Finalizada em: 19/01/2018

Capítulo 1

- , você precisa de um tempo fora disso tudo. Você vai perceber que as coisas vão ficar bem mais claras.


Minha colega de quarto, Tiana, falou antes de eu me despedir e desligar o telefone. Dia 17 de setembro era algum feriado muito antigo na cidade de Jasper. Como não fazia nem um ano que eu estava ali, não entendia muito sobre o que era. Decidi fazer uma visita à minha cidade natal. Minha mãe me ligava bastante cobrando isso e Tiana acabou me convencendo. Uma viagem de 2 horas de ônibus. Se o feriado em Jasper não significava nada pra mim, essa data era um marco em minha cidade e não pelos melhores motivos.
17 de setembro seria uma data em que deveriam passar um pouco mais de 100 pessoas no cemitério e em qual toda a cidade iria se comover. Há um ano, uma das famílias mais influentes, os , sofreu um acidente. O carro onde estava a família, teria perdido o controle próximo a uma curva e caiu numa ribanceira. Todos ficaram bem machucados, porém, felizmente vivos. Mais tarde naquela semana, a polícia descobriu que o acidente foi na verdade uma tentativa de homicídio.
O criminoso, Anthony Martin, tinha trabalhado para a empresa da família. Após ter sido demitido, o que segundo ele foi uma injustiça, toda sua família entrou em crise. Ele culpava os por isso e quis vingar-se. Acontece que Anthony era viciado em drogas, e perder o emprego fez com que ele não tivesse condições de sustentar seu vício.
Mas o verdadeiro impacto é que o filho mais novo, , que não estava presente com eles, passou um tempo desaparecido. Anthony afirmava ter matado o garoto, mas nunca disse como nem onde. Nunca revelou onde estava o corpo. Então surgiu a teoria de que ele estava apenas querendo perturbar o psicológico da família. Porque, de fato, até hoje não havia aparecido. Segundo minha mãe, eles tinham realizado um velório simbólico para ele.
Eu já não estava morando em Bethel quando isso tudo aconteceu. Foi o ano em que eu comecei a estudar Direito na faculdade de Jasper. Em Bethel existia uma faculdade pequena com alguns cursos bons. Mas eu não aguentava mais viver naquela cidade. Melhor, na minha casa. Qualquer um que tivesse a adolescência que tive entenderia minha relutância de voltar àquele lugar, nem que fosse por pouco tempo. Acho que Tiana nunca passou por isso, ou talvez ela fosse muito boazinha e perdoasse a todo mundo que um dia a magoou. Bem, eu não era assim.
Quando cheguei à rodoviária, minha tia Lisa estava esperando. Ela era até uma pessoa que eu gostava da família. No caminho ela me perguntava como tinha sido o meu primeiro ano na faculdade. Ela disse que Gregory, meu primo, estava tão animado por ter começado seu curso. Realmente, Greg sempre foi apaixonado por Direito. Eu não. Obviamente não contei a minha tia sobre todas as dúvidas que eu estava tendo. Ela me faria contar pra minha mãe e seria mais dor de cabeça.
A casa onde eu cresci continuava a mesma. Rostos viraram em minha direção quando Lisa entrou gritando algo como “Olha quem chegou!”. Quando comecei a estudar em turno integral na escola, recordo de chegar da aula falando a mesma frase. Luke e Julie, meus irmãos mais novos, abandonariam o desenho animado que assistiam e viriam correndo até a porta me abraçou. Hoje não fui eu que falei a frase de costume, e eles não estavam em nenhum lugar que eu pudesse identificar. Minhas tias e tios que estavam na sala me receberam e quase não me deixaram ir. Falavam coisas como “Como foi o seu primeiro ano?” “Já conseguiu um emprego?” “Você não arrumou um namorado ainda?” “Seu cabelo era tão enorme, por que cortou assim?”.
Minha mãe andava freneticamente da sala de estar para a cozinha, preocupada com o jantar que estava preparando. Meu pai ainda não tinha saído do trabalho.
, sua mãe pediu pra eu ir a um mercado comprar algo que está faltando.” Meu tio Brian disse. “Seus primos, o Luke e a Julie foram para a trilha. Não faz muito tempo. Você quer dar uma passada lá? Posso te deixar lá. Talvez você alcance eles.”
Eu estava usando uma roupa confortável, inclusive calçando tênis. Então decidi apenas pegar uma bolsa, e coloquei uma garrafa d’água e uns lanches dentro caso fosse preciso. Eu já tinha ido àquela trilha algumas vezes quando era mais nova. Era o lugar que meus amigos da escola mais gostavam de ir... Pra usar drogas. Numa das últimas vezes que eu saí com eles, algum idiota colocou algum saquinho na minha bolsa. Minha mãe encontrou e surtou achando que eu usava algo. Consequentemente eu fiquei proibida de ir àquele lugar. E de andar com aquelas pessoas.

- Sempre me perguntei por que alguém colocaria um arco tão estupido aqui.
- Dizem que alguém já realizou um casamento aqui. – Uma voz veio atrás de mim. – Estranho não?
- De onde você veio?
- Eu já estava andando aqui há um tempo. Não se preocupe, eu não estava seguindo você. – Ele disse após perceber a minha expressão de no mínimo assustada que meu rosto tomou. – Eu estou procurando por minha família.
- Ah, não vi ninguém passando por aqui.
- A propósito, meu nome é .
- Baptiste? – perguntei enquanto apertava a mão que ele ofereceu. Seria muita coincidência? Não? Porém, ele concordou com a cabeça. - Meu nome é . Por isso que você me pareceu familiar. Mas como você ainda está vivo? Onde esteve esse tempo todo?
- Como eu ainda estou vivo? – Seu olhar mostrava que ele não estava fingindo. Ele não tinha a mínima ideia do que eu estava falando.
- Ah, acho que eu confundi você com outro caso de algum famoso. Enfim, eu tenho que me encontrar com umas pessoas também. Você vai nessa direção?

Voltamos a percorrer a trilha e ele falava algo sobre estar em dúvida se a família estava nessa trilha ou tinha ido pescar que ficava mais longe desse lugar. Eu fingi escutar, enquanto tentava recapitular todas as coisas que vi nos noticiários e li nos jornais do ano passado. Se ele tivesse sido encontrado todo mundo saberia. Ele também não tinha a aparência de quem passou um ano perdido na floresta ou algo do tipo. Ele agia como se nada tivesse acontecido, como se estivesse com a família ontem. Eu não me sentia confortável pra perguntar nenhuma dessas coisas. Depois de uns segundos percebi que ele estava calado, apenas olhando pra mim de instante em instante.

- Estava esperando você terminar o seu devaneio. – Disse como se lesse minha mente.
- Desculpa, é que tem muita coisa acontecendo.
- Quem você vai se encontrar?
- Com meu irmão, minha irmã e alguns primos. Eles nem sabem que eu estou indo. Devem estar no topo de um monte que fica quase no final. Era nosso lugar preferido. Sentíamos como os reis do mundo.
- Por que você não vem mais aqui? – Ele perguntou como se eu tivesse dito isso.
- Hum, eu me mudei há um ano pra fazer faculdade em outra cidade.
- Sim, mas antes disso? Perdão, eu devo estar sendo muito inconveniente. É que eu estou fazendo psicologia, ainda estou no primeiro semestre, mas não consigo conter minha animação.
- Você realmente soa bastante apaixonado por isso.
- O que você faz?
- Direito.
- Você disse isso de uma forma tão desanimada.
- Bem, eu ainda não decidi muito bem o que eu quero.
- Você já falou com alguém sobre isso?
- Talvez com alguma amiga, mas não entrei em muitos detalhes.
- Você deveria. Acho que tornaria as coisas mais simples.
- Você fala e parece que é tudo tão fácil. Mas não é. Minha família toda me julgaria. Por mais que eles sejam uns hipócritas, o que eles falassem iria me machucar.
- Eu só estou tentando ajudar.
- Muito legal de você querer fazer isso com alguém que você nem conhece. Não me trate como um pequeno experimento.

Paramos em frente a uma ponte de madeira. Ela estava tão velha que eu fiquei com receio de atravessar.

- Desculpa – eu acrescentei em seguida. – Eu não deveria estar gritando com você. Mas eu já disse que não sei o que eu quero.
- Tudo bem.
- Certo. Eu estou sendo um pouco grossa. Eu só sinto como se você estivesse diminuindo muito meus problemas. Você sempre pareceu ter uma vida muito boa.
- Nenhum problema é grande demais pra ser resolvido, seria algo que meu pai diria. Aparentemente minha vida é muito boa. Mas minha família já passou por muita coisa. Antes de nos tornamos – ele abriu aspas no ar – famosos na cidade. O tipo de coisa que a mídia de Bethel nunca teve acesso. Minha mãe teve que sacrificar muita coisa. Meus irmãos deram muitos problemas durante uma época. Eu era muito novo pra poder ajudar de qualquer forma.
- Você é o mais novo de todos?
- Sim, o mais novo dos quatro.
- Eu sou a mais velha de três.
- Você já se sentiu na obrigação e ser um modelo pra eles?
- De certa forma, sim. Mas isso foi em outra época. E você se sente na obrigação de seguir um padrão pra não decepcionar seus pais como seus irmãos podem ter feito?
- Olha, você tá ficando boa nisso. – Ele disse rindo. – Por um tempo tudo o que eu queria fazer era agradá-los e eu sentia como se não conseguisse. Talvez com tudo que acontecia eles não iriam me notar. Felizmente nunca tentei fazer nada exagerado para chamar a atenção deles. Não sei exatamente como, mas de alguma forma eu deixei isso pra lá com o tempo e continuei a viver como eu já vivia.
- E hoje você é o filhinho da mamãe.
- Eu não diria isso dessa forma.
- É, talvez por você ser o mais novo ela demonstre mais afeto.

Passamos um tempo andando e ele ia me contando mais coisas sobre a família dele, coisas que eu nem podia imaginar. Talvez eu tivesse o julgado muito mal. Depois ele ficou me perguntando sobre a minha vida, mesmo percebendo que eu ficava muito incomodada. Mas ele acabou me mostrando que eu precisava daquilo.

- Olha aquilo ali. – Ele falou apontando pra um objeto num canto da trilha. – Uma pequena ampulheta.
- Sério? Será que isso está aí desde o século passado?
- Não, ela parece nova – disse rindo – Você a quer?
- Não. – disse voltando a caminhar.
- Então vou guardar para mim. Ela faz um barulho estranho. – disse ele ainda admirado com o artefato.

Enfim chegamos ao topo do monte. não parava de falar de que como aquele lugar era magnífico.

- À noite poderíamos ver as luzes da cidade.
- Você já viu? – ele perguntou agora voltando os olhos para Bethel.
- Não, apenas imaginei.
- Bem, seus irmãos deveriam estar aqui?
- Talvez... Talvez tenham encontrado algum lugar mais interessante tomando outra rota. E sua família?
- Também acho que não vieram para cá, porém não conheço essa trilha, então não sei direito em que parte eles poderiam estar.
- Aqui por trás tem uma estrada e se voltarmos, pegando algum desvio, nós conseguiríamos chegar a um riacho.
- Acho que eu quero ficar mais aqui um pouco.

Sentamos encostados numa rocha. Ainda estava cedo, mas o sol não estava tão forte.

- , você já percebeu que ainda que o universo seja imensurável, o ser humano acha que todas as coisas foram feitas pra ele.

falava quase que num devaneio. Comemos o lanche que eu tinha na minha bolsa, enquanto eu tentava ficar atenta a tudo que eu falava. Tudo o que ele dizia me atingia maneira bem pessoal, como se ele me conhecesse a vida toda. Não sei se foi por causa disso, que acabei me esquecendo do fato que ele era o Baptiste. Até que eu ouvi um barulho muito alto vindo da estrada na qual estávamos próximos. Foi como acordar de uma hipnose e um sentimento muito ruim acompanhou isso.

- O que será que aconteceu? – Ele indagou e começou a se mover em direção da pista.
- Um acidente, talvez.
- Um carro capotou perto daquela curva. – Ele disse observando – É até perto daqui. Deveríamos ir lá?
- Acho melhor tentar ligar para o socorro médico primeiro. – e se afastou tentando achar um lugar em que o celular tivesse área. – Disseram que era melhor não irmos. Podemos até nos acidentar tentando chegar perto do carro.

manteve sua preocupação por uns 20 minutos, que foi o tempo que o socorro demorou a chegar.

- Eles até foram rápidos. – comentou.
- Já que eles chegaram, acho que deveríamos voltar. Sabe, apesar de o dia não ter sido como eu imaginei ou planejei, eu gostei.
- É verdade. Espero que você possa resolver ou superar os seus problemas. – Ele disse quando voltamos para a trilha.
- Você precisou de muito tempo?
- Quando eu era mais jovem precisei, mas de certa forma as coisas são mais claras pra mim agora.
- Acho que vai ser muito difícil pra mim. Muitas coisas aconteceram nos últimos anos que me deixaram muito aborrecida e magoada com algumas pessoas.
- Sabe, , o perdão não é uma coisa instantânea. Não é esquecer de repente o que aconteceu ou relevar o erro do outro. Nem ter a mesma confiança ou relacionamento. O perdão é o início de um processo. Você perdoa a dívida e deixa a pessoa ir. Você vai se lembrar do que ela fez no passado, mas também não vai ficar se remoendo.
- Tudo o que você fala parece muito bonito, mas não sei se irei conseguir.
- Apenas tente. Se aproxime das pessoas que amam, se reaproxime daquelas que você pode amar novamente. Mas não desanime caso as coisas não saiam do jeito que você queria. Não se cobre muito, entenda seu tempo e seu espaço. – E eu jurei para ele que iria tentar.

Não sei ao certo como e de onde veio. Já estávamos próximo àquela velha ponte de madeira quando ouvimos passos vindos em nossa direção. Quando eu olhei, vi um homem ruivo e um pouco velho correndo em nossa direção. Ele me parecia até familiar.

- , corre! A ponte não vai aguentar nós dois correndo. Corre e não olha para trás.
- Por que correr?
- Corre até o arco, eu te encontro lá. Corre! – Ele gritava.

Minha visão estava enevoada, por mais que não existisse nenhuma névoa no ambiente. me mandou correr, eu corri. Cheguei até aquele estúpido arco. Esperei, mas ele estava demorando muito. A verdade é que eu estava com muito medo, meus ossos doíam e eu estava com dificuldades de respirar. Resolvi sair daquela trilha para buscar ajuda, mas andei e não consegui achar ninguém. Minha mente estava tão confusa e, quando percebi, tinha andado até minha casa.

- , que diabos aconteceu com você? – Minha mãe exclamou após minha tentativa falha de chegar ao meu quarto sem ser percebida.
- Eu tropecei em alguns galhos.
- Jasper te fez perder o hábito. – Julie, que estava passando pelo corredor, comentou.

Subi direto para o meu antigo quarto, que tinha virado algum tipo de depósito, mas ainda tinha uma cama e eu poderia tomar banho na suíte. Fiquei um tempo pensando no chuveiro. Desci para a sala quando minha mãe começou a nos chamar para o jantar. Meus tios e primos ainda estavam lá, meus irmãos também. Meu pai ainda não tinha chegado do trabalho

- Vocês ficaram em que lugar da trilha hoje? – Perguntei enquanto retirávamos os pratos da mesa.
- Ah, a gente acabou desistindo de ir. – Luke respondeu.

Era tão estranho. Tão perto e tão distante. Parece que tudo o que eu fiz pra proteger meus irmãos da confusão que era o casamento dos nossos pais acabaram por nos afastar. Ou pelo menos foi o que parecia. Talvez eu devesse parar de me culpar por algo que não era nem minha responsabilidade fazer. Como é que eu poderia lidar com os dramas de todas as pessoas da casa de uma vez só? Eu odiei muito meus pais por isso. Mas, talvez, com meus irmãos alguma coisa possa ser salva.
Nos reunimos na sala de estar e Luke ligou a televisão. Iria passar uma matéria especial no jornal. De acordo com o repórter, hoje completava um ano que uma das famílias mais importantes de Bethel tinha sofrido uma tentativa de homicídio. Felizmente todos tinham sobrevivido, incluindo seu filho mais novo. Baptiste.

- Mas esse garoto não tinha sido dado como morto? Até fizeram um enterro.

Depois de todos aqueles conselhos que ele – quem eu acreditava que fosse o – me deu, eu fiquei um pouco distraída e esqueci toda a confusão do que estava acontecendo. Até que aquele homem apareceu, e algumas coisas começaram a fazer sentido. Não sei se fez sentido pro , mas, pela sua expressão, parecia que ele estava num déjà vu.

- Não filha, você deve estar confundindo com algum outro caso. – Porém a tela agora exibia um homem careca, um pouco mais velho, atrás das grades de uma prisão, muito parecido com quem nos perseguia hoje cedo. Era o mesmo homem.
O barulho de um carro chegando me acordou nos meus pensamentos. Meu pai chegara a casa. Foi tão estranho o ver novamente. A última fez que visitei minha família foi há uns seis meses. O meu desgosto em relação a ele era o mesmo de quando eu ainda morava aqui. Mas desde essa vez, eu ainda não tinha visto o seu rosto. Nem por vídeo chamada, nem por fotos.
A empresa que meu pai trabalhava tinha falido nessa época e ele tinha assumido um visual bem desleixado. Ficando em casa o dia todo, dando ordens injustas e brigando com minha mãe.
Porém a noite ele se transformava em outro alguém, saia e voltava de madrugada, sem dever satisfação a ninguém. Minha mãe tinha comentando numa ligação que ele conseguiu um emprego, mas eu não dei muita importância. Acho que isso o mudou completamente, quase não reconheci o homem que estava na minha frente. Lembrando-me do que tinha prometido a , tentei disfarçar o misto das expressões de surpresa e de nojo pelas antigas lembranças. Certo, eu iria tentar. Mas não nessa noite.
No dia seguinte tive que voltar para Jasper, pois as aulas já iriam retornar no mesmo dia. Foi estranho ver minha família se dando bem durante o café da manhã. Eu era como uma forasteira naquela casa. Mas foi bom ter um tempo normal com eles. Acho que tinha me fechado tanto com meus problemas e apenas às minhas percepções, que não percebi que as coisas poderiam ter sido mais simples. Não que elas dependessem apenas de mim. Mas teriam.

- Sabe, . Você não teve a felicidade de conhecer sua avó Abbie, mas uma coisa que ela dizia é que há um tempo para todas as coisas. Ela falava e repetia isso em todas as ocasiões possíveis. Para ela, era o conselho mais precioso que alguém poderia dar. Mas eu nunca dei muita bola pra isso, até um tempo depois. Nós vivemos tantas coisas que parece que precisamos mais de 24 horas para resolver algumas. E era isso que eu sempre pensei ser a verdade. Até entender que há um tempo certo para coisas aconteceram. Para entendermos o porquê algumas coisas acontecem também. Então, como minha mãe também dizia não se turbe o vosso coração por motivo algum. - Essas foram coisas estranhamente inesperadas que meu pai me disse naquela manhã, antes de se despedir e sair para trabalhar.

Talvez eu não precisasse de mais tempo, mas de verdadeiramente focá-lo em algo certo. Durantes os primeiros dias de volta a faculdade conversei muito com Tiana. Ela, como meu primo Greg, sempre foram apaixonados por Direito. A mãe de Tiana trabalhava num fórum da cidade, então isso acabou a deixando mais apaixonada. Percebi que o curso tinha várias áreas que eu podia me direcionar. Tiana me ajudou a entender a maioria delas. Isso de certa forma me animou. Talvez eu tivesse desesperada por pouca coisa. No tempo certo eu iria compreender. Depois de algumas semanas tudo virou correria: trabalhos pra entregar, seminários para apresentar, livros e artigos para ler. Mas eu já não me sentia tão desmotivada em relação à antes.
No fim do ano tivemos um feriado na faculdade. Todos iam para a casa das suas famílias comemorarem as festividades. A casa continuava a mesma. Mas as pessoas não, nem parece que foi com elas que eu convivi toda a minha vida. Tudo estava diferente em Bethel, menos a sensação de que algo estava faltando. Resolvi pensar de que todo aquele tarde que eu teria passado com o foi fruto da minha imaginação, quando tropecei em algum galho e bati com a cabeça. As lembranças eram muito reais para mim, mas o que elas poderiam provar? Eram apenas lembranças.

- , tinha uma encomenda no seu nome lá na frente. – Julie disse ao voltar do supermercado com minha mãe. Saí para ajudar a carregar as sacolas e pegar a entrega.
- Quem foi que deixou?
- Na verdade eu não vi. O pacote já estava lá quando chegamos

Peguei o pacote e o sacudi, reproduzindo um estranho som que já tinha escutado antes. Se aquilo tudo tinha sido real ou fantasia, acho que no tempo certo eu iria descobrir.





FIM



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.

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