Finalizada

Capítulo Único

Rótulos. Para nós, sempre fomos amigos de infância, para nossas mães, éramos apenas vizinhos de porta, mas a realidade era que nossas almas eram conectadas de alguma forma. Eu sempre senti que ter Kevin na minha vida me deixava mais completo. Nascemos e crescemos na mesma época, mas por algum motivo nossas mães se odiavam. Até eu completar idade de entender os sussurros dentro de casa, eu não sabia o verdadeiro motivo por essas rixas.
Como estudávamos na mesma escola desde sempre, e sempre que dava, nossos pais nos levavam para passear juntos, nossos laços de companheirismo e de cúmplicidade nas muitas escapadas para o fliperama. De alguma forma, esse abismo que nossas mães tentavam nos manter, só nos aproximava mais. Quando ele me contou sobre sua sexualidade assim que nossa adolescência começou, me senti importante na vida dele, ele confiou a mim a verdade e as lágrimas do medo que aquilo iria cair em cima de si, não só pela sociedade, mas por ser filho único, como os pais iam aceitar tudo aquilo? Os primeiros meses foram os mais difíceis da vida deles. Algumas palavras cruéis foram desferidas entre ambos, e corações magoados andavam por aquele bairro.
Sempre que eu podia dava assistência a ele e sabia por meio do meu pai, que era muito amigo do pai dele, sobre como ele estava se sentindo. Mas eles realmente se amavam, eram a família um do outro e aos poucos o perdão aconteceu e felizmente eles tinham a melhor relação possível, Kev respeitava a casa dos pais e as regras desde sempre foram muito bem seguidas, menos a de ficar longe de mim é claro.
Quando eu me descobri, meu pai já sabia antes de mim, ele quem puxou conversa sobre o assunto e me fez enxergar que não tinha nada de errado comigo. Ele viu tudo o que eu passei com Kev na época em que ele se descobriu e como meu pai é o melhor pai do mundo, não queria que eu passasse pela mesma coisa. Eu acho que ele já estava se preparando para a hora que eu me aceitasse depois de tudo que aconteceu com Kevin.
― Tem certeza de quer fazer isso Anthony? ― Kevin perguntou quando paramos em frente aquela loja com desenhos chamativos na entrada.
― Se não fizermos isso agora Kevin, nunca vamos ter coragem de enfrentar as coisas e viver nossa amizade como ela deveria ser desde o início. ― Eu disse animado puxando o braço dele, para dentro do estabelecimento.
Aquele era nosso último ano no colégio e decidimos que era hora de não esconder mais nossos sentimentos, por anos escondemos a melhor amizade de nossas vidas da nossa família por uma briga idiota entre nossas mães, aquele era nosso primeiro passo. Já tínhamos escolhido os desenhos e quando me sentei naquela cadeira preta, ele segurou minha mão enquanto a maquininha começava a ranger e espalhar a tinta preta sobre a minha pele. Aquela tatuagem representava pra gente, a união de nossas almas para sempre, nada nem ninguém iria ficar no meio do nosso sentimento depois daquilo.
Foi esse nosso combinado, quando escolhemos aquele balão de coração com uma âncora no final da corda que fazia o coração planar, o significado dessa imagem mexeu muito com a gente e ali, mesmo que não percebêssemos algo mudou, ou melhor, se mostrou, se libertou dentro de nós.
― Está ficando linda. ― Ele disse sorrindo enquanto segurava forte minha mão. ― Não tá doendo? ― O olhar dele no meu braço me fez sentir uma coisa estranha, não podia estar sentindo aquilo.
― Na verdade dói muito, mas está valendo a pena. ― Sorri meio torto com a dor da máquina gravando minha pele.
― Vocês sabem o significado dessa arte? ― O tatuador, perguntou quando deu um tempo do que estava fazendo para passar, alguma coisa no local que aliviou de imediato a dor.
― Sim. ― Kev disse sorrindo ― A âncora significa abrigo, proteção, apoio, estabilidade e confiança e o balão significa ser criativo, e querer sempre ir mais alto e conquistar mais coisas. E essa cor rosada com roxo aquarelada, significa a cor das nossas almas.
― Ou seja, somos a fortaleza um do outro, o abrigo e a proteção, também somos incentivadores e espectadores das conquistas, bem como, somos almas gêmeas para sempre. ― Eu disse, com um sorriso grande olhando para os olhos do tatuador que exibia um grande sorriso também. ― Não só nessa vida.
― Vocês formam um casal lindo. ― O mais velho disse a nós e voltou ao que estava fazendo antes de dar espaço para que falássemos mais alguma coisa.
Por incrível que pareça não demorou muito pra acabar, nem a minha e nem a dele, o resultado não podia ter ficado mais incrível, aquela era nossa ligação agora e para sempre. Nossa amizade sempre foi diferente das outras e eu me sentia feliz por poder exibir esse sentimento para o mundo.
Depois do estúdio fomos encontrar nossos amigos para mostrar a loucura que cometemos e informar nossa decisão de confrontar quem quer que ficasse entre nossa amizade.
Ao chegarmos ao restaurante encontramos nossos sete amigos, Amber amiga de longa data de Kevin, eles se conheceram no ensino fundamental, e mesmo temperamental e meio doida, era a melhor amiga que ele podia ter, suas almas conversavam bem e eles sempre estavam sorrindo junto. John, meu outro melhor amigo, eu andava com ele também na época do fundamental, mesmo Kev e eu sendo os melhores amigos do mundo todo, andávamos em turmas distintas no ensino fundamental, e foi só no final desse período que nossos amigos foram se conhecendo melhor. Woonie era amigo de Amber, ela trouxe ele para o grupo no início do ensino médio. Colin veio conosco na época do fundamental também e trouxe a Fernanda, sua namorada recente, ela e Amber já se conheciam antes, mas não eram efetivamente amigas na época, hoje são inseparáveis. Teddy o líder o grupo, foi o primeiro na época que o grupo se fundiu a fazer com que acontecesse, chegou novato no colégio e devido aos horários com os dois grupos, fez amizade com todo mundo e isso uniu o que eu e o Kev tínhamos preguiça de unir e por fim Sebastian, o capitão do time de beisebol, melhor amigo de Colin e a pessoa mais gay daquela escola, não demorou muito até que ele e Teddy começassem a sair juntos.
― Vocês estão loucos? ― John disse olhando nossas tatuagens enquanto esperamos o nosso jantar.
― Ai gente, que chacota, Tattoos iguais, bem namoradinhos mesmo. ― Amber falou se inclinando mais para perto dos nossos braços.
― Para amor ― Wonnie disse, puxando a menina para se sentar novamente ao lado dele e de John. ― Eu acho lindo essa coisa, eles tem uma conexão.
― Pera, como assim "amor"? ― Fernanda perguntou para Amber, surpresa. ― Você não estava saindo com o John? ― Todos olhamos para a cara dela, que abria um grande sorriso. ― Estou, e estou saindo também com o Wonnie. ― Ela passou os braços um por cada ombro dos meninos.
― E quer julgar nossa Tatuagem? Se poupe, meu amor. ― Kev disse rindo, enquanto Amber mandava beijinhos para ele.
― Eu não ia conseguir dividir minha namorada com ninguém. ― Colin disse, apertando Fernanda em um abraço.
― Gente, estamos perdendo o foco dessa reunião. ― John, disse ainda perplexo com as tattoos. ― Como a mãe de vocês vai reagir a isso? É tão grande e colorida, e igual. ― A apreensão na voz dele, fez meu coração tremer, afinal, ninguém conhecia tão bem a mim e a minha história como meu melhor amigo.
― Quando vão assumir que se amam? ― Amber disse logo em seguida, quebrando o silêncio das questões anteriores.
― Não estamos em um relacionamento ― Eu e Kev falamos na mesma hora.
― Nem vocês acreditam nisso. ― Foi à vez da Fernanda falar.
― Meninas, isso é sério ― Colin disse, também querendo saber como as coisas iam ficar.
― Vamos conversar com elas hoje, provavelmente vai dar ruim, mas não podemos deixar que nada estrague a nossa relação.
― Eu shippo tanto. ― Amber disse suspirando. ― Vocês sabem que eu os apoio sempre, e se rolar alguma coisa, mi casa, su casa. ― Ela pegou em nossas mãos e acariciou.
― Nós sabemos, meu anjo, e por isso eu aguento essas bobagens que você fala. ― Kev disse terno, olhando nos olhos da garota e abrindo o melhor sorriso dele.
Eu sabia que ele estava nervoso, talvez tanto quanto eu ou mais, mas estava se mantendo firme, depois de tudo o que passou com o pai, afrontar a mãe assim era uma coisa difícil, bem ou mal eram a família dele, e mesmo agora com o pai apoiando a sua decisão ficar “brigado” com um ou outro era difícil.
― Esse papo está ficando muito deprimente, vamos falar de coisa boa ― Teddy disse sorrindo para Sebastian.
― Ai nossa, vai dizer que finalmente vocês vão se assumir? ― Kev disse com um sorriso ainda maior no rosto.
― Não choca ninguém ― Amber disse debochada ― Eu to falando que só falta você e o Tony se assumirem, mas ninguém me escuta nesse role. ― Ela disse jogando uma bolinha de papel do guardanapo em nossa direção.
― Ai calem a boca, como eu consigo ser amigo de pessoas tão tagarelas ― Sebastian disse olhando pro Teddy
ㅡ Nós vamos morar juntos. ㅡ Teddy disse pegando firme as mãos de Sebastian.
ㅡ O que? ㅡ Amber disse, cuspindo a água da boca em cima de Wonnie.
ㅡ Que nojo! ㅡ Fernanda, disse limpando um pouco de água que tinha caído nela.
ㅡ Espera vocês nem se assumiam, agora vão casar? ㅡ Perguntei meio chocado com tudo aquilo. Ok, todo mundo sabia que eles se pegavam e que eram fixos um do outro, mas aí casar, que plot twist foi esse?
ㅡ Não vamos nos casar tá, vai ser tipo isso, mas não totalmente. Só vamos morar juntos. Grande parte dessa nossa decisão é por conta da faculdade. ㅡ Sebastian disse acariciando a mão do namorado.
ㅡ Mas vocês não vão para faculdades diferentes? ㅡ John disse com cara de confuso.
— Exatamente isso meu caro gafanhoto, por irmos para faculdades diferentes, resolvemos alugar um apartamento no meio do caminho entre as duas para que possamos passar mais tempo juntos. — Sebastian disse animado, e eles continuaram o caminho.
— Que divertido, meus parabéns, e vamos fazer um open House, viu? Nem adianta reclamar! — Amber como sempre era a mais animada de todos nós.
— Nada de bagunça no nosso apartamento, não queremos ser despejados logo no primeiro dia! — Teddy respondeu a mulher, com um tom apreensivo, todos nós sabíamos o quão doida ela era.
— Se a gente tiver que mudar de cidade, por conta de nossas mãe, a gente podia virar roommates. — Kevin disse no meu ouvido, não queria estragar o momento dos nossos amigos.
— Não acredito que nossas mães chegue a esse extremo, mas a gente pode fazer isso ainda por aqui, se você quiser. — Respondi igualmente no ouvido dele e peguei sua mão, mostrando que sabia que ele estava apreensivo, mas que independente de qualquer coisa, eu estava ali.
O Jantar foi animado, estávamos realmente muito felizes por nossos amigos e pela felicidade, fora que tanto eu, quanto Kevin queríamos aproveitar os momentos antes de enfrentarmos as feras. Nossa casa não ficava muito longe do restaurante, então não demorou muito para que estivéssemos parados em frente ao portão da casa dele.
— Então é isso! — Kevin disse respirando fundo.
— Vai ficar tudo bem. — Eu disse pegando a mão dele e vendo o quanto ela estava gelada e suava.
— Eu não sei. — Ele olhou para os pés, mas apertava a minha mão de leve.
— Você se arrepende? — Não sei porque perguntei aquilo, mas não queria pensar que ele fez porque foi pressionado ou algo do tipo, claro que a gente planejou aquilo durante meses e tudo mais, mas todos temos direitos de nos arrepender.
— Nunca, é que você sabe bem o que nos espera. — Estava realmente apreensivo.
— Olha pra mim, Kev… — Levantei seu rosto com a mão livre e acariciei sua bochecha. — Eu estou aqui, sempre vou estar e a Amber disse que se ficar muito pesado essa noite para nós podemos ir para a casa dela, então qualquer coisa você me liga e a gente dá um jeito, uh? — Falei com verdade, porque era naquilo que eu estava me apegando também. Estava morrendo de medo da minha mãe também, mas com o tempo, achei que pelo menos tinham aceitado que éramos amigos depois de tanto tempo.
Sem dizer nada ele se aproximou de mim e me surpreendeu com um beijo, quer dizer, não foi um beijão daqueles de cinema, foi um selar, que demorou um pouco, até ele afastar o rosto e quando ameaçou falar alguma coisa, soltei sua mão e peguei seu rosto com as duas mãos, iniciando um beijo, dessa vez um de verdade, com direito a língua e as mãos dele na minha cintura aproximando mais nossos corpos. Era aquilo, ele também sentia a mesma coisa que eu e nada mais importava, nem o fato de nossas mães estarem gritando nossos nomes no fundo de tudo aquilo, porque por algum acaso do destino elas saíram para fora no mesmo tempo.
— Odeio admitir que a Amber estava certa. — Kevin me disse encostando a testa na minha depois que separamos os lábios.
— Aquela safada sempre tem razão. — Eu disse com um sorriso cúmplice. — Acho que aquela ideia de morarmos em outra cidade seria uma boa opção, porque acho que nossas mães acabaram de ver nosso beijo. — terminei levantando o rosto e vendo o semblante enfurecido da mãe dele.
— Combinamos tudo mais tarde então, sua mãe está com cara de quem vai ou te matar ou me matar. — Ele riu discretamente, e se afastou de mim um pouco só.
— Independente de qualquer coisa… — Respirei fundo tomando coragem de encarar minha mãe.
— Eu também te amo! — Ele terminou a minha frase e mais corajoso que eu, se virou e foi em direção a mãe dele que estava a ponto de enlouquecer.
Mas era aquilo, independente do que acontecesse aquela noite, faríamos de tudo para continuar um na vida do outro, para sempre e sempre.



FIM!



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? Ai ai esse Kevthony eu sou absolutamente apaixonada por esse casal e tenho dito. coisa maia linda, quero alguém pra fazer tatuagens combinando ckmigo tbm, poxa vida hahahahahhah. Espero que tenham gostado.
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.   



 

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