Finalizada em: 20/12/2019

Prólogo

1981
andava de um lado ao outro no pátio do colégio ao qual estudava, havia combinado de ver sozinha após as aulas, não aguentava mais segurar aquelas coisas sozinha, ela precisava contar a ele tudo o que sentia. Ela precisava contar que nutria sentimentos puros por ele e que se ele lhe desse uma chance ela o faria muito feliz.
Mas ela tinha muito medo de perder a amizade dele, afinal, se ele não a correspondesse? Se ele parasse de falar com ela por não saber lidar com aquilo? Eram tantas perguntas sem respostas que estavam aterrorizando a mente da pobre adolescente. Estava pronta para ir embora, e desistir daquela maluquice, quando sentiu sua mão ser agarrada pela de , ele havia chegado e agora não dava mais para ela recuar, tinha que ser corajosa e falar. Madelaine e Suzan estavam a apoiando nessa, se algo desse errado ela tinha as amigas.
– Você estava tão misteriosa, . – abraçou ternamente a amiga, que suspirou fundo quando o perfume dele pode ser sentido por suas narinas.
– Eu tenho algo para te falar mesmo, mas eu tenho medo da sua reação, tenho medo que você fique chateado. – a puxou para que se sentassem em um banco próximo ali, aquele assunto estava o deixando curioso.
– Estou começando a me preocupar, por favor, me fale. – foi incisivo. Ela passou a língua pelos lábios, os umedecendo. Que Deus lhe desse forças.
– Eu sou apaixonada por você desde a quinta série. Eu te amo, , te amo muito e queria te namorar. – vomitou as palavras de uma vez. desentrelaçou suas mãos e a encarava chocado. – Diga alguma coisa pelo amor de Deus! – o fitava desesperada pela falta de reação do melhor amigo.
– Eu… Me desculpe, , mas… – ele se levantou bruscamente do banco, atordoado com as informações – Eu não sinto o mesmo. – e se foi e junto com ele levou os pedaços do coração da garota, ela nunca imaginou que aquilo fosse doer tanto.


Capítulo Único

1984
suspirou fundo, enquanto se olhava naquele enorme espelho em seu quarto, estava radiante, pois não havia encontrado nenhum defeito em sua vestimenta e nem tão pouco em sua maquiagem. Estava finalmente pronta para o baile daquele sábado. Hoje, ela tomaria a iniciativa de chegar em Louis e convidá-lo para dançar.
Louis era um garoto muito lindo em que havia desenvolvido uma espécie de paixão platônica, mas que não era tão platônica assim, pois ele sempre a correspondia na troca de olhares, mas nunca havia tomado atitude para se aproximar dela. Já que ele não o fazia, ela o faria naquela noite. Pegou sua bolsa com os itens cruciais como documentos e batom, desceu as escadas e sairia de fininho se não escutasse sua mãe direcionar palavras a ela.
– Onde pensa que está indo, ? – ela deteve seus passos em direção a porta e virou-se em direção aonde a mãe estava sentada.
– Vou para o baile? – ela abriu um sorrisinho amarelo.
, não é porque você já tem 18 anos que pode sair sem me pedir autorização, filha! – a moça mordeu o lábio inferior.
– Me desculpa, mãe, achei que não tivesse problema, afinal, o baile acaba às 22 horas, e você sempre me deixa ir… – ela se sentou no sofá chateada. – Enfim, se você não deixa, eu não vou.
– Eu disse que não deixo? – a mãe suspirou. – O que eu quis te dizer é que você não pode sair sem me pedir autorização, filha. Sempre, independente da minha resposta ser a mesma, você deve pedir. – assentiu, às vezes se esquecia do quão zelosa sua mãe era, e não era por menos, afinal, eram só as duas. Sua ficha demorou a cair quando percebeu que no discurso da mãe ela não a proibia.
– Então você vai deixar eu ir? – abriu um sorriso animado.
– Vou, , vou. Mas dá próxima vez que eu te ver sair de fininho assim, não vai acontecer, estamos entendidas? – a moça assentiu animada, deu um beijo estalado na mãe. – Vá, antes que eu me arrependa. – deu pulinhos, animada, saindo de uma vez de casa.
Foi caminhando até o baile que ficava bem próximo de sua residência. Chegou ao local, e pode avistar Madelaine e Suzan, caminhou até as amigas com um enorme sorriso na face.
– Nossa, achei que não viesse mais, chuchu. – Suzan sorriu, dando um abraço apertado na amiga. se aproximou de Madelaine lhe dando um beijo na bochecha e se colocando ao lado da amiga.
– Pois é, eu também achei. – deu uma risadinha sem graça. – Minha mãe quase não deixou, acabei me esquecendo de pedir autorização para ela. Achei que ela não fosse se importar, mas me enganei.
– Nossa, você é louca, amiga. – Madelaine deu um tapa na testa da amiga. – Parece que não conhece a mãe que tem!
– Você tem razão, as vezes me esqueço mesmo… – suspirou fundo, dando de ombros. – Mas me contem, como estão as coisas por aqui? Já dançaram muito? Muitos escovinhas*? Louis chegou? – piscou os olhos longamente.
– Estão meio mornas, até agora não chegou nenhum gatinho que nos convidasse para dançar, ou que nos fizesse tomar a iniciativa. – Suzan riu, enquanto mantinha os olhos presos a entrada do local. – Mas os escovinhas estão sempre aqui. – elas riram
– O Louis já chegou, deve estar no banheiro ou sei lá. – sentiu borboletas ferverem em seu estômago. – Vai finalmente convidá-lo para sair? – Madelaine a questionou.
– Pretendo sim, para falar a verdade. – levou a unha a boca. – Estou reunindo coragem, garotas, tenho medo de pagar mico. – comentou pensativa.
– Olha quem vem vindo ali. – Suzan apontou com a cabeça , automaticamente fechou a cara, como ela odiava aquele garoto. – Hey, ! – Suzan acenava freneticamente ao amigo.
– Suzan! – ralhou com a amiga. – Você sabe como eu detesto respirar o mesmo ar que ele e você me faz isso.
– Que careta, ! – Madelaine revirou os olhos, enquanto encarava a amiga. – Não deixaremos de falar com ele, ou tampouco contigo, por problemas de vocês, sinto muito. – bufou audivelmente quando viu o rapaz caminhar com um enorme sorriso na direção em que elas estavam.
– Olá, minhas gatas! – ele sorriu para ambas, colocando o braço ao redor de cada uma, fazendo com que revirasse os olhos perante aquilo. Resolveu encarar as unhas, elas com certeza necessitavam mais de sua atenção. – Olá, ! – ele a cumprimentou educado, tendo o silêncio como resposta. As amigas o encararam e deram de ombros.
– Meninas, vou dar uma volta. – abri um sorrisinho amarelo, saindo rapidamente das vistas de . Madelaine bufou, mas seguiu a amiga, não a deixaria sozinha.
– É tão chato isso, sabe, ? Eu me recuso a escolher um de vocês, nós sempre fomos um quarteto, desde o fatídico dia em que aconteceu aquilo.
– Por mim não existiria clima nenhum, se as coisas estão como estão é por ela. – deu de ombros.
– Você tem culpa sim, e sabe disso. Mas vamos deixar esse assunto para lá, Madelaine está com ela, e tudo ficará bem. – suspirou fundo. – Vem, vamos dançar um pouco, estou cansada de ficar criando teias de aranha aqui, não há nenhum rapaz interessante hoje – fez um biquinho, arrancando gargalhadas do amigo.
*Escovinhas: Termo utilizado para definir os frequentadores de bailes conhecidos nos anos 80.

– Você precisa superar isso, , por Deus! – Madelaine trazia um drink sem álcool para ela e para amiga.
– É ruim, hein? Você fala isso como se fosse fácil, e não, eu não consigo superar nada, olhar para cara dele me desestabiliza, sinto um ódio tão grande. – cementou brava.
– Quem sente um ódio tão grande é porque ainda ama. – Madelaine deu de ombros, recebendo um beliscão da amiga. – Ai!
– Você bebeu álcool? – respondeu irônica. – É claro que eu não sinto mais nada por ele e fim de papo. – seus olhos arregalaram quando avistou Louis. – Vamos focar no que importa aqui! Eu preciso ir lá. – deu um passo atrás. – Ah, não tenho coragem. E se ele não sentir o mesmo? E se ele não aceitar dançar comigo? Eu não quero pagar um mico na frente de todas essas pessoas.
– Ah, pelo amor de Deus, se você não for, vou eu. Não aguento mais você falando desse rapaz de cinco em cinco minutos! – Madelaine rolou os olhos, cansada. – Anda, vá logo, . Sem grilos, amiga.
– Está bem, está bem, sem bronca, eu vou. – hesitou, Madelaine empurrou a amiga que respirou fundo e por fim chegou próxima ao rapaz.
– Oi! – ela cumprimentou o rapaz que estava distraído com algo. – Me chamo . – estendeu a mão em direção a dele.
– Eu sei. – ele sorriu e apertou a mão dela que estava estendida. – Acho que você sabe meu nome também, afinal, estudamos juntos.
– Sim, estudamos, Louis, achei que não me conhecesse ou não se lembrasse – ela sorriu sem graça.
– Jamais esqueceria, você é muito gata… – ele sorriu, dando uma piscadinha a ela.
– E- eu… Obrigada. – gaguejou, estava nervosa e ter escutado um elogio daqueles não havia melhorado a situação.
Ambos não sabiam bem como agir, se encaravam extremamente desconfortáveis. Quando a música Every Breath You Take da banda The Police começou a tocar, Louis viu a oportunidade perfeita para tentar uma abordagem mais direta.
– Então, o que acha de a gente dançar? – ela segurou a mão dele que estava estendida para ela e assentiu em concordância. Ele a conduziu pela cintura até estarem no meio do salão. Segurou a mão dela e sua outra mão ele enlaçou a cintura da moça. Começaram a dançar com passos tímidos. – Te confesso que não sou tão bom dançarino assim, mas eu tento. – ela riu. Ele a girou, a trazendo para si novamente.
– Não acredito, está me conduzindo com uma maestria incrível. – ela o elogiou, ele a girou mais uma vez. Ele gargalhou, fazendo ela rir junto com a risada dele, era tão gostosa. Do outro lado do salão, tinha alguém que não estava gostando nada, nada daquele contato todo...

– Você deveria disfarçar mais, . – Suzan lhe chamou a atenção enquanto dançavam.
– Disfarçar o quê? Está maluca? – ele voltou os olhos para a amiga.
– Não seja cínico, você não tira os olhos de e Louis, e eu sinceramente não entendo você.
– Ah, pega leve, não estou olhando nada. – bufou audivelmente. – Espero de verdade que seja muito, muito feliz. – ele forçou um sorriso que não chegou aos seus olhos.
– Certo, claro, claro, acredito. – zombou do rapaz, que trincou o maxilar, completamente desconfortável com a leitura da amiga.
– Talvez eu esteja um pouco enciumado, satisfeita? – ele suspirou fundo, dando de ombros.
– Satisfeitíssima. – ela brincou.
– Eu confesso a você, Suzan, que me arrependo de como eu lidei com os sentimentos dela por mim, fui um tolo e ela tem toda razão de ter ficado muito grilada comigo, espero que um dia essa mágoa passe e que nós possamos ser amigos de novo…
– Ou senão namorados. – Suzan completou, arrancando um sorriso do rapaz. – Eu sei que é isso que você deseja.
– Não seria nada mal, mas... – ele fechou a cara. – Com certeza ela não quer mais – Suzan se virou e pode avistar a melhor amiga aos beijos com Louis. Ela enfim havia conseguido estar nos braços do rapaz. Suspirou fundo abraçando ternamente o amigo.

havia marcado de encontrar Suzan e Madelaine na pracinha do centro para que pudessem comprar um vestido novo para o baile daquela semana, que ela com certeza iria, queria ver Louis. Louis… Seus pensamentos só iam na direção ao rapaz e da noite incrível que tiveram no baile. Queria vê-lo logo.
– Foi tudo tão mágico, meninas, ele se ofereceu para me levar até a minha casa, trocamos muitos beijos, ele é mesmo incrível. Eu estou apaixonada…
– Aí, , tenha cuidado, não mergulhe de cabeça, ele é só uma paquerinha. – Suzan ralhou com a amiga.
– Suzan sempre me jogando areia. – fez um bico mal humorado.
– Não, não, ela tem toda a razão, , tenha os pés no chão, não queremos que tenha o seu coração partido novamente. – Madelaine sussurrou a última parte. – Sem extrapolar.
– Louis não é igual aquele lá... – fechou a face. – Ele não me deu um fora quando eu me aproximei dele, não foi um imbecil comigo me esfregando uma garota no dia seguinte ao ter me declarado para ele, pisando no meu coração como se não valesse nada… – cuspia as palavras com raiva, falar sobre o que tinha lhe feito a deixava brava. Suzan suspirou fundo.
– Eu só queria que isso não tivesse acontecido… – Suzan comentou com pesar. – Torcia tanto por vocês.
– Ele não precisava ficar comigo, meninas, não mesmo, ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas a forma como ele esfregou a felicidade dele com a Kim, a garota que eu mais odeio, me deixou arrasada, eu não sabia se sofria pelo fora, ou por vê-lo nos braços dela. – suspirou fundo. – Eu não consigo perdoar, sinto muito. E mesmo que um dia eu perdoe, as coisas jamais serão as mesmas, morô*?
– Eu entendo o seu lado, de verdade. Nunca te forçaria a perdoá-lo, mas a situação em que eu e a Suzan ficamos é terrível, gostamos dos dois, somos amigas dos dois desde o jardim de infância, não tem como optar por um lado. – Suzan balançava a cabeça em concordância com as palavras da amiga.
– Eu jamais, meninas, jamais pediria que vocês parassem de falar com ele. Só que fica um clima extremamente desagradável quando ele está em um mesmo ambiente que eu. – bufou audivelmente, derrotada.
– Vamos evitar esses contatos, mas o baile é inevitável… – revirou os olhos.
– Sim, com certeza, é ele na dele e eu na minha e pronto. – abriu um sorriso forçado. – Meninas, vamos entrar aqui, tem o vestido perfeito para eu usar no baile, vou aproveitar que a velha liberou uma grana. – Suzan e Madelaine gargalharam.
– Vamos, estou precisando de um vestido novo também – Suzan pegou no braço de cada uma das amigas e adentraram o local com olhos bem atentos.
*Morô: Entendeu? Está claro?

olhava por todos os lados procurando por Louis, e aquilo estava agoniado Madelaine que tentava acalmar a amiga. Ela tinha feito sua melhor maquiagem, havia comprado o vestido durante a semana, tudo o que ela mais queria era estar nos braços de Louis para que ele a elogiasse como tinha sido a primeira vez.
Mas o que viu a deixou extremamente magoada, Louis estava acompanhado de uma moça extremamente bonita e os dois trocavam carícias íntimas. É, parece que ela estava revivendo tudo de novo, só que agora era Louis ali, o cara que parecia ser incrível, mas não, era só mais um babaca disposto a quebrar seu coração em um milhão de pedaços.
Madelaine viu a amiga em choque e quando direcionou o olhar a entrada no local, apertou os olhos, entendendo do que se tratava. Deus, mais uma decepção na vida da amiga, ela não aguentaria.
– Vem, vamos ao banheiro. – e antes que Louis pudesse vê-la, ela seguiu a amiga em modo automático até o local. – Olha para mim. – negava freneticamente e as lágrimas desciam sem qualquer pudor por sua face.
– Estou acostumada já… – conseguiu pronunciar, e a amiga suspirou fundo a abraçando apertadamente. – É algum carma, amiga? Só pode ser, é a segunda vez, mas pelo menos eu não me declarei, uma coisa a menos, mas não deixa de ser vergonhoso.
– Sinto muito. – abraçou a amiga apertadamente confortando-a, ficaram longos minutos abraçadas. – Chega desse chororô, vamos nos divertir, Louis não merece que você fique abatida dentro desse banheiro, . – Madelaine segurou as mãos da amiga, lhe passando segurança. – Nós vamos dançar e nos divertir muito essa noite.
– Você tem razão, eu não vou me abater, hoje eu quero experimentar bebida alcoólica e me divertir como ninguém. – Mads suspirou fundo, assentindo. enxugou as lágrimas com força,
– Vamos experimentar tequilaaaa. – abriu um sorriso grande a menção da bebida. Madelaine estava certa, ela não podia mais se deixar abater, precisava aprender a não entregar seu coração a qualquer um.

– Suzan não vem? Tomou doril e sumiu? – perguntou com um biquinho, levemente alterada.
– Acho que não, já era para ela ter chegado, provavelmente aconteceu alguma coisa, ou os pais dela não deixaram. Amanhã passo na casa dela para saber.
– Queria que ela participasse do meu primeiro porre. – ela riu fácil, tomando mais um longo gole de uma bebida rosa que ela nem sabia qual era o nome, só sabia que era bem docinha. Ela já não era mais ela.
– Acho que alguém é fraca para bebidas alcoólicas. – riu do jeito da amiga, estava bem melhor do que ela, mas já estava bem acostumada a beber, inclusive já tinha até parado de beber, alguém precisava cuidar de ali. – Lá vem o , mantenha a calma. – sussurrou para a amiga quando o viu caminhar a passos rápidos na direção delas.
– Oi, Mads! – ele cumprimentou a amiga e mesmo sabendo que seria ignorado, resolveu direcionar palavras a . – Oi, .
– Oi, ! – ela esticou a última sílaba. arregalou os olhos, ela estava mesmo falando com ele? – Você tá bem, amigo?
– O que ela tem? – ele sussurrou para Madelaine enquanto a encarava de cenho franzido.
– Digamos que teve mais uma decepção amorosa e decidiu que hoje ela tomaria seu primeiro porre. – sussurrou de volta, negou com a cabeça. – Ela está levemente alterada.
– O idiota do Louis? – Madelaine assentiu e ele suspirou fundo. – Isso não vai ser bom, Mads. – se sentou ao lado das moças.
– Deixe-a, ela precisa disso, , ela está sofrendo e não é pouco, foi a forma dela de lidar com a dor. – ele assentiu. Madelaine tinha razão, se arrependimento matasse, se ele tivesse aceitado o amor que ela nutria por ele, isso teria sido evitado.
– MADELAINE! – sua irmã entrou desesperada a gritando. – Finalmente te achei, estava rodando esse baile inteiro atrás de você!
– O que houve, Leda? – estava assustada, para irmã ir atrás dela boa coisa não deveria ter acontecido.
– Você precisa vir comigo, uns parentes do papai chegaram do interior, mamãe quer a sua presença em casa. – Madelaine revirou os olhos.
– Não acredito, que droga! – colocou os cabelos atrás da orelha, brava. – É um saco isso.
– E eu não sei? Vamos logo! – puxou a irmã pelos braços.
– Eu preciso ir. – pegou sua bolsa, mas deteve seus passos, pois estava ali alheia a tudo enquanto virava mais um shot de tequila. – ... – encarou . – Eu não posso deixá-la aqui sozinha, a leve para casa, , por favor.
– Mads, se tia Luna a vê assim ela, nunca mais poderá vir ao baile! – ele a respondeu rapidamente.
– Dê um jeito, eu preciso mesmo ir, só não a deixe desamparada. – já caminhava para a saída do local. – Cuide dela, . – gritou ao final.
– Eu vou cuidar. – ele suspirou fundo, aquela noite seria longa. estava debruçada no balcão de bebidas, já estava na hora de ela parar, caso não ela passaria muito mal naquela noite. – , já deu. – ele deteve o braço dela que levantava mais uma vez aquele copo.
Me dááá... – ela tentou tomar o copo da mão dele, mas não conseguiu. Tentou fazer cócegas nele, e sem saída ele engoliu de uma vez um shot de tequila para que ela não tomasse mais, e aquilo foi uma péssima decisão, aquela bebida desceu rasgando por sua garganta. Como bebia aquilo com facilidade? Com certeza havia virado muitos daquele e talvez estivesse acostumando ao gosto. – Nossa, você é chato! – bufou feito uma criança birrenta.
– Você vai me agradecer amanhã. – ela virou o rosto para não encará-lo. escutou os acordes iniciais da música Girls Just Want To Have Fun da Cyndi Lauper.
– Eu preciso dançar! É a minha música! – se levantou de uma vez do banquinho ao qual estava sentada. – Nossa, tá tudo girando. – prontamente a segurou pelos braços, amparando-a. – Vamos nessa! – ela já estava caminhando, negou com a cabeça e acabou por segui-la.
pulava animadamente, declamando aquela canção que ela tanto amava, e tentava acompanhá-la, ela era mesmo muito linda, e ele a cada dia percebia-se mais e mais apaixonado por ela. O jeito como ela se movia era gracioso, ele não conseguia desviar seu olhar. Essa versão de era diferente de tudo o que ele havia presenciado.
Girls just wanna have fun. – ela terminou a última frase da música, batendo palminhas, animada. A sensação que a bebida lhe trazia era totalmente incrível, as coisas ficavam tão mais leves que seu problema com Louis estava por hora parcialmente esquecido. E a companhia de estava até sendo agradável. Quem diria que seria ele a acompanhá-la em seu primeiro porre? Se lhe dissessem aquilo ontem ela chamaria a pessoa de maluca.
Os acordes de outra música começaram a ser escutados, dessa vez era Sweet Dreams da Eurythmics, soltou um grito animado, voltando a dar pulinhos. O jeito com ela mexia aqueles quadris o hipnotizava, a forma como ela balançava os cabelos, passava as mãos por seu corpo, mas não de forma sensual. Deus, ela estava bêbada, ele não podia a olhar desse modo. queria esquecer todos os seus problemas na dança, dançar definitivamente era libertador.
Depois de um tempo dançando inúmeras músicas, olhou no relógio e já se passava das 22 horas, o baile já estava ao fim, só restava ele, ela, e mais algumas poucas pessoas.
, o baile está acabando, precisamos ir. – ela negou com a cabeça freneticamente.
– Não quero, . – respondeu manhosa.
– Mas está acabando, gata. – ela fez um biquinho. Como ele faria com ela? Levá-la para casa e a deixar nessas condições, tia Luna a mataria e com certeza não sairia mais de casa por um longo tempo. O que faria? Precisava pensar rápido.
– Vamos, . – ele a puxou pela mão para a saída do local, ela dengosa o seguiu, queria dançar até que seus pés doessem, mas era um chato que havia destruído o seu barato.
– Para onde vamos, ? – ele suspirou fundo, decidindo qual caminho faria. – Vai me deixar em casa? – ela soltou uma gargalhada estrondosa.
– Você vai dormir lá em casa, sua doidinha. Amanhã você estará no seu juízo perfeito e poderá ir para a sua casa e sua mãe não descobrirá nada do que aconteceu hoje. – ele a explicou como se fosse para uma garotinha de cinco anos.
Ah, entendi. – ela deu de ombros, se escorando em enquanto os dois caminhavam até a casa do rapaz. Não tardou para que chegassem ao local.
– Sem barulho, meus pais estão em casa! – recomendou. Ela fez uma careta colocando a mão na boca. Eles entraram na residência em completo silêncio até esbarrar em um vaso o fazendo cair.
Ops… – ela fez uma caretinha fofa, revirou os olhos, mexendo a cabeça em negação.
– Vem, vem logo. – ele a puxou pelas mãos, fazendo com que soltasse risinhos baixo.
– Quem está aí? – a mãe do rapaz gritava, preocupada.
– É… Sou eu, mãe, acabei não ligando a luz e esbarrei no seu vaso, desculpa. – ele tampava a boca de que ria ainda.
– Tudo bem, filho, vá dormir, sim? Não tem problema, amanhã nos vemos sobre isso.
– Obrigado, mãe. – ele a puxou de uma vez para seu quarto. – Ufa! – ela se jogou na cama dele ainda rindo. Ele suspirou fundo, a encarando.
– Eu queria dançar, … – ela fez um biquinho fofo. – Põem algo na sua vitrola?
– Você tá louca? Minha mãe escuta. – ralhou com ela.
– Queria tanto, tanto… – suspirou fundo, ficando de bruços na cama, encarando o rapaz. – , eu sou feia? – mudou drasticamente de assunto.
– Claro que não. – sentou-se no cantinho da cama.
– Ainda me dói tanto, sabia? Eu ainda não superei. – ele prendeu a respiração, sabia muito bem do que ela falava.
– Eu me arrependo muito. Eu fui um idiota, , fiquei muito surpreso com os seus sentimentos por mim e não soube lidar com eles. – ela colocou o cabelo atrás da orelha, o encarando. – Eu nem gostava da Kim, ela pediu para que ficássemos e eu aceitei.
– Você sabia que eu odiava essa menina…
– Sim, o que eu fiz foi muito imbecil. – ela concordou. Será que um dia você me perdoa e nós ficaremos juntos? Ele questionou em pensamentos. se levantou de uma vez, e começou a pular na cama do rapaz.
– Põem música bem baixinho, ? Por favor… – ele revirou os olhos, mas ligou a vitrola no volume mínimo e colocou Cindy Lauper para tocar. – Eu te amo! – sorriu.
– Canta baixinho, , por favor. – temia que a mãe escutasse algo.
– Canto. – ela assentiu. – Veem, dança comigo! – o chamou com o dedo indicador.
Aquela versão de era uma inconstância ambulante e ele não sabia o quão sóbria ela estava. Talvez ela nem olhasse para ele amanhã, mas ele precisava tentar. Subiu ao lado dela na cama e dançou junto com ela, sempre segurando os risinhos que ambos soltavam para não saírem altos demais.
– Estou me divertindo tanto, , sabe o que ia ficar mais do que perfeito? – a encarou de cenho franzido. – Isso. – e o beijou.
O beijo começou lento, mas conforme se aprofundava ela o beijava com intensidade, com sagacidade. se limitava a corresponder apenas, estava em choque. Pensamentos inundaram a mente dele e ele a empurrou rapidamente, o que ele estava fazendo? Ela estava bêbada, ela não sabia o que estava fazendo, e ele a correspondendo daquele jeito estava se aproveitando dela.
– O que foi? – ela se aproximou dele e ele se afastou.
– Não, , você está bêbada. – ela se sentou na cama, frustrada.
– Eu sei o que eu quero, e eu quero você. – ele se afastou relutante. Abriu o guarda-roupa, pegou uma toalha limpa e uma camisa e uma bermuda e deu para ela.
– Você não quer ninguém, você vai tomar um banho e enquanto você faz isso, eu vou fazer um café bem forte, certo? Já se passa da uma da manhã e está mais do que na hora de dormirmos. – ela revirou os olhos.
– Você está parecendo minha mãe, , não seja estraga prazeres. – ele a empurrava em direção ao banheiro. – Só tomo banho se você for junto. – ela soltou umas risadinhas baixas olhando para a cara do rapaz que parecia assustado.
– Meu Deus, você precisa mesmo ficar sóbria. – ela riu um pouco mais alto, ele tampou a boca dela. – Xiu! A gente vai se encrencar, sua doidinha. – ele a empurrou de uma vez, encostando a porta para que ela enfim tomasse banho. – Não me enrola e toma esse banho.
– Se eu tomar banho você me dá mais um beijo?
– Até dois, agora vai. – ele pôde escutar alguns barulhos e em seguida o chuveiro foi aberto. Ele não a beijaria mais, mas ela não precisava saber disso.
Desceu as escadas, foi até a cozinha para preparar um café bem forte para que tomasse e recobrasse ao menos um pouco da consciência. Tinha que ser cauteloso para que não acordasse seus pais. Fez o café, o colocou numa xícara, não a adoçou e subiu as escadas para levar para a moça. Havia sido o tempo suficiente para que ela tomasse banho e se vestisse, o esperava no quarto, deitada na cama.
– Tomei banho e meu beijo? – ela o olhava com súplica.
– Depois, agora você vai tomar esse café bem forte que eu fiz para você. – ele esticou a xícara em direção a ela. Ela tomou uma golada e fez uma careta.
– Está horrível, , eca. – ela quis devolver a xícara para ele, mas ele negou.
– Toma pelo menos a metade, , você precisa ficar melhor. – você está me enlouquecendo isso ele completou mentalmente.
– Mas eu estou bem, poxa. – ele empurrou a xícara de volta para ela, pedido mudo para que ela tomasse. – Chato! – tomou mais umas duas goladas, fazendo uma careta. – Não tomo mais nem um pouquinho, nem se me pagarem. – ele olhou a xícara e ela havia ingerido bem mais que a metade.
– Tá bom, bebeu bastante. – ele sorriu. – Agora deita e dorme, eu vou dormir no chão.
– Essa cama é enorme, , vem… – ela fez sinal com o indicador lhe chamando. – Eu não vou te atacar. – fez um biquinho.
– Não mesmo, vou ficar bem dormindo aqui. – Foi até o banheiro, tomou um banho rápido e se vestiu. Saiu do banheiro, caminhou até o guarda-roupa, pegou lençol, travesseiro e um cobertor, ajeitou o tapete do quarto e apagou a luz. – Até amanhã. – ele não teve uma resposta, só o barulho de uma respiração pesada, já estava no mundo dos sonhos.

acordou, mas não estava conseguindo abrir os olhos, mexeu-se na cama e sentiu a cabeça latejar, levou as mãos ao local. Pressionou os olhos com força, tamanha era a dor que sentia. Forçou a vista mais um pouco e por fim, conseguiu os abrir. E sentiu um tremor quando visualizou onde estava, não era o seu quarto. Encarava a tudo de olhos arregalados tentando reconhecer, mas nada lhe vinha à mente.
Com muito sacrifício conseguiu levantar o tronco e pode visualizar deitado ao chão. Colocou as mãos sobre a boca, como havia parado ali? Por que na casa de ? A última coisa que se lembrava era de que estava no baile bebendo muito depois de ter avistado Louis com outra garota. Aquele idiota!
Olhou as peças de roupa que vestia e arregalou os olhos, eram de , o que estava acontecendo? O que deveria fazer? Levantou-se da cama, e ficou andando pelo quarto sem parar em círculos, estava tão confusa, não sabia como reagir a tudo aquilo.
– Não fizemos nada, . – ela tomou um susto quando ouviu a voz rouca de . – Sei que deve estar pensando besteiras.
– E o que quer que eu pense? Eu estou usando as suas roupas, na sua cama. – ela ainda o encarava de olhos arregalados. – A gente… – não teve coragem de completar a frase.
– Não! Eu já disse que não! Eu jamais faria algo com você nesse estado, até parece que não me conhece. Apesar de você ter me beijado e falado algumas coisas um tanto quanto íntimas. – havia parado de escutar no momento em que havia escutado a palavra beijado.
– Eu te beijei? – perguntou com a voz fininha, arrependendo-se do ato, pois havia doído sua cabeça.
– Beijou, , me pegou de surpresa. Você estava muito estranha ontem, bem mais solta do que eu esperava e… – contou desde o início tudo o que havia acontecido naquela noite louca e se pudesse se afundaria em um buraco tamanha a vergonha que sentia de ter feitos tantas coisas malucas.
– Meu Deus, eu não deveria ter bebido tanto, não consigo me lembrar de nada, mas acredito em você. – suspirou fundo. – Me desculpa ter tentando te agarrar e fazer coisas ilícitas, estou muito envergonhada. Quero agradecer também por ter cuidado tão bem de mim. Depois que eu for para casa, preciso ir na Mads, pobrezinha, alegrar a minha amiga com os parentes chatos. Preciso ver se Suzan está bem também, ela não foi ontem.
– Se você quiser podemos ir juntos… – fez um gesto com as mãos para que ele parasse de falar.
– Não, eu ter dado em cima de você bêbada e ter dito aquelas coisas todas não me faz ter esquecido de nada de antes, eu ainda estou muito magoada com você e não quero mais sua amizade. – ele passou as mãos nos cabelos de forma desajeitada.
– Você nunca vai ser capaz de me perdoar? Eu me arrependi e estou apaixonado por você, vamos nos permitir, , por favor? – ele suplicava. – Pelo menos a sua amizade, eu preciso tanto dela na minha vida, sinto sua falta.
– Eu também sinto, mas não estou pronta. Eu não consigo te perdoar… – ela fechou os olhos, massageando as têmporas, a dor de cabeça não parava.
– Um dia será que você conseguirá?
– Eu não sei, só o tempo poderá responder – ela pegou os sapatos, e a roupa que utilizava ontem, foi ao banheiro e as vestiu. Devolveu as roupas da noite anterior a , que estava cabisbaixo com a situação. – Obrigada mais uma vez. – acenou para ele e se foi de sua casa.
deitou-se na cama de bruços, chateado, sua vontade era de chorar. Havia perdido aquela batalha, mas não a guerra, ele não desistiria de .




Fim?!



Nota da autora: E é isso, girls, espero que tenha gostado! Beijos




Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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