Fanfic Finalizada

Capítulo Único

— Você tem até a próxima semana, . Sei que vai conseguir.
A mulher sentiu o corpo enrijecer com a afirmação de seu superior e, assim que saiu da sala do mesmo, com o coração batendo frenético, fechou os olhos com força, sem se importar muito com os olhares que provavelmente receberia por isso.
Não era a primeira vez que algo do tipo lhe acontecia. sempre foi uma das funcionárias mais exemplares da empresa em que trabalhava, recebendo constantes elogios de seus superiores e sendo ovacionada pelos demais, principalmente pela criatividade que costumava ter e por sempre conseguir transparecer isso da melhor forma para todas as equipes. O problema era que, por mais que fosse considerada excelente, os trabalhos mais árduos também caíam sobre si.
Exatamente como aquele.
Sentiu o celular vibrar no bolso de seu jeans e o pegou, avistando o display piscar com a mensagem de sua melhor amiga.

“Consigo sentir sua decepção de longe. Me encontra no refeitório. Ele te tirou do sério de novo, não foi?”


soltou um resmungo quase imperceptível ao terminar de ler a mensagem, só conseguindo focar no trabalho que iria ter para conseguir achar o aroma perfeito para a nova coleção de outono da empresa para a qual trabalhava.
Deixou o corpo ereto, pronta para encontrar sua amiga. Era melhor ela começar a pensar em como começar aquilo de uma vez.

Gammiroun hyanggideulloman gadeuk dama
(preenchido apenas por aromas doces) Nal tteoollige hagopa (eu quero me lembrar…)


Uma semana?! — Bom, é o que parece. — Um suspiro alto escapou dos lábios de .
A mulher se encontrava sentada em uma cafeteria próxima do trabalho, de frente para a amiga que trabalhava na mesma empresa que ela. Suran a encarava como se ainda não estivesse acreditando em tamanha audácia e a única coisa que a outra conseguia fazer era encarar o copo fumegante com café que seus dedos enlaçavam sobre a mesa.
havia prometido a si mesma que, assim que saísse do escritório, iniciaria seu projeto. Mas algo dentro de si a impedia de começar. E Suran não parecia estar ajudando muito naquele instante.
Ah! Eu sabia que ele não batia muito bem da cabeça. Como é que é possível te passarem um planejamento desse em uma semana? — Suran riu fraco, desacreditada. — Você não questionou?
— Eu tentei, mas você sabe como é. Sequer me ouviram — murmurou. Olhou para a amiga, mas sua mente estava longe.
— O que é? Conheço esse olhar.
— Não é nada demais. Só… Será que consigo achar a fragrância certa para essa estação? — perguntou, repassando alguns esboços do que faria para conseguir tal coisa.
Suran colocou o cotovelo acima da mesa, depositando a xícara de café com a outra mão também sobre ela, e encarou a amiga.
— É claro que você consegue. É , a melhor avaliadora olfativa e desenvolvedora de fragrâncias da Diffuser Co. Não brinque com uma coisa dessas. — Apontou para a amiga, deixando um sorrisinho de canto surgir.
riu fraco com a brincadeira da amiga e balançou a cabeça, fechando os olhos brevemente ao relembrar todo o trabalho que teria. Sabia que conseguiria cumpri-lo, mas não entendi o porquê daquela vez estar parecendo mais difícil que o normal.
— Hein, não se preocupe. Sei que parece mais complicado do que o normal, mas você vai tirar de letra. Já tenho um esboço em mente de como retratar esse perfume. Vai ficar sensacional.
— Mas você nem o sentiu ainda! — Rebateu. Suran arrebitou o nariz, cruzando os braços.
— E não preciso. Confio no seu potencial e sei que vai conseguir. — Piscou.
olhou para a amiga por alguns segundos antes de respirar fundo, tentando absorver toda a positividade que a outra tentava lhe passar.
Sentia o coração ainda bater rápido e frenético dentro do peito, pensando em todas as possibilidades e coisas que deveria fazer. Com isso, deu uma longa golada no líquido que preenchia seu corpo e soltou um pigarro fraco, antes de pegar sua bolsa e o sobretudo, se levantando de onde estava.
— Nos vemos mais tarde? Sua dose de credulidade me deu ânimo para começar esse projeto. — Deixou um sorriso fraco transparecer, mesmo contido no canto dos lábios.
Suran bateu palminhas, esbarrando de leve no braço da amiga.
— Gosto de te ver assim! Vai lá gastar toda sua energia com o que gosta. Mais tarde terá um vinho te esperando.
— Você é a melhor! — disse antes de soltar um beijinho e sair em direção às ruas agitadas de Seul.

eongwonhi ganjikaejwo
(quero que você me guarde para sempre)
I'll be ya permanent diffuser
(eu serei o seu difusor permanente)


Algumas folhas já estavam espalhadas pelo chão das calçadas arborizadas.
tinha o olhar focado no celular, separando e listando o que precisaria fazer no decorrer daquele dia enquanto caminhava, não tão apressada, entre as pessoas que andavam ao seu redor.
Ajustou a alça de sua bolsa no ombro enquanto continuava a andar. Mesmo estando tão focada como naquele instante, a única coisa que ela conseguia pensar com frequência, por mais que não quisesse aquilo, era em como seu superior conseguia tirá-la do sério quando queria.
Ainda mais ao informar o prazo curto de um novo projeto, coisa que ela odiava justamente por ter que resolver tudo quase que de última hora.
Continuou andando sem um rumo específico, colidindo levemente com algumas pessoas e pedindo desculpa a outras por sua falta de atenção.
A lista continuava a crescer.
— Eu queria ter ao menos um pouquinho do seu otimismo, Suran — murmurou para si mesma, como se a amiga fosse ouvir sua reclamação de algum lugar.
Respirou fundo e deixou os ombros relaxarem, até sentir algo que a paralisou brevemente.
piscou algumas vezes, tentando assimilar o que acontecia. Um aroma desconhecido e nostálgico a enlaçou momentaneamente, a fazendo sentir o corpo arrepiar de imediato. Não compreendeu quando o corpo parou, bem no meio da calçada, e a fragrância tomou conta de suas narinas, fazendo com que a mulher sentisse o coração bater acelerado, quase como quando você fica ansioso para algo, mas não faz ideia do que se trata.
Ela mordiscou os lábios, prestando atenção ao seu redor. A essência não parecia ter vindo de alguém que passou por ela. Nem mesmo se lembrava de um perfume tão atípico quanto aquele, nunca havia sentido um cheiro igual.
Os olhos brilhantes de passeavam por cada loja espalhada pela calçada daquele bairro e sentiu sua visão ser puxada para um ponto específico do outro lado da rua.
Onde continham flores, das mais coloridas e diversificadas, assim como muitas plantas esverdeadas, sendo tomadas de outros tons excêntricos. A fachada era inteiramente acolhedora, com luzes amareladas e alguns desenhos ao lado de fora, nada tão chamativo, mas interessante.
, por breves segundos, se sentiu interessada em atravessar a rua para conhecer o local, principalmente para saber a que o cheiro pertencia.
Não pensou duas vezes para fazer tal coisa. Ainda teria tempo o suficiente para continuar vendo sobre o seu projeto e acabar parando em uma floricultura poderia até lhe ajudar com alguma nova ideia.
caminhou rapidamente, observando um pouco de cada detalhe do local assim que se aproximou, o observando com mais delicadeza, e sentiu o corpo arrepiar mais uma vez.
O cheiro voltou a emanar, fazendo com que a mesma sensação nostálgica a inebriasse outra vez.
Ela se sentia fascinada.
Deixou os olhos percorrerem por todas as flores estampadas do lado de fora e, quando abaixou o olhar, seu coração pareceu travar.

Ne sumgyeore salmyeosi
(suavemente em sua respiração)
Daa itgo sipeo gyesok
(eu quero estar em contato com você)


podia dizer com todas as palavras que nunca havia visto ou conhecido alguém tão fascinante como o rapaz que trabalhava com afinco do lado de dentro. Os cabelos negros, lisos e brilhoso caíam volta e meia por seus olhos, chamando sua atenção para o quão charmoso ele conseguia ser. O sorriso que crescia em seus lábios todas as vezes que cumprimentava algum cliente fez com que sentisse seu coração descompassado dentro do peito.
Quem era ele?
O rapaz vestia uma blusa social branca por baixo do avental que usava e as mãos estavam ocupadas com alguns ramos de flores que, ao final, davam forma a um buquê excepcional. Parecia fácil demais nas mãos do rapaz.
Não se deu conta de quanto tempo estava o observando, mas só caiu em si quando o olhar do rapaz seguiu em direção a janela, a olhando intrigado. Quando notou que não conseguia tirar seus olhos dele, sorriu.
E aquele sorriso a desconcertou por completo.
Rapidamente a mulher saiu de seu campo de visão, se escondendo atrás de algumas flores e fechou os olhos com força, se sentindo boba demais para agir daquela forma.
Por que o encarou por tanto tempo?
Ela sentiu o cheiro de antes ficar mais forte, lhe dando a mesma nostalgia sentida momentos atrás.
— E então, você gosta tanto de Peônias assim? — Ouviu a voz grave atrás de si e instantaneamente abriu os olhos pelo susto, levando a mão ao peito. Sentiu seu coração acelerado. virou o rosto em direção a pessoa e pôde observar o olhar divertido do rapaz em sua direção.
— Ah, eu… Na verdade, eu estou… — tentou reformular o frase e se praguejou por não estar conseguindo nenhuma.
— Você quer ajuda? Procura algo em específico?
Ela o olhou por alguns segundos, conseguindo notar cada pequeno gesto do mesmo. O rapaz não parecia se importar com o olhar dela sobre si.
piscou algumas vezes, voltando à realidade.
— É que… Eu estava do outro lado da rua e senti uma fragrância diferente. Quase como se fosse um perfume. É específico demais para conseguir descrever — disse, respirando fundo, como se pudesse sentir o perfume outra vez. Ele a olhava completamente interessado. — Não era tão forte, mas tinha uma leve essência doce e marcante. Quase como se nem fosse daqui.
Ele ainda a observava como se estivesse admirando algo intrigante.
— Bom, você sabe, podem ter várias opções com essas descrições. — Soltou uma risadinha fraca, olhando levemente ao redor. — Mas vamos lá dentro. Talvez você encontre o que está procurando.
sorriu de canto, assentindo com o rapaz, e o seguiu até a parte interna da floricultura, se encontrando admirada com tamanha vitrine de flores espalhadas por ali. O cheiro se tornava cada vez mais evidente e aquilo a fez sorrir de forma imperceptível.
— É para alguma ocasião específica? Um presente, algum evento? — O rapaz voltou a falar, parando próximo ao corpo da mulher. Enquanto tinha seus olhos ao redor, ele mantinha seus olhos nela, a analisando.
— Para ser sincera, é para um projeto. Adoraria comentar sobre ele, mas por enquanto não posso. Desculpe.
O lançou um olhar rápido. Ele sorriu.
— Não precisa se desculpar. Você procura alguma espécie característica? Algo marcante ou não tão forte? — perguntou, andando vagarosamente ao seu lado. Ele pegou um ramo à esquerda, colocando próximo a . — Álisso. Se você prefere algo doce, como o mel. — Cheirou e devolveu ao seu lugar. sorriu admirada. — Frésia. Possui um leve aroma floral e suave. Você o percebe, mas quase minimamente. — Arqueou a sobrancelha, divertido, erguendo um ramo da flor roxa. — Tudo vai depender do seu objetivo, senhorita.
, por favor. — Soltou, sentindo as bochechas queimarem em seguida. Ele sorriu. — Pode me chamar assim.
— Pode me chamar de , então. Ao seu dispor. — Curvou o corpo, tirando uma risada fraca da mulher a seu lado. Ele sorriu mais uma vez. — Posso te mostrar o outro mostruário, se quiser.
— Eu não sei… Sinto que o que quero está por perto, mas não sei dizer onde — murmurou, colocando o indicador apoiado no queixo. Com isso, sentiu um vento fraco adentrar o local, levantando o perfume procurado outra vez. — Você sentiu?!
deixou os olhos caírem sobre ela, a admirando por breves segundos e assentiu, pressionando os lábios.
— São as Glicínias. Quase não são procuradas e, para ser sincero, é uma das minhas essências preferidas. — Deu espaço para que começasse a andar e caminhou junto dela até o final da loja.
Assim que a mulher colocou os olhos sobre as pétalas roxas, quase pode ter certeza de que aquela seria sua escolha.
— São lindas. — Mencionou. a olhou, afirmando. — O cheiro é revigorante.
tinha sua mente trabalhando em um turbilhão de ideias e demais aromas misturados ao original para a nova coleção de outono. Conseguia misturar perfeitas combinações para que o projeto pudesse ser finalizado, tão cedo assim.
A mulher abriu um sorriso enorme ao se dar conta do que estava acontecendo e animada, virou para o rapaz, o enchendo de excitação.
— Preciso de um buquê dessa espécie!
E assim, apontou para as pétalas, fazendo soltar uma risada gostosa com sua reação e seguir para pegar o que ela havia pedido.

Naquela noite.


— Como é que é?!
A voz de Suran ecoou pela sala de estar das duas, de forma incrédula.
gargalhou com a reação da amiga e balançou a cabeça, afirmando.
— Eu sabia que você era ótima no que fazia, mas céus, , como conseguiu tão rápido?
— Para ser sincera, nem eu sei te dizer. Já sentiu como se você só tivesse a certeza de que era aquilo? Foi o que aconteceu. — Bebericou um pouco do vinho, observando as flores que agora já estavam repousadas dentro de um jarro detalhado. — Uma hora eu estava do outro lado da rua e na outra havia encontrado o ramo das flores. É só que… Parece surreal demais, entende? Não tem nem vinte e quatro horas que recebi o projeto e já sei o que fazer.
Suran ainda tinha seus olhos arregalados com tamanha inteligência da amiga, mas notou que algo em sua expressão parecia diferente. Quase como se tivesse algo a mais.
— Não sei… Por que algo no seu olhar me alerta de que tem alguma outra coisa?
O quê? — disse, em espanto. Suran franziu o centro.
— Hm, você parece mais vívida desde que chegou. Tem certeza de que você cheirou só as flores? — perguntou em brincadeira. gargalhou outra vez.
— Para. Foi só isso. — Mencionou, suspirando. Olhou mais uma vez de lado para a amiga e decidiu por contar logo o que lhe prendia a mente. — Você conhece aquela floricultura do centro?
— Quem não conhece? — rebateu. revirou os olhos. — Tá, tá. O que tem?
— Eu fui lá hoje. E teve um rapaz que me ajudou. Algo nele me despertou curiosidade. — Apoiou a mão na lateral da cabeça e a descansou ali. — Nunca o vi antes.
Eu sabia! — Apontou para a amiga, depositando a taça com o resto do vinho em cima da mesinha. — Quero saber de tudo! Vocês conversaram, como foi?
escondeu o rosto nas mãos, sentindo as bochechas queimarem.
— Nem conversamos direito, Suran! Foi basicamente sobre flores e essências. Ele foi super atencioso, me deu a maior atenção, mas…
A amiga tentou conter um sorrisinho no canto dos lábios.
— Mas nada. Por que não volta lá e tenta puxar algum assunto?
Aish, claro que não! — Contestou. Balançou a cabeça, tentando esquecer o assunto. — Deixa isso pra lá. E você, hein? Melhor se preparar para desenhar sobre a linha dessa estação.
Enquanto Suran começava a falar sobre seu trabalho e de como pensava em começar a desenhar a essência que havia encontrado, a mente da garota estava longe, pensando no rapaz que havia lhe recepcionado mais cedo. Ele parecia mais novo que ela, mas aparentava uma maturidade notável.
E olhando o buquê de flores vívidas no canto de sua sala, no fundo a mulher se perguntou se deveria voltar à floricultura na manhã seguinte.

Neoui mameul gadeuk chaewo
eu sempre deixarei seu dia doce all day, all night
o dia todo, a noite toda


O olhar da mulher caiu sobre o celular que segurava mais uma vez.
andava apressada pelas ruas movimentadas se desculpando com algumas pessoas pela euforia que tomava conta de si. Conseguia perceber algumas flores e folhas espalhadas pelo chão deixando claro o outono evidente daquele ano e aquilo a fez sorrir por alguns segundos, se sentindo animada que só.
Algumas imagens passavam por sua mente. O fato de que nas últimas semanas se sentia inteiramente vívida, animada, sem qualquer resquício de cansaço acumulado e tristeza dentro de si. costumava se sentir solitária na maior parte do tempo, sempre ocupada pelo trabalho e as preocupações a seu redor, mas algo naquele dia, quando sentiu o aroma que a impulsionou a fazer algo maior e melhor, logo conhecendo , despertou algo que ela não sabia dizer ao certo o que era.
Só tinha certeza de que foi a melhor coisa a lhe acontecer.
Qualquer pessoa que passasse ao seu lado conseguia ver tamanho brilho que emanava da mulher. Aquilo era bom o suficiente para que ela soubesse que estava no caminho certo.
Ela esperou alguns carros passarem, sentindo o coração bater forte dentro de seu peito, repleto de alegria, e já conseguia avistar do outro lado a floricultura, repleta de cores vívidas e um movimento que já estava acostumada a avistar.
Aquilo a fez lembrar das últimas semanas, quando tomou coragem para se aproximar ainda mais de .

O olhar da mulher percorria todo o cantinho do recinto.
Mesmo do lado de fora, queria tentar observar de alguma forma. Desde a primeira vez que o viu e que tiveram a primeira interação, sentiu que talvez valesse a pena tentar conhecê-lo melhor de alguma forma, mesmo que ao final disso tudo não saísse algo tão positivo como Suran havia mencionado. se privara de tantas coisas nos últimos anos que ao menos focava em sua vida amorosa ou até mesmo se tinha uma.
O que só resultava no fato de se sentir uma criança olhando o rapaz do outro lado assim.
Não sabia dizer muito bem o que a estimulou a querer tanto conhecê-lo assim. Talvez tivesse sido o fato de que ele havia lhe dado a atenção que não recebia ultimamente ou se foi por ter demonstrado certo interesse no que ele fazia.
não sabia.
Só pensou que talvez pudesse dar certo de alguma forma.
Pressionou seus lábios, pensando em algo que pudesse fazer para puxar algum assunto. Ela era péssima com esse tipo de coisa.
Ajeitou os fios teimosos de seus cabelos medianos e deixou o corpo ereto. Ela já havia terminado seu projeto, não tinha mais o que fazer no local.
Aish, como se sentia boba…
Não pensou duas vezes ao dar passos rápidos em direção a porta de vidro do lugar, a abrindo e contendo um sorriso no canto dos lábios.
logo a percebeu e sorriu também.
— Você por aqui outra vez.
— Espero que não tenha enjoado da minha cara. — Apontou para si mesma, rindo fraco. se aproximou. — Ainda tenho algumas coisas pendentes. Prometo que logo não irei aparecer aqui com frequência.
— O que é uma pena – respondeu, simples. manteve o olhar sobre o dele. — Gosto muito da sua companhia. Cá entre nós, se não for você, quem é que vai fazer meu tempo passar rápido aqui falando sobre perfumes e aromas?
soltou uma risada nasalada, achando graça na forma com que ele havia colocado. agora tinha os braços apoiados no balcão, a olhando de forma graciosa, com um sorriso contido nos lábios.
— Você é muito bobo. A maioria dos clientes fazem isso. — Mencionou, desviando o olhar para algumas orquídeas próximas a si.
— Mas com você é diferente. Não tem a mesma graça. — Resmungou. Ela balançou a cabeça, sentindo o coração descompassar outra vez. — E então, como posso te ajudar hoje? Ainda com o projeto em andamento?
sentiu a respiração trancar na hora. Não havia pensado em uma desculpa decente para estar ali se já havia terminado seu projeto.
Engoliu em seco, desviando o olhar outra vez.
— É, bom… Tem algumas coisas que faltam serem resolvidas e meu chefe ainda está analisando o que já tem em aberto… — começou, pigarreando em seguida. Droga, por que tinha que mentir daquele jeito? Era tão difícil só falar a verdade para ele?
— Espero que você consiga finalizá-lo logo. — Assentiu. deixou o corpo ereto e olhou no relógio de pulso. — Olha, meu intervalo é agora. Quer tomar um café comigo? Quem sabe assim você me explica melhor sobre esse planejamento misterioso.
sentiu o rosto formigar e as bochechas queimarem com o convite inesperado. a olhou por alguns segundos e sorriu despreocupado.
— Isso não é um encontro, , pode relaxar os ombros.
A garota piscou algumas vezes, se desconcertando por inteiro, e olhou para qualquer outro lugar que não fosse o rapaz na sua frente. parecia se divertir com a situação, a vendo tão graciosa daquela forma.
— Claro. Não é um encontro.

Depois daquele dia, os dois só conseguiram se aproximar ainda mais um do outro. sempre tentando marcar um encontro, mesmo que indiretamente, e se sentindo uma adolescente por querer tanto que aquilo acontecesse.
Parecia louco demais, mas a mulher não conseguia pensar em outra palavra que definisse melhor a situação do que gostar.
Pressionou os lábios, ainda com o coração descompassado, e segurou uma mão na outra, tentando conter a ansiedade e nervosismos de encontrá-lo.
Ela precisava contar a que ele havia sido a base de seu projeto. Que graças a ele, agora tinha um perfume registrado com a essência que a faria se lembrar dele a cada minucioso momento.
Quando colocou os pés na calçada da floricultura, apertando o sobretudo e ouvindo uma música suave ressoar de dentro do recinto, deixou um sorriso grandioso crescer nos lábios ao ver o rapaz trabalhando.
Ele só conseguia se tornar ainda mais encantador daquela forma, principalmente segurando um ramo de lírio nas mãos.
se virou brevemente, conseguindo avistar a mulher caminhando em sua direção, e a recepcionou com um sorriso acolhedor nos lábios.
— Então quer dizer que seu projeto tinha um pouco de mim? — perguntou, olhando de relance para a televisão, a qual já passava o comercial do novo perfume que havia ajudado a lançar.
As bochechas da mulher enrubesceram.
— Parece que você já adivinhou o que eu tinha para falar. — Mencionou, deixando um sorriso tímido transparecer no canto dos lábios.
Ele sorriu também, desta vez a observando por completo. Não disse mais nada. virou o corpo, sumindo da vista de e, assim que percebeu seu ato, a mulher quase foi atrás do mesmo impulsivamente.
Não entendeu o que havia acontecido ou se ao menos havia feito algo errado. Será que ele não havia gostado?
demorou breves segundos para retornar ao local onde ela estava. E uma de suas mãos estava para trás.
franziu o cenho.
— Fico feliz em saber que te ajudei com seu projeto de alguma forma — disse, retirando o ramo de flor que segurava atrás das costas e entregando à ela. Um ramo de Glicínias. — Mas posso ficar ainda mais se me deixar te conhecer um pouco mais como eu gostaria. — Deu uma piscadela, fazendo com as bochechas de tomassem um tom avermelhado instantaneamente. — O que me diz?

I'll be ya permanent diffuser
(eu serei o seu difusor permanente)


Alguns meses depois…


O sol esquentou a beirada da cama, aquecendo o pé de levemente.
A mulher se remexeu quase imperceptível enquanto o lençol amassado rodeava sua cintura e boa parte de seu busto. Seus olhos ainda permaneciam fechados e ela conseguia se sentir extremamente confortável com aquilo.
A verdade era que não queria estar em qualquer outro lugar se não fosse naquele.
Respirou fundo e uma essência conhecida lhe invadiu as narinas, fazendo-a sorrir minimamente. E o remexer da cama a seu lado fez com que ela virasse o corpo para o observar.
tinha seus olhos fechados em um quase despertar e o braço torneado abraçou o corpo da mulher, a puxando para mais perto de si em um abraço desajeitado, mas amoroso.
Nenhum dos dois disse algo. E sinceramente, não precisavam dizer. Só a presença e a troca de carícias era o suficiente para o agora casal.
deixou seus olhos pousarem no rapaz mais uma vez, levando a mão em seus cabelos em um carinho leve.
O perfume voltou a exalar. Ela sorriu.
— Que bom que te encontrei. — Comentou. abriu os olhos vagarosamente e a olhou por breves segundos. Ele ergueu o corpo para beijar os lábios da mulher.
— Que bom que eu te encontrei.
Repetiu, voltando a envolvê-la.
só teve certeza de uma coisa:
a marcaria para sempre. Assim como aquela essência.




FIM



Nota da autora: Oi, pessoal! Se você chegou até aqui, já agradeço muito por ter lido!

Espero que tenham gostado da história em si, vou adorar saber o que acharam! Beijos!
Caso queira ler mais histórias minhas, vou deixar minha página de autora.
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