Finalizada

Capítulo Único

Eu não pude acreditar quando atendi a porta depois da terceira vez que a campainha foi tocada. Estava no banho, então demorei um pouco até ficar minimamente apresentável para aquela recepção. Claro que pensei que fosse um vizinho qualquer enchendo o saco pela quinta vez naquele mês, para saber sobre as aulas de ioga que a antiga dona desse endereço dava e que pelo visto eram muito populares neste prédio. Eu deveria ter colocado uma placa em cima da minha porta com a informação de que a querida não morava mais aqui.
? — A minha voz saiu alta e surpresa. Tinham exatamente dez anos que eu não colocava meus olhos naquele desgraçado e ele ainda estava completamente lindo.
— Ah! , você é a nova moradora! Que coincidência, parece que somos vizinhos de novo.— Ele deu aquele sorriso quadrado lindo que sempre fez meu coração bater de forma descompassada, aquele maldito sorriso que foi embora para a cidade grande atrás de seu sonho e que me deixou para trás com os meus sonhos em pedaços. Tudo bem que ter o sonho de casar com ele e ter uma vida comum e pacata me parece um sonho ridículo hoje em dia, mas naquela época me machucou um pouco. Mas tudo bem, eu tinha outros sonhos agora e nenhum envolvia rever o meu antigo vizinho, primeiro namorado e eterno amor. Porque sim, eu nunca consegui superar aquele babaca.
— Coincidência mesmo, eu nunca pensei que meu apartamento novo era no seu prédio. — Abri um sorriso forçado. Não sei como ele consegue conversar de forma tão normal e tão natural, como se não tivessem passado dez anos sem nos falarmos.
— Eu moro bem ali .— Ele apontou para a porta atrás dele e em frente à minha. — E acontece que eu perdi as minhas chaves e chamei o chaveiro, mas ele vai demorar umas quatro horas para chegar, porque sabe, está tarde e ele só vai conseguir me atender depois do expediente normal. Será que eu posso esperar na sua casa? — Aquele sorriso de novo, e claro, eu fiquei meio perdida. Sei perfeitamente que ele é uma borboleta social, mas daí sair tocando as campainhas dos vizinhos pedindo para ficar na casa deles era uma novidade para mim.
, você ia bater na casa da sua vizinha e pedir para passar parte da noite na casa dela? — Tinha que matar minha curiosidade sobre o que fez com que ele batesse à minha porta naquela hora.
— Na verdade, somos bons amigos, mas eu sabia que ela tinha se mudado. Eu ia arriscar fazer uma nova amizade com meu novo vizinho, já que eu passei algumas semanas em turnê e não fazia ideia de quem tinha se mudado. Mas olha como a vida é engraçada, eu já te conheço, então foi mais fácil ter a cara de pau.  — Riu e parou quando eu não o segui. — Ah, mas se estiver ocupada ou acompanhada, eu super entendo. Posso procurar uma cafeteria e esperar dar o horário. —  Ele fechou os dentes, e eu vi o brilho nos olhos dele sumindo.
— Ah, não, não é isso. Eu só fiquei curiosa. — Sorri. — Entra, fica à vontade. Não vou dizer para não reparar na bagunça, porque você já conhece a minha bagunça. —  Me permiti rir. — Avisa o chaveiro para bater aqui quando chegar. Eu vou vestir uma roupa, porque estava no banho e já estou ficando com frio enrolada nesse roupão.
Deixei ele na sala enquanto seguia o pequeno corredor que dava acesso aos quartos e ao banheiro. Depois de alguns minutos, voltei até a sala de pijama mesmo. Não ia me arrumar muito para esse reencontro, embora nunca o tivesse esquecido. Sou uma pessoa extremamente rancorosa, e a raiva, embora tivesse o apoiado, ainda estava no meu coração.
— Uau, você virou arquiteta. Eu sabia que esse era seu dom. Não sei de onde você tirou que queria ser administradora. Eu sempre soube que aquela faculdade não era para você e...
— Você disse aquilo porque queria que eu viesse com você! —  Disse, colocando duas latinhas de cerveja na mesa de centro da sala e me sentando no sofá e ligando o som em uma playlist aleatória só para termos um som ambiente. Fiquei esperando ele parar de olhar meu diploma de arquitetura que estava na parede, junto com uma foto dos meus pais e outra da minha viagem de formatura para a Alemanha, que compunham a decoração da parede oposta à sacada, e se sentasse também.
— Você ainda gosta dessa marca. — Ele disse, mudando brevemente de assunto ao ver a cerveja de latinha verde sobre a mesa. — Sabe, eu não dizia aquilo para que viesse comigo. É claro que eu gostaria muito de te ter por perto, mas sabe, depois que consegui ser contratado pela agência, soube que seria muito pior se tivesse vindo. O contrato tinha várias cláusulas de relacionamentos e até de amizades com mulheres, e depois da fama, sabe, com as fãs e tudo mais, sempre foi difícil.
Ele finalmente se sentou ao meu lado e abriu a latinha.
— Eu sei, e você não ia conseguir se concentrar no seu trabalho comigo aqui. Você sabe que sempre quis ficar grudado. Às vezes, não somos o nosso melhor juntos. Eu já pensei nisso muitas vezes.
Virei quase todo o conteúdo da latinha na garganta e engoli aquela verdade junto.
— Acho só que estivemos na hora errada e no momento errado na vida um do outro. Olha aqui o destino nos reaproximando. Quem sabe essa não é uma segunda chance. — Ele tinha um tom otimista que mexeu com meu fluxo sanguíneo, que parecia fervilhar dentro de mim.
— Achei que estivesse namorando aquela cantora, como é o nome dela? — Disse, tentando esconder o rubor das minhas bochechas, mudando o foco daquele assunto.
— Esses rumores são doentios. A gente nem se conhece, quer dizer, a gente já se esbarrou em uma premiação ou outra, mas sabe, não somos amigos e nem cantamos para a mesma empresa, não faz sentido nenhum. — Ele pareceu incomodado e eu também. Sempre pensei em como aquelas coisas para vender matérias eram aborrecedoras e inconvenientes para ambos os envolvidos.
Parecia que eu estava conversando com um amigo de longa data pela facilidade de intimidade que criamos mesmo depois de tanto tempo. Talvez seja porque, como disse antes, nunca consegui superar o que sentia por ele, mas ao mesmo tempo parecia que estava tagarelando com um desconhecido. Tínhamos seguido caminhos diferentes, conhecido pessoas. Ele, o mundo todo com as turnês com o grupo que fazia parte, e eu o país inteiro com meus designs de arquitetura para os mais diferentes prédios e projetos. Como também dito antes, seguimos nossos sonhos - os mais promissores pelo menos - e agora éramos adultos, com carreiras sólidas, e vivendo como vizinhos novamente.
Enquanto conversávamos, uma suave melodia começou a tocar ao fundo, preenchendo o ambiente com uma atmosfera nostálgica e romântica. Era como se a música fosse a trilha sonora perfeita para aquele momento de reencontro.
olhou ao redor, captando os detalhes da minha decoração. Seus olhos pararam na foto da minha viagem de formatura para a Alemanha, e um sorriso nostálgico se formou em seus lábios.
— Lembra daquela noite na praia, quando dançamos sob as estrelas? — Ele perguntou, sua voz tingida de saudade.
— Como poderia esquecer? —  Respondi, o calor do momento anterior se misturando com a doce lembrança daquela noite especial.
— Você ainda dança? — Ele perguntou, estendendo a mão como um convite silencioso.
Sem hesitar, levantei-me do sofá e coloquei minha mão na dele. Lentamente, começamos a dançar na sala de estar, nossos corpos se movendo em sincronia com a música.
Enquanto dançávamos, as palavras da música que estava tocando ecoavam em minha mente, trazendo à tona sentimentos há muito guardados. Era como se as letras falassem diretamente sobre nós, sobre nossas histórias entrelaçadas e os caminhos que percorremos separadamente, mas que agora se cruzavam novamente.
O silêncio confortável entre nós era interrompido apenas pelo som suave da música e nossas respirações em harmonia. Era como se o tempo tivesse parado naquele momento, permitindo-nos reviver lembranças e criar novas memórias juntos.
Enquanto dançávamos, nossos corpos se aproximaram naturalmente, a tensão e a emoção do reencontro transformando o ar ao nosso redor. Nossos olhares se encontraram, e por um instante, tudo o mais desapareceu, deixando apenas nós dois no centro daquela dança.
— Você se lembra da primeira vez que nos beijamos? — sussurrou, seus olhos brilhando com uma mistura de nostalgia e desejo.
— Como se fosse nossa última vez —  Respondi, meu coração acelerando enquanto revivia aquela lembrança. Não sabia como aquele reencontro de poucas horas pode se transformar nesse momento, mas estava deixando me levar, talvez fosse só mais um dos sonhos doidos que eu tinha com ele vez ou outra, mas eu iria aproveitar cada minuto.
— Eu nunca esqueci aquele momento, . Foi como se eu estivesse sonhando e agora também parece um sonho esse nosso reencontro, se for isso, por favor, não me acorde agora, eu estou muito feliz com ele. — Ele admitiu, sua voz carregada de sinceridade.
— Eu também não quero ser acordada — Confessei, deixando-me levar pela sinceridade do momento.
Enquanto continuávamos a dançar, as palavras se tornaram desnecessárias. Nossos olhares, nossos toques, tudo falava sobre os sentimentos que ainda existiam entre nós, mesmo após tantos anos separados.
E então, num momento de impulsividade e emoção, nossos lábios se encontraram em um beijo suave e apaixonado. Foi como se o tempo tivesse voltado atrás, e todas as barreiras que nos separaram desaparecessem naquele instante mágico.
Quando nos separamos, nossos olhares ainda transmitiam a intensidade dos sentimentos que nunca morreram. Era como se estivéssemos finalmente reconhecendo o que sempre esteve lá, mas talvez estivesse escondido.
— Eu ainda gosto de você, . Nunca, em nenhum momento da minha vida eu deixei de gostar. — disse, sua voz firme e sincera.
— E eu também, . Eu nunca deixei de gostar de você. — Respondi, deixando as lágrimas de uma confusão e um sentimento que lembrava felicidade mas que eu não entendia no momento escaparem.
Enquanto estávamos imersos no momento de ternura e redescoberta mútua, o som insistente da campainha interrompeu nossa intimidade. Olhamos um para o outro, surpresos com a interrupção abrupta daquele momento tão especial.
— Deve ser o chaveiro. — Comentei, desfazendo lentamente o abraço e me afastando de , ainda sentindo a proximidade dos nossos corpos.
assentiu, compreendendo a necessidade de atender à porta. Ele deu um passo para trás, permitindo-me o espaço necessário para me dirigir à entrada.
Ao abrir a porta, dei de cara com o chaveiro, um homem de meia-idade com uma expressão impaciente.
— Desculpe a demora, senhora. Estava atendendo a outros chamados na vizinhança. — Ele disse, sua voz cortando o clima romântico que havia se estabelecido momentos antes.
— Sem problemas, obrigada por vir tão rapidamente. — Respondi, tentando disfarçar o constrangimento da situação.
Enquanto o chaveiro trabalhava para abrir a porta de , eu olhei de relance para ele, sentindo a conexão entre nós ainda presente, apesar da interrupção indesejada. também me olhou, seus olhos transmitindo uma mistura de desapontamento e compreensão.
Assim que o chaveiro terminou seu trabalho e saiu, ficamos parados na entrada do apartamento, sem saber ao certo o que dizer após aquele momento tão íntimo ser interrompido tão bruscamente, foi realmente um reencontro surpreendente.
— Desculpe por isso, e sei lá, por tudo, por ter me afastado, por não ter te procurado, por ter te beijado sem termos uma conversa decente. — quebrou o silêncio, sua voz suave carregando um tom de arrependimento.
— Não se preocupe. Às vezes, a vida não sai do jeito que a gente quer, mas o que importa, é que estamos aqui, nos reencontramos, e fomos sinceros um com o outro, somos vizinhos novamente, vamos conseguir conversar e botar os pingos nos is o quanto quisermos. — Respondi, forçando um sorriso para dissipar a tensão que se instalou entre nós.
 Sabíamos que ainda havia muito a ser explorado e resolvido entre nós, mas aquele breve instante de reconexão foi suficiente para nos lembrar do que realmente importava: o amor que ainda existia entre nós.



FIM



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? 2/3 histórias escritas para esse ficstape, porque eu sou absolutamente apaixonada por esse album e como Kim Taehyung mexe com a minha mente e sabe perfeitamente como me conquistar com meu gosto musical, essa aqui é sobre Reencontros inesperados e insuperáveis (confesso que também não superaria Kim Taehyung kkkk) e segundas chances.
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.   



 

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