Última atualização: Fanfic finalizada.

Prólogo

Meu mundo despencou no momento em que atendi a ligação do meu irmão. disse que tinha sofrido um acidente de carro e que estava internado no hospital do centro. Meu irmão disse para eu não assistir nenhum noticiário e muito menos olhar os sites jornalísticos. Entrei. Aquele homem ensanguentado dentro daquele maldito Lamborghini com a frente toda amassada, não poderia ser o meu . Mas eu sabia que era. O mundo já sabia que o melhor engenheiro de fórmula 1 era que estava dentro daquele carro.
sempre foi alucinado por velocidade, desde que era adolescente, e esse amor passou a crescer quando entrou para o curso de engenharia na TU München, uma das integrantes da TU 9, Technische Universität 9, a melhor universidade de tecnologia da Alemanha. Depois de conseguir se tornar mestre e doutor, se consagrou o engenheiro mais cobiçado entre as equipes de Fórmula 1, mas ele pertencia somente à Mercedes. era loucamente apaixonado por aquele mundo de carro e velocidade, ele dizia que morreria fazendo aquilo. E quase morreu.
Quase.
estava em coma há dois meses. O carro teve perda total e os médicos diziam que era quase um milagre ele ter só machucado o braço e o rosto. Mesmo em coma, ele estava respirando sem ajuda de aparelhos. Deus tinha dado—lhe mais uma chance e eu só podia agradecer por aquela dádiva, independente das sequelas.
, é do hospital. — Müller, meu assistente, falou e eu fiz sinal de positivo, atendi pela extensão.
— Senhora ?
— Sim?
— O senhor ...
Deixei o telefone cair, peguei minha bolsa e saí da minha sala igual louca, as lágrimas queriam tomar conta de mim. Que aqueles projetos todos fossem para o inferno, que aqueles empresários fossem junto. Nada mais importava para mim. Nada mais importava além do fato de ter acordado. Ele tinha voltado para mim.
— Cadê o , doutor? — perguntei assim que encontrei o médico que parecia já me esperar no corredor.
— Ele está no quarto, eu ainda não o consultei. pediu água e comida. Vamos lá?
— Lógico. — respondi apressada. O doutor Adrian me conduziu até o quarto. estava vidrado numa corrida de F1, parecia entender tudo mesmo com a televisão no mudo.
? — e ele voltou sua atenção para o médico. Seu rosto tinha duas cicatrizes, uma na bochecha e outra no queixo, agora já estavam bem finas. Seus olhos continuavam com aquele castanho brilhante e seu cabelo permanecia grande e bagunçado.
— Doutor, finalmente! Quando vou poder ir para casa? E eu vou continuar internado? Quem é essa médica nova? — fez a última pergunta olhando diretamente para mim. Ele não se lembrava de mim, não fazia ideia que namoramos durante a universidade e que agora éramos casados.
, que dia é hoje?
— Não me lembro, mas deve ser Fevereiro de 2006.
Minhas lágrimas encheram meus olhos. Ele se lembrava de coisas até Fevereiro de 2006, nós tínhamos nos conhecido em Março daquele mesmo ano.
, você pode esperar lá fora?
— Claro... — sussurrei e caminhei até a porta lentamente.
— Ela é a mulher mais linda que eu já vi na minha vida. Será que ela é solteira? Um dia eu ainda caso com essa mulher.
Fechei a porta e não pude escutar mais nada. "Nós já éramos casados, ." pensei.
O doutor e passaram quase uma hora lá dentro. Adrian saiu de lá e me deu o diagnóstico. Meu marido teve parte da sua memória danificada. Ele poderia ser estimulado, mas, basicamente, as memórias sempre voltariam quando elas bem entendessem e não teria ordem. Pelo que Adrian disse, a única lembrança fiel que ele tinha, era da morte da família. havia sido o único sobrevivente e continuava sendo.
Quando voltei ao quarto, já estava dormindo, tranquilo, como sempre dormiu.

Capítulo 1

, eu preciso te apresentar uma pessoa. — Adrian falou gentilmente assim que fiquei ao seu lado.
— Quem é?
. Ela é sua mulher. — falou e eu não consegui me mover, Adrian me olhava como se aquilo não fosse possível. Ele ainda se via como um garotinho universitário. — Vou deixar vocês sozinhos. — e saiu do quarto.
— Isso é sério?
— Sim. — respondi e ele balançou a cabeça.
— Então eu realmente sou casado, tenho cabelo grande e possivelmente uma barba? Olha só, parece que ela está crescendo.
— Ela está, eu pedi para tirarem quando você estava em coma.
— Dois meses, certo?
— Dois meses e quatro dias para ser mais exata. — respondi e ele calou.
— Então, , nós somos casados... Temos filhos? — perguntou e eu baixei a cabeça.
— Você não se lembra de nenhum dos seus filhos?
— Meu Deus! Eu tenho filhos. Quantos filhos eu tenho?
— Nós temos quatro! — respondi e me encarou com a boca aberta, o pânico era evidente no seu olhar.
— Como eu vou chegar em casa? Eu não me lembro dos meus próprios filhos! Eles são o quê? Meninos, meninas? Qual o nome? Idade? — perguntava quase ao desespero. Não aguentei, ri da situação em que tinha colocado meu marido.
— Nós não temos filhos! — respondi em meio às risadas e ele respirou aliviado.
— Puta merda, você me enganou!
— Só queria ver sua cara, perdoe—me.
— Idiota. — respondeu e eu ri novamente.
— Enfim, você já sabe realmente o que aconteceu com a sua cabeça?
— Termos médicos e coisas que não encaixam.
— Vou resumir, no acidente você bateu com a cabeça, certo? E a parte do seu cérebro afetada foi justamente a responsável por armazenar suas memórias.
— Tipo um HD?
— Isso, mas você não perdeu todas, somente uma parte, a que vai de Março de 2006 até quando você acordou, no caso ontem. — respondi e ele ficou calado por um tempo, como se estivesse processando aquelas informações.
— Elas nunca mais vão voltar? — perguntou e eu senti o medo claramente estampado em sua voz.
— Vão, só que não em ordens, algumas vem mais rápido do que as outras.
— O meu raciocínio foi afetado?
— Não. Adrian fez um exercício com você e ele permanece aí. A questão dos números é questão de você ter que praticar novamente, meio que fazer uma revisão, sabe? Só isso vai bastar. Ele disse que não sabe o porquê, mas é como se você tivesse nascido para fazer conta e entendê—las.
— Graças a Deus. — falou ao se ajeitar na cama, mas assim que fez o movimento, a dor estampou seu rosto.
— O que foi?
— Essa agulha está doendo. — respondeu e eu me dei conta ele ainda estava tomando soro.
— Vou chamar o doutor.
Sai do quarto e por sorte Adrian estava no corredor. Ele chamou o enfermeiro, tirou o soro e ainda deu alta para . Esse estava mais feliz que pinto no lixo.
— Vou tirar essa roupa de hospital!
— Sua roupa está no banheiro. — comuniquei e ele entrou. Se ele realmente só se lembrava de coisas até 2006, ia adorar a nova aparência. saiu do banheiro vinte minutos depois usando o jeans e a blusa vermelha, com um sorriso do tamanho do mundo estampado no rosto.
— O tempo é maravilhoso, o meu cabelo está enorme!
— Sim e eu acho ele lindo. — respondi e ele sorriu parecendo tímido. — Já quer ir para casa?
— Eu ainda moro num prédio de lajotinhas vermelhas?
— Não. Mas agora, a parede da sala é vermelha.

~*~


Fazia frio. Frio pra caralho e eu estava andando pelo bairro atrás de alguma locadora. Nem o filme eu tinha achado. Andei apressado até que reconheci a menina dos cabelos ruivos andando com dificuldade. Ela carregava livros e cadernos, só podia ser ela.
! — chamei e ela se virou.
— Quer ajuda? — perguntei e ela respondeu colocando três livros enormes e mais um caderno em minhas mãos.
— Obrigada.
— O que tem nisso aqui?
— Projetos. Estudante de engenharia cívil é meio trabalhoso.
— Estamos no mesmo barco. — respondi e ela riu. sabia que eu estava no quarto semestre de engenharia mecânica.
— Para onde você está indo?
— Para o ponto de ônibus mais próximo. Eu estava na biblioteca, a desse bairro tem uns livros maravilhosos que me ajudam demais.
— Qualquer dia eu dou um pulo por lá. – falei, mas já sabendo que eu não iria, eu odiava bibliotecas. — Quer comer alguma coisa?
— Eu só quero me jogar em um sofá e ver série a noite toda.
— Bom, eu moro naquele prédio de lajotinhas vermelhas, tenho TV fechada e pizza...
— Congelada? — cortou—me.
— Sim, mas tem microondas.
— Acho que o microondas não vai ser necessário.


~*~


— Se estamos no estacionamento do hospital, é porque temos um carro.
— Nossa, , é maravilhoso que o acidente não afetou o seu raciocínio lógico!
— Você é tão engraçada.
— As ordens. — respondi e ele revirou os olhos.
— Qual o nosso carro, palhacinha?
— Nosso não, meu. O seu você destruiu no acidente. — respondi e apontei para o Masareti estacionado bem na nossa frente.
— Há Há. Eu estou falando sério, .
— E eu também. Você não acredita? — perguntei e ele cruzou os braços negando com um sorriso no rosto. Peguei a chave e apertei o botão de destravar, o carro apitou. olhava maravilhado e eu andei até o carro, colocando a bolsa no banco de trás, ele caminhou e colocou sua mochila. — Eu dirijo. E se serve de consolo, quando comprei você não acreditou também.

~*~


.
Aquela voz preencheu a sala onde eu estava. Virei minha cabeça rapidamente e vi minha mulher parada na porta usando aquela saia social apertada e uma blusa que deixava um pouco de seus seios amostra. Eu era o cara mais sortudo do planeta. Aquela mulher era maravilhosa e era minha. Voltei a atenção ao jogo quando o narrador gritou gol para o time adversário.
— Você fez eu levar gol.
— FIFA ou PES?
— PES, mas que ótimo que você chegou do trabalho, estava com saudades.
— Quem estava viajando era você. — respondeu e entrou na sala, ficou na minha frente e eu deixei o controle cair, que se fodesse aquele jogo. Puxei para meu colo e selei nossos lábios. Eu estava sentindo falta de tê—la em meus braços. — , eu preciso te contar uma coisa.
— Depois, certo? — e beijei seu pescoço, com toda a certeza ficaria uma marca ali.
— Agora.
— O que foi, amor?
— Eu comprei um carro novo. — respondeu e eu a olhei sério. Não tinha outro momento? — É um Maserati.
— Eu não acredito que você me parou para falar de carro. — falei e ela riu.
— É que eu pensei que nós pudéssemos estreiá—lo, sabe?
— Eu já te disse que adoro carros novos?



Capítulo 2

Chegamos em casa e parecia maravilhado com tudo o que estava vendo. Parecia realmente quando nós fomos escolher o lugar, o brilho no olhar era o mesmo.
— Bem vindo de volta.
— É tudo nosso?
— Nós mobiliamos cada cantinho. — respondi e deixei minha bolsa no sofá, ele acabou deixando a mochila também.
— Moramos aqui desde quando?
— Faz três anos, mudamos para cá depois que casamos.
— Antes de nós nos mudarmos, morávamos onde?
— Você em um prédio perto da universidade e eu morava com meu irmão, só que depois de um tempo você praticamente se instalou lá em casa.
— Seu irmão?
— Ele acabou virando o seu melhor amigo.
— Ele é aquele ali? — perguntou e apontou para uma fotografia em que estava na parede vermelha. Na foto estavam e ele, os dois sorrindo com o autódromo de Istanbul Park, localizado na Turquia, atrás.
— Sim.
— O nome dele é... — fez uma longa pausa, aproximou—se da fotografia e parou para observar as outras que estavam ali. — ? — é o sobrenome. — falei e ele riu fraco concordando.
— Bom, pelo menos agora eu sei seu sobrenome, depois do meu, é claro. Aliás, você tem o meu sobrenome?
— Menos no trabalho, lá eles ainda me chamam de .
— Certo. Ahn, me diga mais coisas sobre... nós.
Respirei fundo e ele pareceu curioso, passei as mãos por meus cabelos enquanto tentava formular uma resposta que ao menos fizesse sentido.
— Sobre nós. , você vai ter que lembrar. Não me parece certo te induzir a me amar com todas essas informações que posso te passar. Desde 2006 nós viemos construindo tanta coisa e tudo, absolutamente tudo, está dentro da sua cabeça e acredito que na hora certa, tudo vai reaparecer.
— Você está certa. — falou depois de um tempo. — Mas, pelo menos existem as fotografias.
— Elas ficam espalhadas pela casa. — respondi e ele voltou a andar pela casa, até que chegou perto do pôster do The Who, e passou a mão por uma foto que estava ao lado. Era sua mãe, seu pai, sua irmãzinha e ele. tirou o quadro da parede, sentou—se ao meu lado no sofá, tocou no retrato como se acariciasse a foto e começou a chorar.
— Você lembra?
— Meus pais e Stella.
— Você se lembra do que aconteceu?
ficou calado e acariciou a fotografia novamente.
— Era tarde. Stella cantava uma música do High Scholl Musical ao meu lado e quando ia manda—la calar a boca, ela me abraçou e disse que eu era o melhor irmão do mundo. Ri e a abracei, disse que quando ela fosse para a universidade poderia morar comigo porque eu teria muito dinheiro e iria leva—la para os lugares mais legais. Stella riu daquele jeito escandaloso e eu a acompanhei, ela me chamou de bobinho e disse que não queria crescer porque ser gente grande não era legal. Eu concordei e ela continuou a cantar, daquela vez não me incomodou. Ela calou e disse que queria que eu cantasse para ela dormir, coloquei—a em meu colo e atendi o seu pedido. Foi justamente quando minha mãe gritou, meu pai freiou e tudo aconteceu. Agarrei Sté com toda a minha força, consegui tira—la daquele carro e ela ainda respirava. Só que não era normal, sabe? Mas ela abriu aqueles olhinhos azuis e disse que eu era o melhor irmão do mundo e parou de respirar. Os médicos chegaram, a tiraram do meu braço e depois me colocaram numa ambulância e é só disso que eu lembro.
terminou de falar e eu o abracei forte, ele chorou mais um pouquinho e limpou sem jeito as lágrimas insistentes.
— Eu sinto a falta deles.
— Eu sei, .
— Você estava lá?
— Vocês estavam voltando para a cidade. Stella queria passar as férias com você e eu estava arrumando algumas coisas no seu apartamento para ela poder ficar.
— Você a conheceu?
— Não. — sussurrei. — Só a vi no velório. Ela parecia um anjo.
— Ela era um. — falou e levantou para colocar a fotografia na parede. — ?
— O quê?
— E se eu não me lembrar de mais nada?
— A morte já tentou te tirar de mim duas vezes. — falei e fiquei ao seu lado. — Ela não vai deixar ficar sem memória para sempre. Agora, vá tomar um banho, que você tem remédio para tomar. Depois te apresento a casa.
— Ela é grande, né?

~*~


não conseguia parar de sorrir. Era incrível como ela parecia uma criança em uma loja de brinquedos, andava por todo aquele apartamento com um brilho no olhar, cantava e saltitava.
, já sei o que podemos colocar nessa parede vermelha.
— A televisão enorme que compramos?
— Não. — falou decidida e parou na frente da parede com a mão na cintura.
— O que vamos colocar então, senhorita decoradora?
— A televisão menor no centro e vamos espalhar fotografias por toda a parede.
— Você falando, faz parecer a sala mais bonita de todas.
— Vai ser a sala mais bonita de todas. — falou convencida e eu a abracei. — Vai ser a nossa sala, . Da nossa casa.
Eu a girei e fiz ficar de frente para mim, passei minhas mãos por sua cintura e ela sorriu igual boba ao colocar seus braços ao redor do meu pescoço. puxou meus cabelos da nuca e eu a beijei como se minha vida dependesse daquilo. Ali estávamos, minha mulher e eu, na nossa sala de estar da casa nova, prestes a fazer amor no sofá recém comprado. Eu era o homem mais feliz do mundo e ninguém iria mudar aquilo.


~*~


Três semanas desde que havia saído do hospital. Ele estava se recuperando muito além do que o esperado. As memórias ainda estavam bem falhas e vagas, mas o raciocínio para o trabalho, a coisa que ele mais amava no mundo, continuava como se nada nunca tivesse acontecido.
, eu vou trabalhar. — falei e ele guardou o caderninho em que estava anotando coisas que eu não consegui identificar.
— E eu vou ficar sozinho?
— Meu irmão vem ficar com você, ele está de folga essa semana. Ele vai levar você para jantar, e assim que eu sair do escritório, vou para lá.
— Tudo bem, pode ir tranquila.
— Você vai ficar bem?
— Vou, qualquer coisa eu ponho culpa na amnésia.
— Aprendeu direitinho. — falei e ele riu, baguncei—lhe os cabelos e lhe dei um beijo na cabeça, sorriu e eu saí de casa. Dirigi com o Porsche cinza até o grande prédio espelhado, e ao entrar na minha sala fui recebida por documentos e mais documentos. Eu sentia falta daquilo.
, é bom ter você de volta!
— O trabalho chama, Müller. Tive que voltar. — falei e ele riu, pegou uma pasta e mostrou—me o que o empresário queria. — Precisamos fazer o reconhecimento da área, só assim posso começar. Marque para amanhã.
— Qual horário?
— De manhã.
— Certo. — respondeu e logo começamos a verificar os outros projetos que a empresa tinha recebido. Quando dei por mim, faltava apenas 10 minutos para o horário que eu tinha marcado com e . Despedi—me rapidamente de Müller e arranquei com o carro rumo ao restaurante.
— Senhorita atraso, saudades. — falou assim que cheguei na mesa.
— Trabalho. E os jogos, como foram?
— Ótimos, só que perdemos a vaga na final para o Barcelona, mesmo tendo ganhado.
— Barcelona? Credo. E esse rapaz, deu muito trabalho?
— Na primeira meia hora só. A memória dele está ótima.
, eu o conheci num jogo da segunda divisão e agora ele joga do Bayern! Puta que pariu.
— Prefiro o Real Madrid.
— Ele lembra que você...
— Ele não lembra. Cale a boca. — protestei.
— Ela falou que largaria você pelo Sérgio Ramos.
— Mentiroso! Eu não disse nada! Só disse que eu beijaria o Sérgio, é diferente, seu destruidor de lares.
— Você está destruindo nosso lar se lembrando dessas coisas.
— Faz parte, vai. — respondi e ele revirou os olhos rindo. Almoçamos o melhor japonês da cidade, e conversavam como se fossem amigos há anos e eles realmente eram. podia não lembrar de tudo mas aquilo já era um ótimo avanço. Depois do almoço, voltou para o prédio onde morava e e eu voltamos para o nosso.
— Cansada? — perguntou quando saiu do banheiro do quarto, já vestido com um short e a toalha no ombro.
— Exausta. — respondi e me joguei na cama, ele deixou a toalha embolada na ponta e deitou ao meu lado.
— Você não vai reclamar da toalha?
— Às vezes a minha vai parar aí também. — falei e sua risada fez—se presente. acabou me fazendo deitar em seu peito e começou a fazer cafuné em mim.
— Quero logo me lembrar de tudo.
— Você vai lembrar, . — respondi e um trovão se fez audível, gelei na mesma hora.
— Você está bem? — perguntou.
— Só estou cansada. — respondi e me encolhi ao som de outro trovão.
— Você tem medo, né?
— Não, eu...
— Eu estou aqui, venha cá. — e me abraçou forte.
— Acho que eu vou para o meu quarto.
— Não fique sozinha. Eu estou aqui, senhorita Pudd.
— Senhorita Pudd? Onde você escutou isso?
— Me veio na cabeça, significa algo?
— Quando começamos a namorar, eu disse que só largava você pelo Dougie e o Harry do McFLY. Pudd é a junção dos nomes deles.
— Ótimo, um fio de lembrança que nos une.
— Pode ser.
— Pode ser não, é. Hoje eu te faço dormir, os trovões não vão parar tão cedo.
...
— Eu não vou falar de novo.
Aconcheguei—me em seus braços e me senti pequenininha entre eles. Mas, além disso, me senti em paz e segura outra vez. Aquele era o lugar que eu mais sentia falta no mundo inteiro.

~*~


— Por que você está tremendo? Não acredito que está com medo do filme. É só Resident Evil.
— Não é pelo filme, babaca. — respondeu e ficou ainda mais próxima de mim, baguncei seus cabelos e passei meu braço por seu corpo.
— É por que então?
— Por nada. — respondi e os trovões ficaram ainda mais fortes. gelou e só faltou pular no meu colo. — As luzes estão piscando...
— É o demônio do trovão que está vindo te pegar.
— Cale a boca, .
terminou de falar e eu ri alto. E a televisão apagou ao mesmo tempo que as lâmpadas.
— Vou buscar uma lanterna.
— Não vai! — gritou e eu permaneci ao seu lado. — Tá bom assim.
— Você está com medo dos trovões? — perguntei e ela fez um sim com a cabeça. — O que você faz quando está sozinha?
— Me embrulho no edredom, ora. — respondeu como se fosse óbvio e eu a abracei mais forte. — Mas como você está aqui, eu deixo fazer o papel do edredom.
— Concordo, Ariel. Aliás, essa foi a melhor coisa que você falou hoje.
— Você é muito chato, sabia?
— O chato que vai dormir com você. — respondi e ela me deu um soco na coxa. A passei para o meu colo rapidamente, apertei sua cintura e beijei seu pescoço. — Eu acho maravilhoso ter faltado energia e esse prédio não ter gerador.
— Se eu ficar suada, mato você.
— Relaxa Ariel, tem chuveiro aqui.

Capítulo 3

Acordei e não vi na cama, já deveria ter saído para correr ou estava no escritório relendo aqueles livros. A parte boa de ser um dos melhores engenheiros mecânicos do mundo era que se você pedisse uma licença, ninguém lhe negava. Saí do quarto e quando passei pela sala que havia batizado de "país das maravilhas", ele estava vidrado em Need4Speed no PlayStation 4.
— Um tal de Müller ligou e disse que o encontro foi transferido para amanhã. — falou seco sem tirar os olhos da tela.
— Você atendeu meu telefone?
— Você estava dormindo e eu não quis acordar, mas relaxa, querida, — ironizou — eu não atendo mais o seu telefone. — e foi quando o carro dele capotou e o "you lose" apareceu. — Puta que pariu.
— Parece que você dormiu com o satanás.
— Só dormi ao seu lado. — respondeu seco e eu gelei.
— Por que você está agindo como um babaca?
— Agora eu sou babaca? — perguntou e riu debochadamente. — Talvez porque o babaca aqui atendeu o telefone da mulher e um cara disse que o encontro foi transferido para amanhã e logo depois ela pergunta "você atendeu meu telefone?". Faça o favor, .
— O que você está insinuando?
— Entenda como quiser! Posso não me lembrar das coisas, mas não sou idiota!
— Vai a merda! — gritei e fui para o quarto de hóspedes, lugar de onde eu nunca deveria ter saído.
Tranquei—me no banheiro e deixei a água bater contra o meu corpo. Eu queria chorar. Queria gritar. Queria dar com um martelo na cabeça de . Mas a verdade era que eu só queria que todas as lembranças dele voltassem e nós voltássemos a ser como antes. Demorei mais que o necessário no chuveiro, eu deveria ter passado horas ali, minha pele já chegava a enrugar. Saí do box, me enxuguei e quando abri a porta do quarto, estava lá.
— Dá para você sair da minha frente?
— Não.
— O que mais você tem a me dizer? Quantas ofensas estão passando aí dentro?
— Dá para você me escutar?
— Estou te escutando desde quando acordei.
— Ótimo. — respondeu e sentou na poltrona próxima a cama que tinha no quarto. — É difícil para mim. Sei que é difícil para você, mas agora, pense em como é toda essa situação para mim. Acordar e estar numa cama de hospital, saber que fui parar ali porque sofri um acidente numa noite chuvosa, que não vi as placas de pare e bati nuns tonéis e destruí um Lamborghini que eu mesmo comprei. Você tem ideia de quanto custava aquele carro?
— Eu te ajudei a escolher a cor. — respondi e ele sorriu.
— Pois é, e eu destruí ele. E depois de tudo isso, descubro que estou em 2015, tenho um diploma que diz que eu sou doutor, uma conta bancária que só falta explodir e que ainda sou casado. Que sou casado com a mulher que eu pensei que fosse uma médica nova. Com a mulher mais linda que já vi na vida.
...
— E que nós nos conhecemos há nove anos e eu não consigo me lembrar de como foi que eu pude manter essa mulher por tanto tempo e como se não bastasse, eu não lembro nem do nosso casamento. Mas puta que pariu, eu consigo me lembrar do irmão dela e de histórias incríveis, eu consigo me lembrar das fórmulas mais difíceis...
... — o cortei.
— Você entende agora o motivo de eu ter ficado tão puto quando atendi o seu telefone e escutei o recado? É porque eu não lembro o que você viu em mim. Eu não lembro, e me sinto o pior cara do mundo. E sabe o motivo de eu me sentir assim? É porque mesmo não me lembrando, eu me acho no direito de sentir ciúmes de você.
— Você? Com ciúmes de mim?
— Exatamente. Eu quis quebrar o telefone na cabeça daquele Müller. Não sei se eu fazia o tipo ciumento, mas agora eu faço.
— Você é um idiota. Talvez seja por isso que eu ame você ou é um conjunto de todas as coisas.
— É engraçado isso.
— O quê?
— Nós dois. Minha mãe costumava falar que na nossa vida nós poderíamos ter várias paixões, mas amamos de verdade somente uma pessoa. E eu estou aqui com essa pessoa.
...
— É sério, . Eu posso não me lembrar de nós dois no passado, mas você... — falou e sentou ao meu lado, passou as mãos por meus cabelos ruivos e logo juntou nossas mãos. — você faz com que eu te ame todos os dias desde quando te vi entrar naquele quarto com aquele médico.
Eu queria chorar, mas ao mesmo tempo queria sorrir até Deus dizer chega. E também queria beijar até o sol nascer. Aquele era o meu , o cara por quem eu estava apaixonada há nove anos.
— Para sua informação, você ficou com ciúmes do Müller quando o conheceu. Disse até que ele era bonito demais para ser meu assistente e ficou falando várias besteiras. Só acalmou quando eu disse que ele era gay.
— Ele é gay?
— Sim e o Danny, namorado dele, é um cara fantástico.
— E você me conta isso agora?
— Você não me deixou falar.
— Sua idiota! — falou e por alguns segundos pensei que ele fosse me beijar. Eu realmente queria que aqueles lábios encontrassem os meus novamente. Mas tirou a mão da minha e colocou as duas mãos na cabeça e fechou os olhos.
, o que...
— Me ajuda, . Por Deus, me ajuda.
— O que você está sentindo? , me diga!
— Minha cabeça vai explodir, meus olhos estão doendo, eu to me sentindo mal.
— Eu vou pegar o seu remédio, deite.
— Eu vou com...
— Deite, ! Agora. — me exaltei e ele fez o que eu pedi. Corri até a cozinha, peguei a caixa com os remédios e achei a pílula correta, enchi um copo com água e voltei para o quarto.
— Eu não quero voltar para o hospital...
— Tome seu remédio. — respondi.
— Me diga que você não vai me levar para o hospital.
— Se for preciso eu irei.
— Eu odeio hospital!
— Há males que vem para o bem, querido. — respondi e ele sentou para tomar o comprimido. — Deite, ok?
— Deite comigo.
— Você tem certeza?
— Cante para eu dormir, ok? Qual banda você me ensinou a gostar?
— McFLY.
— Certo, cante qualquer música deles para mim. Vai que eu lembre que você gosta de bandas ruins.
— Idiota! — resmunguei e ele riu fraco. deitou e eu o coloquei sob meu peito, lhe fiz cafuné e comecei a cantar.

"And then I'll swing you girl until you fall asleep, and when you wake up you'll be lying next to me. We'll go to hollywood make you a movie star, I want the world to know how beautiful you are! Captivated by the way you look tonight, the light is dancing in your eyes, your sweet eyes..."

— Quando você acordar, não vai mais sentir dor, ok?
— Quando eu acordar, eu só quero que você esteja ao meu lado.
— Eu estarei, . Estaremos juntos.

"Times like these we'll never forget, staying out to watch the sunset, I'm glad I shared this with you. You set me free, showed me how good my life could be, how did this happen to me?"

Capítulo 4

Saí da universidade e fui direto para o pub, assistir um jogo de futebol e beber cerveja era o que eu mais precisava depois de tanta fórmula. Sentei na mesinha que já estava acostumado e pedi uma cerveja. Enquanto esperava, me deparei com uma menina sentada nas cadeiras altas do balcão. Ela estava vidrada no jogo, mesmo estando com fones de ouvido. A cada lance parecia que ela estava no estádio. Minha cerveja chegou e praticamente me esqueci dela, pois só tinha olhos para a ruiva que usava um Vans azul desbotado. Azul. Ah, eu amava azul. O jogo foi para o intervalo e ela finalmente tirou os olhos da televisão, e agora eles estavam direcionados para o celular. Levantei—me e sentei ao lado dela, a menina pareceu nem se importar comigo ali mesmo eu tendo esbarrado em seu braço. A cutuquei novamente e ela tirou um lado do fone.
— Eu pensava que a senhorita iria me ignorar para sempre.
— Pretendia. — respondeu e eu ri, a garota me olhou como se eu fosse louco.
.
— Olá, .
— Qual o seu nome, querida?
— Eu não sou sua querida.
— Desconhecida 1, 0.
— Pode me chamar assim, eu curti.
— O que você estava escutando?
— The Who. — respondeu e eu sorri, a ruiva tinha um gosto musical bom.
— Mentira! Eu adoro essa banda.
— Está falando isso só para me agradar.
— Se fosse para te agradar, eu falaria que era fã de McFLY.
— Desconhecida 1, 1.
— Parece que o jogo virou, não é mesmo?
— Empatou, eu estava ganhando.
— Virou, olhe para a TV. — respondi e ela olhou, comemorou assim que viu que o Union Berlin havia marcado. — Não que você entenda alguma coisa de futebol.
— Por que eu não entenderia?
— Seria muita sorte para um cara como eu encontrar uma ruiva, sentada num bar, vendo jogo de um time da segunda divisão e ainda por cima bebendo cerveja.
— Céus, eu amo futebol. E eu te humilho no FIFA ou no PES.
— Ainda joga vídeo game? Não acredito.
— Também te acabo no Call of Duty, só escolher.
— Ah, sabia que não era perfeita. Battlefield é melhor que CoD.
— Você é louco? Isso é a mesma coisa que falar que qualquer filme que envolva corridas de rua chegue aos pés de velozes e furiosos. — respondeu e terminou de beber a cerveja, pediu outra e prontamente o garçom a serviu.
— Velozes e furiosos?
— Vai dizer que é ruim também?
— Eu ia dizer que você ainda vai me dar o seu número.
— Aham. — respondeu e voltou a sua atenção para o jogo. — Vai , chuta no canto! — e o tal de chutou a bola bem no canto, era gol do Union Berlin.
— Ah, já sei porque você está vendo o jogo.
— Por quê?
— Caras bonitos. Que feio, Desconhecida.
— Esse cara é meu irmão.
? — perguntei e ela concordou. — Ótimo, já sei seu sobrenome.
— Idiota.
— Idiota, sortudo, como preferir, .
— Certo, certo. — respondeu e terminou a cerveja que ainda restava bem ao tempo do juiz apitar o final da partida.
— O jogo acabou. Já vai?
— Tenho que estudar.
— Se você ficar mais meia hora, te pago uma cerveja.
— Se você quer levar para esse lado...
— Meu irmão diz que nós nunca devemos negar uma cerveja.
— Seu irmão está totalmente certo. Aliás, seu irmão é um mito, vou tatuar o nome dele no meu braço.
— Idiota. — resmungou e eu ri. Nós conversamos por uma hora e eu só sabia o seu sobrenome.
— Olha, uma caixinha de som. — falei, eu era vidrado naquelas coisas.
— Você quer colocar alguma música?
— Não funciona.
— Mas se funcionasse, você colocaria que música?
— A próxima da sua playlist. — respondi e ela riu.
— Você nem sabe qual é.
— Dá play e passa para a música seguinte.
— Ok. — respondeu e fez o que eu disse, me deu um lado do fone e a música que tocava era totalmente desconhecida por mim.

"Her name is Noël, I have a dream about her, she rings my bell..."

— Não conheço.
— Wheatus, Teenage Dirtbag.
— Quando nós casarmos, vamos dançar essa música.
— Nós vamos casar, é?
— Logicamente, desconhecida.
— Certo, certo. Agora eu realmente tenho que ir.
— A gente se encontra por aí.
— Se você diz...
— Digo. Aliás, só me confirma, qual sua cor preferida?
— Azul. — respondeu e eu ri fraco. Eu sabia. — Azul da cor do mar.
— A minha também, Ariel. — falei, ela riu fraco e olhou para os pés, onde calçava aqueles maravilhosos Vans azul desbotados. Devolvi—lhe o fone, ela levantou—se da mesa e se despediu com um aceno. — Desconhecida! — chamei e ela virou. — Me diz qualquer banda que você goste e que achas que eu não conheço.
— The Maine.
— Se for boyband, eu nunca mais procuro você. — falei e ela riu. saiu do restaurante e eu pedi baixinho que The Maine não fosse uma boyband.


~*~


Acordei e ainda parecia dormir, olhei no relógio e ainda eram duas da manhã. Fui até a sala e peguei o primeiro álbum de fotografias que achei. Era uma de nossas viagens, naquele ano tinha sido Los Angeles.
— Quando foi isso?
! Você estava acordado?
— Acordei faz meia hora e adivinha? Você estava lá.
— Eu pensei que você estivesse dormindo.
— Não, é que eu gosto de te ver dormindo, é legal.
— Tudo bem. E ah, essa foi ano passado.
— Nós vamos voltar?
— Las Vegas é Las Vegas, querido.
— Você quer comer? Eu estou morrendo de fome.
— Vamos lá. — respondi e nós fomos para a cozinha, enquanto fazíamos os sanduíches, começou a cantarolar.
Eu conhecia aquela música.
Eu conhecia aquela música tão quanto conhecia ele.
Março de 2006. Pub. Jogo do meu irmão.

"He lives on my block, he drives an IROC but he doesn't know who I am and he doesn't give a damn about me."

— Onde você escutou essa música?
— Não sei.
...
— É sério, eu não sei.
— Como assim não são sabe? Se você está cantando é porque sabe.
, eu não sei, ok? Eu acordei, ela me veio na cabeça, só isso.
— Só isso. — repeti baixo e deixei meu sanduíche na bancada. Corri para o quarto e me joguei na cama enquanto lágrimas tomavam conta de mim.
— Desculpa.
— Vá comer e depois vá dormir. Amanhã eu tenho que trabalhar cedo e...
— Eu vou ficar aqui. — respondeu e deitou—se ao meu lado. colocou minha cabeça em seu peito e me abraçou forte. — Pode chorar... eu sei que está sendo difícil para você, mas eu estou tentando, querida. Eu quero voltar a ser o seu .
— Você é o . — Mas eu não me lembro de muita coisa.
— Mas lembra da música, já é um fio que nos une, lembra? — perguntei e ele beijou minha testa como resposta. — Canta para mim?
— Aquela música?
— Ou qualquer outra que você saiba.
— Certo. — respondeu e passou as mãos por meus cabelos.

"Cause I'm just a teenage dirtbag baby, yeah I'm just a teenage dirtbag baby. Listen to Iron Maiden baby with me."

?
— O quê?
— Nada. — preferi responder.
— Fala logo.
— Fica aqui até eu dormir?
— Não precisa pedir duas vezes.
E voltou a cantar. Enquanto cantava aquela música, eu senti uma paz invadir meu corpo e as minhas pálpebras pesarem.

~*~


Eu amava a Alemanha. Mas odiava aquele frio intenso. Saí do campus e me deparei com a ruiva do pub com o caderno quase transbordando de apostilas.
— Desconhecida? — perguntei, parou e deixou cair o caderno, fazendo todas aquelas folhas se espalharem pela calçada cheia de neve. — E ela ainda é desastrada.
— Dá para ajudar ao invés de ficar falando?
— Dá sim. — respondi e juntei algumas das folhas. Por sorte, conseguimos juntar todas.
— Obrigada.
— Por nada. Aliás, gostei da blusa. — falei e apontei para o tecido branco onde estava escrito "Teenage Dirtbag". — É uma música legal, mas os covers são melhores.
— São mesmo.
— Eu até te convidaria para uma cerveja, mas está frio demais.
— Eu aceito um chocolate quente.
— Ótimo, então.
— O que você está escutando aí?
— Já deve ter acabado, era uma do Lifehouse. Não sei qual é a que está tocando agora.
— Então vamos ver.
— Ok. — respondi e lhe dei um lado do fone.

"Dirtbag, no, she doesn't know what she's missing."

— Você tem um ótimo gosto musical.
— Quem me indicou também.
— O que você faz aqui?
— Eu estudo aqui.
— Qual?
— Mecânica e você?
— Cívil.
— Nossos filhos vão ser ricos! — gritei fazendo duas garotas que estavam a nossa frente, virarem assustadas.
— Você ainda tá com a ideia de que vamos casar na cabeça?
— Nós vamos, Desconhecida.
— Pode me chamar de . — falou e eu sorri. Ela sorriu também e eu percebi que tinha um sorriso maravilhoso e que a minha missão naquele mundo era não deixar aquele sorriso morrer jamais. Eu adorava aquele sorriso.


~*~


! ! ! — acordei com os gritos e sendo sacudida por .
— O que foi? Você tá bem? E que horas são, porra?
— Cinco da manhã e você tem que trabalhar as oito.
— Então por que diabos você me acordou?
— Porque a música é Teenage Dirtbag, do Wheatus. E você me fez gostar de The Maine, já fomos até em shows. E a música que eu estava cantando, nós dançamos ela no nosso casamento. Sim, nós dançamos uma música agitada e nosso casamento foi uma loucura!
— Como você...
— Não me pergunte, eu só acordei.
— Qual minha cor preferida?
— Azul. Você me disse isso no dia em que nos conhecemos. Você usava um Vans azul desbotado e ali...
— Você teve a real certeza que sua cor também era a azul. Ah, ...
— Eu te amo, . E eu te falei isso pela primeira vez quando vimos velozes e furiosos e você falou que queria um O'Brian na sua vida.
, eu te amo pra caralho!
, eu ainda não lembro qual é a nossa música.
— Vamos fazer assim, vou ligar o rádio e a primeira música que tocar vai ser a nossa música, certo?
— Fechado. — respondeu e eu liguei a televisão, rapidamente coloquei no rádio e uma música desconhecida começou. — É uma música adolescente?
— Deve ser... — respondi e ele riu. — Mas é legal, dá um desconto.
— É bem bonita.

"Remember love, remember you and me, remember everything we shared"

— Eu nunca mais vou deixar você escapar da minha cabeça, .
— Se isso acontecer, eu estarei aqui para te lembrar.
— Juntos, . Sempre juntos. — falou e me deitou na cama, ficando por cima de mim. Colocou suas mãos na minha cintura e selou nossos lábios. — Como pude esquecer esse beijo?
— Estava guardado aí, . Sempre esteve.
. — falou e colocou a mão sobre a cabeça. — Acabei de me lembrar de outra coisa.
— Do que? — perguntei e pude jurar que meu rosto estava iluminando.
— Lembro que um dia eu estava puto com o trabalho e voltei para casa cedo, você estava aqui, então eu desliguei todas as luzes e qualquer coisa que pudesse nos incomodar. E aí, eu fiz o melhor sexo da minha vida por 24 horas. — falou sério e eu me segurei para não rir. — Lembro até a hora.
— Sério?
— Ás cinco e meia. — falou ao olhar o relógio de cabeceira.
— Ah, eu também lembro. Foi incrível, lembra? — perguntei entrando no seu jogo. passou os dedos pela minha costa e eu senti aquele velho e delicioso tremor de antecipação. — Só acho que foram 48 e não 24.
— Lógico! Como pude esquecer?
— Posso te fazer lembrar, se quiser.
— Ótimo. E por sinal, eu não faço um bom sexo desde 2006. Só para você saber mesmo.
Ri e tirou a blusa de moletom que usava para dormir, senti aqueles toques de tesão que estavam adormecidos e só sabia como despertar.

"Do you remember at all, people walking hand in hand, can we feel that love again."

— Vou aceitar esse desafio. Mas agora eu que esqueci, o que aconteceu depois que as 48 horas acabaram?
— Eu lhe digo. — respondeu e beijou meu pescoço. — Eu lhe digo quando lembrar.
E finalmente sua boca novamente estava em comunhão com a minha. Nossos corpos estavam colados. Nós estávamos nos redescobrindo. Finalmente estávamos juntos, como sempre tinha sido. Juntos.

"Then we all could sing this song together."


FIM



Nota da autora: Espero de coração que tenham gostado dessa short, qualquer coisinha chamem no Twitter! @giobandeira.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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