Knights caminhava pelos corredores do hotel com um profundo senso de pertencimento. Não era para menos, já que havia crescido naquele mesmo lugar que todos conheciam como Palace Hotel, mas que, para ela, sempre seria a casa dos avós.
Quando tinha três anos, seu avô lhe disse que um dia aquele hotel seria dela, ou seja, ela passaria de Princesa para Rainha . Quando criança, nunca acreditou que conseguiria comandar um reino de mais de quinze andares, mas agora que tinha vários diplomas em negócios, administração, hotelaria e turismo e era uma mulher adulta, com vinte e cinco anos, tinha plena consciência de que saberia manter o palácio e o reino próspero por muitos e muitos anos.
Só tinha um pequeno problema: seus pais e avós não aceitavam que ela assumisse o trono sem ter um rei ao seu lado. É claro que os quatro sabiam da capacidade da mulher, apenas não queriam que ela tivesse que lidar com os desafios que viriam sozinha (mesmo que a neta dissesse que os outros funcionários administrativos estavam mais preparados para isso do que um futuro marido estaria). , como boa pessoa que era, sabia reconhecer que eles tinham boas intenções, mesmo que elas viessem carregadas de conceitos inerentes à sociedade em que eles cresceram. Porém, ela não cederia aos pedidos por um casamento.
Mesmo que quisesse muito assumir a presidência do hotel, ela não abria mão de encontrar o amor de sua vida, pois, mesmo sendo uma mulher moderna, bem resolvida com tudo, ainda acreditava que, um dia, viveria a sua própria versão do “felizes para sempre”. Enquanto ela não tinha um príncipe na sua vida, não tinha o menor medo de beijar alguns sapos ou de ter que fugir de outros reinos assim que o amanhã surgia, após uma tentativa de domar alguma fera. O que ela mais tinha certeza era de que não podia ficar parada, esperando pelo beijo encantado de “amor verdadeiro”, mas também não se casaria com o primeiro galanteador que conhecesse em um baile.
Por conta dos seus costumes, todos os funcionários do hotel sabiam que ela era dona de duas suítes no prédio. Uma que ficava na ala da família, onde seus avós mantinham quartos para os parentes, e a outra tinha o apelido de Torre, porque o aposento fica em um dos andares mais altos de lá.
Era para a Torre que caminhava tão facilmente. O homem que a seguia mantinha os olhos presos no movimento sinuoso que a bunda dela fazia. O vestido dourado parecia ter sido costurado a mão no corpo da mulher, e os saltos que ela usava só a deixavam mais atraente para Oliver.
Oliver Woods era só mais um homem que, após uns meses de contato com , acreditava que era capaz de derreter o suposto coração de gelo que habitava o lado esquerdo do peito da herdeira. Porém, ele não sabia que estava muito enganado ao pensar que ele seria o marido dela. podia ter visto alguma graça naquele homem alto, loiro, de olhos azuis e corpo malhado, contudo não era algo que a fizesse cair de amores por ele.
A verdade era que ele tinha tudo o que a maioria das mulheres queria em uma pessoa só: a beleza e conta bancária gorda. Porém, para Knights, ele apenas alguém com um pênis entre as pernas e, sinceramente, até dizia coisa fofas e interessantes, mas nada que a conquistasse. Infelizmente, para ele, e felizmente, para ela, eles dois não teriam mais nenhuma relação. tinha planos de terminar o caso entre eles naquela noite, mas não renunciaria a uma belíssima despedida.
Ao chegarem no quarto, o futuro ex-casal não perdeu tempo. Os beijos foram rapidamente esquentando o clima, que, antes mesmo de chegarem ali, já era ardente. A noite deles no Royal Ball, evento anual dado para os socialites de Nova Iorque, tinha começado em grande estilo e terminaria em grande estilo também.
Não era possível para Woods esconder o quanto estava excitado, pois de seus olhos transbordavam o mais puro desejo. Já não conseguia disfarçar o quanto seu ego gostava de ter aquele homem aos seus pés.
ꟷ Oliver, você não presta. Passou a noite toda me provocando. Safadinho.
ꟷ O que posso fazer, se até o seu perfume é algo que me seduz?
O sorriso malicioso que tinha era apenas a ponta do iceberg do seu desejo.
ꟷ Amanhã você vai ter que ir pra Londres, então quero de dar um presentinho hoje, meu bem.
É claro que Oliver se animou com essas palavras, afinal, não era de sair da sua zona de conforto daquela forma. Ele pensou que finalmente havia conseguido derreter um pouco do coração frio da moça que estava em seus braços.
ꟷ Presente? Não sei se mereço.
riu, encantada com a inocência dele diante da situação que ela tinha planejado. Estar nos braços daquele homem não era mais do um suprimento de suas necessidades fisiológicas sexuais. Portanto, o seu presente não tinha nada além de especial para ela.
ꟷ Woods, eu quero me despedir em grande estilo, vai!
ꟷ Eu aceito o presente. Não reclamo de nada, .
A mulher segurou a vontade de rolar os olhos quando ele usou o seu apelido e abriu um sorriso sedutor.
ꟷ Perfeito! Então, o comando da noite é meu, e você tem que me obedecer hoje, ok?
ꟷ Pode deixar.
Com isso, Knights não demorou a se desvencilhar dos braços malhados de Oliver. Rapidamente o empurrou para a cama e o fez se sentar lá.
Infelizmente, os saltos que usava na noite não eram os ideais para uma noite quente ,então ela fez com que ele os tirasse. Aproveitando que a cama tinha um dossel, ela segurou com uma das mãos neles para ter um apoio enquanto estendia uma perna por vez, para que Woods retirasse os seus sapatos.
ꟷ Excelente trabalho, Oliver. ꟷ a mulher disse, ainda com um dos pés no colo do homem. ꟷ Tenho uma missão para você, meu caro. Acenda as velas que estão espalhadas pelo cômodo. Quero um clima romântico hoje.
ꟷ Vai ser assim hoje?
ꟷ Assim como?
ꟷ Você no comando?
ꟷ É claro que vai, quem está te dando o presente sou eu. Agora, se você não quiser, pode sair pela mesma porta que entramos. Tenho certeza de que, se eu descer até aquele baile, encontrarei um substituto à altura, quiçá melhor.
A mistura de medo com tesão fez com que Oliver levantasse as sobrancelhas em pura surpresa com a resposta dela, e isso impulsionou o seu instinto obediente, pois logo ele estava procurando por todas as velas que estavam espalhadas e usando o isqueiro para acendê-las.
Já sentou-se na cama para observar o trabalho do homem. Deixou que sua mente lhe lembrasse de uma conversa com sua amiga Willow, em que ela disse à outra mulher: “eu estou tentando fazer o melhor que consigo, e eles não conseguem encontrar nada para me satisfazer”. E, de fato, aquela era a realidade dela. A sua busca por um marido para cumprir o pedido do testamento era intensa e incansável, mas, infelizmente, os príncipes que ela conhecia não passavam de uma versão mais tolerável do Gaston.
Quando todo o quarto estava à meia luz, sorriu. Oliver se voltou para onde a mulher estava.
ꟷ Qual a próxima ordem, minha princesa?
ꟷ Oliver, aqui eu sou a rainha, entendeu? Eu que mando. Você será apenas um bobo da corte que vai me fazer sorrir muito hoje.
O homem arqueou as suas sobrancelhas em surpresa com a fala da sua namorada, mas não a questionou em nada, pois ele mesmo já aguardava um momento como esse vindo dela, já que a mesma tinha uma personalidade forte fora da cama.
ꟷ Agora, sem mais papinho furado. Venha aqui.
Essa foi a deixa para que Woods e Knights começassem novamente a se beijar. Os seus lábios se encontraram com uma sede um do outro, as línguas lutando para decidir quem tinha o comando, que se alternavam com mordidas nos lábios inferiores.
As mãos de se embrenharam nos cabelos loiros do homem, permitindo que os beijos ganhassem uma nova profundidade. Já as mãos de Oliver sustentavam o seu peso para que o seu corpo não caísse totalmente por cima da mulher. O homem não tinha como se esconder do furacão que era aquela mulher na cama.
Quando dava presentes, ela não poupava afeto e não ligava para preço. Mas, naquela noite, o maior presente seria para ela, e ela sabia que valeria muito.
É claro que aquela não era a primeira vez que ambos estavam compartilhando uma cama, mas a certeza de que seria a última vez fazia com que tudo se tornasse mais intenso. Enquanto Oliver pensava que tinha dado certo com a mulher, que gemia em seus braços, só focava no intenso prazer que estava obtendo. Definitivamente, de vez em quando, um homem era melhor que um brinquedo.
Quando o sexo terminou, ambos estavam exaustos. Oliver foi se livrar do preservativo enquanto ainda recuperava o fôlego do intenso orgasmo que teve. Ao retornar a cama, Oliver vestiu novamente a sua cueca e dormiu. Já se levantou e tomou um banho, colocando uma de suas várias camisolas caríssimas de grife. Os seus ânimos já estavam calmos, mas, no fundo, tinha uma leve sensação de aperto no coração.
Terminar com alguém muito em breve se tornaria a sua especialidade. Tão logo o seu apelido de Princesa seria substituído por Coração de Gelo de tão fria que ela era durante os seus relacionamentos. As pessoas nunca entenderiam que ela buscava alguém que pudesse ser um bom rei ao seu lado, porém esse cara tinha que ser o mais próximo de perfeito que um homem pudesse ser. Infelizmente, homens perfeitos habitam folhas de livros, e não a realidade. Isso tornava apenas a sua vida amorosa mais movimentada do que a própria pretendia, mas, ei, não seria ela que desistiria de achar aquele homem.
O sapo da vez foi Oliver. Não que ela contasse muito, mas eles se relacionaram por tempo o suficiente para ela saber que não dariam certo. Então, Knights se aproveitou o máximo que deu de cada momento ao lado desse homem. Contudo, o beijo dele já tinha gosto de chiclete sem açúcar na sua boca, então não tinha como continuar ao seu lado. E ele não tinha nada de errado. Era um típico homem de negócios, bem sucedido, que, nas horas livres, era gentil e jogava golfe. Na realidade, ele representava tudo o que uma mulher, que não fosse Knights, queria. Era uma pena, mas o rolo deles começou com uma data de validade já. E foi com essa certeza que se deitou em seu travesseiro para uma noite de sono tranquila.
A mesa do café da manhã que estava posta na frente deles era a coisa mais farta que muitos já viram. Tinha nela de todo tipo de comida e essa era uma imagem digna de um comercial, mais um dos vários privilégios que tinha o prazer de desfrutar como integrante da corte.
Inicialmente, ambos estavam comendo em silêncio, até que Oliver começou a querer conferir com quando ela teria tempo para vê-lo em Londres, já que ele não poderia voltar tão cedo. É claro que ela tentou dar muitas desculpas. Ele não era burro, portanto, não demorou muito para sacar que tinha algo errado.
ꟷ , amor, eu já sei que você quer me dizer algo.
ꟷ Que bom que percebeu. ꟷ ele deu uma bebericada em sua xícara de chá. Aparentemente, estava já se preparando para encarar os hábitos ingleses.
ꟷ É uma conversa delicada, eu acho melhor esperar você voltar da sua viagem.
ꟷ Imagina, eu vou passar meses lá. Não posso esperar.
ꟷ Tem certeza?
ꟷ Tenho. Me conte logo.
ꟷ Eu estive muito feliz esses últimos meses que nos relacionamos, e, não me leve a mal, você é um cara legal. Na verdade... Eu quero terminar com você.
Oliver só não colocou para fora o chá que bebia porque ainda não tinha dado o próximo gole. Desviou os seus olhos da tela do celular em que fitava as suas últimas mensagens. Ele já conhecia bem a mulher que se sentava à sua frente, e o seu orgulho não permitiu que deixasse que a mulher terminasse com algo que ele classificava como historinha para enrolá-lo.
ꟷ Mas por que você está terminando comigo? ꟷ era a única coisa que ele queria saber mesmo. Aos seus olhos, não tinham nenhum problema. era, de longe, a melhor namorada que ele já teve durante toda a sua vida, e, por ele, não terminavam tão cedo.
ꟷ Não acho que a gente tenha mais o que fazer juntos além de sexo, Oliver. Mais do que isso que vivemos, é só um casamento.
ꟷ E qual é o problema de nos casarmos em algum momento no futuro?
ꟷ Só um: não te quero na minha linhagem.
Oliver não entendia de onde toda aquela autoridade vinha e, sinceramente, nunca entenderia, pois, como homem, estava acostumado a ter qualquer asneira proferida por ele como um tipo de verdade. Infelizmente, pais que não educam bem seus filhos, principalmente os homens, fazem seres humanos mimados. Se tinha uma coisa que não tolerava, era outra pessoa mimada. A mulher sabia que muitos a viam dessa forma. No entanto, mesmo com os seus milhares de privilégios, ela não era, de fato, mimado. A pessoa que usava aquela camisola de cetim de uma marca mega cara era simples.
deu a si mesma uns minutos, mas, em seguida, pediu licença e se retirou da mesa. Apenas com o seu olhar fez com ele entendesse que ela não queria vê-lo mais ali na sua frente depois que ela saísse do banheiro. E foi assim que tudo ocorreu. Não houve lágrimas. Não houve sequer uma gritaria. Ele, de fato, estava se mostrando o término mais tranquilo que ela tinha passado.
Demoraria algum – pouco tempo, talvez – para que se arranjasse outra ve. Afinal, a busca pelo príncipe encantado não tinha terminado, e, até que ela encontrasse o rapaz, ela continuaria pensando que nenhum deles era para estar na sua linhagem.

Nota da autora: Bloodline é a introdução de Amelie Knights ao mundo das fanfics. Ela é uma mulher forte que não teme a nada e que principalmente sabem bem o que quer para sua vida e seu futuro.
04. The Man, da ficstape Lover da Taylor Swift, é a continuação desta fic.
Gostaria de agradecer as meninas que organizaram o ficstape pela sua imensa paciência comigo durante esse processo!

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