04. Take You
Finalizada em: 15/06/2018

Capítulo 01

"Abençoados os corações flexíveis, pois nunca serão partidos" Mas eu penso comigo mesmo... "Se não se partiram, não se curam. E se não houver cura não há aprendizado... E se não houver aprendizado, não há luta... Então todos os corações precisam ser partidos?" – Lucas. One Tree Hill


Nada estava saindo exatamente como planejado naquele dia, Fury havia telefonado avisando que algum tipo de energia estranha estava sendo registrada próximo a órbita da Terra, Thor estava sumido, doutor Benner não dava notícia há mais de uma semana e tudo o que ele queria era uma noite de sono descente, coisa que não acontecia há três anos. Suas noites eram insones ou agitadas, demorava a dormir e quando conseguia devia isso as horas que passava lutando sozinho contra um saco de areia da antiga academia que ainda era seu ponto de refúgio.
- Seja ao menos razoável Steve, Fury está preocupado com razão, Barton não conseguiu identificar o que está havendo. – Natasha insistia naquele assunto, já passava das quatro da manhã, por Deus ele só queria dormir um pouco.
- Eu sei, Nat, mas não posso fazer nada sem uma base, vamos esperar que Stark entre em contato. – Um silêncio estranho se prolongou no ambiente. – Ele foi informado, não foi? – Seus olhos azuis voltaram-se para agente mais perigosa do mundo, a mulher desviou o olhar e caminhou para o outro lado da mesa parando em sua frente. – Por que ele não foi informado?
- Achamos que você não gostaria de revê-lo. – Ela explicou. – Há três anos vocês ignoram a existência um do outro, não é como se eu pudesse prever que gostaria de envolvê-lo nisso.
Rogers suspirou pesadamente, ela estava certa, e mesmo que não quisesse admitir precisaria deixar seu orgulho de lado em prol de um bem maior.

Ela já havia corrido mais do que suas pernas aguentariam em um dia comum, talvez estivesse apenas fora de forma. Ou talvez fosse o medo de ser pega que a fizera fugir com mais pressa e medo do que já sentira na vida. Ela só tinha uma chance, não poderia perdê-la, aquelas crianças era tudo o que lhes restara depois de... O barulho de algo caindo próximo de sua cabeça a fez arregalar os olhos, ao erguê-los notou dois homens desconhecidos com um uniforme familiar mirando seu corpo com armas grandes o bastante para causar estrago.
- Olá senhores, essa não era a recepção que eu esperava. – A moça comentou sarcasticamente ao ser puxada pelo braço e empurrada na direção da sala principal onde ela sabia que Nick estava.
- Ora essa; acredito que só deveria vê-la daqui dois anos. – Comentou o homem ao vê-la adentrar a sala escoltada. – Podem deixa-la, obrigada. – Fury voltou seu único olho bom na direção da recém-chegada, e surpreendendo-a a abraçou. Não era a reação típica que ela esperava, mas sentira falta daquele chefe tirano resmungão, como ela costumava chamar. Ao se separar do chefe sorriu ao ver a face série de sempre. – Por que voltou? Achei que demoraria mais para voltar à S.H.I.E.L.D.
Os olhos da mulher mudaram de foco encontrando a cidade atrás dele através da imensa janela de vidro.
- Elas corriam perigo, eu não poderia arriscar. – Disse baixo vendo Fury se aproximar.
- E por que não nos informou?
- Ora, Nick, só porque estou longe não significa que não sei o que está havendo aqui. – Ela sorriu sombria. – Soube da ameaça contra Terra, vocês têm coisas mais urgentes para resolver. – Deu de ombros. O espião ponderou por alguns segundos a informação, ele sabia que só voltaria para Nova York se algo muito grave estivesse acontecendo, a segurança das crianças era prioridade e ela não hesitaria em sumir do mapa se fosse necessário. No momento em que Fury abiu a boca para perguntar como ela sabia da possível ameaça terrestre as portas automáticas se abriram revelando a Feiticeira Escarlate ao lado do Visão. franziu o cenho diante das pessoas desconhecidas, mas foi a aproximação do homem vermelho que lhe assustou. Presa num abraço surpresa ela arregalou os olhos completamente perdida; já ouvira falar do homem de inteligência artificial, mas não o conhecia.
- Mas o que...
- Senhorita Stark, é muito bom tê-la conosco novamente. – Disse com um inglês perfeito, a mulher arregalou os olhos.
- Você é...?
- Ah sim, você me conheceu quando eu era o JARVIS. – Ele sorriu gentilmente a fazendo abrir a boca. Pelas barbas de Odin, muita coisa havida mudado. – Na verdade parte de mim é o JARVIS, sou feito por muito mais dados... - Um pigarro vindo do canto da sala atraiu suas atenções, a moça que entrara na sala ao lado do que um dia fora seu banco de dados agora a fitava com um olhar que julgou ser enciumado. – Me perdoe senhorita , essa é Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate. – Apresentou por fim; a agente se aproximou e estendeu a mão para cumprimenta-la.
- É um prazer finalmente conhecê-la, ouvi falar muito bem de você. – Disse gentil, Nick a fitou confuso, gentileza não era o traço mais marcante na personalidade da jovem Stark, mas talvez a convivência com as crianças a tivesse amolecido. – Eu sou a agente Stark, mas pode me chamar de .
- Stark como o Tony? – Indagou a ruiva perdida, assentiu. O sotaque russo era predominante sobre o inglês da moça, mas ela era belíssima e agora entendia o motivo de Visão estar tão apaixonado por ela, seus olhos traziam mais pureza do que qualquer pessoa que já vira, isso lhe lembrava das pessoas que deixara esperando por ela em sua casa. Esse pensamento a fez sorrir, era bom saber que as encontraria ao voltar para casa. As portas automáticas se abriram novamente, desta vez revelando a presença de Clint Barton e Natasha Romanoff, ou como os chamava, seus ex-tutores carrascos.
- Senhor, a radiação... – A fala de Barton não foi concluída, pois no momento em que seus olhos deixaram o tablet que trazia em mãos e focalizaram a mulher que ele não via há três anos as palavras sumiram. – Sua deserdada, o que faz aqui? – Perguntou se aproximando de onde ela estava, com um sorriso maldoso que ele tão bem conhecia, Clint viu a mulher se aproximar e o abraçar rapidamente, repetindo o gesto com Romanoff, que sorriu diante da imagem de sua pupila.
- Eu sabia que havia sentido minha falta, agora pode ficar tranquilo, voltei para ficar. – Declarou a jovem olhando rapidamente para seu comandante, que com um gesto de cabeça indicou que ela era bem-vinda, mas ainda lhe devia explicações.

O pior já havia passado, ao menos era isso o que Steve pensava depois de sair de uma reunião com Tony Stark e agora caminhava em direção à sala do Diretor tudo o que ele queria era entregar o relatório do dia e ir para casa, o cansaço estava lhe matando. Haviam chegado a um acordo sobre trabalharem juntos novamente, a rivalidade ainda estava ali, assim como a desconfiança, mas a segurança da Terra era superior a qualquer adversidade que pudesse existir entre eles.
- Olá, Capitão, achei que já tivesse ido para casa. – Nick comentou girando sua cadeira em direção à porta, minutos antes estivera fitando a cidade abaixo de si diminuir seu ritmo. Steve riu, era óbvio que ele sabia exatamente quem saía ou entrava daquele prédio, principalmente quem lhe interessava.
- Vim lhe trazer o relatório da minha conversa com Stark. – Direto como sempre, o Capitão colocou sobre a mesa dele um gravador. Não era o principal fã de tecnologias, e tudo o que precisava ser dito estava registrado ali, assim como o próprio o pedira. – Estou indo agora. – Avisou o loiro dando as costas para Nick e se dirigindo para porta, Fury nada disse, sabia que deveria ter avisado sobre o retorno da filha de Stark, até mesmo para o pai da moça, mas sabia que não era uma boa ideia depois de um dia cheio de emoções. Steve seguiu para fora do prédio com rapidez, algo lhe incomodava e ele sequer sabia dizer o motivo, ao colocar o capacete e ligar a moto notou uma movimentação suspeita e virou para saber de quem se tratava, não viu nada além de sua própria sombra. Balançou a cabeça e deu partida, precisava de um bom banho e de descanso, talvez mais uma ou duas sessões de sua luta solitária contra o saco de areia que era seu companheiro de todas as noites.


O quarto havia sido preparado sob a supervisão direta de Natasha, o cômodo recebera uma porta de auxílio para o quarto ao lado, só havia aquela passagem, já que a porta da frente estaria codificada com uma senha que apenas e o próprio Nick saberiam, ali havia tudo o que as crianças pudessem precisar. Brinquedos, vídeo-game, duas camas grandes, roupas, remédio e o mais importante em se tratando das duas meninas, sigilo. O quarto que pertenceria a Stark ainda era o mesmo que ela usara nos anos em que trabalhou diretamente para SHIELD, Steve havia mudado e agora vivia em um pequeno apartamento no Brooklyn, ela sabia, o acompanhara algumas vezes para saber se estava tudo bem com ele, sabia de seus passos tão bem quanto os próprios.
Romanoff conferiu os computadores e deixou o lugar encontrando Barton na saída, o arqueiro tinha uma expressão preocupada no rosto, algo incomum para seu jeito tradicionalmente relaxado.
- Eles não sabem sobre a volta dela.
- Eu sei. - Nat fechou a porta e acionou o código. – Mas o que mais me preocupa não é o Stark, ele provavelmente será o mais tranquilo com tudo isso, o que é realmente estranho. – Murmurou a mulher balançando a cabeça ao proferir tais palavras. – Steve é quem vai dar trabalho.
- Você acha que ele não...
- O Rogers é muito durão, mas nós sabemos o que ele passou nesse tempo em que estava longe, não sei qual será a reação dele, só espero que não seja tão ruim como foi quando ela se foi. – Os dois trocaram um olhar significativo, havia muito a ser pensado, mas nada poderia prepara-los para realidade que viria.

Era a décima quinta volta dada no perímetro e Wilson já estava considerando se poderia ou não desistir, acompanhar o Capitão América não era exatamente sua melhor ideia. Arfando, o Falcão colocou as mãos sobre os joelhos, a vista do Sol começando a nascer era bonita o bastante para usar como desculpa para uma pausa.
- Já está descansando? – A voz de Steve o assustou, Sam revirou os olhos e balançou a cabeça antes de ver o amigo bebendo água despreocupadamente como se tivesse apenas caminhado.
- Eu não quero saber quantos quilômetros correu nesse meio tempo. – Alertou o Falcão apontando o indicador para o Capitão, o loiro riu e amassou a garrafinha tirando-a em uma lata de lixo a três metros de distância.
- Não que isso seja relevante, porque hoje acordei com preguiça, mas corri dois quilômetros e meio. – Com um sorriso maroto Rogers viu o amigo franzir o cenho em sua direção antes de estender a mão para ajudá-lo a se recompor. Um alerta de missão apitou no celular de ambos, era hora de voltar ao trabalho, aparentemente o mundo precisava deles.

O sobrenome Stark era sinônimo de dinheiro, beleza, inteligência e poder, não necessariamente nessa ordem, mas com certeza com ênfase em cada uma das palavras. sabia que ao assumir o sobrenome do pai teria que lidar com tudo isso que viria junto com o pacote, todavia não assumir seria como dizer para ele que não o aceitava como pai ou não lhe perdoava o que não era verdade; já havia passado da fase de aceitação há muitos anos. Compreendia perfeitamente os motivos de sua mãe para fugir quando descobriu da gravidez e do por que jamais ter contado a seu pai o motivo de sua existência, mas não podia negar a si mesma as inúmeras vezes que desejou conhecer o homem que sua mãe tanto falava, mas nunca lhe revelava o verdadeiro nome. Ela ainda conseguia ouvir a surpresa que seus lábios expressaram ao ouvir Sally dizer em voz alta o nome que ela tanto desejara saber. Anthony Stark, o bilionário dono de metade de Nova York, o homem mais influente do mundo eleito duas vezes pela G Magazine, o Homem de Ferro herói querido por todos; o responsável por doações à faculdade que ela cursava como bolsista em Nova York. Pelos céus, ela jamais imaginaria. Entretanto, a surpresa maior veio por conta de seu ingresso na SHIELD, o bom desempenho que tivera ao elaborar e traduzir textos para polícia federal juntamente com a excelente precisão que tinha para atirar e se mover durante uma luta atraíram atenção da agência. Phil foi pessoalmente recrutá-la, seu treinamento foi feito e supervisionado de perto por Natasha Romanoff e Clint Barton, seus melhores amigos atualmente. Essas memórias ela jamais poderia deixar, ainda que a mais marcante dentre elas estivesse escondida dentro de seu coração a sete chaves, ao lado do dia mais incrível de sua vida, o momento em que Tony Stark descobriu que ela era sua filha, e contrariando tudo o que imaginara; não era mestra em física, matemática ou ciências, ela era uma professora de literatura formada pela New York University que nas horas vagas assessorava o treinamento e uso de armas dos mais diversos calibres na SHIELD.
Ela precisava chegar logo ao prédio, sua estadia na cidade já estava sendo especulada e não demoraria até que seu pai tivesse notícias suas vindas de fontes duvidosas. Era o preço de ser uma Stark.
Passos pesados seguiam pelo corredor do vigésimo oitavo andar do prédio da Organização; Natasha foi a primeira pessoa que o viu, Tony seguia lado a lado com Maria Hill, os dois estavam entretidos e sequer viram Capitão e Sam Wilson passando próximo de si, ou talvez fosse terreno perigoso demais para se mexer logo cedo. Nick Fury convocara a presença de todos na sala de reuniões inferior, um lugar que ele sabia não haver escutas devido à intervenção de uma malha de metal própria para impedir transmissão de sinal telefônico.
- Pra que tanta urgência, Fury, até parece que a Terra está em perigo? – A piadinha infama só poderia vir de Tony, os presentes balançaram a cabeça em negação e permaneceram em silêncio, Wanda ainda não se acostumara com o comportamento do empresário, ainda que os demais não ligassem. O espião não respondeu, ao invés disso as portas automáticas se abriram e por elas passou uma figura capaz de chocar a todos.
- Quanta ironia, Tony, está parecendo até o meu pai. – A voz de invadiu a sala causando tanto impacto quanto sua presença, Steve ainda não havia a notado até ouvi-la falar. Seu coração parou momentaneamente apenas para acelerar o dobro, talvez o triplo do que o normal para ele. Seu sangue corria rápido pelas veias e o cérebro entrou em pane por alguns segundos ao assistir a garota atravessar a sala e se atirar nos braços do pai que parecia tão sem reação quanto ele.
- , ah céus, é você mesmo. – Tony dizia sem parar, chocar Anthony Stark era um feito quase histórico. – Quando chegou? Onde você esteve? Eu te procurei por todo lado, Pepper está uma arara com você. – Ele franziu a testa para ela, mas um sorriso foi o bastante para desmontá-lo. Ainda que tivesse vinte e um anos, ela era a garotinha do papai, como Clint costumava chamar. Era o sonho realizado, porém nunca citado de Tony, um filho. Alguém que levaria seu legado adiante, e ele não poderia estar mais feliz e preocupado por ser , uma agente da SHIELD aplicada, e com tendências que ele considerava suicidas, mas como poderia julgá-la quando o próprio se meteu em um buraco entre Terra e Espaço para salvar o planeta?
- Eu... Preciso sair por um momento. – Toda polidez de Steven Rogers caíra aos frangalhos naquele momento. Ninguém ousou dizer nada, talvez sequer tivessem escutado com a bagunça que os Stark faziam. Sam assentiu para o amigo que já seguia pelo corredor.


Hey, what's the situation?
I'm just trying make a little conversation
Why the hesitation?



Capítulo 02

“Sentir saudade de alguém fica fácil a cada dia, porque apesar de ser mais um dia desde a última vez que vocês se viram, é um dia mais perto da próxima vez que vocês irão se encontrar.” - Peyton. One Tree Hill



Steve havia fugido, essa era a verdade que ele se negara a aceitar durante todo o dia. Havia retornado para reunião apenas duas horas depois de deixar a sala e o cheiro dela ainda estava lá. Nick esteva sentado esperando sua volta.
- Eu não poderia contar...
- Quando ela voltou? – O Capitão perguntou direto, Nick suspirou.
- Ontem, eu a encontrei ontem. – Fury alegou, a angústia de Rogers era tão grande que poderia ser palpável. Seu coração não aceitava sentir mais aquilo, havia vivido três anos de um luto que não se permitiria viver novamente. sumiu de sua vida tão rápido quanto entrou, em uma manhã ele acordou e ela não estava mais lá, nada dela ou que indicasse sua existência. A única confirmação da sanidade do homem era o cheiro grudado em seu travesseiro, o mesmo que ela deitava todas as noites desde que assumiram o namoro. Steve mordeu a bochecha para evitar dizer alguma coisa, nada explicaria seus sentimentos. – Este relatório tem a missão que você participará, imprescindível a sua presença. – Avisou o espião atraindo atenção do loiro para si.
- Por quê?
- Apenas leia o relatório, vocês devem ir hoje à noite, de dia é muito óbvio. – Avisou o homem se levantando e deixando a sala.

A tarde se arrastou com muita pesquisa nos laboratórios, muito treinamento nas salas inferiores e nada disso importava para os Stark, que com muita dificuldade conseguiram deixar a fortaleza da SHIELD para terem um momento em família. foi levada a torre Stark e já havia recebido mais broncas e mais abraços do que se lembrava na vida. Pepper já havia coordenado todos os funcionários para fazer os pratos que ela sabia que a moça gostava, em sua mente ela ainda era a adolescente de dezessete anos que viera visitar o pai pela primeira vez. riu da euforia que lhe tomava.
- Você não pode sumir mais, está entendendo, senhorita rebelde? – Potts disse ao se aproximar dela e abraça-la mais uma vez de lado, as duas estavam no sofá da imensa sala de estar da mansão. Tony havia saído por alguns instantes com a desculpa de que precisava fazer uma ligação, sorriu diante da frase. Ela sentira falta da ruiva quase tanto quanto sentira de seu pai, os dois eram o melhor casal que ela conhecia.
- Peps, eu preciso contar uma coisa, mas... – Sua fala foi interrompida pela chegada do pai que trazia consigo uma caixa grande o bastante para caber as duas mulheres dentro. – O que...
- Vem, abre. – Apontou para o pacote gigantesco, a mulher franziu o cenho e levantou-se para fazer o que ele lhe pedira. Dentro do embrulho havia um traje que muito se parecia com a armadura dourada e vermelha do famoso Homem de Ferro, todavia o tecido era leve e provavelmente de algodão com pontos sintéticos para absorção de suor, a tecnologia por trás daquilo estava além da compreensão da jovem Stark. As cores preto e dourado se destacavam nos detalhes. Ela sorriu e balançou a cabeça. – E então?
- Se não o conhecesse bem diria que fez isso tudo nessa breve ida ao porão.- Debochou a moça rindo da expressão falsamente chocada do pai.
- Se me conhecesse bem confirmaria essa suspeita. – Ele declarou e arqueou a sobrancelha, ela balançou a cabeça e retirou o presente para colocar em frente ao corpo. – Ele se ajusta ao seu corpo, ou seja, se emagrecer ou engodar ele vai se ajustar e não a deixará desconfortável. Usei um pouco da tecnologia do reator em pontos estratégicos para evitar que no meio de uma batalha te atinjam em pontos vitais. – Por um momento a voz dele se tornou sombria e soube o motivo, ele temia por sua vida.
- Obrigada, Tony, isso é realmente incrível. – Surpreendendo pela segunda vez no dia a mulher se atirou nos braços dele. Pepper escondeu os olhos marejados ao se virar para fingir ajeitar uma almofada, ela sentia tanto carinho pela garota que considerava a ideia de chama-la de filha, ainda que a mesma dissesse que ela não tinha idade para tal. O pensamento lhe levou diretamente para o momento em que , até então apenas , chegou à torre e foi apresentada para ela como filha do homem que Potts amava.
- Você não pode ser minha mãe, não tem idade para isso. – Fora a frase mais longa que a jovem soltara desde que chegara à casa de Stark há três dias.
- Sua mãe tem a minha idade. – Retrucou a ruiva, a moça se calou.
Pepper já havia tentado de tudo para se aproximar da garota, sabia que um filho era o sonho de Tony, e ainda que não quisesse ser mãe no momento, cuidar da herdeira de Stark era o melhor que poderia fazer. era inteligente, divertida e não perdia uma piada, exceto quando ela estava por perto. Com um pouco mais de atenção ela percebeu que a moça estava apenas retraída, pois segundo JARVIS, acreditava que estava atrapalhando o casal. Então se aproximar e ganhar o carinho de se tornou o maior objetivo da ruiva.
- Está certo, mas ela foi mãe muito jovem. – se retraiu, falar da mãe lhe causava isso. Sentia falta de casa e da família, queria poder auxiliar a genitora nesse momento, mas ela insistira que a garota deveria permanecer na cidade, voltar para o Texas estava fora de cogitação.
- Façamos assim, você me conta sobre você, eu te conto sobre mim e quando formos amigas de verdade decidimos se posso ou não ser a sua mãe postiça, está certo? – Aquela frase na voz de qualquer outra pessoa deixaria a mocinha irada, mas vinda de Potts a fizera amolecer. Naquele dia a herdeira Stark soube que teria uma melhor amiga por muitos anos, independente do que viesse acontecer.

Steve já havia lido e relido o documento que Fury lhe entregara, sua mente não conseguia absorver tantas informações depois do choque que recebera mais cedo. Ele estava mesmo indo para uma missão com Natasha, Clint e em busca de um documento que relatava detalhadamente o poder das joias do infinito, o poder supremo que poderia destruir a Galáxia, e seu coração traidor não parava de doer enquanto as imagens do momento em que a mulher que ele amou, ou amava, entrou na sala com um sorriso que o fizera desmontar um pouco. Ela estava diferente, os cabelos mais longos, mas ainda era a mesma .
- Pronto, Capitão? – Clint perguntou ao se aproximar do homem. Barton estava devidamente trajado com as flechas e arco presos no suporte em suas costas. Ainda aéreo, Rogers assentiu e se levantou. – Você vai precisar do escudo, Capitão. – O alerta do amigo o fez perceber que usava o traje, mas deixara o escudo no quarto. Constrangido o loiro assentiu e nada disse, apenas se dirigiu para fora da sala.
Com pressa caminhou até chegar ao antigo quarto, o objeto estava apoiado no suporte da parede. Assim que entrou jogou os papéis sobre a mesa de canto e o pegou, deu meia volta e travou as portas retornando para saída. Eles iriam em uma aeronave pequena, não era uma boa ideia despertar atenção indesejada.
- Ah, Budapeste. – A voz de lhe tomou de assalto assim que seus pés tocaram o avião, ela e Natasha sorriam cúmplices, Clint se aproximou e a empurrou com o ombro antes de ocupar o lugar do piloto com Nat ao seu lado. – Ei, achei que eu pilotaria hoje. – Brincou, ainda não havia percebido a presença de Steve atrás de si.
- Nos seus sonhos, pirralha. – Devolveu o Arqueiro a fazendo bufar, era como estar em casa. Sempre as mesmas discussões, os mesmos xingamentos e apelidos, sentira falta disso. Mas foi ao ver o Capitão América sentando-se na poltrona ao lado da sua e sequer lhe dirigiu o olhar que a verdade lhe caiu como uma bomba, nada seria igual. Ela poderia ter a compreensão de todos, até seu pai, que quase surtara, para dizer o mínimo, quando soube do motivo de sua partida, mas ele não lhe perdoaria. O que fizera a Steve era a forma mais cruel de traição que conhecia; não se orgulhava disso, mas fora necessário.
- Vai fazer um lanche primeiro, Clint? – Perguntou Natasha para o amigo, que parecia inquieto com os presentes sentados atrás de si.

A viagem até Budapeste foi feita no mais completo silêncio, o que era muito incomum para uma aeronave com três Vingadores e uma Stark. Clint pousou num campo praticamente deserto cercado por vegetação, ao longe se via a cidade sob os primeiros raios de Sol.
- Vamos. – Chamou Romanoff depois de checar suas armas, Steve estendeu o braço parando-o.
- Se vamos entrar na cidade não seria mais seguro que usássemos roupas menos...
- Chamativas. – completou o raciocínio do homem que a fitou brevemente. – Podemos pegar algumas roupas emprestadas. – Ela apontou para o que deveria ser a entrada para cidade, já que algumas casas pequenas com varais expostos se mostravam. Sem esperar por um aval a moça se precipitou e seguiu até a primeira casa, com facilidade pulou o muro de pouco mais de um metro e meio e puxou algumas roupas atirando-a para Clint em seguida. Repetiu o gesto nas casas ao lado, que se interligavam pelo mesmo muro. Certamente aquilo pertencia a um condomínio nem um pouco seguro. – Andem logo. – Insistiu, em seguida caminhou até parar atrás de um lençol estendido e retirou o traje usual da Organização, vestindo a calça e a camiseta que encontrara. Natasha deu de ombros e seguiu o exemplo da pupila, precisavam ganhar tempo, se estivesse correta não demoraria para que outros descobrissem a localização daquele documento. Steve estava vermelho quando terminou de fechar o agasalho preto que a moça lhe entregara.
- Elas...
- Se disser algo... – Rogers deixou a frase no ar como uma ameaça, o Gavião prendeu o riso. Sabia que nenhuma das duas agentes era exatamente discreta, e o fato de mexer com o Capitão era um fato agravante para cena que se desenrolou há poucos segundos.
- Pronto, agora podemos ir. – Viúva Negra surgiu com um conjunto de moletom semelhante ao da Stark.
- Mas e os trajes? – Inquiriu Steve sensato, com um revirar de olhos a Viúva bufou e mostrou o lugar onde deixara a roupa, buscariam ali ao retornarem para aeronave. Tudo estava escondido em uma espécie de buraco que encontrara.
- Espere. – sumiu por trás do lençol uma vez mais e voltou uma mochila grande e preta. – Coloque o Escudo aqui, é melhor do que deixá-lo aqui ou andar com ele em mãos. – Entregou a bolsa para Rogers. – Agora sim, vamos.


Tony já havia retomado seus inúmeros projetos, mas algo ainda o perturbava e não permitia que concluísse um cálculo que já fizera diversas vezes. Pepper se aproximou de onde ele estava, pressionou as mãos sobre os ombros e o viu olhá-la assustado. Estivera tão distraído que sequer havia percebido os passos de Potts.
- Ela vai ficar bem, Tony, é inteligente e durona, não se preocupe tanto. – A ruiva tentava acalmá-lo, ainda que ela estivesse na mesma situação.
- Pepper; duas crianças. – Ele se vitou para olhá-la nos olhos, tomando as mãos pequenas entre as suas. – Como ela está conseguindo sobreviver todo esse tempo com duas crianças sem ajuda nenhuma? E por que não falou pra mim? Eu poderia ajudar, cuidar delas, fazer alguma coisa.
- Tony, sabe o que faz, ela não está desafiando você ou algo assim, é para segurança das meninas que ela foi embora e foi por isso que voltou. – Potts apertou suas mãos. – Não ache que ela quis deixar você ou qualquer um de nós, foi necessidade. Você não faria isso por ela? – Aquela pergunta o desarmou completamente, ele faria; é claro que sim, como poderia não fazer algo pela filha, mas isso não eliminava a dor que a falta de confiança de nele lhe trouxera. – Pare de achar que ela não confia em você. – Ele arregalou os olhos diante da precisão com que a namorada lhe dissera tais palavras. – Seja ao menos razoável, está na sua testa. – Foi impossível não rir junto.

Quando Nick disse que os quatro precisariam ir naquela missão Clint achou um exagero, achou um absurdo e Natasha não discordou. Mas agora que o corpo da Viúva Negra acabara de passar sobre a cabeça do Gavião Arqueiro que lutava contra dois homens muito bem armados, o Capitão América derrubara seis homens com um lance de escudo e a jovem Stark tinha sua garganta pressionado por um soldado da HYDRA com intenções bem duvidosas, talvez eles concordassem que a ideia havia sido boa. Talvez.
Clint atirou duas flechas elétricas certeiras queimando os oponentes rapidamente, e correu para ajudar Romanoff que agora chutava um homem que ousara ameaçar socar seu rosto.
- Ajude a . – Mandou a espiã, Clint assentiu e quando se aproximou viu a garota passar uma das pernas pelo braço do oponente o fazendo gritar, assim que o corpo dele entortou ela aproveitou para impulsionar e girar as pernas prendendo-o em uma chave de pescoço que o fez sufocar.
- Acho que ela não precisa de mim. – E dando de ombros o homem retomou a batalha, Stark levantou-se apressada e correu na direção em que Rogers lutava contra um homem grande o bastante para lhe lembrar do Hulk.
“Isso vai doer.” – Foi a primeira coisa que conseguiu pensar ao tomar impulso e se atirar sobre o grandalhão, armada com uma Glock automática efetuou um disparo que passou raspando pela orelha do homem, atraindo sua atenção. Não teve tempo de pular, seu corpo foi levantado com tamanha rapidez e jogado no chão com tanta fúria que pode jurar ouvir seus ossos estralarem. O ar deixou seus pulmões, viu Steve correr na direção dela, mas não podia deixa-lo se distrair, havia um ogro ou um cosplay de um tentando pegar o tal papel que no momento ela não sabia mais com quem estava. Juntando o pouco de força que lhe restava ela tirou a adagada do coldre que trazia na perna, mirou a coxa do oponente que agora retomara a luta com o Capitão América e acertou em cheio a virilha. Rogers aproveitou-se da distração e o atingiu no rosto, derrubando-o perto demais de onde estava.
Natasha derrubou o último homem e soltou o ar de uma vez, havia dado trabalho se livrar dos abutres da HYDRA, mas conseguira pegar o documento. Agora só precisava pegar suas roupas e...
- Cadê a ? – Barton perguntou ao olhar ao redor e não vê-la, assim como o Capitão América.
- Não é bom sinal.
Correram ao ver Steve de longe, em meio a uma pequena cratera estava o corpo da garota, o chão estava destruído graças as armas potentes e os carros, os civis haviam sido evacuados para sorte deles, pois o carro próximo ao corpo de não estava em bom estado.
- O que aconteceu? – Gavião abaixou-se para medir os batimentos da garota, que pareciam fracos. – Ela está fraca, pode estar com hemorragia interna. – Informou para os amigos. Steve tomou a frente e pegou a garota no colo, um gemido fraco e sôfrego o fez congelar, ela estava com mais do que ele pensava.
- Vamos leva-la de carro, não dá pra esperar. – Natasha chutou o vidro de um carro próximo e destravou as portas, enquanto Rogers colocava a moça no banco de traz a Viúva e o Arqueiro assumiam a frente. Foram necessários alguns minutos para chegar até a aeronave, Clint pegou os trajes enquanto os demais acomodavam a desacordada no banco reclinado. – Ah, , aguenta, qual é, vai perder o melhor da festa.
Barton entrou no avião no momento em que Natasha acionou os botões de fechamento, ele assumiu o lugar de comendo enquanto o Capitão sentava-se ao lado da moça ferida.
- Budapeste, sempre a mesma. – Murmurou fracamente atraindo atenção de todos, os sorrisos não foram contidos. Ela estava bem, ferida, mas se recuperaria.
- As lembranças que tenho de Budapeste são bem diferentes. – Clint retrucou recebendo uma careta de Natasha e um sorriso fraco da outra moça. Steve franziu o cenho.
- O que afinal aconteceu?
- O que acontece em Budapeste, fica em Budapeste. É regra, Capitão. – Informou Romanoff, fez um sinal positivo com o polegar e desmaiou em seguida.


Tell me what your name is
For your information
Don't get me wrong
You know you're right
Don't be so cold
We could be fire
Tomorrow we'll go, let's start tonight
You know what it's all about



Capítulo 03

Você só descobre quem realmente é, quando é testado. E você descobre quem pode ser, quando é testado. – Brooke. One Tree Hill



Já passava do meio-dia quanto a agente Stark finalmente acordou, com a cabeça doendo e os olhos relutantes em abrir percebeu que estava na enfermaria da SHIELD. Seu corpo doía, as imagens do confronto foram as primeiras a lhe tomar, seguida pelo rosto das duas crianças que deveriam estar em seu quarto, mas agora a olhavam de perto. Ambas de pé ao lado da cama hospitalar, alta demais para que se visse mais do que o topo de suas cabeças.
- Eu disse que ela ia acordar. – Sienna foi a primeira a falar, a garota pequena de olhos grandes e bochechas rosadas sorriu para irmã que ainda fitava .
- Ela parece confusa, será que lembra da gente? – Harriet comentou tocando o braço da mais velha. – Oi, você lembra de mim? – prendeu o riso diante da pergunta e resolveu que seria bom assustá-las, um pequeno castigo por terem deixado o esconderijo.
- Eu deveria? – Indagou fingindo confusão, as duas garotinhas abriram a boca, surpresas. A de olhos claros, Harriet, olhou para porta na esperança de alguém aparecer. Era demais para sua cabecinha de apenas quatro anos que a única pessoa responsável por elas não se lembrasse de nada.
- Caramba, a pancada foi forte, deveríamos chamar o tio Clint. – Sienna murmurou, arregalou os olhos e não pôde conter a risada. Barton ficaria louco quando as ouvisse chamando-o de “tio” Clint. As portas da enfermaria se abriram revelando Nick e um enfermeiro que jurava já ter visto numa das inúmeras vezes em que quase fora morta na batalha. – Tio Fury, ela não sabe quem somos. – Sienna disse como um segredo, Nick olhou para mulher deitada que parecia mais surpresa por ouvir alguém chamando Nick de tio do que por estar deitada com aquela roupa ridícula de hospital.
- , você sabe quem sou? – Questionou o espião com a sobrancelha arqueada. Ela riu.
- Claro que sei, estava só assustando as duas bisbilhoteiras. – Virou para as menininhas que ainda pareciam confusas. – Venham cá. – Com dificuldade a mulher se sentou e pegou as meninas para ocuparem o lugar vazio ao seu lado, as duas deitaram de imediato, exigindo de forma muda o carinho que estavam acostumadas a receber. – Tio Fury, hein? – Zombou a agente. Natasha arregalou os olhos ao escutar essa frase e viu apontar para as meninas e depois para o agente, em seguida Barton, que vinha logo atrás, prendeu o riso. Mas foi a imagem de Steve, parado na porta com uma expressão que mudou de preocupada para ultrajada, que a fez perder a fala. Ele olhou para as duas crianças que se agarravam nas pernas da mulher e depois para os olhos castanhos que tanto se pareciam com os de Tony. Uma das meninas acenou com a mãozinha na direção dele, que consternado não pôde fazer nada além de deixar a sala às pressas. O silêncio reinou.
- Ele acha que...
- Meninas, eu preciso falar com aquele moço, vocês vão tomar um chocolate quente com o tio Clint e eu encontro vocês depois, tudo bem? – A mulher disse apressada ao se afastar das crianças e pular da cama, ignorando completamente o avental com abertura lateral que deveria mostrar mais do que era necessário. Ainda assim agradeceu por não usar um que mostrasse o traseiro como nos hospitais comuns. Pôde ouvir os gritos de Nick e Natasha, assim como os resmungos do Gavião ser chamado de tio, todavia naquele momento havia muita coisa para ser esclarecida e ela não perderia tempo.
Ao chegar no fim do corredor olhou para os dois lados em busca da figura alta do Capitão, o encontrou parado com as costas apoiadas na parede e os braços cruzados sobre o peito. O rosto, sempre sereno, trazia marcas de dor e algo mais que ela não soube dizer.
- Você tem duas filhas. – Foram as primeiras palavras que deixaram a boca do homem, ela se aproximou. – Foi por isso que sumiu? Você já as tinha quando se juntou para SHIELD ou elas são... – A lógica daquelas palavras não ditas o fez arregalar os olhos, ele se desencostou da parede e parou frente a frente com ela. engoliu em seco sentindo seu coração acelerar. Estar perto dele depois de tantos anos a estava desestabilizando, e Deus sabe o quanto ela estava tentando ser forte.
- Não, Steve, elas não são suas filhas. – A resposta o atingiu como um soco, pôde jurar que viu os olhos dele lacrimejarem e se arrependeu da forma como soltou a informação. Não dando tempo de mais nada, Steve deu-lhe as costas e começou a andar para longe do corredor e da jovem Stark, a garota bufou e se apressou em acompanha-lo. – Para de correr, Rogers, me deixa explicar as coisas.
- Explicar o quê? – Ele se virou quando a mão da agente prendeu-se ao redor de seu braço. – Que mentiu pra mim? Que me enganou? Que tem uma família e eu não estou incluso nessa conta? – Ela recuou consternada com a ferocidade com que Steve falava.
- Não, não é nada disso. Nós não tivemos tempo de conversar, me deixar explicar o que aconteceu e depois você pode me ignorar pelo resto da vida se quiser. – Dizer aquilo em voz alta doeu muito mais do que no pensamento, mas ela precisava apelar para ser ouvida e não hesitaria em fazê-lo.


Natasha já havia desistido de se livrar das duas crianças, elas agora brincavam com Barton, que inegavelmente era mais infantil do que as duas meninas. Como dissera, ele realmente havia levado as crianças para tomar chocolate quente, o que rendera boas piadas da parte dela e de Tony que havia chegado procurando notícias da filha.
- Ela não nos deu tempo para avisar ninguém. Quando o Capitão apareceu, ela saiu correndo e nos deixou com as crianças. – Barton informou depois de colocar os copos sujos na pia. As crianças encaravam o recém-chegado com curiosidade. Stark abaixou-se até estar da altura delas, que receosas se aproximaram.
- Olá, qual o nome de vocês?
- Eu sou a Sienna. – Informou a primeira com a mão levantada, Tony arqueou a sobrancelha. – Essa é a Harriet. – A segunda imitou o gesto e acabou o fazendo rir. – A disse que vem nos buscar. – Ela deu de ombros, como se tivesse resolvido o problema todo apenas com aquela informação. Tony assentiu antes de iniciar uma conversa nada tradicional sobre o que elas faziam ali.


Steve havia desistido de ter aquela conversa no corredor quando o quinto agente passou encarando as pernas de , o avental que ela usava não era uma roupa apropriada e ele sabia disso, então dando-se por vencido a levou até seu quarto.
- Pode falar agora. – Indicou ele ainda com os braços cruzados sobre o peito, ela pigarreou desconcertada e prosseguiu.
- Você sabe que minha mãe engravidou muito cedo e se mudou para o Texas. – Ele assentiu, ela lhe contara toda história antes de sumir. – Ela se casou novamente, o nome dele era Jordan, eles tentaram por anos ter um filho, mas aparentemente Jordan era infértil. Eu me mudei pra Nova York com dezessete anos para cursar Literatura, no ano seguinte minha mãe fez um tratamento e engravidou. Harriet e Sienna, as duas crianças que estavam comigo na sala. – Os olhos dele arregalaram consideravelmente. – Quando as meninas tinham pouco mais de um ano um acidente de carro os matou, então eu tive que trocar a graduação presencial por uma à distância e fui para o Texas, lembra-se que passei duas semanas longe? – gesticulava enquanto Steve a fitava em silêncio. – Quando cheguei lá soube que as gêmeas são mais do que crianças comuns, Harriet tem um dom peculiar de manipular os sons, frequências sonoras sabe, ela acelera e desacelera. E a Sienna faz a mesma coisa, mas com partículas, ela consegue manipular qualquer coisa que se mexa e... – Ela notou que estava se perdendo e parou, Rogers parecia em choque com tanta informação. – Na época Fury descobriu sobre a HYDRA e eu resolvi ir embora de vez, peguei as meninas, aluguei uma casa no Queens e me mudei para lá com o nome de solteira da minha mãe e tentei manter as crianças o mais encobertas possível. – Ele abriu a boca duas vezes, e em todas desistiu no último minuto. – Voltei quando descobri que havia espiões atrás das meninas, infiltrados da HYDRA e tudo mais.
- Você estava perto de mim esse tempo todo e não me procurou. – Steve finalmente estava reagindo, ainda que não exatamente como ela esperava. – Poderia ter pedido ajuda. – Agora ele andava de um lado para outro, completamente furioso e aparentemente perdido. - Poderia ter confiado em mim. – Declarou enfim.
deu um passo à frente sem saber o que fazer.
– Eu confio em você, Steve, tudo o que fiz foi confiar em você, mas não poderia arriscar sua vida dessa forma. Se a HYDRA viesse atrás das meninas eu teria que sumir, fugir para mais longe. Você estaria disposto a deixar seu posto, seu dever e seus soldados por uma missão que poderia ser um fracasso? – Questionou ela exasperada.
- Não por qualquer um, mas por você sim. – Steve a fitou diretamente, os olhos gritando sentimentos demais para serem expressos pelos lábios. – Eu faria o que fosse preciso para protegê-la.
- Eles precisam de você aqui, Steve. – Ela estendeu a mão e tocou-o no rosto. - Você é um soldado, Capitão, é isso o que você faz, protege as pessoas. – Ela tinha tanta emoção na fala que seus olhos transbordavam em lágrimas. Steve não estava diferente, seu coração martelava tão alto que ele poderia jurar que estava sendo projetado em todo quarto.
- Não, , eu sou um homem, e o que eu fiz foi amar você. – A voz rouca estava baixa e triste. A jovem Stark ofegou ao ouvi-lo dizer isso. – Mas entendo o que fez e não te julgo. – Ela o viu erguer a cabeça e desviar os olhos para parede ao lado. – Só não sei se posso lidar com isso. – A moça deu um passo para trás procurando apoio na parede, suas pernas tremiam tanto que se a Viúva Negra a visse nesse momento lhe bateria. Rogers deixou o cômodo em silêncio, mas aparentemente tudo estava em uma espécie de vácuo onde as coisas não faziam sentido e parecia que jamais voltaria a fazer.

I can take you out, I can take you home
I can take you oh, where you wanna go
I can pick it up, we could take it slow
I can take you home
I can take you out, I could take you home
I can take you oh, where you wanna go
I can pick it up, we could take it slow
I can take you home



Capítulo 4

Se você ficar procurando razões pra não ficar com alguém, você sempre vai encontrá-las, às vezes é preciso deixar as coisas fluírem por um momento e dar ao seu coração o que ele merece. – One Tree Hill.


Uma semana havia se passado desde a tensa conversa entre Rogers e a filha de Tony Stark, tudo estava calmo, talvez calmo demais para os padrões da SHIELD. Desde o anúncio de um possível ataque à Terra nada mais fora detectado; a carta encontrada em Budapeste era, na verdade, uma pilha de papéis com descrições detalhadas sobre as joias do infinito que alguém, muito antes da colonização, havia escrito. O documento narrava mais do que as peculiaridades das pedras, trazia em sua escritura dados de como manipular os objetos sem sofrer influência.
Rogers já havia desistido de tentar falar com , sempre que tentava algo o impedia. Ao longo dos sete dias Steve focou em delegar missões, montar planos de ataque e quando nem isso dava resultado, ele virava as noites na antiga academia lutando mais com seu coração do que contra o saco de areia gigante.
E era exatamente isso o que estava fazendo ali, parado diante da janela de vidro que o separava da sala de treinamento onde conseguia ver brincando com as crianças, Harriet, a pequena de olhos claros a agarrou na altura dos joelhos, a agente fingiu se desequilibrar e cair, Sienna viera em seguida pulando sobre a moça que fingia estar vencida. Foi impossível não sorrir, Steve sabia que apesar de ser aparentemente durona, seria uma mãe incrível, a forma como fazia cosquinhas nas garotas e as fazia rir era uma prova disso.
- Olha, Capitão, eu não sou exatamente o fã número um do relacionamento de vocês, mas se for pra ficar com essa cara de múmia eu prefiro que vá até lá e fale com ela. – Tony havia parado ao lado dele e agora fitava a filha correndo das irmãs em torno da sala. – não está bem, e tudo o que eu quero é a minha filha bem. – Ele se afastou em direção a porta. – Acredite em mim, eu posso ser bem durão. – Avisou antes de girar a maçaneta e atrair atenção das presentes para si.
Por um breve momento sentiu os olhos dele sobre si, e ao se virar o coração disparou como o bom traidor que era. Havia tanta saudade naquele olhar que resplandecia o seu. Porém, tão breve como se iniciou, ele foi embora. O Capitão se afastou para seguir em direção a seu quarto, precisava de um tempo para si mesmo ainda que sua mente não aceitasse essa ideia e insistisse em leva-lo para exatos três anos e oito meses atrás, um mês antes de ela partir pela primeira vez.

I might have a reputation, oh oh
But there's only me and you in this equation
Promise this occasion, oh oh
It's a different situation
For your information, don't get me wrong
You know you're right
Don't be so cold
We could be fire
Tomorrow we'll go
Let's start tonight (tonight)
You know what it's all about


Ela era a pessoa mais séria e vingativa que eu conhecia, estávamos juntos há dois anos e ainda não havia me acostumado a vê-la em ação. Estávamos no meio de um treinamento com alguns dos melhores agentes da SHIELD, ela havia perdido uma aposta para o Gavião Arqueiro e agora precisava derrotar três agentes do melhor escalão da Organização com treinamento supervisionado por ele. Stark já havia derrubado um homem com o triplo do seu tamanho e força, agora lutava contra uma mulher baixinha e digna de ser chamado de Samurai, seus golpes precisos e movimentos fluídos com uma espada em mãos era impressionante.
- Você não tá achando mesmo que eu... – Quando a fala dela foi interrompida por uma rasteira me vi correndo em sua direção, mas antes que pudesse me aproximar ela se ergueu e puxou a mulher para perto pelos ombros, acertou-a no estômago e em seguida tomou a espada, atingindo o terceiro membro da equipe e derrubando-o também. – Da próxima vez, Gavião, me mande agentes veteranos. – Avisou irritada passando por Clint.
- Ela foi treinada por mim, queria o quê? – Escutei Natasha dizer antes de deixar a sala. Stark andava apressada em direção ao seu quarto, corri para alcançá-la e a puxei pelo braço, fazendo seus olhos mirarem os meus.
- Por que está tão irritada? – Questionei confuso, seu rosto estava sujo e sua sobrancelha ferida, mas a ferocidade de seu olhar causaria medo no mais destemido guerreiro.
- Clint acha que sou uma iniciante, alguém que pode ser testada. – Ela bufou soltando-se da minha mão e cruzando os braços abaixo dos seios. Balancei a cabeça diante de suas palavras, ela era engraçada na mesma medida em que era perigosa. Foi a agente que recebeu o treinamento mais pesado e também a primeira a ser mandada a campo. Ela era tão exigente quanto o próprio pai, ou o avô.
- Você só está chateada porque ele duvidou de você, mas isso não é verdade. – Afirmei aproximando-me da porta atrás dela e consequentemente encurralando-a. – Ele apostou em você, na verdade a única pessoa que apostou contra você foi o Joshua do departamento pessoal, e bom, pelas minhas contas ele deve uns mil dólares no total. – Vi um sorriso surgir em seus lábios e imitei o gesto. – Aparentemente sua reputação não é nada boa no ringue. – Fingi sussurrar e ela riu abertamente desfazendo a barreira de braços e os envolvendo em minha nuca.
- Acho que vou ficar com uma fama bem ruim aqui também se não entrarmos nesse quarto agora.

Ele ainda sentia o calor da pele dela contra a sua, e a forma como seu corpo relaxava sob seu toque. Era impossível esquecer, e era enlouquecedor lembrar. Steve já havia perdido aquela luta e sabia disso, apenas uma pessoa poderia resolver toda aquela situação.
Um alarme alto o bastante para assustar os presentes soou, ele sabia o que significava. Os agentes correram para sala principal onde poderiam ver o que se passava e o choque tomou conta de todos quando cinco figuras distintas surgiram em máquinas voadoras.
- Quem são esses? – Clint surgiu atrás de Tony com o arco em mãos.
- Não sabemos, mas com certeza não vieram conversar. – Stark respondeu. – Precisamos ir até lá.
- Eles devem ter vindo atrás do tal documento, precisamos escondê-los. – Natasha opinou.
- Vou deixar as crianças na Torre Stark, eles com certeza tentarão nos atacar aqui. – se precipitou, porém foi barrada por Sam.
- Não, Maria levará as crianças para torre, você vai colocar o traje e ajudar na contenção dos civis junto com o Stark. – Nick deu a ordem. – Quero todos prontos em três minutos. Discutir não seria viável, então eles apenas se separaram para colocarem os trajes e armadura.

Eles estavam prontos; o objetivo era obter respostas, conter os invasores e reestabelecer a paz. Mas por algum motivo isso parecia maior do que deveria ser para ; e foi por esse motivo que no momento que os agentes se dividiam em duas equipes e arriscou. Num rompante a garota parou de frente para Steve bloqueando sua passagem.
- Steve, eu sinto muito, por tudo isso. – Foram as primeiras palavras a serem ditas. – E só pra você saber, eu também. – Os olhos dela pareciam réplicas de lagoas fundas, emanando emoções fortes demais.
- Você também o quê?
- Tudo o que eu fiz foi amar você também. – partiu sem olhar para trás, com o coração quebrado, mas pronta para uma batalha feroz. Rogers permaneceu parado e sem palavras até Sam chamá-lo para entrar na nave. Era hora do confronto.


I can take you out, I can take you home
I can take you oh, where you wanna go
I can pick it up, we could take it slow
I can take you home
I can take you out, I can take you home
I can take you oh, where you wanna go
I can pick it up, we could take it slow
I can take you home



Não havia uma parte de Nova York que não estivesse destruída, a terra tremia a cada impacto de uma das criaturas de outro mundo que adentrara na atmosfera. O Homem de Ferro lutava contra um gigantóide, ou algo do tipo, que acabara de tentar matá-lo com um disparo de laser ultrassônico.
Sam dava apoio para ele na retaguarda enquanto fazia a contenção de civis, a Quinta Avenida estava o caos, mas as paralelas não pareciam melhores. Steve lutava contra um robô parecido demais com o que fora Ultron, Natasha acabara de matar um dos seres com pele grossa e feições grotescas, Clint tirara mais da metade dos civis da área e a luta parecia enfim perto do fim. Até escutar na transmissão que Maria estava sendo atacada na Torre Stark, o lugar onde suas irmãs estavam.
- Vou até lá, me dá cobertura, Sam. – Ela gritou, tomando uma das pistolas de laser do ser caído à sua frente, rapidamente abrindo caminho até a casa de seu pai. O Falcão não tivera muitas opções a não ser obedecer.
- Espera, , você precisa de reforços. – Tony avisou pelo comunicador, isso não a impediu de prosseguir. Ela se esgueirou pelas ruas e desviou de tiros, atingiu a esquina de frente com a Torre e não perdeu tempo em adentrá-la. O lugar estava parcialmente destruído, pedaços de concretos e fios expostos era a paisagem atual do caminho percorrido até o topo onde as garotas estavam. Demorou mais do que ela achou possível, mas assim que alcançou o fim da escadaria de emergência pôde ver a agente caída sobre uma das meninas, Maria tinha o corpo dobrado sobre a pequena Sienna que cobria o rosto com as mãos.
- Maria. – Gritou a Stark se aproximando. – Você está bem? – Indagou ajudando-a a se erguer, Sienna não perdeu tempo em abraçar a irmã. a tomou nos braços. – Você se machucou? – Viu a pequena negar. – Cadê a Harriet? – Questionou não vendo a outra pelo lugar, Sienna apontou para o balcão. Ela assentiu.
- Estávamos escondidas no quarto do pânico quando explodiram a porta, consegui tirá-las antes que se ferissem e abati o invasor, mas logo deve haver mais deles. – Hill já recarregava sua pistola enquanto narrava os fatos. Harriet foi tirada do esconderijo pela irmã mais velha, percebeu que a garota abraçava uma pasta branca recheada de papéis. Os olhos de Hill pararam no mesmo que a filha de Tony Stark. – , nós precisávamos proteger os arquivos...
- E por isso colocaram a vida das duas em risco? É isso? – Exasperou-se a jovem. – Vocês não se importam com nada, ou ninguém. Se um desses monstros levasse uma das minhas irmãs eu... – A fala jamais foi completada, pois no instante seguinte o corpo da agente era arremessado contra a parede por uma mulher estranha de olhos violeta.
- Você tem algo que nos pertence. – Afirmou a invasora com os olhos afiados, Stark colocou-se de pé, mas antes que pudesse fazer algo viu seu corpo ser erguido no ar mais uma vez e jogado contra o chão. Maria estava na mesma situação, a ladra avistou então as meninas que se encolhiam num canto da sala. A mulher andou lentamente até parar de frente para elas. – Ora, ora... Temos humanas muito peculiares aqui, Thanos vai gostar de ver vocês... – A menção do nome do tirano despertou a fúria e o medo nas agentes veteranas.
Reunindo toda a força de vontade que tinha Stark se colocou de pé, silenciosamente retirou uma das pistolas que pegara do inimigo e mirou na estranha. O tiro não a acertou, mas fez sua atenção se dispersar das crianças, que rapidamente fugiram para fora do prédio pelas escadas.
Um embate sangrento foi travado, a invasora era mais forte do que qualquer humano que ela conhecesse, Maria havia sido abatida com um golpe que a apagou. Agora restava apenas a filha de Tony e toda a sua cara de pau, porque poder algum ela tinha para lutar contra uma força daquelas. Com uma espécie de cajado a extraterrestre mirou e num golpe de luz cegante a derrubou, sugando sua energia e vitalidade.
Tony, Steve, Viúva e Gavião chegaram no momento em que a respiração da garota começava a se tornar resfôlegos de dor. O ar parecia comprimido contra os pulmões dela. Stark atirou contra ela, mas um campo de energia recebeu o raio e o devolveu com força ainda maior, e ninguém ali parecia poder fazer algo. Steve tentou quebrar a redoma com o escudo, mas este apenas rachou.
Disparos. Flechas. Socos.
Eles lutavam com toda a força que tinham enquanto assistiam a garota Stark perder os sentidos dentro da redoma transparente. Um estrondo chamou atenção da agressora, Wanda, que estava alutando em outra patente havia acabado de chegar com Visão ao seu lado.
Um mover de mãos. Um giro de braço. Magia lançada. Explosão.
Tudo foi pelo ar quando a magia da Feiticeira Escarlate bateu contra a magia da forasteira, mas finalmente esta havia perdido. O escudo fora desfeito.
- Stark. – O grito de Romanoff soou longe para jovem caída a alguns metros. – Ela está quase sem batimentos, precisamos levá-la.
- Ela é forte, vai dar certo. – Sam disse de algum lugar da sala. – Sobreviveu à Budapeste.
- Isso com certeza não foi igual a Budapeste. – Clint respondeu. As vozes começavam a sumir, seus olhos insistiam em fechar e uma dor excruciante nos pulmões não a deixava respirar.
- , não durma, fique comigo. – Tony apareceu ao seu lado. – Filha, olhe pra mim, não feche os olhos. – Pediu desesperado vendo a garota começar a desfalecer. – . – Tudo o que ouviu foram as vozes de seu pai e Steve gritando seu nome antes de ser consumida pela escuridão de dor e angústia.


Epílogo

Sabe a expressão que "as melhores coisas da vida são de graça"? Bem, essa expressão é verdadeira (...). A vida é engraçada, ás vezes pode nos surpreender; mas se você estiver perto o suficiente você encontrará esperança... No mundo das crianças... Numa canção... Nos olhos de alguém que você ama... E se você tiver sorte... Digo, se você for a pessoa mais sortuda desse planeta, a pessoa que você ama, decidirá te amar de volta. – Nathan. One Tree Hill.


Os jornais ainda noticiavam o mais recente ataque a Terra e a ação dos Vingadores, assim como ainda falavam sobre o ressurgimento da filha pródiga, a herdeira Stark que voltara para casa e já se envolvera numa das mais cruéis batalhas para ajudar a equipe principal da SHIELD. Eles ainda falavam sobre as destruições e o caos, e das possibilidades de novos ataques. Mas o que ninguém queria falar era que ainda estava desacordada, mesmo um mês depois da batalha, ainda que com a ajuda de todo aparato Stark. Nada a fizera acordar.
As crianças estavam sob a responsabilidade de Pepper, que constantemente as distraía para que não perguntassem da irmã mais velha. Tony trabalhava incansavelmente em busca de algo que fizesse a filha acordar, pois nem mesmo suas lágrimas silenciosas foram capazes de trazê-la para vida. Steve se mudara para o hospital onde a garota estava internada, todos os dias ele a chamava, fosse dormindo ou acordado, e todos os dias sua resposta era o doloroso silêncio da inconsciência dela.
A SHIELD trabalhava com a certeza de uma nova batalha ainda mais feroz do que a primeira, e tentava reestabelecer contato com Thor e Hulk. Wanda estava sob novo treinamento junto com Visão, Natasha era sua mentora e mesmo que não admitisse, uma amiga. Clint dividia seu tempo em treinamentos e visitas ao hospital na companhia de Romanoff. O mundo continuava seguindo, exceto para Tony, Steve e .
- Eu não aguento mais. – Rogers murmurou para o nada, o pai da garota havia acabado de deixar o quarto com os olhos úmidos, alegando que iria para Torre buscar Pepper para visitá-la. Todo o silêncio parecia concentrado naquele cômodo, frio e asfixiante, hediondo e sem fim. O Capitão suspirou, não conseguia mais conter a dor que sentia. As noites que deveria repousar passava treinando, e nem isso ajudava. Ele só queria a chance de responder sua última frase, de dizer que não desistira dela, que ainda sonhava com um futuro ao lado da mulher mais esquentadinha que ele conhecia. Steve só precisava de uma chance para fazê-la feliz, abraçá-la e jamais soltar outra vez. Seu coração, que passara tanto tempo adormecido, voltara a bater forte e veloz com ela, não aceitava perder isso mais uma vez.
Afinal, quantas vidas eram precisas para se ter um amor duradouro? Para acompanhar sua garota até em casa?
- Consigo ouvir sua mente maquinando daqui. – A voz fraca dela o fez erguer a cabeça, e com os olhos arregalados ele percebeu que ela, enfim, acordara. Pálida e cansada, a jovem Stark sorria para ele. – Acho que alguém andou dormindo pouco. – Ela brincou.
Rogers ergueu-se da cadeira e sem saber o que fazer a abraçou, o corpo dela parecia menor e mais frio, mas ainda era ela. Intensa, forte e cheia de palpites. Sua garota estava de volta.
- Até parece que sentiu saudades, Stev. – o saudou com o apelido e o fez rir.
- Senti sim, Stark. – Ele se afastou para fitá-la. – Eu precisava que você acordasse para dizer duas coisas. – A Stark o viu enumerar com os dedos. – Primeiro, nunca mais ouse nos assustar assim. E a segunda, é que eu não amei você. – A garota franziu o cenho. – Eu ainda amo e espero que possamos continuar de onde paramos.
mordeu o lábio evitando sorrir, era boa demais a sensação de tê-lo ali.
- Você quer retomar a parte do romance ou a do quarto, porque eu posso ter algumas ideias. – Com uma piscadela a garota o viu corar e rir. estava mesmo de volta.
Com os lábios selados nos dela ele prometeu para ambos que não desistiria, e no momento em que ela fosse liberada ele a levaria para casa. Para sua casa, onde seria o verdadeiro lar deles.

I can take you out, I can take you home
I can take you oh, where you wanna go
I can pick it up, we could take it slow
I can take you home
I can take you out, I can take you home
I can take you oh, where you wanna go
I can pick it up, we could take it slow
I can take you home





Fim.



Nota da autora: E aí agente da SHIELD, como estamos depois de todo esse amorzinho com o Capitão América? Espero que estejam todas bem, pois preciso agradecer. Primeiro à organizadora do ficstape, que me deu a dádiva de escrever algo assim. Devo obrigada à Ellen, minha amiga maluca que ama tanto a MARVEL quanto eu, à Ingrid que surtou e chorou comigo. A beta que encarou essa “short” com tanto carinho, e claro, a cada uma de vocês que leram. O meu carinho e gratidão imensos. Obrigada.
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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