Finalizada em: 07/12/2019

Capítulo Único

A roda de samba feita por aquelas mesmas pessoas de sempre já estava lotada assim que chegou e todos ali presentes, incluindo , já dançavam as músicas que estavam sendo tocadas ao vivo. Era prazeroso demais estar entre amigos, cantando os clássicos do samba e bebendo cerveja gelada ou qualquer outra bebida barata.
como sempre estava feliz, não deixou de reparar. Ela estava tão concentrada dançando no meio daquelas pessoas que sequer notou que ele havia chegado. Embora quisesse estar ali ao lado da garota, era bom demais observá-la livre e segura de si. Apesar do fim do relacionamento dos dois ter acontecido da melhor maneira possível, pelo o que eles construíram juntos, vez ou outra os dois sempre se encontravam para matar a saudade que sentiam. tinha consciência de que o fim foi definitivo mas não via problema em curtirem a companhia um do outro. Já acreditava que um dia as coisas voltariam a ser como antes, mesmo sabendo que não devia alimentar uma esperança baseada no que os dois estavam vivendo.
A mulher que roubava toda a sua atenção, agora já havia notado a sua presença, mas não deixou de fazer o que estava fazendo. Ela sambava e jogava os cabelos cacheados para todos os lados, quando percebeu que estava sendo observada por uma pessoa em especial, lançou um sorriso na direção de que retribuiu de imediato.
Ele não conseguiria contar quantas vezes já observou daquela forma. A garota sempre dizia que respirava samba, que a dança nasceu em seus pés e ela amava a sensação prazerosa que aquelas canções traziam para ela. Foi em uma dessas rodas de samba em que eles se conheceram, deixando o lugar que os dois mais amavam frequentar ainda mais especial.
, não vi você chegar. – Ela disse assim que chegou perto dele, depois que a música que ela dançava acabou, cumprimentando o mesmo em um abraço apertado e cheio de carinho.
– Cheguei tem pouco tempo. – Ele tratou de explicar. – Tudo bem, ?
tinha um sorriso contagiante que não passou despercebido por . A mulher com quem ele dividiu um bom tempo da sua vida era tão dona do próprio nariz e empoderada que ele sentia-se orgulhoso quando estavam juntos. Foi graças a ela e o seu jeito diferente de levar a vida que o término dos dois aconteceu da melhor maneira que poderia acontecer, os dois sofreram com o fim, mas graças a isso o ex casal conseguia manter uma boa relação entre eles.
Era isso, tinha uma alma alegre, independente do que acontecesse ela sempre teria um sorriso guardado para usar sempre que fosse preciso. não podia negar que aprendeu muito enquanto esteve ao lado dela, sempre fazia de tudo para despertar o que havia de melhor nele e conseguia isso com facilidade.
– Eu estou ótima, vou ficar melhor ainda quando abrirmos um litrão de cerveja. – Ela respondeu já observando os bares em volta.
– Então você vai ser a mulher mais feliz do mundo agora. – disse antes de abraçá-la e caminhar em direção a um dos bares daquela rua, que ele já conhecia bem, levando junto com ele.
Entre os dois o que não faltava era cerveja bem gelada e uma boa conversa, ficava difícil explicar para qualquer pessoa que eles não estavam mais juntos, não como um casal. A amizade entre e continuava, as conversas tinham a mesma energia e apesar de não terem avançado o sinal depois do término, eles sempre trocavam alguns beijos entre si.
Para , eles funcionavam bem juntos, mas não o suficiente para serem um casal, não mais. Apesar da ligação que eles tinham no presente, os planos futuros dos dois eram completamente diferentes e eles não se cruzariam em momento algum. achava melhor deixar as coisas acontecerem e se preocupar com o futuro quando ele chegasse até o casal, diferente de que achou melhor não se prender em alguém agora sabendo que lá na frente a vida separaria os dois. No pensamento dela, qualquer relacionamento era para sempre e ninguém deveria mudar a vida e os sonhos só para caber na vida de outra pessoa. Foi devido a isso que o fim chegou para eles, jamais faria isso com os seus planos e muito menos aceitaria que fizesse o mesmo com os deles.
Foram esses motivos que levaram ao término do relacionamento que muitos julgavam perfeito. Viviam sempre juntos porque o sentimento que eles sentiam um pelo outro ainda existia, e ambos duvidavam de que algum dia ele pudesse acabar.
O que quase ninguém sabe é que só o amor não é suficiente para que duas pessoas fiquem juntas. Se fosse, eles jamais iriam se separar. O que resultou no fim foi ver que os dois tinham sonhos diferentes que poderiam ser realizados, mas não se eles estivessem juntos.
– Vamos pedir a saideira? Acho que é hora de irmos para casa. – perguntou, horas depois de muita conversa, cerveja e batata frita.
– É mesmo? – Respondeu com outra pergunta, cheio de segundas intenções, mas sem perder o seu jeito encantador.
– Sim, eu para minha casa e você para sua. – Ela riu da tentativa silenciosa dele em querer levá-la para a sua casa. – Ainda preciso fazer algumas coisas hoje.
Mesmo trocando beijos por ai, sabia que manter uma relação sexual com seria um passo a mais que ela não queria dar. Nos abraços e carinhos trocados tinha uma amizade, quase um carinho e gratidão pela história deles. Não rotulava como amizade colorida e sabia que os dois não estavam prontos para isso, sabia também que estava sendo mais difícil para do que para ela, não ia dificultar ainda mais as coisas.
– Saudades de quando você ia para casa depois do samba... Volta para mim, . – Mudou completamente o rumo da conversa, enquanto enchia os copos da mesa com a última cerveja trazida pelo garçom.
, por favor... – Tentou continuar a frase, mas não conseguiu.
– O Paçoca tá morrendo de saudade de você. – Ele riu desacreditando que estava falando do seu cachorro. Conhecia bem aquele olhar de que dizia que independente do que ele falasse, nada ia mudar a situação, embora quisesse muito. – Tá foda sem você.
– Juro que para mim também tá difícil, porque eu te amo pra caralho. Mas no fundo você sabe que tomamos a decisão certa, você só não quer aceitar. – Forçou um sorriso para , que não conseguiu retribuir.
– Como que eu vou conseguir ser feliz sem você? – A pergunta era mais para ele mesmo do que para a própria .
Ao lado dela ele se sentia completo e feliz. Amava a garota que tinha e o jeito livre dela, sempre pensando positivo e enxergando o melhor que existe nas pessoas. Sentia saudades de ver comédias românticas da Netflix ao lado de e achar a história dos dois perfeita, mesmo que ela não tivesse nada em comum com aqueles filmes. sentia falta de ficar observando enrolar os cabelos nos dedos, enquanto recuperava a respiração depois de uma noite de amor. E mais ainda, sentia dificuldade de aceitar ou explicar o fim sempre que alguém perguntava.
– Percebendo que a sua felicidade tá ai dentro de você, eu não aceitaria ser o motivo dela nem se estivéssemos juntos. – Disse de forma séria, como sempre tentando fazer com que enxergasse a vida de uma forma mais leve.
– As vezes eu acho que você não existe. – Ele conseguiu sorrir para a mulher que estava em sua frente.
– Eu sou muito incrível mesmo, sei disso. – Brincou fazendo , agora, gargalhar.
Tomaram o restante da última cerveja em silnêcio observando toda a movimentação que tinha ao redor deles, embora não tivesse nenhum clima estranho entre os dois, a ausência de palavra era necessária e não incomodava. sabia que se não estivesse ali, o samba perderia toda a graça, ela quem havia salvo a sua noite. provavelmente brigaria com ele se soubesse o que estava pensando, logo surgiria com um discurso sobre não depositar sua felicidade em algo ou alguém.
– Eu já vou indo, . – Ela disse após pagarem a conta e pararem na saída do bar que estavam.
Dessa vez ela não conseguiu beijar o rapaz, como fizera das outras vezes. Saber que as coisas estavam mais complicadas para ele, fazia com que repensasse as suas ações com mais cuidado. Jamais esqueceria o que eles viveram ou se afastaria de , mas evitaria qualquer coisa que fizesse nascer uma esperança dentro dele.
– Se quiser aparecer em casa qualquer hora, podemos cantar um pouco, sei lá, minha viola tá quase enferrujando e formamos uma boa dupla, você sabe. – riu e negou com a cabeça, lá estava ele tentando mais uma vez. – E você ainda não viu que eu coloquei outro tapete no lugar daquele que você levou, acho que você vai gostar da estampa.
As palavras de saiam do coração, sabia. Mas talvez a grande quantidade de cerveja que eles tomaram estava influenciando no fato dele estar tão insistente, não de uma forma invasiva. Com um pouco de álcool na cabeça usava mais emoção do que razão, coisa que no passado e até mesmo naquele momento, achava extremamente fofo.
– Tchau, , mande um beijo meu para o Paçoca. – riu e ignorou a última tentativa do ex, abraçou mais uma vez e depositou um beijo em sua bochecha antes de sair sem que ele falasse mais alguma coisa.
Eles fizeram o certo. Estava tudo bem. estava bem. ficaria bem também.





FIM.



Nota da autora: Oi, suas lindas! Eu amo essa música e foi uma delícia escrever esse conto, espero que vocês gostem também. Não esqueçam de me contar nos comentários o que acharam.
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Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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