Última atualização: Fanfic Finalizada.

Prólogo

12 de dezembro, 23:54 PM
Red Rose’s Club, Montreal


O ambiente era escuro, assim como a maioria do mesmo nicho.
Haviam luzes vermelhas espalhadas pelo local, tendo uma maior concentração no local onde as jovens mulheres se apresentavam. No fundo tocava um tipo de música, que era uma mistura de estilo sensual com rock.
Aquilo, estranhamente, fazia sentido, e combinava extremamente com aquele lugar. Só havia um local iluminado sem uma alma viva, o palco principal, que rapidamente foi tomado pela escuridão, que se foi da mesma forma rápida, dando lugar a uma fraca iluminação branca com algumas vermelhas no fundo, sendo mais fracas ainda.

Era a vez de .

Vestia uma calcinha na cor rosa e tapa-bicos na mesma cor, que tiravam uma pequena parte da nudez dos seus seios. Usava um mini vestido de tule branco por cima, que servia apenas para decoração. E os seus saltos finos no mesmo tom de rosa, ah… eles haviam causado tanto desconforto para ela durante aqueles três anos.

Ser uma garota de programa desde os quinze anos não estava nos planos da garota, definitivamente não estavam. Mas, assim que viu a necessidade chegando, teve que dar um jeito de sobreviver, nem que fosse da forma mais miserável possível, com um emprego que obviamente odiava, mas teria.
Não era como muitas que trabalhavam com ela, que romantizavam tudo aquilo, mas sabia que muitas delas faziam pela sensação, não pela precisão.
nunca desejaria, nem para o seu pior inimigo, estar do jeito que ela estava.
A única coisa que lhe restava era o amor próprio, que dava tchau a cada dia em que era tratada como um mero objeto. Que dava tchau a cada vez que percebia que não teria ninguém para amá-la.

Não era ruim naquilo.
Conseguia fazer boas danças, que entregavam bons pagamentos, que, na verdade, era o dinheiro que velhos tarados jogavam para ela, em uma sede imensa do seu corpo. Mas ainda era dinheiro, que lhe traria comida.

E não podia ser mal-agradecida.
Porque, mesmo odiando tudo aquilo, graças àquele trabalho ela tinha o que comer, graças àquele trabalho ela tinha alguém que a ajudava, alguém para chamar de mãe.

Assim que seu “espetáculo” acabou, voltou às pressas para o vestiário/camarim compartilhado, se cobrindo, imediatamente, com uma toalha branca que havia lá. Ouviu algumas batidas na porta, e, por achar ser a mãe de consideração, apenas gritou.

– Pode entrar! – gritou por conta da música alta, que chegava do outro lado do espaço.

Se surpreendeu ao não ver a imagem da sua mãe, e sim a de um homem.

Um homem que ela conhecia muito bem.

Um homem que não sentia nojo.

.

E ficou mais surpresa ainda por ser o homem que ela havia visto.
A quanto tempo não tinha o privilégio de ver a sua imagem.

O garoto não tinha mudado nada, só os cabelos estavam maiores, mas continuava com o mesmo rosto de adolescente que se lembrava.

A garota apertou um pouco mais a toalha e correu para abraçá-lo, tendo cuidado para não amassar a rosa vermelha que ele carregava consigo.

– Como veio parar aqui? – a garota perguntou assim que separou os seus corpos, sorrindo abertamente para ele, assim como ele sorria abertamente para ela.



Capítulo 1

12 de dezembro, 00:36 AM
Red Rose’s Club, Montreal


havia acabado de se vestir, depois de tomar um curto banho.
Havia tirado a pouca roupa que vestia e colocado uma calça rosa de moletom, uma blusa branca e uma blusa de moletom com o triplo do seu tamanho, dos Teletubbies, por cima.

– Fica ainda mais graciosa sem uma toalha – comentou em um tom zombeteiro. A primeira reação da garota foi dar uma voltinha, que gerou risos no ambiente abafado e pequeno.

– Me desculpa te submeter a esse tipo de lugar, sei que não é o melhor para reencontrar sua melhor amiga. – Deu de ombros, envergonhada. – Se bem que, depois do que você me disse antes de sumir do mapa, seria um tesão me ver naquele estado – brincou, porque, mesmo depois de tanto tempo, ela ainda sentia que poderia fazer esse tipo de comentário com ele.

E ele até gostou da brincadeira, mas havia tocado em uma parte dele que o fez pensar.

realmente havia sumido.
Havia sumido sem explicações.
Sem correios eletrônicos.
Telefonemas.
Nada.

– Eu não queria sumir, você sabe disso – disse em tom triste.

– E eu não queria estar nesse lugar, você também sabe disso. – Se sentiu culpada pela resposta seca, mas sabia que, no fundo, bem no fundo, queria isso. – Sabe o que é pior que isso? Saber que a minha última memória de você foi o seu pai gritando como eu era uma depravada, e você, lá no fundo, vendo tudo sem falar nada, mesmo tendo declarado todo o seu amor minutos antes.

suspirou fundo ao lembrar da cena, três anos antes.

– Me desculpa, mas eu não acho que temos que discutir isso agora, eu não vim para isso, e… – Tentou continuar, mas foi interrompido pela garota.

– O que aconteceu com a gente?

E o silêncio se instalou no cômodo, que antes estava totalmente poluído com o barulho das risadas. Agora estavam completamente calados.

O que aconteceu para uma conversa de reencontro, totalmente agradável, se tornar isso?

– O pior aconteceu – respondeu seco. – E eu voltei para isso, desfazer tudo aquilo.

– Pela primeira vez vai contrariar o seu pai? – O tom de sarro de era óbvio.

– Ele não faz a mínima ideia de que estou aqui. – sabia que a sua fala ia piorar a situação. – Acha que fui reatar com a minha ex-noiva. – A garota arqueou as sobrancelhas, surpresa pela declaração. – Mas por que eu viveria com alguém que não amo, mesmo sabendo que ainda tinha uma chance de saber se você estava disposta a me amar novamente?

tentou tirar os pensamentos ruins da sua mente.

– Ficaram tentando me dizer como eu me sentia e eu aceitava. Aceitava porque eu me sentia sozinha sem você aqui. – Parou de falar, suspirando fundo em uma tentativa de recuperar a coragem. – E eu queria muito ter raiva de você agora, mas eu não consigo. Simplesmente não consigo. – Não choraria na frente dele. – Acho que o amor adolescente te traz uma pontada de esperança. – Riu da sua própria observação estúpida.

apenas continuou olhando para a garota, com um sorriso bobo nos lábios. A quanto tempo não sorria daquela maneira para alguém?
Ah, sim, há três anos.

– Então, vamos? – Estendeu a mão para , envergonhado.

– Ainda acho estranho você querer caminhar de madrugada. – Deu de ombros, entrelaçando os seus dedos nos dele.

– Não ligo para o tempo, eu estou com você.

Então, finalmente, saíram daquele lugar, caminhando até o carro velho de , onde deixaram aquele espaço para trás, indo a um parque.



Capítulo 2

23 de dezembro, 21:45 PM
’s House, Montreal


Já fazia um tempo que e saíam juntos, mas ainda tinham receio de oficializar algo.
Mal sabia a garota dos planos do amado.
havia planejado pedi-la em namoro na manhã de natal, que eles haviam planejado passar juntos.
Achava que não poderia ter tido uma ideia melhor.

Deixou em frente à sua casa, se despedindo da garota com um beijo na testa. A mulher entrou radiante em casa, chamando atenção até da mãe, que não se lembrava da última vez que havia visto a filha daquele jeito.
Fazia três anos que conhecia a garota e a considerava como filha, mesmo assim, nunca a tinha visto tão feliz como estava agora.

– Alguma novidade? – Ansiou não ser sobre quem tanto desprezava.

– Só o . – deu de ombros, apagando o sorriso no rosto da mãe.

– Querida, você sabe o que eu penso sobre o garoto. – Se levantou, acariciando os cabelos da menina.

– Que ele só está procurando sexo de graça – as duas falaram ao mesmo tempo, como se fosse uma fala decorada.

– E a senhora sabe que eu tenho certeza que ele não é esse tipo de garoto – contrariou.

O sangue da mais velha já estava fervendo.
já estava trazendo problemas para ela, como poderia ser certificada de que ele não traria mais?

– Desde que o conheceu, não vai mais trabalhar. – Isso era o que mais a incomodava. – Você é o lucro daquele lugar, !

– Sinto que tenho que me preparar para um futuro do jeito que quero, e acho que ser garota de programa, ou stripper, não se encaixa nisso. – Se aproximou da mãe, segurando suas mãos. – Sei que estou fazendo o melhor para mim.

A mulher queria se irritar, mas já tinha planos melhores para fazer mudar de ideia.

– Agora preciso ir tomar um banho para dormir – comentou.

– Quer que eu faça um chá? – a mãe ofereceu.

– Seria ótimo! – Estava alegre pela aceitação da mãe. Achou que seria bem mais difícil.

Foi para o banheiro, onde tomou uma ducha rápida e vestiu o seu pijama.
Em poucos minutos, já estava adormecida em seu quarto após tomar o chá. Enquanto a sua mãe, bem, cuidava para que tudo desse certo.

24 de dezembro, 23:57 PM
Red Rose’s Club, Montreal


acordou com a cabeça pesada e em um lugar escuro.
Se desesperou nos primeiros segundos, mas a voz que deveria acalmá-la chegou aos seus ouvidos.
Que pena que, dessa vez, o efeito foi diferente.

“Faça o que sabe fazer de melhor ou enfrentará as consequências.” Ouviu a voz da sua mãe, mesmo sem saber de onde.

Se levantou e rapidamente uma fraca iluminação chegou até onde estava.
estava onde era destinada para estar, no mesmo palco de sempre.

Começou a dançar, com medo das palavras da mãe.
Só um tempo depois que reparou na sua roupa. Uma calcinha fio-dental na cor preta e um corset da mesma cor. Dessa vez nem cobria os seios.
O sono atrapalhava um pouco na hora de andar, por conta dos saltos, mas o medo da figura materna a fez ignorar aquele fato.

Em dias normais, faria uma piada mental com a sua situação, falando que parecia mais uma fanfic do que a vida real.
O problema era que aquilo não era um dia normal.

Assim que a luz se apagou, correu para o camarim e se enrolou em uma toalha qualquer, procurando desesperadamente pela mãe.
Se é que ainda a chamaria assim.

Quando encontrou a mulher, a sua primeira reação foi começar a gritar com ela, mesmo que não entendesse nada do que estava falando, por conta do efeito, do que quer que fosse, que estava em seu organismo.
só entendeu o que falou antes da tragédia.

– Você é uma vagabunda ao ponto de dopar a porra da sua filha só por dinheiro? – gritou, chamando a atenção de todos que por ali passavam.

Só sentiu o ardor do tapa na sua cara, que foi seguido de um aperto no braço, que a puxou para um lugar muito conhecido por ela.

foi jogada no chão do quarto em que a mãe costumava ficar, tomando um pouco de consciência da coisa. O que foi pior, pois teve consciência de onde estava se metendo e da arma que a mãe segurava na mão, arma esta que era usada para assustar clientes que não queriam pagar.

– Vai ficar aqui até eu sentir que aprendeu a se comportar. – Apontou com a arma por alguns segundos e saiu do quarto.

Deixou jogada no chão gelado, aos prantos, enquanto o exterior estava uma festa.

Merda.



Capítulo 3

28 de dezembro, 08:12 AM
Red Rose’s Club, Montreal


Faziam quatro dias que estava trancada naquele quarto.
Sem comida, sem acesso ao mundo exterior, sem .
A garota só tinha acesso à água, bebidas alcoólicas e remédios da mãe, papéis velhos e canetas. Sem contar a penteadeira da mãe e o sofá antigo.

já não tinha mais noção do tempo, já que também era privada da luz natural, então vivia vinte e quatro horas por dia completamente bêbada.
Mas mesmo bêbada, se lembrava de .
Na verdade, era a única coisa de que se lembrava.

A garota sabia que a mãe não pretendia tirá-la de lá, ainda mais se estivesse a solta pelas cidades de Montreal, então decidiu dar um ponto final àquela história.

29 de dezembro, 04:01 AM
Travelodge by Wyndham, Montreal


O garoto acordou atordoado e irritado por ser acordado em plena madrugada.
Mas a irritação de foi embora quando viu de quem se tratava.
Estava recebendo uma ligação de .
Será que finalmente colocaria seu plano de oficializar tudo em prática?

A sua felicidade foi diminuindo ao ver que se tratava da mãe da garota, e o mesmo sentimento se esgotou ao receber a notícia.

“Venha ao clube. tomou algumas pílulas na manhã anterior e… não resistiu", anunciou a mãe com a voz chorosa.

sentiu o seu mundo desabar.
Se é que ele não estava desabando.

havia se matado.

estava morta.

Saiu do hotel às pressas, correndo por Montreal até chegar na rua do clube, sem ao menos perceber se havia sido em pouco tempo ou não.

Assim que chegou em frente ao clube, sentiu o mundo parar quando viu o corpo da amada coberto por uma lona, sendo levado para uma ambulância.

E então se permitiu chorar.

Caiu de joelhos, colocando toda a sua raiva para fora, sem se importar com o fato de estar no meio da rua. Que pena que os carros também não se importavam.
Em poucos minutos, o garoto apenas sentiu a pancada em seu corpo tirar os seus sentidos. A única coisa que se permitiu fazer antes de ser completamente desligado foi desejar que aquele tivesse sido o seu último ato.

Por conta da velocidade do carro, foi parar um pouco longe, levando uma grande pancada na cabeça, o que resultou em sua morte poucos minutos depois.

Seu desejo foi realizado.

E, se possível, eles finalmente descansariam em paz.

A Minha Carta De Despedida

“Querido .

Se está lendo isso, eu estou morta.

Lembro da noite em que nos conhecemos.
Jovens e felizes.
Ah, como eu queria ter aquilo novamente.
O sentimento de amor que senti por você era inexplicável.
Foi mais um clichê de amor à primeira vista.

E quando você finalmente voltou por mim? Ai meu Deus!
Todas as vezes que eu fechava os meus olhos, passava um flashback daquela noite.
Ah, como eu estava feliz naquela noite!
Eu espero que tenha chegado a sentir tudo o que eu senti quando te vi.
Eu vejo as roupas, as peças, nossos objetos, tudo!

Tudo se resolveria com um sim.
Viveríamos uma história de amor com um final feliz, precisávamos apenas de um sim.
Mas a espera estava longa e dolorosa, e eu fiquei cansada de esperar.

Eu sabia que isso era difícil por ser real, mas, , eles estão tentando me dizer o que devo sentir.
Não posso aguentar.

Saiba que eu te amo e que desejo o melhor para você, mas é o meu momento de ir agora.
E eu espero que o seu demore e que você encontre outra, que seja melhor.

Com amor, .”





Fim



Nota da autora: Ai. Meu. Deus.

Essa foi a história mais rápida que eu já escrevi e eu espero que gostem dela!

Como uma fã da Taylor Swift, eu surtei quando vi que a minha música favorita do álbum Fearless, estava livre.
Comecei a escrever no mesmo dia. Inclusive, essa não é a primeira versão.
Não tenho muito o que falar, então aqui vai algumas informações sobre mim:

Você pode me seguir no WATTPAD e no INSTAGRAM.

E também pode ler a minha história RUN GIRL RUN (FFOBS) e minha shortfic POV (WATTPAD).

É isso, até a próxima aventura literária!

Essa história foi iniciada no dia 13/07/2023 exatamente às 22:52 da noite e foi finalizada no dia 14/07/2023 exatamente às 21:49 da noite.



Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


Playlist Spotify:
Playlist Youtube:


comments powered by Disqus