação, ou quando se aproximava para ler alguma informação na tela holográfica, ou quando sua voz baixa discutia alguma informação com Jarvis, ou quando ela passava pela oficina prendendo os cabelos para entrar no laboratório de Bruce e acenava para o homem sujo de graxa com um pequeno sorriso, ou quando ela sentava com ele em silêncio e o pedia para respirar calmamente quando sua respiração e seus pensamentos se aceleravam demais, quando o pânico aparecia nas horas mais aleatórias do dia.
Ele estava confuso.
Ele não deveria sentir nada por ela.
E era isso que sua mente sempre o cobrava, mostrando todos os cenários que a aproximação terminava em tragédia. Que ela não se sentia da mesma forma, que ela não deveria entrar em sua vida porque ela ia sair. Todos saiam em algum momento.
Tony não os culpava.
Tony era o próprio caos.
E seu caos naquela manhã se dissipou rápido quando ela o puxou pela mão até a cozinha da torre comum o obrigando a pegar um prato de frutas cortadas.
Ele não queria estar ali mas precisava estar.
Os olhares que Steve estava lhe enviando estavam levando o homem ao limite.
Mais cedo durante a reunião Steve chamou atenção para os atrasos de Tony, sobre sua falta de compromisso, seu egoísmo e seu estado desalinhado. Sem saber que Tony não dormia corretamente a semanas, sem saber de seus esforços para estar de pé e estar ali e sem se dar conta que Tony se importava, até demais.
E esse era o problema.
A mente do homem voltou ao presente ao sentir um leve aperto em seu braço onde o tocou e o levou de volta para a oficina.
- Não ligue para ele. – Sussurrou ela baixinho.
Ele olhou sem entender enquanto colocava o prato de comida sobre a bancada limpa.

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
Oh, oh, oh

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
I'll look after you

Oh, oh
Oh, oh
Seja minha garota
Oh, oh

Oh, oh
Oh, oh
Seja minha garota
Eu cuidarei de você

- Vai ficar tudo bem. – Ela respondeu sério.
Sentiu uma pequena sensação estranha de segurança quando ela apertou seu braço novamente e o abraçou.
Ele sentiu o choque na hora, como sentia na maioria das vezes que ele a via ou que ela o abraçava. Ele gostava dela, de seu toque e de seu abraço.
A sensação de pânico voltou.
Não podia se apegar, era uma alma gentil e ele não queria estraga-la. Tudo que ele tocava parecia se desfazer. No entanto de uma maneira estranha a amizade permaneceu sólida mesmo nas dificuldades que o homem tentava esconder as vezes sem sucesso.
já havia passado por maus momentos e os sinais de Tony não haviam passado batido como foi para alguns membros da equipe.
- Porque você está me abraçando? – Perguntou o homem desconfortável.
- Achei que precisasse. – Respondeu de forma simples.
- Eu sou o homem de ferro, eu não preciso de abraços – respondeu sarcasticamente, mas um sorriso involuntário teimava sair por seus lábios finos.
- Bem, se você precisar de um ou de qualquer outra coisa, óh grande gênio, bilionário, playboy, filantropo, sabe onde eu estou. – Respondeu a mulher simplesmente.
Ele não acreditava mais em palavras, mas de uma maneira estranha, ele acreditou, quando a viu sorrindo para ele.
Ele não sentia mais tão sozinho.
Ele estava condenado.

(...)

There now, steady love, so few come and don't go
Will you won't you, be the one I always know
When I'm losing my control, the city spins around
You're the only one who knows, you slow it down

Agora, amor eterno, tão poucos vêm e não vão
Você vai ou não ser a única que eu sempre conhecerei
Quando eu estou perdendo meu controle, a cidade gira ao redor
Você é a única que sabe, você desacelera isso

**FLASHBACK**

Em meio a fumaça, sinais de pegadas sangrentas, o cheiro de cinzas, fuligem e sangue Tony estava sozinho.
Pilhas de concreto, metal retorcido e sujeira misturado a corpos dobrado, imóveis, feridos, sangrentos, gritos, últimos suspiros... e todos estavam lá, caídos, Tony permanecia de pé.
Os olhos cheios de lágrimas enquanto os soluços rasgavam seu corpo. A cada passo que dava maior era o grito preso em sua garganta. Bruce, Natasha, Clint e Thor caídos, não mais respirando, nunca mais respirando. Steve jogado sobre os entulhos mais a frente estava dando seus últimos suspiros, o escudo quebrado a seu lado, o peito embebido em sangue vivo.
- Sua culpa Tony... você... você merece viver... para nunca...esquecer...sua...culpa... você...você... falhou... conosco – Os lábios do Capitão América jamais se moveriam novamente.
Tony engoliu em seco, as lágrimas inundavam seus olhos, a descrença, o medo, a dor profunda.
No silêncio dos mortos Tony ouviu um suspiro falho, uma respiração rasa, um chamado baixo e fechou os olhos com força.
- Tony!
“Ela não, por tudo que é sagrado, ela não!!”
- Tony eu... estou... aqui.
O homem se virou lentamente e o ar foi expulso de seus pulmões, ele queria gritar.
Caindo de joelhos lá estava ela, uma bagunça sangrenta do que antes fora uma bela mulher.
Ele segurou a sua mão escorregadia pelo sangue que escorria pelo braço da mulher.
Ela sorriu, um sorriso tenso, doloroso.
- Está tudo bem...deixe ir... está tudo bem – Os olhos dela tremeram e sua respiração ficou mais rasa, os ouvidos do homem tampados pelo desespero, o sangue pulsando dolorosamente em seus ouvidos.
Ele não conseguia respirar e se sufocou com os próprios gritos quando olhou mais uma vez para o rosto da mulher, os olhos dela fixos e abertos, olhos brilhantes e cegos com lagrimas que jamais cairiam, olhos que nunca mais veriam.


- Não, não, por favor.... Não... ...não. Me desculpe... – O homem murmurava em seu sono, a garganta machucada pelos gritos durante a madrugada, o rosto molhado em lagrimas, o corpo tenso encharcado de suor.
o balançava levemente enquanto apertava sua mão, a voz suave e baixa tentando não o assustar, mas acordá-lo para tirar de sua miséria.
Por meses ela mantinha amizade firme e acompanhava as mudanças no homem, silenciosamente o apoiava, o levava comida, o cobria quando ele desmaiava de exaustão na oficina, no laboratório ou em cantos aleatórios de seu andar na torre, sempre que podia e que Tony permitia ajuda estava lá oferecendo apoio com sua presença silenciosa, mas essa noite ele estava pior, ela nunca o vira em tal estado.
Balançando-o com mais força ela o viu despertar.
Os olhos da mulher cheios de lágrimas olhavam a forma vulnerável daquele grande homem que com espanto se sentou na cama olhando fervorosamente para os lados.
Perdido.
Ela o apoiou o melhor que podia, levantando seu corpo mole, soltando sua mão, correu até o banheiro e arrastou uma lixeira para o lado da cama ao ver a cor da pele suada do homem mudar para uma palidez esverdeada.
- Coloque a cabeça sobre os joelhos, pode fazer a náusea passar. – Sussurrou ela gentilmente enquanto colocava uma toalha úmida sobre a nuca do homem.
Segurou novamente a mão de Tony com força.
O silêncio encheu o quarto, somente a respiração entrecortada era ouvida até que se tornou mais normalizada.
- Você estava me observando dormir? Isso parece sexy, estranho, mas sexy. – Murmurou o homem ainda tenso com a voz tremula e abafada pela cabeça baixa.
Ela sorriu pela sua fraca tentativa de mudar o foco, ele era ainda o bom e velho Tony.
- Eu precisava estar de olho em você. – Disse ela com cautela. Ela já havia presenciado algumas crises de ansiedade e pânico do homem e o ajudado estando do seu lado, mas dessa vez era diferente. Era algo mais íntimo e mais profundo. Ela havia invadido seu espaço e o visto quebrar.
O corpo do homem se tornou tenso e ela sentia o nervosismo envolvendo o homem que estava quase calmo.
-Porque? Você acha que eu sou louco? O maldito Capsicle mandou você me espionar? – Disse o homem elevando a voz e levantando a cabeça. – Seu querido Capitão quer saber qual é o meu problema? Para o inferno com ...
- Não Tony – ela o cortou suavemente e apertou sua mão. – Steve não sabe de nada disso, tive sorte hoje de Jarvis me chamar quando não conseguiu te acordar.
- Porque você está aqui? – Perguntou desconfiado e envergonhado.
- Porque você não precisa estar sozinho Tony, quero que saiba que eu estou aqui – respondeu ela baixo.
- Eu não preciso de você aqui. – Odiando-se por estar tão vulnerável respondeu duramente, talvez ela sairia, como todos faziam.
- Eu sei que não precisa. Mas eu quero. Eu quero estar. – Respondeu ela em tom baixo, seu peito se apertando, mas ela não seria egoísta agora, não viraria as costas ao homem.
- Eu não gosto disso, não gosto de você aqui, não gosto desse olhar conhecedor que você está me dando e sobretudo... – a voz dele não passava de um sussurro - não gosto de me sentir vulnerável – Confessou o homem depois de um grave e tenso silêncio.
- Eu sei, mas eu posso tentar? – Ela empurraria seus sentimentos românticos e platônicos facilmente mesmo que doesse, só querendo estar lá por ele. Era melhor que nada e que vê-lo sofrer sozinho.
Ele bufou e abaixou novamente a cabeça sentindo o estomago se mover de uma forma diferente.
Ela esperou em silêncio com medo de que o homem jamais o perdoasse.

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
Oh, oh, oh

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
I'll look after you

Oh, oh
Oh, oh
Seja minha garota
Oh, oh

Oh, oh
Oh, oh
Seja minha garota
Eu cuidarei de você

Sem aviso ela sentiu a mão dele apertar a dela.
Horas depois ele estava na oficina, sujo de graxa.
Ela desceu até lá de roupas limpas após um intenso treinamento com Natasha, deixou uma bandeja com uma grande xícara de café preto, torradas, pedaços de queijo e frutas. Sorriu para o homem e saiu.
Ele nunca vira, mas agora sabia quem fazia isso todos os dias.
Alguém se preocupava.
*** FLASHBACK OFF***

Tony após a sessão de terapia (ele havia finalmente concordado em ir) subitamente resolveu levar para uma pausa, ela estava sempre pairando sobre ele, o ajudando, ajudando Bruce ou trabalhando duro para garantir a segurança dos civis contra ameaças.
O primeiro encontro ocorreu de forma um pouco estranha. Inesperadamente e aleatoriamente, Tony resolveu sair de seu esconderijo e a convidou para jantar (o que o inteligente Jarvis havia sugerido ao ouvir as divagações do chefe sobre ela aceitar ou não) e ela aceitou, afinal, eram amigos.
Ele parecia estranhamente nervoso, sequelas de todo o transtorno que ele estava vivendo.
Mas ela sorriu, e tudo correu bem.
Após os estômagos cheios de uma deliciosa massa italiana os dois saíram do pequeno restaurante estrategicamente escondido perto da torre, o local perfeito para uma refeição menos tumultuada para uma celebridade.
O vento batia no casal enquanto voltavam para casa e o homem suspirou fundo.
- Obrigada por vir – a voz masculina quebrou o silencio ao se aproximarem da entrada da torre.
- Eu agradeço por convidar – Ela respondeu sorrindo e ele somente balançou a cabeça com um pequeno sorriso.
Os dois subiram o elevador juntos e se separaram para seguirem para seus respectivos cômodos.
Ao chegar no quarto Tony foi se trocar para algo mais confortável, um sorriso incerto ainda em seu rosto.
E se?

(...)


O segundo encontro foi desmarcado às pressas, Tony estava sofrendo com o estresse pós-traumático e a algazarra na rua não ajudaria sua mente a descansar. sorriu e fez uma grande xícara de chá.

(...)


O terceiro encontro havia sido desmarcado pois ambos estavam exaustos do trabalho, voltava de uma missão e Tony virou a noite pesquisando um traje novo para Peter Parker, além do fato de que havia uma nevasca.
Visto que somente os dois e Bruce estavam na torre, também o convidou para uma sessão de cinema em casa. O quarto da mulher se transformou em uma piscina de travesseiros confortáveis e uma infinidade de doces e lanches jogados sobre a mesa.
A metade de O show de Truman rodava na grande TV mas quando Bruce olhou para o lado, havia adormecido e sua cabeça pendia molemente encostada no braço de Tony que a olhava com uma estranha emoção nos olhos.
Bruce sorriu sutilmente, mas logo desviou o olhar.
Ao final do filme, Tony se mexeu cuidadosamente colocando a mulher deitada de forma mais confortável. Bruce rapidamente se virou para pegar as embalagens vazias de doces que estavam no chão, escondendo o sorriso ao fingir não ter visto o beijo terno que Tony deu nos cabelos da mulher enquanto a cobria com o grosso edredom.

(...)


O quarto encontro foi desmarcado com uma missão de alta prioridade onde voltou com o pulso quebrado, um grande corte na perna e uma concussão leve.
Bruce observou Tony com cuidado.
Enquanto Steve latia sobre o que havia acontecido de errado na missão, os olhos do moreno despenteado se enchiam de raiva homicida e pânico mal disfarçado. Bruce sabia lê-lo de certa forma e como um homem observador havia reparado nas pequenas nuances do amigo e em seus sentimentos pela mulher (provavelmente desconhecidos para os dois).
Tony estava na beira de um ataque de pânico enquanto olhava a mulher sobre a maca onde Natasha a mantinha acordada.
- Ela está bem, ela vai ficar bem – sussurrou o cientista puxando Tony para o canto, atraindo o olhar de Steve para os dois.
Tony contou até 10 respirando fundo saindo de perto e se sentando onde ainda estava em sua linha de visão.

(...)


No quinto encontro, ( ) ainda usava uma munhequeira ortopédica no pulso, mas o restante estava bem.
Tony não havia saído de seu lado e era presença constante em sua recuperação, o que a deixava ligeiramente surpresa e um pouco confusa mas resolveu deixar tudo de lado aproveitou a noite e a comida deliciosa que lhe fora oferecida. Mesmo que durante o jantar Tony estivesse mais silencioso e a encarando de modo fixo em alguns momentos.
No final do jantar enquanto alegremente se deliciava com a sobremesa gelada de merengue e chocolate, Tony novamente a encarava.
Engolindo em seco, o homem resolveu se pronunciar.
- Bem, eu gosto de você, mais do que deveria e gostaria de admitir, devido as circunstâncias e eu acho... acho que gostaria de tentar algo mais sério. – Falou diretamente levando a mão na testa e esfregando as têmporas em frustração com a confissão torta.
estava parada com o garfo cheio de sobremesa no ar enquanto sua boca permanecia aberta em choque em confusão.
- Tony, você está bem? Se eu não te conhecesse diria que está me pedindo em namoro – ela brincou e riu nervosamente, enfiando o doce na boca tentando dissipar a tensão estranha.
O silêncio se prolongou enquanto os olhos de Tony pareciam perdidos enquanto ele tentava recuperar a compostura.
Respirou, pigarreou, recuperou a postura descontraída (embora seu interior fervesse de ansiedade) e continuou.
- Já estamos há algum tempo juntos, desde que você entrou para a equipe, você me viu no meu pior e gosto de pensar que você confiou em mim o bastante para que eu vesse o seu. Mas estou esperando e nada, você não está ajudando. Vai ficar me enrolando ou vai me pedir em namoro? – Disse ele divertidamente.
- Tony... eu... – A mulher travou, os olhos arregalados e a surpresa estampada no rosto.
- Tudo bem, eu que faço todo o trabalho mesmo. Quer namorar comigo? – Perguntou a última frase sem malícia e com uma seriedade atípica.
ficou em silêncio enquanto seus pensamentos colidiam selvagemente com a inesperada sensação de ter os sentimentos devolvidos. Tony esperou paciente embora sentiu a perna do homem balançar algumas vezes em baixo da mesa.
- Bem... – começou ela calmamente embora seu coração estivesse acelerado e o sorriso brilhante queria escapar de qualquer maneira – Acho que posso fazer esse sacrifício. Minha resposta é sim.
Tony respirou fundo, aliviado e com uma sensação quente em seu interior.
- Eu sabia que você diria sim – Disse ele arrogante dobrando o guardanapo – Eu sou irresistível.
- Tony, não estrague o momento. – Respondeu ela sorrindo docemente.
- Eu não estou mentindo, estou? – Ele piscou convencido.
Mais tarde enquanto deitado em sua grande cama Tony suspirou novamente, o sorriso persistente no rosto e a mão sobre os lábios onde havia trocado o primeiro beijo com no final daquela noite. Lembrou-se da sensação quente e a surpresa quando a mulher havia explicado seus sentimentos pelo homem e o fato que nunca esperou que ele sentisse o mesmo. Que noite!
Ele sorriu coçando a cabeça ainda sem acreditar e balançou a cabeça dissipando os pensamentos negativos intrusivos.
Alcançando o Starkphone, enviou um texto rápido para Bruce.
No laboratório, Bruce coçava os olhos com sono pensando que já era hora de dormir quando seu telefone vibrou sobre a bancada fria de mármore.
Recolocando os óculos, ele leu o texto que recebeu do amigo e um sorriso imenso alcançou seus lábios.
“ Ela disse sim”.

If ever there was a doubt
My love she leans into me
This most assuredly counts
She says most assuredly

Se sempre existiu dúvida
Meu amor, ela decai sobre mim
A soma mais garantida
Ela disse mais garantida

Steve lançava olhares nada sutis ao homem presente na cozinha. Natasha também observava, com um pouco mais de sutileza. Anteriormente a presença do Homem de Ferro no espaço comum era algo quase impossível, no entanto o rosto do homem de cavanhaque escuro estava cada vez mais sendo visto.
Tony em uma de suas pausas estava sentado na banqueta da cozinha observando os companheiros. Estava limpo e comendo devagar um dos cookies que havia deixado separado para ele (escondido de Clint e Thor).
Embora a melhora lenta, alguns dias ainda eram muito difíceis e como exemplo havia sonhado novamente o pesadelo de meses atrás
Corpos jogados, sangue e morte. Ele franziu o cenho ao se lembrar do último cadáver que seus terrores noturnos trouxeram para assombrá-lo ainda mais.
O homem com o coração apertado com os demônios que consumiam seu interior sorriu sutilmente ao observá-la calmamente sentada no sofá com as pernas dobradas em baixo de si mesma, assistindo O senhor dos anéis na grande televisão da sala acompanhada da equipe.
Viva. Ilesa.
Inicialmente, Tony tentou desesperadamente não sentir nada por ela, mas tudo havia se provado ineficiente.
Ela estava lá por ele quando ninguém mais estava. Eles permaneciam sendo uma grande fonte de apoio e paciência um para o outro. Por ser uma alma gentil sofria com seus próprios demônios com seu trabalho de heroína. Era uma carga pesada.
Ele ainda estava lutando contra, quebrado demais para se achar merecedor de tanto cuidado. A ansiedade sempre ajudava a aumentar suas dúvidas e flagelações.
Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
Oh, oh, oh

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
I'll look after you

Oh, oh
Oh, oh
Seja minha garota
Oh, oh

Oh, oh
Oh, oh
Seja minha garota
Eu cuidarei de você

Como se lesse seus pensamentos, virou a cabeça e os olhos encontraram o homem despenteado na mesa.
Ela piscou para ele feliz que ele resolvesse socializar por si próprio e ele piscou de volta.
Ela era sua.
Steve encarou boquiaberto, olhando entre os dois companheiros de equipe enquanto Natasha olhava sem expressão embora a curiosidade desse voltas em sua mente.
- O que foi Capsicle?
- Você está aqui na sala – respondeu o homem ligeiramente curioso.
- Sim, essa é a minha torre – respondeu Tony revirando os olhos e se levantando.
- Mas... – Steve ainda queria respostas, Tony estava agindo um pouco mais como sempre fora à medida que os meses passavam. Era uma mudança nítida para a equipe visto os longos períodos de isolamento do homem.
- Vamos lá Capsicle, não pense demais, seu cérebro congelado pode derreter e o chão acabou de ser encerado.
Clint soltou um risinho, surpreso. Esse era o bom e velho Tony.
- Tony, precisamos conversar – respondeu Steve sério.
Bruce sorriu do canto com um sorriso conhecedor ao ver a mulher se levantar alheia ao concurso de encarar entre Tony e Steve.
Ela se aproximou do homem ainda com um sorriso, orgulhosa por seu progresso. Ele a abraçou pela cintura assim que ela se aproximou e ela passou os braços pelo pescoço do homem num abraço lateral, deixando um beijo carinhos nos cabelos desarrumados do namorado.
- Mas o que é isso? – Sussurrou Natasha boquiaberta ao ver a proximidade entre os colegas de equipe.
- O amigo de metal esta cortejando a dama? – Sussurrou Thor para si mesmo confuso.
Ele somente a olhou e sem aviso aos presentes os dois se beijaram.
Exceto Bruce, todos pareciam bastante chocados com o acontecimento. Bruce sabia a tempos, havia acompanhado o relacionamento desde o início.
- Desculpe interromper Senhor, mas o relatório sobre o funcionamento dos propulsores está pronto. – A voz de Jarvis soou no cômodo. – Senhorita a análise dos nanotubos também está finalizada.
- Sem chance de conversar agora Elsa, está vendo que eu sempre estou ocupado? Tenho coisas para ver, lugares pra ir, Ciao (Tchau)! – Respondeu o homem se levantando e dando um último beijo em que saiu animada correndo para o elevador querendo ver os resultados.
Ele saiu da sala com a cabeça erguida.
Ele era Tony Stark e ele estava se sentindo exatamente assim.
Um dia de cada vez...
(...)


It's always have and never hold
You've begun to feel like home
What's mine is yours to leave or take
What's mine is yours to make your own

É sempre ter e nunca segurar
Você começou a sentir-se em casa
O que é meu é seu, aceite ou ignore
O que é meu é seu para você tornar seu

Na vida de Tony muitas coisas vazaram por seus dedos, no entanto, ele se sentia cada vez melhor. Algumas recaídas, dúvidas sobre si mesmo e sobre o futuro, mas ele estava aprendendo e aprendendo a conviver com o que não podia ter controle sobre.
De alguma maneira estranha, tinha ficado.
O relacionamento havia sido difícil, ambos os amantes tinham seus próprios problemas e fantasmas em seus armários, mas lentamente prosperaram.
Houveram altos e baixos, tropeços, lágrimas, abraços de conforto, gritos, palavras de carinho e apoio ilimitado.
Tony estava sentado, os cotovelos apoiados no metal frio da bancada e a boca cheia de framboesas maduras enquanto examinava tranquilamente os gráficos e dados nas telas holográficas.
As notas de guitarra zumbiam no ambiente desorganizadamente organizado enquanto a mente do gênio se acendia a cada informação lida.
Os cabelos pretos salpicados de branco e o cavanhaque bem aparados, as roupas macias e recém vestidas, o corpo limpo e a mente se fortalecendo, o reator arco brilhando azulado sob a camisa preta.
A aliança dourada repousava brilhante e orgulhosa em seu dedo.
Ninguém imaginaria isso acontecendo.
O dia que o rico playboy problemático e causador de problemas estaria amarrado.
Tony ainda podia sentir os tapas fortes em suas costas dados por um Thor feliz e ligeiramente embriagado durante a recepção de seu casamento. O sorriso terno de Pepper e Happy de mãos dadas. Steve, Natasha, Clint e Bruce orgulhosos do companheiro. Natasha ainda sentida por jamais ter descoberto o relacionamento antes daquela noite na sala comum.
Sentindo um ligeiro toque em seu ombro esquerdo, seus olhos atentos se desgrudaram das telas coloridas.
Piscou ligeiramente limpando a visão e seus olhos pousaram na incrível figura de sua esposa.
- Morgan queria dar um abraço no papai antes de dormir, mas ela dormiu antes de conseguir. – Respondeu a mulher sorrindo suave.
Um sorriso orgulhoso se abriu no rosto do homem com a menção de sua filha. Há 3 anos atrás se alguém dissesse que Tony seria um pai babão, ninguém acreditaria. Morgan era seu presente e seu orgulho. O homem agradeceria aos Céus pelo resto de seus dias por suas garotas.
– Peter também já foi para a cama, May deixou que ele ficasse.
- Oh, mas... – Tony olhou para o relógio um pouco surpreso. Ele havia perdido a noção do tempo.
Peter Parker era quase um filho para eles, o jovem inteligente era praticamente um estagiário e membro honorário daquela pequena família.
- Você está bem? – Ele perguntou a mulher notando suas feições cansadas.
Ela sorriu suavemente e o beijou.
- Vamos para a cama? – Perguntou ela distraidamente, olhando as telas pausadas, perdendo o olhar indecoroso no rosto do marido.
- Bem, já que está pedindo, podemos começar aqui. – Respondeu o homem sorrindo sacana, as sobrancelhas se movendo sugestivamente enquanto fazia menção de tirar a camisa.
- Tony! – Gritou ela rindo – Seu idiota.
O sorriso da mulher caiu por um segundo.
- O que?
- Precisamos dizer a Morgan e acho que precisamos aproveitar antes que as coisas fiquem mais complicadas. – Ela respondeu sério.
- O que? Dizer o que? Que coisas? – Perguntou o homem preocupado segurando a mulher pelos ombros, os olhos castanhos do homem esquadrinhavam a mulher em busca de respostas.
- Que ela terá mais alguém para brincar. – Respondeu a mulher suavemente e depois continuou.
- Quando a minha barriga crescer, vai ficar um pouco mais complicado, os malabarismos serão um pouco mais profundos – respondeu ela com um sorriso sugestivo, levando a mão do homem para o seu próprio estomago que protegia com cuidado seu segundo filho.
O homem engasgou levando as mãos à boca em choque, sua mente zumbindo em antecipação.
- Mas... – O homem havia perdido as palavras, o que fez uma chorosa rir, era difícil deixar o homem calado.
- Jarvis?! – Ela chamou o assistente.
- Parabéns senhor Stark, a Senhora Stark se encontra em sua sexta semana de gestação! – Informou o IA parecendo estranhamente orgulhoso.
Ele avançou para a mulher a abraçando com força, sussurrando coisas doces em seu ouvido, enquanto lagrimas felizes escorriam dos olhos do casal.
Oh, oh
Oh, oh
Be my baby

Oh,oh
Oh,oh
Seja minha garota

- Eu te amo tanto! – Sussurrou o homem rouco – Obrigada, por tudo! – Ele queria dizer tanto, mas as palavras se embolavam em seus lábios sorridentes.
- Eu te amo... mil milhões. – Sussurrou a mulher de volta.
Oh, oh


Fim



Nota da autora: Olá pessoal! Essa fic foi muito especial pra mim, primeiro pelo desafio de conseguir escrever novamente, segundo porque a música em si sempre foi umas das minhas preferidas dessa banda maravilhosa e terceiro que para mim Tony Stark é um personagem maravilhoso, rico, desafiante e complexo. Acredito que Tony merecia mais, sempre foi um pouco mal compreendido e eu ainda choro baldes com Ultimato.
Foi uma experiencia maravilhosa.
Agradeço as organizadoras do especial por serem sempre tão gentis e prestativas, a minha amiga Vivi por querer ler cada linha durante o processo de escrita e especialmente a todos pela leitura, sintam-se à vontade para comentários, sugestões, críticas e todo o restante. Com muito amor, Blue ❤️.




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