Finalizada em: 20/05/2018

Capítulo Único

terminou de vestir aquela roupa verde clara habitual de todos os dias quando chegava ao seu quarto no Cheil General Hospital. Olhou para o banheiro em sua volta, já reconhecendo os seus pertences pessoais, e o seu reflexo no espelho mais abatido do que o natural. Ele por experiência sabia que em poucos segundos a medicação iria começar a fazer efeito em todo o seu corpo, a sensação horrível iria surgir sem ser convidada e o gosto amargo em sua boca começaria no instante que o soro corresse por suas veias. Queria ser capaz de fugir de tudo aquilo, mas parte do seu conhecimento e experiência na área neurológica entendia que eles buscavam exatamente isso: Corpo e mente trabalhando diferentes com cada medicamento.
— É, . Aguente firme. — Ele olhou ainda mais de perto o reflexo no espelho, lembrando-se vagamente na primeira semana de tratamento e em como tudo tinha sido mais tranquilo. As reações não foram tão intensas como estava esperando e com o passar dos dias ele conseguia manter o humor, a facilidade de controlar as dores de cabeça e parecia que ele não estava sentindo nada de diferente com o corpo. Tudo parecia perfeitamente bem e de repente na terceira e quarta semana do tratamento tudo ficou diferente. O corpo passou a exigir mais descanso, suas pernas começaram a ficar fracas, oscilações de humor durante grande parte do dia e as crises de enxaquecas tornaram mais frequentes e descontroladas. Hoje, completando a quinta semana de um novo tratamento ele sentia o corpo dolorido, a cabeça latejando e observando sua feição no espelho reparou as enormes marcas roxas embaixo dos olhos. Essa era a sua maior preocupação. Que o seu corpo não estivesse mais suportando a troca de medicação semana a semana. — Você precisa suportar só mais três semanas de tratamento. Três longas semanas. — Ele disse e na sequência passando a mão pelo rosto. sabia que essa rotina era a sua grande colaboração para o grupo de neurologia do Cheil General Hospital, em outros termos técnicos usados na área da saúde ele estava sendo uma boa “cobaia” para o estudo da Neurostigma. Nada podia ter sido diferente, por sua escolha ele estava ali. Pronto e disposto a fazer qualquer sacrifício para chegar em uma conclusão positiva. — Não sei quanto tempo mais vou conseguir suportar toda essa dor. — Fechando os olhos imediatamente para não receber a claridade que vinha pela janela do outro lado, ele apoiou as mãos na parede, deixando que a sua cabeça encostasse de leve no espelho do pequeno armário na parede. Essa dor estava sendo a sua companheira ao longo do dia e quase não incomodava tanto quanto a dor no estômago, que ainda não havia se acostumado com a variação de medicamentos, assim como seus braços. Sua coloração estava ficando visivelmente diferente devido às injeções aplicadas e o soro utilizado para manter a hidratação do corpo.
Tudo às vezes parecia assustador, mas sentia uma pequena tranquilidade em ter o seu antigo médico, Dr. Tan Chen, ao qual tinha uma forte ligação por ter ficado durante anos com um tratamento básico em Quebec, e também um dos poucos médicos a concordar em compartilhar com o grupo a pasta com todos os detalhes e tratamentos alternativos que utilizou em cinco anos. Chen também estava presente no grupo e isso trouxe um conforto para em saber que existia alguém ali para relatar a sua saúde quando ele estivesse desacordado em alguma sala daquele enorme hospital. Mesmo com aquele conforto, o medo ainda existia por toda parte do seu corpo. Medo não por ter esquecido parte dos estudos ou ficar surpreso com todas essas dores, mas ele sentia medo por saber que clinicamente não estava tão bem como imaginava. Não era preciso nenhum estudo avançado para sentir o seu corpo mudar, sua imunidade baixar e o descontrole que surgia toda vez por cada parte do seu corpo quando uma nova medicação era injetada em sua veia. Ele só queria deixar de sentir esses tremores, essa angústia e essa dor em não saber se iria chegar em casa no fim da tarde. Não saber se iria encontrar a esposa preparando o jantar, não saber se iria receber o beijo carinhoso do filho e o maior desespero em não saber se iria reconhecer o rosto do seu pequeno garoto ansioso esperando que ele o levasse para a cama e contasse uma história antes de dormir.
soube no exato momento que colocou os olhos no filho que ele era a sua maior motivação diária. conseguia tirar do seu coração o amor mais sincero e eterno que um dia pensou em sentir, nos lábios o maior sorriso e em seus olhos lágrimas por não se recordar mais de como tinha sido o nascimento do filho. Em ele buscava o equilíbrio emocional, as esperanças e todos os dias um motivo diferente para não desistir. Não precisava ser forte por , por ele ou por qualquer outra pessoa. , existia e lutava pelo filho. Por ele, por essa lembrança, por esse garoto que não podia ser apenas uma vaga recordação ou apenas uma escuridão.
Tudo o que buscava no fim do dia era carregar o filho por entre os seus braços até à cama com a certeza que aquela lembrança iria permanecer em sua mente para sempre.
Ele, seu garoto, sua luz e sua melhor lembrança.

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O alívio surgiu no momento que ele viu o táxi virar na esquina e teve a certeza que em menos de quinze minutos estaria abraçando o filho e dando um beijo na mulher. não conseguia esconder a felicidade em saber que o fim de semana estava chegando e os médicos tinham dado duas semanas de descanso para ele. Nada de hospital, nada de medicamentos, sangue ou aparelhos ligados por todo o corpo. Ele tinha a família por duas semanas e cada minuto desses dias ele iria aproveitar o máximo que conseguisse. Principalmente para ensinar a andar de bicicleta e visitar o lugar especial onde ele e se conheceram. Com essa correria ele mal tinha tido tempo para ficar com a mulher. Nenhum jantar romântico, nenhuma troca de carinho ou nenhum momento onde pudessem ficar sozinhos sem a presença do filho, dos médicos e de familiares curiosos para saber como ele estava.
— Duas semanas de paz. — Ele comemorou, fechando os olhos deixando a cabeça descansar no encosto do banco. Logo mais estaria em casa e ele tinha feito uma promessa para o filho, não via a hora de encontrar e começar os planos da semana em família. A primeira parada era para comer hot dog no melhor carrinho de lanche da cidade e depois um enorme sorvete na Snow Ice. Em alguma vaga lembrança ele ainda era capaz de lembrar-se do letreiro principal com o nome e também de estar acompanhado por uma garota. Mesmo não sabendo e não reconhecendo o rosto, parte do seu coração sabia que era a sua esposa. Nunca existiu alguém mais na sua vida que o fizesse ficar daquela maneira. Nem ao menos tentou se sentir diferente, com ele tinha a razão, a segurança e a certeza que mesmo esquecendo toda a sua vida ela ainda estaria de alguma maneira em suas lembranças mais profundas.
— Chegamos. — O taxista disse, despertando a atenção de ao parar na casa onde o endereço indicava. Rapidamente, ele tirou o dinheiro do bolso do casaco e sorrindo para o taxista abriu a porta do carro com facilidade.
— Muito obrigado e tenha uma boa noite. — agradeceu, despedindo-se e antes do carro partir por definitivo ele lançou um olhar curioso para o jardim da casa que especialmente essa noite estava iluminada com luzes azuis, brancas e roxas. — E ela ainda gosta dessas cores? — Ele riu. Andou mais alguns passos e o seu coração foi acelerando de ansiedade por imaginar o quanto estaria elétrico e correndo por todos os cantos da casa. Respirou fundo uma, duas, três vezes e com o melhor sorriso no rosto digitou a senha e adentrou a sala principal, recebendo o cheiro maravilhoso do ambiente.
— PAPAI? — A voz do pequeno ecoou por toda a casa quando viu entrar pela porta principal da sala. Rapidamente, veio pulando em direção do pai, levantando as mãos para que ele o pegasse no colo. — PAPAI, PAPAI… — Ele continuou gritando, balançando as mãos no alto e sorriu, pegando impulso e juntando forças para suspender o garoto para o colo.
— Ei, meu garoto. — Juntando forças o suficiente ainda para mantê-lo em seu colo, soltou um longo suspiro pelo canto da boca e girou o corpo, brincando com de um lado para o outro da enorme sala. Ele escondida muito bem a expressão cansada em seu rosto ao sorrir de maneira alegre e divertida, olhando seu pequeno garoto agora abrir os braços e rir descontroladamente com a brincadeira divertida do pai. — Não acredito que você anda pesado desse jeito, . O que a mamãe anda colocando na comida?
, você sabe que não é muito educado ficar gritando desse jeito. — repreendeu o pequeno. — Amor, parece que hoje foi um longo dia. Você que subir e tomar um banho? — Ela disfarçou o tom usado para não demonstrar preocupação. O olhar perdido e o rosto pálido de já demonstravam o quanto ele estava sentindo dores.
— Mamãe, mamãe... — A criança bateu levemente no ombro do pai, pedindo para que ele parasse de suspendê-lo no ar e virou o rosto para a mãe. — O papai prometeu que hoje a gente ia comer hot dog. — Ele completou.
— O que o papai prometeu? — cruzou os braços, fingindo estar nervosa com e a promessa. — Não acredito que o seu pai é esse tipo de pessoa que convida só você e não a mamãe.
— Papai. — colocou ambas as mãos na boca, envergonhado. — Chama a mamãe de amor e convida ela para ir comer hot dog com a gente? Ela sempre fica feliz quando você a chama assim.
— Chamar de amor? — não segurou a gargalhada e junto com a mulher começou a rir. de longe não era apenas um garoto esperto, ele sempre estava atento à todos os detalhes do dia a dia. — Amor? Você quer ir comer hot dog comigo e com o ? — Ele perguntou, encurtando a distância que existia entre eles. — Amor? Amor?
— Ai… — tampou os olhos com as mãos, envergonhado ao escutar o pai chamando sua mãe. — Mamãe, aceita. — Ele disse, abrindo espaço entre os dedinhos e olhando para a mãe que estava ainda de braços cruzados rindo. — Mamãe, o papai te chamou de amor.
— Eu sei meu, anjo. — Ela respondeu, envolvendo os braços em volta da cintura de e dando um pequeno beijo na testa do filho. — Eu sou o amor do papai e você é o nosso maior amor.
— O meu melhor e maior amor. — completou, estalando um beijo forte na bochecha do garoto. E naquele momento ele não precisou de nenhuma outra lembrança do seu passado, tudo o que ele precisava era somente viver todos os dias daquela maneira. Amando e descobrindo como é a sensação de amar todos os dias essas duas pessoas que completavam a sua vida. Ele só precisava lembrar como era a sensação de sentir o corpo pulsando de maneira rápida, as pernas fracas e a ansiedade de encontrar com aquele garoto e aquela mulher que mesmo em toda a escuridão era a luz para a sua vida.

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O vento que entrou pela janela despertou a atenção de e ele coçou os olhos sem ao menos perceber a entrada da noite. Olhou novamente para a tela do notebook e reparou que faltava pouco para às três horas da manhã. O susto em seu rosto foi repentino ao notar que estava há quase oito horas sentado ali na mesma posição em meio a pastas, arquivos, notebook e muitas anotações. Ele não notou o tempo passando e nem as dores que surgiram no decorrer das horas. Nem ao menos escutou o barulho da esposa no andar debaixo e nem os possíveis gritos de brincando na parte de fora da casa. Sua concentração estava voltada totalmente para tudo o que ele estava lendo sobre a doença, nada ali parecia real e com o passar dos minutos ele se dava conta que a Neurostigma era mais complexa, difícil e complicada que os médicos estavam julgando. O desenvolvimento dela não era simples e com todas as anotações ele descobriu que em cinco anos estava mais próximo do último estágio da doença. Um calafrio percorreu por toda a sua espinha e ele não quis imaginar o que aconteceria com o seu corpo e sua mente nos próximos anos ou talvez meses.
— Não é possível. — Ele resmungou, sentindo medo e sem coragem para olhar para a tela do notebook. A tela permaneceu ligada e ele olhou diversas vezes, reunindo forças para continuar a leitura. Tudo o que ele precisava era confiar que em algum momento em seu passado ele tivesse descoberto algo muito importante. Por exemplo, como a cura do seu próprio cérebro. criando a coragem necessária moveu a cadeira para trás e depois para frente, voltando a posicionar-se ereto diante do notebook prosseguindo a leitura do arquivo. — O desenvolvimento da Neurostigma, causas, cuidados e estudos experimentais. — Ele repetiu em voz alta o que estava escrito, ainda não conseguindo acreditar como era possível ele ter escrito e estudado tudo aquilo em tão pouco tempo depois de descobrir o diagnóstico neurológico.
passou as mãos pelo rosto, sentindo cada parte do seu corpo dolorido. Ele não conseguia dormir e nem descansar sabendo como a sua vida estava conturbada durante os últimos anos. Logo que descobriu sobre a Neurostigma, ele em uma das crises resolveu abandonar a família com medo que eles sofressem com essa doença e foi morar em Quebec junto com o tio. Durante cinco anos permaneceu na mesma cidade, trabalhando com ele na cafeteria que era da família há anos e tudo o que ele buscou durante todo esse tempo foi manter-se longe o máximo possível para não atrapalhar a vida do filho e nem da esposa em Seul. Hoje, nove meses depois, ele nunca imaginou que iria voltar para aquela casa, para o filho e muito menos para a sua esposa. Tudo estava sendo demais para equilibrar o seu emocional e controlar a ansiedade com todos esses procedimentos médicos. — Droga! — Ele soltou um suspiro frustrado, pressionando a têmpora. A dor não estava deixando que ficasse concentrado. Ele só queria ser capaz de entender todo o passo a passo daquele tratamento. — É um tratamento experimental? Talvez seja algo muito importante? — Questionou, impressionado com todo o estudo e esse detalhe que chamou ainda mais a sua atenção. Uma marcação com a data de julho de 2012. Meses antes de ele procurar o tio em Quebec. — Procedimento em teste para desacelerar o processo da perda de memória, dores de cabeça e equilíbrio emocional. — Ele leu em voz alta o aba aberta do navegador. A reação não foi outra a não ser sentir raiva por não lembrar-se de nenhum daqueles detalhes. — Então quer dizer que eu estava pesquisando sobre um coquetel de remédios que posso tomar e desacelerar o meu estado neurológico? Eu não levei meu notebook para Quebec. O que aconteceu para que eu não tivesse tentado esse método? — Milhões de perguntas começaram a rodear por sua cabeça e ele foi ficando perdido, confuso e ansioso. Um simples neurocirurgião pesquisando sobre a sua doença e descobrir um tratamento e escrever em vários lugares sobre ele e ainda esquecer? Como o destino podia brincar dessa maneira com a sua vida? Como não tentou usar esse método? O que tinha de errado?
tentou não ficar perdido em todos esses questionamentos e precisou de mais algum tempo lendo as seguintes anotações que davam quase cinquenta páginas do word.

Anotação: Neurostigma
A doença Neurostigma é hereditária e provoca a degeneração progressiva de células nervosas do cérebro. O distúrbio tem sido amplamente estudado nas últimas décadas e foi inclusive em 1995, pouco mais de um ano após o primeiro caso oficial da doença, que os cientistas descobriram o gene causador da afecção. Localizado no cromossomo 3.

Anotação: Sintomas de Neurostigma
Os sinais e sintomas característicos da doença surgem em decorrência de perda progressiva de células nervosas que ficam em uma parte específica do cérebro, os ganglios de base. Essa perda afeta a capacidade cognitiva (associada à memória, lembranças e aos pensamentos, por exemplo) e o equilíbrio emocional.

Anotação: Cuidados com a Neurostigma
Os cuidados podem também ser específicos para as condições relacionadas com a perda de memória. Por exemplo, existem medicamentos para baixar a pressão arterial que podem reduzir o risco de mais danos ao cérebro causados com a pressão arterial elevada. Por isso use medicamentos à base de “Nootropile” para controlar as crises de enxaqueca e distúrbios emocionais. Antes de entrar com a medicação lembre-se de sempre perguntar ao paciente:

Quando a perda de memória começou? Quando você percebeu que ela se acentuou?
Você esquece os eventos recentes ou aqueles do passado?
É muito difícil para você prestar atenção em mais de uma atividade ao mesmo tempo?
Como é a sua rotina de sono?
Você passou por algum evento estressante nos últimos meses?
Você sofreu alguma lesão na cabeça recentemente?

Anotação: Estágio final da Neurostigma

Mesmo existindo estudos que não comprovem 100% o último estágio da doença, muitos especialistas suspeitam que esse estágio degenerativo levasse a demência. Demência é uma condição em que ocorre perda da função cerebral. É um conjunto de sintomas que afetam diretamente a qualidade de vida da pessoa, afetando ainda mais pacientes com Neurostigma, levando a problemas cognitivos, de memória, raciocínio e afetando, também, a linguagem, o comportamento e alterando a própria personalidade.

Anotação: Possível tratamento de Neurostigma
O tratamento para a Neurostigma ainda não foi descoberto e muito menos existem testes em andamento para descobrir essa cura.
O que muito especula é sobre um neurologista alemão, Joseph, ter feito experimentos em seu consultório em Frankfurt.
Recentemente o neurologista alega que descobriu um método específico para que seja possível controlar a degeneração progressiva de células nervosas do cérebro. Testado em apenas um paciente no momento o “Cinarizi”, como é chamado o coquetel de remédios, mostrou uma enorme diferença quando o paciente fez o uso durante três meses seguidos. Ele não deu detalhes e nem abertura sobre os outros resultados e o pouco conhecimento sobre a doença anda sendo discutido por uma equipe em NYU Langone Medical Center em NY. Joseph foi muito apontado como sendo um dos grandes possíveis nomes para a luta contra a Neurostigma. O “Cinarizi” ainda é um grande enigma para a medicina.


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Sábado - 08:00 da manhã
Com o café da manhã na mesa e o coração apertado ao ver que havia passado muito mal na madrugada, tentou esconder a tristeza do filho colocando o lugar reservado do pai à mesa, mas no fundo ela sabia que ele não tinha condições nenhuma de descer para o café da manhã. O calmante que ela havia dado para ele era tão forte que não iria acordar tão cedo e ficaria muito decepcionado se ela contasse que o pai provavelmente iria acordar só no dia seguinte. Três dias haviam se passado e parecia ficar pior sem os medicamentos, a grande preocupação era que ele estivesse escondendo algo mais grave com medo que ela ficasse preocupada. O maior medo era que estivesse muito mais debilitado do que ela sabia e isso trouxe um desespero e um pânico por não saber o que fazer.
… — Ela soltou um longo suspiro, perdida em meio à todos esses pensamentos. Queria ser capaz de mudar o que estava acontecendo, mas tudo o que ela pediu foi que o relógio fosse mais rápido e que chegasse logo o horário do jantar especial que estava programando há semanas. sentia que precisava ficar um tempo à sós com o marido e o seu corpo também sentia a falta de algum contato com o dele. Depois que ele voltou, os dias foram ficando agitados e sempre era uma correria com de um lado para o outro e no hospital. Ela acabava sempre trancada no escritório resolvendo os problemas do hospital e o pouco contato que eles tinham durante à noite era para falar com médicos de todos os lados do mundo. O momento casal, íntimo, de amor e cumplicidade sempre ficava para segundo plano. E hoje em especial ela tinha feito uma programação para que os dois ficassem sozinhos em casa curtindo um ao outro e talvez ela conseguisse descobrir o que tanto ele estava escondendo durante todas essas madrugadas de pesquisas e reuniões.
— Mamãe, o que o papai tem? — Ele perguntou, despertando a atenção dela. o viu empurrando o prato de comida para longe e debruçando os braços em cima da mesa.
— O papai está doente, . Ele sente muitas dores de cabeça e precisa de um pouco de descanso. — sentiu um amargo em sua garganta ao falar sobre aquele assunto, mas achou a melhor opção do que o filho perguntar para o pai sempre qual era o problema e porque estava tão distante. — Ele precisa muito do seu carinho. Você pode ser de grande ajuda, . — Ela incentivou o pequeno, sabendo que ele adorava ajudar de alguma maneira.
— Eu posso ajudar falando que eu o amo? — O pequeno sorriu, entortando um pouco a cabeça. Os olhinhos atentos estavam buscando no rosto da mãe um apoio para que ele pudesse ir de encontro ao pai. Ele sabia que a mãe não iria deixar, mas não custava tentar uma chance para isso. — Mamãe, eu posso subir e falar que eu amo ele?
— Claro, meu amor. — concordou, controlando algumas lágrimas que começaram a escorrer por toda a extensão do seu rosto. Ela não queria chorar na frente do filho, mas todo aquele carinho, afeto e dedicação com o pai era o que deixava com mais disposição e força para seguir com os tratamentos. Ele precisava de , da energia, do amor e daquele imenso carinho e admiração que existia nos olhos dele. — Vai acordar o papai e fala para ele vim tomar o café da manhã. O chocolate ainda está quente e ele adora esse bolo de chocolate. — Ela piscou para ele, balançando a cabeça em direção à escada. — Não demore. Mamãe vai ficar esperando você.
O garoto saltitante pulou da cadeira, despediu da mãe com um beijo e correu imediatamente escadas acima para o quarto principal da casa. Ele estava ansioso e com todo cuidado para não assustar o pai, abriu a porta, fazendo silêncio e nas pontas dos pés caminhou em direção a cama. estava deitado de barriga para cima e com a mesma delicadeza, subiu na cama e observou o sono pesado do pai.
— Papai… — Ele sussurrou tão baixinho que era quase impossível de escutar a voz do filho. Ele dormia tão profundamente que o calmante parecia realmente fazer efeito. Logo que notava que ele não iria conseguir dormir, a mulher aparecia com o comprimido junto com o jantar. — Papai… — voltou a chamar o pai e de repente soltou um longo suspiro, virando para o lado que o garoto estava. Ele ficou assustado movendo o corpo um pouco mais para longe do pai tomando cuidado para não despertá-lo. — A mamãe me disse que você está doente e eu fico muito triste em saber disso. — O garoto iniciou um monólogo, sabendo que não iria receber a atenção do pai. — E ela disse que eu posso ajudar. Por isso eu vim aqui falar para você o tanto que eu te amo. — O pequeno enxugou algumas lágrimas que invadiram o seu rosto e em seguida sorriu de lado, olhando a maneira engraçada que o pai dormia. — Papai eu te amo e eu quero que você não fique mais doente, não tem ninguém pra brincar comigo e nem andar de bicicleta. A mamãe é um amor… — Ele parou, colocando a mão na boca e depois olhou para a porta com medo que ela aparecesse no quarto. — Vou falar baixinho para ela não escutar, mas a mamãe é muito ruim para andar de bicicleta. Ela só sabe mesmo é ficar correndo e gritando pela rua. — abaixou ainda mais o tom da voz com medo de ser repreendido pela mãe. — Passo a maior vergonha com os meus amigos quando ela começa a gritar. Com você é diferente, papai. Por isso fique bem logo e volte a brincar comigo, eu te amo e vou falar isso todos os dias. — Atrevido, ele esticou um dos dedos, passando levemente as pontas dele pelo rosto de . — Te amo, papai. Amo muitão e muitão. Desculpa se eu estou sendo bem levado, não fique triste comigo. Tá bem? — Encerrando a conversa, ele levemente depositou um beijo no rosto do pai e sem ao menos esperar por nenhum carinho em troca saiu do quarto saltitando, indo em direção à mãe para contar sobre a conversa e o beijo que tinha deixado na bochecha dele. não esperava outra coisa a não ser o carinho e a presença do pai todos os dias, ele sentia falta disso e sentia principalmente que precisava do seu amor. E ele o amava. Amava muito e faria essa declaração todos os dias se fosse preciso.

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Sábado - 22h00min
Estranhando o horário e não ter feito nenhum barulho no andar de cima, subiu para o quarto na expectativa que ele estivesse acordado, trocando de roupa para o jantar romântico, ou sentado como de costume no seu escritório revisando algumas anotações. O silêncio da casa era tão estranho que ela não lembrava mais como era não ter correndo e brincando por todos os lados. O escândalo e todos os gritos dele imitando avião, carro, barco e qualquer tipo de animal que fosse possível lembrar. Ela havia deixado o garoto na casa da madrinha essa noite e correu para a preparação e arrumação da mesa que estava animada em usar tudo o que tinha direito. Incluindo as velas. Ela fez o prato especial do marido e com detalhes de rosas vermelhas ela tomou todo o cuidado e a atenção para deixar o ambiente romântico e ao mesmo tempo bem aconchegante para que ele sentisse à vontade com tudo. apenas imaginava como era a frustração dele no decorrer dos dias perdido em lembranças e as vezes apenas a escuridão do passado. precisava de amor, carinho e atenção e tudo isso ela era capaz de proporcionar. Ele só precisava estar pronto para essa noite especial e um sorriso surgiu em seus lábios ao entrar no quarto e notar que ele já não estava mais na cama.
? — Ela o chamou, olhando pelo quarto à procura dele. — Já arrumei tudo, amor. — Animada com o jantar, ela olhou para a porta do banheiro notando que estava entreaberta. Ele provavelmente estava tomando banho. — Não demora, amor. Tudo bem? — tentou outro contato, achando estranho não escutar o barulho da água e muito menos a voz dele respondendo alguma coisa. — ? — Em passos lentos ela caminhou em direção ao banheiro e seu coração já estava começando a ficar agitado. Não era normal que ele ficasse sem responder. — Amor? Eu estou te esperando… — De repente, quando ela empurrou a porta com cuidado, os seus olhos focaram em deitado no chão frio e suas pernas falharam nesse instante. — ! — Ela gritou assustada, ajoelhando-se ao lado dele. — , , … — Os gritos ecoaram por toda a parte do banheiro e o desespero surgiu imediatamente por todos os cantos do seu corpo. precisou de forças e coragem para tirar a pulsação dele e todos os primeiros socorros necessários que conhecia. A pulsação estava baixa e mentalmente ela orou para que ele não tivesse batido a cabeça com a queda. Ele usava apenas uma bermuda e uma camiseta azul que ela lembrava ser a roupa ao qual ela havia escolhido para dormir mais confortável na noite anterior. Estabilizando a respiração e o coração ela correu para o andar debaixo, buscando o seu celular e em poucos segundos a atendente anotou a localização da casa. Os segundos começaram a ficar longos e ela nem ao menos soube como a ambulância tinha chegado tão rapidamente ou como os paramédicos já estavam iniciando os primeiros procedimentos. Ela despertou para a realidade no momento que um dos enfermeiros pediu para que ela acompanhasse o marido junto à ambulância. estava deitado na maca com vários fios ligados ao seu peito e uma máscara de oxigênio. A pressão estava a cada minuto mais baixa e ela sentiu a visão ficar embaçada com o barulho e as vozes alteradas dos dois socorristas. Durante anos administrando um hospital e vivendo toda essa tensão não deixou de sentir o pânico com aquele momento delicado que era toda a preparação para estabilizar um paciente. De olhos fechados ela relaxou o corpo, concentrado toda a sua energia para conseguir ficar no caminho até o hospital que nunca pareceu chegar naquele momento tão crítico.

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Cheil General Hospital - 22:30 horas
Ela não soube como o caminho foi tão longo até o Cheil General. Todos os dias estava acostumada a pegar o mesmo caminho, mas o percurso dessa vez pareceu mais longo e o seu coração passou a ficar fora de ordem, notando que o trânsito não ajudava com essa emergência. As ruas estavam cheias e a sirene da ambulância era tão ensurdecedora na parte de dentro que ela achou que fosse ficar surda com todo aquele barulho. O foco estava sendo à janela na sua frente para não ser possível entrar em pânico ao ver daquela maneira. Tão pálido, gelado e cheio de aparelhos pelo corpo. Ela imaginou o número de ruas que faltavam para chegar ao hospital e de repente com um apagão em sua mente a porta da ambulância foi aberta e logo reconheceu o rosto familiar de Shin-a, que estava de plantão neste fim de semana.
— Levem-no logo. — Ela ordenou, puxando a maca para fora e olhando de relance para a mulher. Imediatamente reconheceu quem era e precisou buscar palavras de conforto para que ela ficasse calma. O olhar de estava vago e o choque do momento fez Shin-a imaginar que algo muito grave tinha acontecido á . — Fique tranquila, . Vou cuidar para que ele fique bem. Não se preocupe, mantenha a sanidade no lugar.
— Shin… — não teve condições de falar nada e logo saltou da ambulância, desesperada para acompanhar o marido que estava sendo levado para a entrada principal. — Por que a pressão dele não estabiliza? O que está acontecendo? — Assustada, segurou em uma das mãos do marido, correndo ao seu lado quando os enfermeiros começaram a empurrar a maca com mais urgência. ainda estava desacordado e a equipe de médicos e enfermeiros estavam agitados e desesperados para levá-lo imediatamente. O pouco que conseguiu falar com Shin-a era o que ela conhecia sobre o estado clínico dele. As dores de cabeça, os remédios e a dificuldade nos últimos dias em dormir. Ela mesma quando estava dentro da ambulância ligou para o médico dele em Quebec alertando sobre o estado de saúde e o desmaio repentino de . Tan Chen tentou acalmá-la, mas pelo tom da sua voz, imaginou o quanto ele também estava preocupado e em alerta com essa situação. — ! Acorda. — Ela alterou a voz desesperada, querendo que ele acordasse. — , amor. .
— Por favor, precisamos levá-lo com urgência. — Uma das enfermeiras segurou o pulso dela enquanto a maca continuava sendo empurrada para dentro da sala de emergência. — Fiquei aqui e espere por novidades, não podemos demorar muito com os procedimentos e tem uma equipe à caminho para cuidar do seu marido. — Firme nas palavras ela ainda segurou por mais um tempo nas mãos de , pedindo para que ela ficasse tranquila. — Ele é forte e vai ficar tudo bem, .
— Cuide dele, por favor. — Ela implorou, colocando a mão no rosto começando entrar em uma crise de choro. O descontrole surgiu e ela sentiu o baque nesse momento e o medo de que não fosse aguentar por muito mais tempo tudo o que estava acontecendo. Sozinha ali naquele corredor e o choro emergiu por sua garganta e a pernas falharam nesse momento, o contato do joelho com o chão fez com que ela implorasse para que Deus fosse misericordioso e não tirasse novamente o pai do seu filho. De olhos fechados ela começou uma oração e o choro que saia por sua boca era de dor e medo que suas preces não fossem atendidas.
O corpo fraco de não aguentava mais toda aquela adrenalina e nenhum outro tipo de medicamento que os médicos usassem para controlar os testes feitos dias atrás. podia tentar esconder dela sobre as suas dores e sobre os problemas, mas não conseguia esconder a maneira que estava desesperado e agoniado com medo de não aguentar até o fim dos procedimentos. Ela sabia que ele estava doente e que a doença não era apenas a degeneração celular do cérebro.

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Cheil General Hospital - Domingo - 06:30 horas
A pouca claridade que entrou pelo quarto fez com que despertasse e encontrasse os olhos de abertos e presos a maneira que ela cochilava sentada na poltrona, um pouco mais à frente da sua cama. Ele ainda olhava para ela sem tirar a atenção um só momento e com tudo o que havia acontecido e com toda a dor que ele provavelmente estava sentindo, abriu um sorriso, esticando a mão para que ela fosse até ele.
— Desculpa. — Ele pediu, observando o inchaço nos olhos dela.
— Eu me sinto bem. Você acordou. — Tentando um sorriso e o controle do choro, entrelaçou os dedos da mão direita na dele. Aquele contato trouxe a certeza que não era um sonho e que estava acordado depois de uma madrugada horrível de espera e agonia naqueles corredores. — O que aconteceu, amor? Como você se sente? — Perguntas que ela esperava que ele fosse capaz de responder. Sem nenhuma desculpa ou mentira.
— Acordei indisposto. Levantei-me e fui para o banheiro, depois eu só me lembro de tudo ter ficado escuro e acordei agora no hospital. — Ele foi sincero, notando a expressão no rosto dela atenta aos detalhes da sua explicação. — Agora eu me sinto bem, mas ainda sinto que tem alguma coisa errada comigo nesses dias. — Querendo ao menos saber o que estava acontecendo com o seu corpo, ele buscou com os olhos os aparelhos em sua volta, reparando no ritmo do seu coração e a pulsação estabilizada.
, quando você vai me contar a verdade? — Ela o pressionou. — Você não consegue fingir e eu estou dando o espaço necessário para que fique bem. Só que eu não posso mais conviver com todas essas mentiras. — Cansada de ele esconder as coisas e também cansada de ser paciente esperando que ele fosse corajoso de contar tudo, ela pressionou, buscando que ele fosse sincero ao menos hoje depois do susto que tinha passado.
— Amor, não sei por quanto tempo eu consigo continuar vivendo dessa maneira. Minha cabeça dói quando estou cansado, e tudo o que eu quero quando entro em uma dessas crises é que você segure a minha mão e me abrace bem forte. — Ele desabafou pela primeira vez, sabendo que não conseguia esconder da mulher todas as crises. A luta que enfrentou durante todo esse tempo e a mentira que contou ao longo do caminho já não parecia ser certa à essa altura. tinha direito em saber tudo. E ele não tinha outra maneira de contar a verdade a não ser olhando dentro dos olhos dela e buscando a coragem para assumir esse erro. — Eu sei que não devia ter mentido para você como estava me sentindo e assumir dessa maneira que eu escondi o meu estado clínico é muito difícil e me sinto muito culpado. Na minha cabeça eu achei que fosse certo não deixá-la preocupada e quando tudo me aconteceu dei conta que quando trocamos nossas alianças no altar, nós dois fizemos à promessa de ficarmos juntos na alegria e na doença. — A voz dele saiu um pouco falha e a onda de tristeza surgiu por seus olhos, deixando ali que algumas lágrimas começassem a escorrer. Os olhos atentos de permaneciam em seu rosto e ele respirou fundo, empenhado em ser sincero. — Nas madrugadas que eu passei acordado lendo sobre os estudos, procedimentos e anotações sobre a Neurostigma, acabei descobrindo que ela tem um último estágio e que ele é bem complicado.
— Que estágio é esse? — , sem pretensão nenhuma de alterar a voz, fez a pergunta, não sabendo se estava pronta para a resposta.
— Demência. — Ele foi direto sem rodeios. — Com todo o andamento da doença e com os anos sem o tratamento correto…
— Tudo bem, entendo. — Ela o cortou, não sentindo que era o momento para que ela recebesse todas essas informações. Imaginar que estaria encaminhando para esse estágio trouxe novamente a onda de choque e crise para o corpo. — Amor, desculpa. Eu não consigo aceitar essa doença e de como ela é injusta. — Escondendo o choro que apareceu sem ser convidado, ela desviou o olhar do rosto dele. Uma ponta surgiu na nuca e as mãos começaram a ficar frias com a tensão. Ela queria usar as palavras corretas, mas era quase impossível aceitar que ele fosse passar por esse estágio. — A sua vida inteira foi dedicado a cuidar de pessoas com problemas neurológicos e eu não consigo aceitar que justo com você está acontecendo tudo isso.
— Amor, não vou mentir que eu estou bem em saber tudo isso. Claro que estou com medo, aflito e sem nenhuma condição de pensar em como vai ser nossas vidas quando começar a aparecer todos os sintomas. — Com um sorriso nos lábios, sentou na cama, buscando chamar a atenção dela que agora olhava para o lado de fora da janela do quarto. Pouquíssimas vezes ela tinha chorado dessa maneira e fugido assim de uma conversa importante. — Prometi que não vou esconder nada de você, mas eu preciso que você aguente firme ao meu lado. Não posso lutar sabendo que a minha melhor parte está sofrendo dessa maneira. Não posso ficar tranquilo pensando que o vai sofrer com a minha distância e com as minhas crises. — O sorriso desapareceu, dando espaço para a tristeza. — Minha vida e minha felicidade é encontrar o meu filho todos os dias sorrindo, brincando e me chamando de papai. O meu maior sorriso é saber que eu tenho você ao meu lado, é saber que eu te amo e que minha família é tudo o que eu sempre sonhei.
— Nós te amamos, e precisamos de você.
— Eu também preciso de vocês. Principalmente do seu apoio com um novo procedimento. — revelou, esperando que ela fosse ficar ao seu lado com esse novo risco. — O que eu quero dizer é que preciso de você ao meu lado para tentar algo novo que apareceu. — Ele contou, esperando que ela entendesse a necessidade dele em precisar arriscar esse procedimento. — É um tratamento que está sendo desenvolvido na Alemanha, tenho conversado com o médico responsável e parece que ele está disposto a tentar me ajudar com a Neurostigma. — cauteloso explicou em detalhes sobre Joseph e também os procedimentos iniciais que eram bastante complicados. — É um tiro no escuro que eu estou tentando. Não sei como meu corpo vai reagir e nem sei se vou aguentar. O que eu quero é que você fique ao meu lado.
— O juramento que eu fiz foi de ficar ao seu lado em todos os momentos da sua vida. E eu estou aqui nesse momento sem nenhuma intenção de ir embora. — Lutando contra o medo daquele novo procedimento ela viu nos olhos do marido uma esperança que há muito tempo não conseguia ver. carregava no olhar um brilho diferente e uma luz que ela não hesitou em abraçá-lo e falar bem próximo do seu ouvido que ela lutaria até o fim ao seu lado. — Eu te amo e nunca vou desistir de você. Nunca vou desistir da nossa família e do amor incondicional que o sente pelo pai. — Sorrindo ela depositou um beijo na bochecha dele, demonstrando também a esperança e o amor que existia em seu coração.


Epílogo

Deitados na cama, a abraçou, fazendo que seu corpo ficasse o máximo possível em contato com o dela. Ele estava sem a sua camisa e o calor estava sufocante na mistura de desejo entre eles. Uma manta os estava cobrindo, protegendo contra o frio, mas nada estava mais aconchegante para a não ser os braços de em volta de sua cintura. Estava confortável e segura. De olhos fechados ela conseguia sentir o toque gentil e quente de pelo seu corpo. Ela estremeceu quando sentiu os dedos dele por dentro do roupão, mas manteve seu olhar no rosto dele. Ele massageou levemente sua barriga subindo lentamente para seu colo. O toque dele a estava deixando completamente atordoada. Por um momento tinha esquecido completamente como respirar. Nada era mais importante do que sentir tão próximo dessa maneira e o tanto que sentiu saudades do corpo dele contra o seu.
— Eu amo você. — Ele se aproximou para beijá-la mais uma vez. Deslizou sua língua dentro da boca e apertou seus lábios contra os dela. Ela deixou escapar um gemido quando ele segurou firme uma de suas coxas. — Não sei se devo. — Seus lábios se curvaram lentamente, tão malvadamente sedutores que ela se estremeceu.
— Deve. — Ela manteve seus olhos fixos em . Ela procurou com as mãos o ponto exato para demonstrar que queria tê-lo novamente. Com uma das mãos encontrou o zíper da calça dele e o baixou com todo cuidado.
. — Ele ofegou, sufocando um gemido quando ela baixou parte de sua calça. Ele inspirou um pouco de ar, incapaz de acreditar completamente no que estava ocorrendo esta noite. Sua respiração se agitou, soando áspera em seus próprios ouvidos. Tinha passado muito tempo desde que tinha estado com . Beijando-a novamente, percorreu a linha de seu pescoço com a língua. Ela se encostou a ele, sentindo o corpo dele contra o seu, e o viu deslizar a mão para o nó que estava prendendo o roupão. estava ficando extasiada com o toque da carícia de enquanto tirava o roupão, os lábios suaves dele movendo sobre sua pele.
. — Ela sussurrou. — Eu esperei muito tempo isso, cinco anos para ser mais exata!
Então suas palavras penetraram em sua mente. virou-se bruscamente, pressionando o corpo da garota contra a cama. Ele estremeceu contra ela, e se dispôs a fazer o que ela pedia. fechou os olhos com força quando os lábios de lhe deram um beijo lento e suave no pescoço. Ela inclinou a cabeça para um lado, permitindo que os lábios e a língua de lhe acariciasse um ponto especialmente sensível na base do pescoço. sabia exatamente o ponto crucial para fazê-la arder de desejo. Ele hesitou um pouco, mas o corpo dela era como um vício, um desejo que não podia controlar. Necessitava daquilo, necessitava dela. Ele estreitou contra seu corpo e cobriu seus lábios com os dele, beijando-a com o desespero de um homem a ponto de perder o controle. Não aguentava mais esperar. Estava entrando em transe de tanta excitação que percorria o seu corpo.
— Estava me esperando?
— Sempre estive — Os olhos de brilhavam com uma mescla de desejo e desafio quando procuraram os de . Ela também sabia o ponto exato para deixá-lo excitado. não aguentava provocações. — É você que me deixa completamente maluca e apaixonada. — Ela o provocou, mordendo o lábio com desejo. — Eu preciso de você hoje, amor!
— Não faça isso. — gemeu quando ela começou a deslizar a boca por seu peito. Ele deslizou a mão entre as coxas de , fazendo a garota gemer em prazer. — Não vou conseguir parar. — Seus lábios percorreram um ardente atalho do ombro até o pescoço. Ela sentiu um desejo enlouquecedor por esse homem e envolveu suas pernas ao redor de sua cintura. Esse era o momento exato que ela estava buscando. O contato dele contra suas coxas provocou um violento calor que surgia cada vez que ele a tocava. jogou para trás a cabeça, ao mesmo tempo em que gemia e mordia os lábios suplicando mais. Ela ofegou seu nome, quase lhe implorou ao mesmo tempo em que ele tentava lhe dar prazer. lhe beijou o pescoço, os ombros. Mordeu-a, lambeu-lhe a pele até que cada carícia se transformou em uma agonia de prazer.
— Como você pode ser tão maravilhoso assim? — Ela perguntou, não conseguindo manter a respiração no ritmo normal.
— Sou maravilhoso porque eu tenho a mulher mais maravilhosa entre os meus braços. — Com um sussurro ao pé do ouvido ele declarou, imaginando que aquele momento era o mais especial e esperado durante todos esses anos. Ele conseguia sentir o calor, o frenesi e o desejo pulsar em cada parte do seu corpo. Era uma loucura, um prazer e uma sensação que nem ao menos conseguia descrever. — Quando eu estou com você me sinto completo e realizado. Todos esses anos longe os meus dias eram sempre de chuva, eu não conseguia respirar, não conseguia comer, não conseguia dormir e eu estava totalmente destruído por não me lembrar de mais como era sentir o seu amor. — Lágrimas começaram a escorrer de seus olhos e ele não conseguia controlar a tremedeira que surgiu por todo o corpo. Ele precisava colocar para fora de uma vez tudo o que estava sentindo. Esse amor, essa loucura e essa necessidade de falar o quanto a amava. — E hoje eu sinto que não preciso de nada, só de você, entende? Por causa de você o mundo parece diferente pra mim, e agora eu estou bem, me sinto bem por saber que em toda uma vida eu posso esquecer todas as minhas lembranças e o meu significado, mas jamais vou ser capaz de esquecer o meu grande amor e a razão pela qual eu ainda consigo lutar todos os dias. — Ele fez uma pausa, agora tocando com a língua o lóbulo da orelha dela. sentiu um arrepio percorrer por toda a sua espinha e de olhos fechados cravou as unhas nas costas do marido, demonstrando o significado de todas as palavras. — É você, você é a minha garota. Você é minha paixão. Você é a minha luz em meio a escuridão. Você é o meu único e verdadeiro amor, .
— E você é o meu amor, . — Não conseguindo deixar de sorrir ela o puxou contra o corpo com força, não desejando mais sair daqueles braços. — Amanhã começa a nossa luta e eu espero que o fique feliz em aprender alemão. Frankfurt vai ser nossa casa durante algum tempo. — Beijando levemente os lábios do marido, ela fechou os olhos, sentindo o coração bater acelerado. — Eu e ele vamos ser a sua melhor lembrança e também a sua luz em momentos de escuridão. — disse, concluindo a declaração.
— Sempre e para sempre.
sorriu para a esposa com a esperança que novos dias estavam surgindo e que ele logo estaria completamente curado dessa doença. Parte do seu objetivo não era somente a sua cara, mas sim a luta em até encontrar a cura definitiva da Neurostigma. Esse era o seu maior sonho e sua maior busca. A cura de algo que aos poucos vai sugando suas lembranças e no fim não resta mais nada a não ser o vazio e a solidão de não lembrar mais de nenhum motivo para sorrir e até mesmo para viver.



A DOENÇA “NEUROSTIGMA” NÃO EXISTE, ELA FOI CRIADA ESPECIALMENTE PARA ESSA FANFIC.


Fim.

Leia a primeira parte da história aqui.


Nota da autora: Finalmente depois de cinco meses que Stigma entrou criei coragem para escrever a continuação dela agora em You Are. Espero que vocês tenham gostado dessa segunda parte (vão ser três short no total). E o que tenho para falar sobre You Are? Sou suspeita, suspeita porque eu AMO essa criança. AMO ESSE PP! ESSA PP! Esse amor e todo esse nível de cumplicidade em volta dessa família maravilhosa. Quero proteger eles para a vida toda, mas primeiro o PP precisa achar a cura para essa doença. Quem sofreu fortes emoções com You are? Eu chorei, sofri, gritei e fiquei com medo de algo acontecer com ele.


No fim tudo deu certo. Firme com a esperança desse tratamento!
Espero que vocês tenham curtido essa fanfic.
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Amo vocês, amo esse carinho e esse apoio!




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Outras Fanfics:

FICSTAPES:
01. Call Me Baby [FICSTAPE #062: EXO – Exodus]
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04. Permanent Vacation [FICSTAPE #067: 5SOS -Sounds Good Feels Good]
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05. Stigma [FICSTAPE #080: BTS – You Never Walk Alone]
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EM ANDAMENTO:
Fake Love [KPOP - BTS – Em Andamento]
I NEED U [KPOP – Restritas – Em Andamento]
Love Is Not Over [KPOP – Restritas – Em Andamento]
Let Me Know [KPOP – Restritas – Em Andamento]
Spring Day [KPOP – BTS – Em Andamento]
Time To Love [KPOP - BTS – Em Andamento]
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