Finalizada em: 17/01/2021

Capítulo Único

Birmingham, Inglaterra, 15 de Setembro de 2018

Alana curtia a festa e tudo que englobava ela já fazia três horas e quinze minutos, seus amigos sempre ficavam no porão da casa e agora era o lugar que se encontravam, eles estavam numa espécie de círculo, alguns sentados em puffs e outros diretamente no chão, conversavam animados sobre alguma coisa que ela particularmente não conseguia acompanhar, se perdia toda hora nos assuntos do grupo, algumas das pessoas que estavam ali já se encontravam levemente alteradas, ao seu lado esquerdo estava Tyler, seu namorado, e ao seu lado direito estava sua melhor amiga Mandy.
Mais algum tempo já havia se passado quando eles decidiram começar “A rodada especial” da noite, todas ainda em formato de roda começaram a se preparar para fazer uso das coisas que mais faziam juntos, drogas, era basicamente nisso que era resumido todas as festas, todas as noites, ficar o mais drogado possível enquanto estavam juntos, geralmente seu namorado exagerava mais que ela, então ela meio que já havia aceitado sua rotina de sempre cuidar dele, Mandy geralmente ria de tudo, Alana costumava dizer que era sua dose de morfina a droga.
Ela resolveu ir ao banheiro, já estava quase vazando algum líquido nas suas calças, usou o banheiro com certa dificuldade devido ao seu estado, que deveria ser melhor do que a maioria ali, mas não o suficiente para ficar totalmente tranquila, escutava uns gritos enquanto estava dentro do pequeno cômodo, mas apenas pensava que lugares de malucos ela frequentava.
Terminou suas necessidades, se olhou no espelho e achou estranho o fato da música estar praticamente desligada e as pessoas estarem olhando em direção ao porão, ela ouvia os gritos novamente e pensava em como deveria ter algum bêbado enchendo o saco por estar passando aquelas horas, seguiu seu caminho de volta para onde seus amigos estavam e quando desceu as escadas e percebeu o motivo dos gritos, parece que tudo se congelou na sua frente, ela estava em choque vendo o corpo de Mandyy, a pessoa que ela praticamente considerava uma irmã mais nova ali estirado no chão, a cena era horrível, alguns minutos que mais pareceram uma eternidade depois, ela finalmente pareceu recobrar os sentidos e correu em direção a ela em desespero, segurou os braços da melhor amiga que estava com a boca totalmente branca e a chamava desesperadamente, gritava para alguém pedir socorro e começou a chorar descontroladamente quando o seu namorado que só agora ela notou que estava bem ao seu lado disse que não havia mais nada a ser feito.

Birmingham, Inglaterra, 26 de Outubro de 2018

Ela tinha aceitado a ir aquela festa depois de certa insistência do seu namorado, ele, nos últimos tempos, não parava de falar como ela deveria sair, encontrar as pessoas e todos os enfins que se poderia imaginar, ela não estava no clima, mas achava que se ficasse sozinha naquele apartamento mais uma noite de sexta feira ia acabar sendo pior para ela mesma, não tinha prestado atenção em nenhum detalhe que seu namorado havia dado sobre a tal festa, nem sabia quem era o anfitrião, só sabia que o caminho que estavam fazendo não era do seu costume, não era da casa de nenhum dos amigos que costumavam frequentar, quer dizer que ela costumava frequentar porque no fundo sentia que Tyler não havia diminuído nem um pouco o ritmo.
Mais uns dois quarteirões e eles paravam em frente a um dos pequenos prédios da cidade e ela podia distinguir de quais dos apartamentos o som estava vindo, qualquer vizinho do quarteirão na verdade poderia, seu namorado a puxou para dentro animado, subiram os três lances de escadas que davam no terceiro andar e a festa já se fazia presente mesmo no corredor.
Eles deveriam estar na festa por volta de vinte minutos, mas ela sentia que fazia uma eternidade, não estava com muito saco para tudo aquilo, fazia praticamente um mês que não botava o pé para fora de casa, a primeira semana depois do ocorrido foi a mais difícil, ela tinha se enfiado tanto no mundo das drogas como nunca imaginou, como também nunca imaginou que fosse fazer isso porque a sua melhor amiga faleceu do mesmo motivo, riu de si mesma, se achando patética e idiota por fazer isso, resolveu ir até uma janela de tamanho considerável que tinha ali, no canto, precisava tomar um ar, já que o local era praticamente fechado, sempre fazia isso nas festas, e se descesse para fazer aquilo naquele momento, duvidava muito que fosse capaz de voltar.

Birmingham, Inglaterra, 11 de Agosto de 2018

— Alana posso te perguntar algo?
— Claro Mandy.
— Por que você usa drogas?

As duas amigas estavam do lado de fora de alguma festa que elas nem sabiam dizer ao certo quem era o anfitrião, a mais velha tinha pedido por uma companhia para fumar um cigarro do lado de fora, mesmo que praticamente todo mundo estivesse fazendo isso lá dentro, a pergunta havia pegado Alana de surpresa, ela deu uma última tragada, apagou o cigarro, ou o que restava dele, e olhou para sua companheira para responder.

— Por que você usa drogas?
— É exatamente por isso que eu te perguntei, porque esses dias eu estava me perguntando isso e não consegui achar uma resposta, pelo menos não uma boa o suficiente que me convencesse.
— Então por que não para?
— Você sabe que não é tão simples assim.
— Se não é, então porque nenhuma resposta te convenceu - ela arqueou uma das sobrancelhas para a garota ao lado.
— É um ótimo ponto, acho que é porque quando pensei nisso eu estava em um dia bom e comecei a pensar que não usei nada nesse dia e se os dias ruins não são consequências das drogas.
— Para me sentir bem.

Mandy virou para a amiga ao seu lado.

— Como é?
— Por isso que uso drogas, para me sentir bem.

Birmingham, Inglaterra, 26 de Outubro de 2018

— Olá, tudo bem? - um moço que ela nunca tinha visto na vida se aproximava, tirando-a de seus pensamentos.
— Oii.
— O que uma moça bonita como você faz aqui sozinha?
— Pensando - respondeu voltando a encarar a janela a sua frente
— Interessante, tenho algo aqui que pode ajudar nesse processo.
— O que?

Ela perguntou desinteressada, mas o observou quando ele tirou do bolso, aquilo que tinha sido sua tormenta, sua indecisão, que ela se sentia perdida.

— Você pode guardar, por favor?
— Deixa de ser chata, que isso relaxa - ele respondeu rindo e se aproximou mais ainda dela.
— Deixa de ser babaca, já disse não - terminou de falar e empurrou o cara na sua frente saindo em busca do seu namorado, disposta a sair dali o mais rápido possível.
— Eu estou indo - disse assim que chegou perto o suficiente de Tyler.
— Como assim? Indo para onde? - o garoto se virou na direção dela, a alteração causada pelas substâncias que ele havia usado.
— Embora
— Hey, hey, como assim embora, minha linda? A gente não falou que ia curtir essa noite?
— Eu não consigo mais Tyler, não consigo.
— Novamente essa história Lana, a gente já não conversou sobre? Não é porque a sua amiga morreu que você tem que deixar de viver.

Alana levantou a cabeça e encarou os olhos dele parado em sua frente.

— Como pode falar isso? É exatamente por ela ter morrido e eu querer preservar a minha vida que eu estou indo embora.
— Eu estou cansado disso.
— Você está cansado Tyler? - soltou um riso de deboche antes de continuar respondendo. - Minha melhor amiga morreu de overdose e você está aqui um mês depois, drogado, sem consideração nenhuma por mim.
— Eu estava tentando te ajudar Lana, que isso, eu te trouxe para cá para se divertir.
— Mas você nem sequer perguntou se eu queria, eu tô perdida e parece que você nem reparou, eu estou indo, boa noite, Tyler.

Ela se virou e não esperou ele falar mais nada, não queria ouvir, estava cansada de sentir daquele jeito, perdida, em cima de um muro se equilibrando entre dois lados, quando um ela sabia que não lhe fazia bem.

Birmingham, Inglaterra, 29 de Outubro de 2018

Ela estava parada em frente ao prédio não muito grande, segurava a alça da mochila, o único tipo de mala que havia trago, respirou fundo algumas vezes antes de criar coragem e entrar na clínica, faziam três semanas que ela não consumia nada de ilícito, mas mesmo assim sabia como aquelas coisas eram e ela estava muito fudida emocionalmente para confiar em fazer aquilo sozinha, estava feliz pelo passo que tomou indo até ali e escolhendo se internar por conta própria, não falava com o seu namorado ou ex desde três noites atrás, mas se sentia bem com isso, pegou a foto sua com Mandy e se arrependeu de não ter prestado atenção em tudo que a amiga tinha para dizer aquela noite, estava fazendo aquilo por ela e também por si mesma, porque queria ficar viva para contar uma história, a sua, a verdade é que não pensou bem para responder aquela noite, ela usava drogas porque se sentia perdida, mas a verdade é que as drogas só lhe davam uma sensação de se perder diferente e que nem sempre lhe fazia bem. O muro que ela achou que estava em cima indecisa, na verdade sempre pendeu para o lado esquerdo, o lado da sua melhor amiga, o último lado que lhe pertenceu em relação à Alana, sentia saudades, tinha resolvido muita coisa e seus pais iam ajudar no restante, seguiu para a entrada do prédio satisfeita, com algumas lágrimas querendo cair, mas satisfeita da sua decisão.




Fim.



Nota da autora: Oiiiii amores, como estão? Muito obrigada para quem leu até aqui, espero que tenham gostado, história totalmente fora da temática de romance que estou acostumada, mas desafios são sempre bons né? <3





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Clouds
Immergere
One Chance

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