03. Para Olvidarte de Mí

Finalizada em: 26/02/2021

Capítulo Único


“Em qualquer momento à beira de algum beijo
Vai esbarrar em mim sem querer”


De cima daquele palco, com toda aquela luz voltada para o nosso pequeno grupo, centenas de rostos focados e aguardando o meu discurso, eu só queria que acabasse logo.
Aquela multidão balançando seus banners verdes e vermelhos e ele a duas pessoas de distância. Nem um olhar sequer. Sem demonstrar que ao menos havia me visto ali.
O microfone fora colocado em minhas mãos e eu foquei em repetir as palavras que havia ensaiado minutos atrás com o staff. Meus olhos traiçoeiros é que insistiam em se desviar para a minha esquerda, onde sabiam que o encontrariam.
Quando chegou a vez dele de falar, me permiti olhar e absorver cada instante.
Suas palavras sempre certeiras, transbordando gratidão e real alegria, me atingiram em cheio. Aquele prêmio não era nada perto do que ele merecia ganhar e, no entanto, significava um mundo de coisas, afinal era o seu retorno, e, se havia uma pessoa no mundo que deveria ser aplaudida e premiada todos os dias, esse alguém era ele.
Descemos do palco e após a dispersão tornei a entrar no camarim. Meu produtor havia me garantido que faria com que ele chegasse ali novamente. Sentei na poltrona e fechei os olhos, meditando o tempo.
“Você vai entrar na mira da mídia se continuar demonstrando o seu aborrecimento publicamente! — Sua voz me alcançou e eu sorri. — Incorrigível Bo-Di.”
“Eu não ligo e você sabe disso! Por mim teríamos entrado juntos no tapete vermelho e metade da minha raiva por essa organização já estaria resolvida!”
Me levantei e peguei em sua mão, puxando-o para perto e já o envolvendo em um abraço.
“Estava com saudades.”
Inspirei seu cheiro e relaxei.
“Eu também estava. Mesmo que mal tenhamos passado uma hora separados desde que começou esse dia.”
Rimos um no ombro do outro. O calor do contato nos fazendo querer permanecer ali por muito mais tempo. Ele, sendo a metade racional, foi quem nos separou.
“Tenho que ir embora agora. Se me demorar vão tentar alguma entrevista e eu realmente não posso lidar com isso hoje.”
“Você vai me encontrar no hotel?”
“Não posso. Já vai ser caótico sair daqui, quem dirá conseguir chegar em algum lugar sem ser reconhecido.”
“E se formos para o apartamento? Você poderia trocar de carro e ir para lá. Eu chegaria assim que conseguisse despistar todo mundo. No máximo em três horas estaríamos juntos.”
Ele me olhava, considerando.
“Tem tudo para dar errado. Mas você já sabe disso, não é mesmo?”
“Sim. E você sabe que eu não me importo certo?”
Ouvindo seu riso eu me perdi ali.
“Sim sim... As regras do seu mundo. — Seus olhos me encaravam com um brilho ao qual eu nunca sabia reagir. — Chego lá em três horas. Vou passar no hotel para pegar algumas roupas.”
Sua mão pressionou a minha e ia soltar, quando dei um passo para a frente e a levei até minha nuca. Seus lábios encontraram os meus e gentilmente me tocaram. Mais rápido do que eu gostaria, me deixaram. Seus olhos se abriram e eu focalizei suas bochechas que se encontravam num tom vermelho, como sempre havia sido. Como se fosse a primeira vez.
“Te vejo em breve.”

“Para descobrir de novo que não há nada
Que detém as lembranças”


“Zhan-Ge, vem cá por favor?”
Sentado com uma almofada no colo, eu observava você entrar no loft, deixar a mala no canto próximo ao sofá e se sentar ao meu lado.
“O que você precisa, Bo-Di?”
“Você! Fica aqui comigo?”
Minha expressão era pidona, da forma que eu sabia que iria te derrubar e fazer com que você se esquecesse do que estivesse fazendo minutos atrás.
O sorriso que você abriu reluziu e eu simplesmente deitei a cabeça em seu ombro, suspirando feliz pela sorte de ter você ali comigo.
Os dias sem gravação eram quase nulos. Por dias ficamos exaustos, sendo levados por horas a fio dentro dos estúdios. Ter de lidar com a mídia, a pressão das nossas equipes, dos fãs e tudo o que nos envolvia era muito estressante. Fosse qualquer dia, a oportunidade de nos encontrarmos e passarmos um tempo juntos era como um natal antecipado. Não. Definitivamente era melhor!
“Tudo bem, Wang Yibo?”
“Agora eu estou bem, Xiao Zhan.”

“Tarde ou cedo, sem saber como nem quando,
Uma lágrima te fará sentir falta lentamente”


Meu braço pendeu na cama. Me virei assustado e ao meu lado a cama bagunçada estava vazia. O olho encontrou a pintura dos coelhos que ele havia trazido do Japão. O primeiro item a colocarmos no pequeno loft que compartilhávamos.
Me concentrei nos sons. Ao escutar a cafeteira e o seu cantarolar suave, me permiti relaxar e apreciar as memórias.

Por mais doloroso que fosse saber que você estava embarcando em um avião e acompanhar dia após dia você postar fotos no nosso grupo como se tudo estivesse bem, eu realmente tentava focar em outras coisas. Com exceção das manhãs, em que ao acordar eu enviava uma mensagem de bom dia, alguma figurinha boba e uma foto nova, com a mesma legenda: “Zhan-Ge, didi ai ni”.
Alguns dias antes eu havia confessado meus sentimentos. Não que ao longo do tempo em que gravamos juntos eu não houvesse dito. Mas ali, somente nós dois, eu abri meu coração e disse da maneira mais sincera e coordenada que consegui. Sem as ocasionais brincadeiras ou provocações que o desconcertavam e faziam com que toda a equipe se divertisse. Não. Ali eu só fui sincero, com o coração e a mente focados em o fazer entender que, por trás de tudo, eu só queria fazer com ele sentisse o meu amor.
Em minha cabeça, mil cenários e possibilidades foram criados. Sabia que a reação poderia ser positiva ou não, mas a esperança sempre falou mais alto. E em todo caso eu já tinha decidido que não iria desistir.
“Oh, você... Não. Claro que não. Você está confuso. — Suas mãos corriam pelo cabelo e seus pés o levavam de um lado a outro em curto espaço. — Quer dizer... Bo-Di, você está confundindo as coisas, certo?”
“Eu sei exatamente o que você está pensando e a resposta é não. Eu sei quem eu sou e sei quem meu personagem é. Se eu estou aqui falando com você é porque eu tenho total ciência de que você, Xiao Zhan, é a pessoa que eu quero ao meu lado. Não tem Wuxian ou Wangji aqui, somente eu e você.”
Seus olhos me questionavam.
“Eu... Olha, uma coisa sou eu e o que eu sinto. Não posso acreditar que você está me dizendo algo assim. Você não pode, entende?”
“Não posso? Quem disse que eu não posso sentir algo por você?”
“Todo mundo? — Era visível a forma como você tentava racionalizar cada ato meu. — Eu só te disse tudo aquilo antes porque você sabe que eu jamais mentiria, que basta você me perguntar e eu irei ser sincero.”
“Quer dizer que a opinião de todo mundo conta e eu dizer que te amo não é o suficiente para você acreditar em mim?”
Seus olhos começaram a brilhar. Não havia forma suave de fazer aquilo acontecer, mas eu teria de tentar.
“Você sabe muito bem que não é isso! Yibo, você é jovem e tem um mundo de possibilidades. Está encantado e conectado por todo o tempo e envolvimento que os nossos personagens exigiram.”
“Para de falar isso! Me explica exatamente o porquê de você se apaixonar e eu não! Não existe forma de explicar, você vai passar o restante do dia falando e não vai conseguir me convencer. Na verdade, você não consegue convencer nem a si mesmo. Eu sei que você sente a verdade dos meus sentimentos.”
Ele respirou fundo e eu sabia que estávamos chegando em algum ponto. Qual exatamente era difícil precisar.
“Minhas passagens estão compradas. Eu embarco logo cedo para o Japão. Não posso continuar aqui. Preciso resgatar a minha essência e parar de achar que estamos vivendo um dorama, ok? As coisas vão ficar melhores e nós vamos poder seguir adiante. Seremos bons amigos como devia ter sido desde o início, sem desvios no caminho.”
Meus olhos se arregalaram e eu joguei os braços para cima, exaltado.
“Você vai viajar e fingir que eu enlouqueci? Que você se perdeu? Vai fingir que não retribuiu meu beijo e que eu não significo nada? — Respirei fundo e me sentei no banco ali próximo. — Tudo bem.”
“Eu não estou fingindo nada, só estou tomando as medidas para que sejamos capazes de seguir adiante. Obrigado por entender, significa muito para mim.”
Eu ri baixinho, quase desacreditado.
“Você entendeu errado, Zhan-Ge, eu não estou “entendendo”. Estou dizendo: Ok, vá. Quando voltar eu sei que você terá aceito tudo isso. Se é a sua essência que você vai buscar nessa viagem, eu sei que logo que desembarcar virá me ver e nunca mais nada nesse mundo será capaz de nos separar. — Seu arfar denunciava a sua reação e eu levantei os olhos de encontro aos seus — Não demora para vir me encontrar!”
“Wang Yibo! Você é incorrigível! Eu... oh, você!”
Sua mão veio de encontro ao meu ombro e eu a peguei no meio do caminho. Não que o tapa fosse doer, mas porque queria sentir seu toque.
“Sim, gege, incorrigivelmente apaixonado por você. Clichê e tudo mais. Aceite ok?”
Seu sorriso um tanto triste se transformou ao ouvirmos alguns passos próximos a nós. Respirando fundo, entramos nas personas quase capazes de agir normalmente. Quase. Eu sempre escorregaria.

Você sempre respondia os meus bons dias e enviava foto da última paisagem registrada. Eu não cobrava respostas às minhas declarações. Não precisava.
Sentado na cama do hotel, quando o celular apitou sinalizando a chegada de uma mensagem sua, eu sabia que era agora ou nunca.
“Boa tarde, Bo-Di. Como está?
Quer tomar um café e receber sua lembrança de viagem?”
Meia hora depois eu chegava no seu hotel.
Depois das amenidades, eu já estava pirando tentando não deixar transparecer a ansiedade. Falhando claramente.
“Eu sei que estou devendo uma resposta. E prometi um presente. — A mão na nuca denunciava o nervosismo. — Hm, eu realmente não sabia como agir. Parecia simples eu ir embora e dizer que não. Eu achava que poderia só tomar um tempo e fazer as coisas acontecerem como eu gostaria que seguissem sendo.”
Caminhando até uma mesa, pegou um embrulho.
“Você é tão... Yibo? — Sua risada era leve e me fez rir também, apesar da provocação. — Todos os dias eu levantava e já estava com uma mensagem que não me deixava esquecer. E passava o dia conhecendo lugares que você amaria, comendo comidas que você se deliciaria e experimentando diversas atividades nas quais você se divertiria tanto que eu nem sabia mensurar. ”
Acho que meu sorriso estava estampado no rosto desde o momento em que li a primeira mensagem, mas sentia que ele ficava cada vez maior conforme as palavras vinham. E elas vinham mais rápidas e fluidas.
“Na metade da viagem eu entrei numa loja de antiguidades. Você não imagina o tanto de coisas lindas que havia ali. E numa das paredes esse pequeno quadro saltou aos olhos. Comecei a rir e sabia que de fato eu voltaria e estaria aqui. Algumas lágrimas até escaparam, era tudo em mim sentindo sua falta... E eu não quero mais sentir sua falta.”
Antes que você pudesse me entregar o presente, acabei com a curta distância entre nós e num abraço me permiti aproximar e alcançar seus lábios. Faminto, como se naquele contato eu pudesse saciar todas as vontades que me consumiam, eu deixei nossas bocas se perderem e se encontrarem. Enfim juntos.


“A ternura de um abraço
O suspiro de meu nome entre seus lábios”


O cheiro de café me atingiu e eu finalmente levantei, deixando os coelhos em moldura dourada e tela envelhecida para trás.
Enquanto fazia minha rotina matinal, os pensamentos voavam para toda a dinâmica até estarmos ali. A busca pelo lugar, a logística que se fazia necessária a cada encontro e despedida. Se eu fosse seguir sendo sincero, havia sido muito desgastante. O que não significava que eu não faria tudo de novo, da mesma forma. Porque o que importava eram os momentos como esse em que eu puxava a cadeira, pegava a caneca de café que ele já tinha posto ali e encarava seus olhos intensos. Meu mundo inteiro.
“Bom dia! Como você está?”
Geralmente eu não perdia a oportunidade de lançar uma piadinha, um comentário provocativo ou algo parecido. Mas eu andava ansioso.
“Bom dia! Difícil definir. A única coisa que sei é que preciso de todo carinho e atenção do meu gege!”
Seu riso preenchia todo o espaço e eu simplesmente não sabia como não me deslumbrar com a sua presença toda.
“Isso tudo é ansiedade, Bo-Di? — Suas sobrancelhas arqueadas pareciam me provocar. — Você sabe que vai ser um sucesso, então por que focar nisso?”
“Nesse momento só estou focando meu Zhan-Ge e espero que ele faça isso comigo. Que me siga e brilhe como o sol que é e sempre será em minha vida.”

“Um desses dias no lugar das carícias
Voltará de novo a melancolia para te dar a notícia
Que não me esqueceu ainda”


Deitado em seu colo, ao fim da tarde, sua voz soou preguiçosa.
“Wang Yibo? Você está bem?”
Um sorriso se estendeu em meu rosto e, com o movimento de suas mãos em meu cabelo, eu me recordei a primeira vez que aquela frase foi dita.

“E esse aqui é Xiao Zhan. Ele quem vai contracenar com você, o nosso Wuxian! Espero que vocês se conheçam logo e possam se dar bem, afinal o nosso drama gira em torno de vocês e dessa ligação que vamos explorar ao máximo! Fiquem à vontade, meninos!”
Eu, que sempre fui tímido, tive que respirar fundo. No trabalho eu sempre incorporava parte do meu personagem para mim, para me deixar mais leve com toda a equipe. Aprendi que dessa forma eu me relacionaria melhor e as coisas fluiriam de maneira a render melhor no que estivéssemos produzindo.
Me lembrava de Xiao Zhan. Lembrava do quanto ele era sociável e magnético. Eu tinha gravado com ele em um programa, um dia inteiro no estúdio. Manhã, tarde e quase metade da noite gravando. Não havia quem saísse incólume à sua presença e suas ações. E eu, mesmo que não interagindo tanto, não havia passado incólume a sua presença.
“Wang Yibo? Você está bem?”
Sua voz me tirou dos devaneios e, quando focalizei seu rosto novamente, achei que iria desmanchar bem ali. Você sorriu e o seu sorriso se expandia, ia além. Suas bochechas subiam, seus olhos se estreitavam e brilhavam de um modo que era impossível não sorrir de volta.
“Agora eu estou bem, Xiao Zhan.”
Os dias de gravações eram intensos e exaustivos. Dias que se transformavam em noite, que se transformavam em sequências a perder de vista. E sendo um dos maiores motivadores do meu dia, tinha o meu então Laoshi: Zhan-Ge, ou só gege.
Passados os primeiros contatos e conversas para quebrar o gelo e começarmos a nos conhecer, ele passou a aguentar as minhas brincadeiras, provocações, manhas e birras. E em algum lugar no meio do caminho, cada uma dessas interações se tornaram flertes.
Eu me via imerso em sua presença. Seu trabalho era cuidadoso, aplicado, centrado. Fora das câmeras era alguém sociável e gentil com todos, de maneira a me fazer experimentar diversos sentimentos, e, dentre eles: o ciúme.


“Do que você está rindo, Bo-Di?”
“Pensando em como foi quando eu fiz você se declarar por mim.”
Seu riso leve e desprendido veio acompanhado de um leve rubor.
“Você sempre consegue o que quer, não é mesmo?”

Eu estava sentado no telhado onde gravaríamos algumas cenas. Ele estava no chão com um staff orbitando ao seu redor.
“Wei Wuxian!”
Olhei esperando que me respondesse.
“Wei Ying!”
Mal havia se virado, apenas balançou a cabeça para a staff e continuou me ignorando.
“ZHAN-GE!”
Ele e metade das pessoas naquela parte do estúdio me olharam. Eu sorri enquanto ele caminhava finalmente em minha direção.
Quando ele subiu eu estava disposto a fazer ainda mais drama. Já há alguns dias que eu havia decidido descobrir se ele sentia algo por mim ou se estava apenas levando na brincadeira o que eu dizia. E ali estava a minha chance.
Todas as vezes em que ele tentava conversar, eu encarnava o Lan Wangji e murmurava um “Hm” em resposta.
Pouco depois de sermos liberados para nos trocar e ir embora, fui em direção ao camarim e ele veio logo atrás.
“Wang Yibo, pare agora mesmo. — Fechando a porta atrás de si, tocou meu ombro e eu me virei em sua direção. — O que está acontecendo com você?”
“Nada.”
“Você me chamou insistentemente até que todos percebessem e quando eu cheguei lá você sequer me respondeu! Ignorou até o meu chá e olha que não tem uma vez que eu o pegue sem que você roube de mim. Você ignorou meus comentários sobre os meninos dançando ao fundo das filmagens... — Sua voz foi sumindo e as mãos se mexiam aflitas. — O que aconteceu? Você ficou chateado por eu ter ignorado você antes de subir?”
“Também. Mas é porque acho que Zhan-Ge não gosta de mim.”
“Como você pode achar isso?”
“Zhan-Ge tem me evitado... Essas gentilezas você faz a todos.”
“E você sabe que eu não te trato exatamente como faço com todos os demais, certo?”
A ponta de dúvida e a vontade de ouvir mais me fizeram agir o mais rápido possível.
“O quanto você gosta de mim? — Me aproximei, nos deixando a poucos passos de distância. — O suficiente para me levar a sério?”
Vi seu rosto ficar vermelho, sua expressão ir atravessando diversas reações até enfim encontrar palavras.
“Você não deveria brincar com o sentimento das pessoas assim, sabia? — Ele deu um passo para trás e eu avancei junto. — Não é porque eu gosto de você que você deve agir assim...”
“Então você gosta de mim? — O meu sorriso não poderia ser menos deslumbrado, afinal, se havia um momento de êxtase, era esse. — Você realmente gosta de mim?”
“Como não gostaria? Se existe uma forma de estar perto de você sem conseguir, me explique por favor.”
E num impulso, no meu gesto mais corajoso e ousado, me vi vencer a distância restante. Encarando os olhos surpresos dele, levei uma mão até sua nuca e fiz com que a minha boca capturasse a dele. De maneira leve e doce, me permiti sentir seu gosto, seus lábios, seus movimentos que me alcançavam em retribuição. Senti seus braços me envolverem e seu corpo se unir ainda mais ao meu.
Quando levei meus lábios em direção a sua nuca, buscando ar sem me separar totalmente, foi como se um choque percorresse seu corpo e senti quando ele se afastou bruscamente.
“Não. — Seus olhos em pânico buscavam algo em mim, enquanto suas mãos se erguiam mantendo distância. — Isso não devia ter acontecido. Me desculpe.”
E, mais rápido do que consegui processar, ele estava fora da sala.


Suas mãos mexiam distraidamente no meu cabelo. Deitado com a cabeça em seu colo, tudo aquilo parecia tão distante de nós.
“Eu sorri feito um bobo aquele dia, sabia?”
“Mas você faz isso sempre, Bo-Di.”
Gostaria de fazer uma cara brava pelo comentário, mas ele tinha razão. Quando se tratava dele, o sorriso era inevitável.
“Eu fiquei pensando no quanto eu tinha confundido as coisas entre nós e que provavelmente você ficaria muito magoado comigo.”
“Como eu poderia? Quando você saiu de lá eu só sabia rir, por finalmente saber que era recíproco. — Um sentimento de conquista e pertencimento me preenchiam. — Você bem poderia ter facilitado. Escutado os meus “Zhan-Ge, Didi ai ni” repetidos ao longo dos dias sem fugir ou desacreditar; poderia não ter viajado para longe de mim e nos ter negado tanto tempo juntos.”
“Eu fiz o que pensei que tinha que fazer. Aconteceu como tinha de acontecer!”
“Sim, finalmente aconteceu.”

“Sigo dentro de seu coração
Nas frases de qualquer canção
Sigo percorrendo todo seu interior”


O fim do dia já se aproximava e você já havia colocado todas as coisas de que precisaria numa mala que aguardava junto à porta.
“Tem certeza de que não pode ficar um dia mais?”
“Sim, Bo-Di, já discutimos isso e combinamos que não tornaríamos esse momento doloroso. Seja bonzinho, sim?”
Ri enquanto o abraçava uma vez mais.
“Sempre vou pedir para você ficar. Um dia você não irá embora, pelo menos não sem mim ao seu lado. Eu sei disso.”
Seu riso fácil me encantava.
“Você age como se soubesse desde sempre que estaríamos aqui. Como pode ter certeza que um dia não vai se cansar e me esquecer?”
“Não existe uma realidade mais certa do que essa, onde eu sou e estou totalmente apaixonado por você. E não tem maneira de me esquecer de você. Para isso eu teria de nascer de novo. — Segurei sua mão e olhando em seus olhos continuei — Me esquecer de ti seria esquecer de mim mesmo. Seria renunciar e eu nasci assim, teimoso. Disposto a enfrentar até mesmo você e os seus receios.”
Não havia mais nada a ser dito. Nós enfrentaríamos o mundo se preciso fosse e seríamos eu e você. Sempre.


Fim.



Nota da autora: E mais uma vez aqui, me emocionando por concluir mais um projeto!
Minha primeira história deste gênero, então perdoe-me quaisquer erros!
Espero que você tenha curtido esse casal assim como eu, que me apaixono todos os dias por eles!

Qualquer coisa já sabem, o SAC está disponível!
Beijos ❣️



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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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