03. The Principal

Finalizada em: 13/12/2021

Capítulo Único

TIC TAC
TIC TAC
TIC TAC


O som incessante do relógio retumbava em meus ouvidos, minha visão turva buscava entender como e onde estava... A névoa da metanfetamina recobria os meus sentidos, deixando meus movimentos letárgicos, e os olhos vorazes de abutre do Sr. Coleman investigava cada aluno de sua instituição. Aquele maldito drogava seus alunos, viciando-os aos poucos, de modo a obter controle, não somente sobre eles, mas sobre as famílias deles. Beyond Hall era uma instituição de ensino exclusivamente para a nata da sociedade; porém, aquela imponente e majestosa estrutura escondia a perversidade de seu comandante.

•X•


A CIA havia me recrutado para que eu descobrisse os segredos por trás da elite. Os movimentos de Sr. Coleman haviam atraído a atenção das forças especiais de muitos países. Sua ascendência explosiva e suspeita havia chamado muita atenção, Coleman era influente em mais de um país e isso por si só fez com que a desconfiança brotasse. Passei por um longo treinamento, no qual tive o desprazer de reencontrar um ex-companheiro. Meus dias na base eram atormentados pela figura de . Como um exímio espião, ele fora colocado para supervisionar cada etapa da minha preparação, era como uma lenda e poucos realmente sabiam sua verdadeira identidade. No entanto cada dia fora como uma tortura, aqueles olhos de águia alcançavam o âmago da minha alma. Em um deslize, em uma missão em Roma, algo fluiu entre nós. Em meio a vinícolas e construções impressionantes, um abrasante romance surgiu. Porém, existe uma dura e rígida linha, que não deve ser ultrapassada ao se envolver com espiões, a qual desobedecido sem pensar, e ao final tive meu coração reduzido a nada mais que cinzas. Com experimentei o mais amargo final de um relacionamento. Antes de conhecê-lo, fazia parte das forças especiais da marinha, atuava na linha do tráfico de drogas; prender traficantes e eliminar o comércio de drogas era parte da minha rotina. Quando um famoso traficante deixou seu rastro desastrosamente visível, não tive escolha a não ser me envolver na operação a qual me levou justamente a . Ao fim, a missão fora cumprida com êxito, porém, o único prêmio que recebi fora um coração reduzido a nada mais que cinzas.
Portanto, encontrar novamente fora um desastroso e infeliz reencontro. Submeter-me às suas explicações e ordens durante o treinamento fora como vivenciar meu pior pesadelo. Em menos de seis meses estava apta a me infiltrar na Beyond Hall; assumindo o lugar da filha de um político estadunidense, adentrei a instituição. E, em poucas semanas, descobri os segredos do covil de Sr. Coleman. Desde a água à comida, continham substâncias químicas; era como conseguir controlar famílias inteiras. Para que escândalos não surgissem, Sr. Coleman oferecia doses extras aos mais agressivos, instituía horários rígidos e controlava aquele internato com garras de ferro.

•X•


Sem ter como contatar meus aliados e presa diante aqueles malditos olhos, senti-me pela primeira vez, em muito tempo, indefesa. A letargia me impediria de acabar com aquele canalha, a droga em doses perigosas circulava desenfreadamente pelas minhas veias. Estava em uma posição de caça diante do caçador.
— Sabe, Srta.Winstleton, sua conduta fora quase a prova de falhas...
Aquela asquerosa voz soou longe demais, era como se estivesse debaixo da água.
— Minhas crianças não faziam ideia que uma heroína...— Ele parou diante à minha figura, com um sorriso cruel em seus lábios. — Perdão, acho que me excedi ao colocá-la como heroína, já que não pôde salvar a si mesma da inevitável morte.
Ele ergueu minha face com seus dedos gélidos, meu corpo não obedecia a meus movimentos e tudo o que pude fazer fora grunhir irritada. Coleman deixou minha cabeça cair contra a madeira ficando no mesmo nível dos meus olhos.
— Não imaginei que conseguiriam infiltrar um rato em minha instituição, porém esperava mais de uma agente...

TIC TAC
TIC TAC
TIC TAC


Pouco a pouco, minha visão obscurecia, e a realidade tornava-se nada mais que um borrão. O único som era do constante e ritmado relógio. O desespero tomava cada micro célula do meu ser, a vontade de lutar tomava o meu âmago. Porém, meus membros pareciam gelatinas e estavam pesados demais até mesmo para erguê-los. Com um estrondo, tudo chegou ao fim.

•X•


A balanço suave e o perfume da maresia foram o que fizeram meu sistema despertar, minhas pálpebras estavam pesadas e meu corpo parecia estar sob uma superfície suave e confortável. Ainda de olhos fechados, testei meus sentidos, conseguindo ouvir o som de água. Meus olhos custaram a abrir, vagarosamente elevei minhas pálpebras, captando o azul do oceano como a primeira imagem que vi. Meu fôlego escapou com os inúmeros peixes coloridos que era possível ver através do vidro. Me sentei devagar, testando meus movimentos, porém, o som de uma porta atraiu minha atenção, fazendo com que me esquecesse do que iria executar. A figura de me encarava aliviado, seu semblante iluminou ao me ver desperta. Confusa, avaliei o meu estado, trajava roupas tipicamente hospitalares e meu braço esquerdo estava com um tubo no qual o soro era inserido em minhas veias. se aproximou com passadas firmes e largas, seus joelhos cederam ao lado da minha cama, suas mãos seguraram as minhas e em seus olhos havia o mais puro alívio.
— O que está fazendo? — Minha voz soou rouca e acusatória.
— Você esteve desacordada por três meses, . — Ele levantou-se, sentando-se no colchão. — Coleman injetou uma quantidade absurda em seu sistema que é um milagre você estar viva! — esquivou-se da minha pergunta.
— Conseguiram prendê-lo? — Questionei, preocupada que a missão houvesse fracassado.
— Infelizmente, aquele maldito morreu durante a operação, como você estava há dias sem se comunicar uma equipe fora movida a extrair Coleman e resgatá-la. — Ele colocou uma mecha de meu cabelo atrás da minha orelha com suavidade. — Ele morreu durante a explosão.
— As crianças estão bem? — Os alunos não eram de fato crianças, porém, como era mais velhas que eles, era inevitável chamá-los assim.
— Sim, porém terão de passar alguns anos em terapia para superar os traumas adquiridos naquele lugar. — me respondeu com tranquilidade.
— Onde estamos? — Questionei-o mais tranquila, a operação havia sido concluída com êxito, apesar da morte de Coleman.
— Estamos na Itália. — O tom de voz de havia mudado e seus olhos haviam adquirido o mesmo brilho de quando havia nos envolvido
. — Eu quero ir para casa. — Busquei manter minha voz firme enquanto o afastava.
— Eu estive por muito tempo negando sentimentos, no meio em que trabalhamos amor é um sinal de fraqueza...— Ele se levantou, caminhando de um lado para o outro, enquanto falava. — Para protegê-la dos futuros perigos que poderia enfrentar por minha culpa, decidi afastá-la... — Interrompi-o.
— Você não me deve nenhuma explicação, senhor . — Não desejava ter essa conversa, havia acabado de acordar após uma perigosa missão; havia relatórios a prestar, eu não tinha tempo para perder com um romance do passado.
— Você não entende, ! — Ele parou diante minha face, enquanto um olhar desesperado tomava a sua. — Eu vivi o meu pior pesadelo ao quase te perder. Admito que fui um canalha, que fui egoísta e hipócrita! Porém, ao tê-la quase sem vida em meus braços, eu compreendi que não posso viver sem você. — Quando ele terminou de falar estava sem fôlego.
— Eu não tenho tempo a perder com o passado, . — Afastei-me dele, levantando-me da cama.
— Eu acabei de dizer que a amo e você simplesmente ne dá as costas? — Ele me indagou, desacreditado.
— Eu já tive meu coração partido por você uma vez, , não vou arriscar uma segunda vez! — Respondi-o com o máximo de frieza que conseguia.
— Eu preferia morrer a te magoar outra vez, . — Ele cobriu a distância entre nós.
— As palavras de um espião são sempre duvidosas. — Respondi-o ainda inflexível, embora seu olhar me deixasse balançada.
— O que eu tenho que fazer para que acredite em mim? — Ele soou desesperado.
— Eu não sei. — Respondi-o, abaixando minhas defesas, sentando-me novamente sobre a cama. — As marcas do que me fizera ainda não cicatrizaram...
— Deixe-me a te ajudar a curar as feridas que eu mesmo criei. — Ele elevou minha face, enquanto se sentava na minha frente.
— Como eu posso confiar em você novamente? — Questionei num tom cansado.
— Passarei o resto da minha vida se for preciso para te provar o meu amor.

Com isso, tomou meus lábios nos seus, enquanto seus braços me envolviam. O calor de seu corpo era familiar, assim como a maciez de sua boca. Conhecia tanto do seu corpo como ele conhecia o meu. O receio era pouco a pouco dissolvido pela intensidade daquele beijo.
Amar era se arriscar, não sabia se isso terminaria bem, porém era preferível se arriscar do que passar a vida se arrependendo.





FIM



Nota da autora: Sem nota.

Nota da beta: Meu Deus, Karoline, eu curti demais a sua história!! Achei muito bem escrita e muito bem bolada, ficou ótimo mesmo! Não vejo a hora de ler mais histórias suas!! Parabéns de verdade pela fic <3

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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