04. 투명 우산 (Don’t Let Me Go)
Finalizada em: 21/07/2018

Capítulo Único

Our encounter was like a painting
We were together like
being drawn as watercolor
lines that were sketched
and the colors that filled us
are fading at some point
Like a season ending
You left everything behind in the memories
You said you were going with a smile
You said even if I’m alone tomorrow,
don’t act sad
Because that’s what you’re going to do


“Isso é apenas entre eu você, independente do envolvimento de outras pessoas que antes apenas assistiam de longe.
Um oceano
horas diferentes
o dia ou a noite
irá nos manter longe um do outro.
Então, para o seu melhor e maior desempenho em ser feliz, eu digo o meu
Adeus”

South Korea, Year 1970
Era possível lembrar o momento em que coloquei meus olhos nela. A primeira vez que a vi claramente não pude a contemplar como deveria, estava noite e ela tentava escapar dos oficiais que faziam as rondas para o toque de recolher, eu não a via assustada, não a via com medo muito pelo contrário, nessa noite eu me surpreendi, me surpreendi com seu sorriso.
A segunda vez que a vi, meus olhos não a reconheceram mas, mais uma vez caíram sob seus encantos, ela via algo em seu caderno que a deixava inteiramente iluminada, ela despertou em mim subitamente o desejo de descobrir tudo sobre ela.
Ela despertou em mim tudo que eu sempre quis sentir.
Ela despertou em mim o amor à primeira vista.
Ela despertava o meu coração de uma forma imensurável, ela era a única, a única que o fazia disparar além da arte.
Na terceira vez que a vi foi no ateliê da universidade, ela andava coordenadamente com suas amigas, passando pela porta onde eu entraria e ela sairia, se despediu de suas amigas e continuou seu caminho sozinha em direção ao corredor em que eu me encontrava, no qual eu poderia admirá-la por mais tempo, até que a distância foi ficando curta sem nem mesmo com que eu percebesse, isso acabou causando um encontrão entre nós dois, por eu simplesmente não prestar atenção no caminho.
Eu me desculpei, provavelmente com a maior cara de bobo possível e ela apenas jogou aquele sorriso em jogo, o mesmo sorriso em que eu vi aquela noite, o mesmo sorriso que a vi lançando para seu caderno.
Era o sorriso perfeito.
Era como a arte.
Sua frase seguida do sorriso foi apenas um “está tudo bem, não se preocupe”.
Era possível apenas uma frase acabar fazendo como que meu coração pulsasse mais forte do que poderia pulsar com a adrenalina de um salto radical?

South Korea, Year 1970

“Our encounter was like a painting
We were together like
being drawn as watercolor
lines that were sketched
and the colors that filled us
are fading at some point”


A quarta vez iria ser decisiva, ou, ao menos foi o que eu havia pensado, eu já havia planejado surpreendê-la e enfim levá-la para jantar no restaurante em que meus amigos tocavam.
Infelizmente isso acabou não acontecendo, não tão prontamente. Eu não a havia visto por durante dois dias, a procurei por toda faculdade e diversos outros lugares. Por mais que a buscasse e diversos pensamentos pudessem passar por minha mente, como por exemplo algo como ela ter saído da faculdade, ter ficado doente ou até mesmo coisas mais negativas do que minha mente poderia deixar ser acessado e refletido.
Me contive, me acomodei e esperei.
Esperei pela oportunidade.
Esperei pelo momento.
Esperei por ela.
E apenas depois de três dias da decisão de finalmente tomar uma coragem de saber algo sobre ela, o momento perfeito veio, sem ao menos dar uma pista.
O ambiente era muito bem visto como o momento perfeito para algum filme americano romântico, estava um tanto quanto frio, a chuva caía forte mas ninguém imaginava que o tempo poderia estar assim depois de um dia ensolarado e aberto. Eu não havia notado o momento em que a chuva havia chegado e muito menos sua intensidade, estar dentro da biblioteca lendo poemas de William Shakespeare realmente faziam com que as horas passassem sem serem percebidas e o tempo mudasse de sol a chuva, assim como cada situação em que os personagens apresentavam a cada capítulo, assim também como cada capítulo de nossa vida, uns dias somos sol e outros chuva.
Seu macacão preto de pano trazia um tamanho um pouco mais largo do que os costumes de algumas garotas usarem por estes tempos, ornava muito bem com a blusa branca de manga curta que ela usava a deixando um tanto discreta entre aquela noite chuvosa. Trazia em sua cabeça uma boina francesa demonstrando o quanto poderia se arrumar bem sendo uma garota que estudava artes, definitivamente os maus comentários a respeito de roupas vestidas por pessoas daquela área não se encaixam para nela. Apesar de tudo, ela demonstrava sentir frio e tão pouco trazia consigo um guarda-chuva.
- Aish, quando foi que começou a chover tanto? - ela disse para si mesma, porém em voz alta o suficiente para que eu a escutasse, a ideia que tive não foi das melhores, mas não havia nada melhor a ser feito já que eu também não estava com guarda-chuva.
- Oi - eu sorri e ela me olhou confusa de início, mas mesmo assim retribuiu o sorriso sendo simpática.
- Oi! - seu sorriso permaneceu.
- Posso te pedir uma coisa? - fui direto ao ponto.
- Depende? - ela disse um pouco pausadamente com uma cara de confusa aparente.
- Você pode não sair daqui e eu prometo que já volto? - eu disse sem achar palavras melhores - Fica aqui, por favor!
- Okay? - ela disse ainda me olhando confusa.
Eu fui correndo de volta à biblioteca, dentro dela havia uma lojinha onde eu já havia percebido uma vez a venda de guarda-chuvas.
- Olá, vocês ainda tem algum guarda-chuva sobrando? - eu perguntei um pouco mais agitado que o costume, afinal, ao entrar na lojinha, o local onde eu havia visto os guarda-chuvas antes já não havia mais nada.
- Infelizmente não, meu jovem! - o senhor que estava no caixa respondeu, creio que foi possível perceber minha cara de decepção devida sua reação - Você está com muita pressa? Eu posso ver se encontro algum dos antigos no fundo da loja, se você quiser.
- Tudo bem! - eu sorri - Posso esperar alguns minutos.
- Não me tardarei muito - ele foi ao fundo da loja, era possível escutá-lo revirando coisas como caixas e papéis, além disso também era possível escutá-lo falando e rindo sozinho, o que não poderia ser mais assustador - Encontrei! - O senhor gritou parecendo extremamente feliz pelo ato.
- Espero que cor não te incomode, normalmente ele é transparente, porém quando chove ele fica da cor amarela, ele muda com o tempo - o senhor sorriu - Cuida bem dele, rapaz, ele já teve importância para uma pessoa próxima de mim.
- Está perfeito, eu devolvo para o senhor amanhã mesmo! - eu disse animado já pronto a me virar.
- Leve-a com cuidado! E não precisa me devolver o guarda-chuva, é um presente - sua risada poderia ser escutada de qualquer lugar - tenha um ótimo futuro.
As últimas palavras do senhor ficaram marcadas em minha mente “um ótimo futuro” era isso que eu queria, ter um ótimo futuro, com ela.

- Eu poderia acompanhá-la até o ponto de ônibus? - ofereci abrindo o objeto.
- Eu... Hm... - ela respirou fundo e foi possível notar que estava pensando a respeito - Tudo bem! - ela se aproximou.
Então foi aí que tudo tomou início, foi aí que uma relação forte, construtiva e carregada pela arte começou.
O amor dela por arte era o mesmo que o meu, ter isso em comum se tornou algo inteiramente grandioso e especial entre nós.
- Prazer, , - sorri tímido para ela - Da turma 2 do terceiro ano de artes - mais um sorriso foi introduzido na conversa, ela sorriu.
- Artes? - seu sorriso permaneceu - , - ela estendeu a mão em minha direção e eu devolvi o gesto da mesma - Turma 1, terceiro ano de artes.
- Estamos no mesmo ano - eu disse conclusivo deixando com que meu sorriso escapasse mais uma vez.
- Tínhamos aulas de filosofia da arte juntos semestre passado, mas não sabia que seu curso era especificamente artes já que outros estudantes de outras áreas também a tomam - ela suspirou - mas por conta do meu projeto de literatura, eles mudaram todas as minhas aulas da tarde.
- Já havíamos tido aulas juntos antes? - foi uma de minhas perguntas acompanhada de uma cara confusa, afinal, eu nunca havia notado que ela estava ali e ela me contou a respeito das aulas.
Poderia ser aquilo, algum sinal dela?
- Não - ela sorriu distraída com a chuva, deixando assim o assunto anterior - Você não acha a chuva e o amor parecidos? - ela perguntou de repente.
- Em qual situação? - perguntei ainda não tendo coragem de colocar os olhos nela.
- O amor traz duas faces - suas expressões reflexivas eram as melhores - a felicidade e a tristeza. Eu acho o amor e a chuva parecidos, ambas faces são completamente compatíveis.
- É uma ótima forma de ver as dificuldades - eu ri sem ânimo - talvez isso sirva para alguém que não tenha um amor recíproco.
- Mas é exatamente disso que o amor se trata - ela começou a colocar suas reflexões para fora - o amor traz faces e fases, as faces você já sabe quais são e estamos de acordo sobre isso, mas em relação às fases - ela direcionou seu olhar a mim e os arregalou no mesmo instante - espere, chegue mais perto, você está se molhando.
- Não se preocupe - sorri por notar que ela se preocupou - não vivo tão longe.
- Mesmo assim, aproxime-se mais - ela me puxou pela camisa um pouco mais perto dela - assim, entramos em um acordo, agora.
- Continue com sua tese sobre o amor - eu finalmente tomei coragem em sorrir olhando diretamente em seus olhos - eu gostaria de ouvir sobre isso, quem sabe não me cause uma ideia no momento de pintar.
- Okay! - ela se preparou - O amor traz fases, suas fases são entre aqueles que têm seu amor correspondido, aqueles que não o tem correspondido e por fim aqueles que recebem amor, mas não da pessoa correta, o que nunca gera uma felicidade completa - seu suspiro foi tão perceptível e algo bom de se escutar que acabou me causando arrepios, e em seguida nossas peles se tocaram por acidente, ela realmente gostava de falar sobre aquilo - o amor correspondido traz mais faces boas do que o costume, mas qual casal vive uma vida perfeita?
- Com toda certeza, nenhum! - realmente era o que eu pensava, como exemplo apenas vinha meus pais em mente, se demonstravam o casal mais perfeito existente, mas ainda sim tinham tantos problemas quanto um casal em sua juventude.
- Exatamente, todos nós temos problemas! - ela sorriu uma vez que acompanhou a cena de um casal um pouco mais de idade passeando diante a chuva que caía - o amor não correspondido pode ser perigoso, sabemos suas consequências, alguém sempre sai em perigo.
- Você está em perigo neste momento? - acabei perguntando sem pensar em nada.
- Por que a pergunta? - ela me respondeu com outra pergunta, me deixando sem uma resposta.
- Eu acredito que a terceira fase poderia ser a mais difícil, não? - Sim, isso foi uma tentativa de fuga.
- Talvez se libertar do comodismo seja - foi tudo que ela disse - É difícil quando sabemos que estamos com uma pessoa especial e ainda sim ela não é a pessoa que sabemos ser “certa”, ela pode ser o nosso “quase”, mas, ela sempre será “quase” e nunca acabará evoluindo para um completo amor.
E por esse dia nossa conversa sobre o amor foi tão decisiva quanto a chuva que caía mostrava seu potencial.
O guarda-chuva acabou sendo um presente. Assim que chegamos o ônibus passou e o tempo ruim também melhorou, o guarda-chuva mudou sua cor, era possível ver como o amarelo diminuía, tornando-o em transparente mais uma vez.
A mudança de cor do guarda-chuva também acabaria sendo igual ao amor, o guarda-chuva também tinha fases. E para a chuva, era necessário tê-lo.

“Tonight, in the dark night, above the sky
the clouds cover the stars
and pour down rain that can’t be blocked
It says the last goodbye for you
I can’t forget the sight of your back
under your clear umbrella
because it can’t be covered”

South Korea, Year 1975
- Eu recebi! - ela disse animada, sorria como ninguém, era aquele sorriso que eu sempre gostaria de ter por perto, mesmo sabendo que os ventos sopram de forma contrária - Eu recebi, .
- Você recebeu o quê? - eu perguntei rindo de sua animação - Eu tenho um presente para você.
- Um presente para mim? - o assunto foi esquecido.
- Sim! Quer vê-lo agora? - seu sorriso aumentou - Mas me conte o que você iria dizer.
Seus olhos se distanciaram um pouco e ela parecia que nem mesmo respirava enquanto pensava.
- Eu... eu conto depois! - Ela a cada vez mais parecia não estar naquela sala enquanto conversávamos, suas palavras não saíam completas e eu sabia que ela não prestava atenção.
- Eu sei que você gosta de aquarela… - Ela concordou com a cabeça - então eu vou acabar te dando uma coisa importante para mim hoje.
- E o que é? - perguntou sorrindo e voltando sua atenção.
- Olhe você mesma! - apontei até uma das telas cobertas por um pano ao fundo do ateliê - Aquele é seu presente.
Sua animação havia ficado maior do que quando chegou, ela caminhou até a tela e acabou fazendo um leve suspense para tirar o pano de cima da mesma. Mas quando tirou era possível ver seus olhos brilharem.
- Foi minha primeira pintura sobre você! - ela sorriu ao admirar a tela - Você não estava em minha paisagem naquele dia, você se transformou nela, você se transformou em minha arte, em minha musa.
- É a coisa mais linda que eu poderia ter visto em toda minha vida - ela realmente não sabia o que dizer, era possível ver em seu rosto a dificuldade de se expressar que ela trazia - Eu realmente não sei o que dizer.
- Bingo! - Sorri ao escutar isso - Era exatamente o que eu gostaria de escutar, que te deixei sem palavras - ela se aproximou de mim em passos largos - que deixei minha amável tagarela sem palavras - foi então que a abracei, a segurei em meus braços em sentimento de nunca mais ter ela longe de mim. De nunca deixá-la partir - Vamos jantar hoje? Te busco às sete e meia, tenho aula agora, mas se quiser pode vim buscá-la depois da aula para não carregar coisas demais. - disse me referindo a pintura.
- Tudo bem. - sorriu sem demonstrar muita animação - Boa aula!
- Obrigado! - deixei um beijo em sua testa e caminhei a deixando ali - Te vejo mais tarde.

19h40

“Like a season ending
You left everything behind in the memories
You said you were going with a smile
You said even if I’m alone tomorrow,
don’t act sad
Because that’s what you’re going to do”


- Você esqueceu alguma coisa em casa? - perguntei enquanto via que ela encarava o cardápio nas mãos por mais de vinte minutos calada - Está se sentindo mal? Quer que eu te leve daqui?
- Não se preocupe - parecia ter acordado de um transe - eu só estou um pouco cansada e distraída.
- Se você quiser ir embora apenas me deixei saber, okay? - eu segurei sua mão que pousou sobre a mesma e ela de imediato se segurou com a minha, deixando um carinho confortável nas minhas.
- Não se preocupe! - seu sorriso foi fraco, algo a incomodava, era visível.

20h20

“I still can’t believe this
I can’t untangle my heart
I can’t blame myself but I can’t hate you
If I blame myself, even the air turns against me
This complicated situation
The sight of your back remains in my head
in a deep place that can’t be erased, your name is engraved
Even closing my eyes feels like a waste of time
I’m thankful that the rain is clear”


- Eu preciso te contar algo - foi o que ela disse me olhando séria enquanto caminhávamos pelo parque principal da cidade.
- Sou todo ouvidos! - sorri entrelaçando nossos dedos.
- Eu recebi uma carta da França - ela começou - eles me chamaram para terminar a carreira no programa de estudos de artes deles. A nossa universidade acabou tendo os projetos do semestre avaliado por essa instituição de artes que tem a sede em Paris, eles escolheram exatamente dois alunos que participaram do projeto para ganharem uma bolsa cem por cento segura e completa. E um desses alunos sou eu.
- E você pretende ir? - meu desânimo era visível, eu estava feliz por ela, estava realmente animado, mas eu não conseguia demonstrá-lo - Não precisa responder, eu sei que você irá, era isso que você estava tentando dizer mais cedo no ateliê?
Ela sacudiu a cabeça triste, suponho ser por minha cara não parecer tão feliz o quanto deveria estar.
- Não se sinta triste! - eu tentei sorrir de forma reconfortante para ela - Eu estou feliz por você, eu apenas preciso de tempo para poder assimilar. Quando você vai?
- Não comprei as passagens ainda - ela comentou - pretendia fazer isso depois de conversar com você.
- Você não precisava ter esperado - fui sincero - de qualquer forma você irá.
- Dessa forma faz parecer que irei para sempre - ela pode não ter percebido, mas esse era totalmente o meu medo, de que ela se fosse para sempre.

21h30 - Toque de recolher
“Like smudging watercolor
You gave out all your color
Fading and fading
I’m placing you in time
Placing everything in time
Promising to meet in the future”


- Quer saber? - ela disse de repente enquanto nós tentávamos fugir sorrateiramente para deixá-la em sua casa - Eu não irei, não vou deixá-lo.
Nossos passos foram rápidos em relação ao cruzamento de uma das ruas já que dois guardas vinham por esse lado, nós não poderíamos ser vistos.
- Hey! - escutamos vindo de trás de nós - Parados aí.
- Corre! - nós dissemos um para o outro correndo em direção a casa dela.
Corremos o máximo possível e nos escondemos em um dos arbustos perto de sua casa.
- Você irá sim! - eu disse sem me importar com que o policial me escutasse - Você não pode perder essa oportunidade, ela é única e sempre foi seu sonho conhecer Paris, sempre foi seu sonho estar na França. Você não pode perder essa oportunidade.
- Mas e você? - ela sussurrou.
- Eu ficarei bem - eu menti - Eu poderei visitá-la, mas saiba, sempre vou tê-la comigo.
- Vamos prometer uma coisa! - ela disse de repente, se voltando para mim - Eu vou esperá-lo, não vamos ter um romance como tal, mas da mesma forma quero esperar por você e mesmo que você não possa me esperar, eu saberei o quanto esperei por você.
- Minha parte da promessa seria que se esperarmos - respirei fundo esperando com que ela voltasse sua atenção para mim, que mesmo estando noite, estando escuro por conta dos arbustos, seus olhos brilhavam como nunca - Se quando você voltar e eu ainda estiver esperando por você e você por mim levarei como um sim para um pedido de casamento.
- Isso é um pedido de casamento indireto? - perguntou surpresa - Você está realmente me pedindo em casamento em um momento desses?
- Eu estou pedindo para que a mulher da minha vida fique comigo para sempre - eu sorri para ela, segurei uma de suas mãos que se encaixavam perfeitamente nas minhas e seu rosto se aproximou do meu, ela me beijou. Me beijou com vontade, amor e com saudade antecipada.
- Nós acabamos virando rotina, nosso amor virou rotina. - ela disse abaixando a cabeça - Eu realmente quero ir, é uma oportunidade tão grande.
- Eu sei o quanto você quer ir e eu sei o quanto pode ser difícil manter o que temos, - eu suspirei - mas eu vou esperar por você. Vou esperar por isso que temos.
- Eu também o esperarei - ela sorriu - Vou partir sorrindo, porque, afinal, eu sei que você é o meu amor certo e não o meu “quase”.


10 Days Later

“If saying goodbye is for a journey
If only I was strong at the sight of your back
I’d say a quiet goodbye to your back
Thanking the rain for covering my tears
(I remember the beautiful us)
Waiting with memories that make my heart ache
I’m letting you go with a smile
I believe I will wait for you”


Lembrar de suas palavras era o importante para mim, vê-la partir era a parte mais difícil.
- Você pegou seu passaporte? - eu perguntei um pouco agitado enquanto tirava suas coisas do carro.
- Sim, não se preocupe, eu peguei tudo - ela sorriu - Acho que meu voo está prestes a ser chamado.
- Vamos, vou levá-la - ofereci e ela apenas concordou com a cabeça, em seguida voltando sua atenção até o céu que havia escurecido de repente.
- Vai chover! - disse, com seus olhos ainda presos no céu - Vamos?
- Sim! - ela acabou me flagrando observando-a, era minha parte preferida de todos os dias, observá-la e agora seria tempo o suficiente para sentir falta de fazer isso.
Caminhamos por todo o aeroporto com nossas mãos entrelaçadas emanando um calor que só dela me trazia sensações.
- “Voo 173 com destino para Paris, França, embarque sala 5” - Toda a areia restante da ampulheta havia se acabado, dessa vez, ela estava mesmo partindo.
- Minha hora! - ela anunciou sorrindo, era possível notar a junção de tristeza e felicidade como a chuva e o amor presente em seus olhos.
- Eu espero que você conquiste muito mais do que merece - deixei um beijo em sua testa - Eu vou esperá-la até a última esperança - deixei um beijo em sua bochecha - vou crescer cada vez mais o nosso amor com a saudade - deixei um beijo em seu nariz - vou sempre amar você - deixei um beijo em sua boca - até você dizer que já não podemos estar juntos ou até você voltar para mim e ser minha para sempre. Eu vou esperar por você.
- Eu acredito em você! - seu suspiro foi grande em meio a um abraço final.
Eu realmente iria esperá-la.
- Aqui - antes de caminhar em direção a sua sala de embarque - irá chover, fique com ele por mim - ela disse me entregando o guarda-chuva.
Ainda nos despedimos por mais uns instantes, eu não a vi partindo, apenas a vi caminhando para uma longa distância de mim. Eu a vi tomando um caminho diferente para no final sabermos que não somos apenas um caso de “quase amor”.
Sua silhueta desaparecia de pouco em pouco, suas costas era o máximo que eu conseguiria guardar, me deixando com um sorriso por deixar com que ela partisse, porque isso apenas me fez sentir mais segurança em relação a sua volta.
Independente se não somos um ”quase amor” nunca poderia deixá-la presa a mim.
Ela merecia tudo isso.
Ela merecia ter sua própria jornada.
A chuva dessa vez realmente veio mais forte do que o costume nesse dia, a aparência era que ela também queria presenciar o meu último adeus. É como se a chuva estivesse encharcando a noite sem uma única palavra.
Uma pintura iria ser feita essa noite. Uma pintura sobre nossa despedida.


Epílogo

Foi possível compreender por um tempo a forma de compreensão que eles tinham um pelo outro, era devidamente anormal e prioritária.
Sua relação era claramente cheia de amor e confiança, mais uma vez, anormal. Todos os casais passam por seus momentos difíceis e de longa duração, ela ficou dois anos longe, ele ficou dois anos sozinho esperando por ela, por mais que essa não fosse sua única função e também um pouco arriscada, era o que necessitavam.

“Desembarque do voo 135 acontecerá em alguns minutos” 

Esse poderia ser o anúncio mais esperado durante um longo tempo, eu não sei se alguém ali naquele local havia passado pelo mesmo ou talvez pior, mas cada um trazia consigo uma diferente situação.
Alguns esperavam os filhos.
Alguns esperam os pais.
Alguns esperavam os avós.
Ele, esperava por ela.
- ! - ele escutou seu nome soar mais uma vez através daquela voz tão conhecida por ele, girou seu corpo para trás encontrando ela em sua espera - Você está no portão errado.
Seu sorriso, surgiu.
Era tudo o que ele mais precisava, a saudade havia tomado forma naquele dia, o som da voz dela eram como poemas e definitivamente por mais uma vez no resto de seus dias de vida, ela estaria em seus sonhos e em sua vida provocando uma intensa paisagem eterna.


Amor e Chuva.
Felicidade e Tristeza.
Amor e Saudade.
Ele e Ela.

“Às vezes a chuva pode dizer mais do que deseja, às vezes o amor pode acontecer mais cedo do que pensa. Às vezes a tristeza anda com a felicidade para que a intensidade tome conta.
O amor não vira rotina, mas o amor vira saudade”


- - foram as únicas palavras possíveis de serem ditas, seu nome.




Fim.



Nota da autora: Vocês já leram a letra desta música maravilhosa? Eu realmente agradeço muito por ter escrito com ela. Confesso que me deu algumas dores de cabeça o plot, mas acho que o resultado final foi muito satisfatório.
E vocês? O que acharam? Me digam o que fariam em uma situação assim? Como agiriam? Mais uma vez agradeço por terem lido, vocês não sabem o quão importante isso é, obrigada por estarem aqui.
Não esqueçam de deixar o comentário dando a opinião de vocês.
xoxo Lay!
Saranghae.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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