05. Déjà Vu

Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

O som era alto, as luzes florescentes deixavam as pessoas ainda mais alucinadas, a fumaça que saía das máquinas do DJ causavam um efeito ainda mais hipnotizante, misturado com o cheiro de maconha que causava nas pessoas suadas uma sensação ainda mais hipnotizante, que dançavam de qualquer jeito naquela pista de dança de olhos fechados e sentia a liberdade e luxúria queimar dentro de si. Aquela noite parecia ter sido escolhida como palco para todo mundo que queira mostrar o quanto estavam felizes com o fim de mais uma semana exaustiva, pessoas que se mostravam elétricas, precisando de alguma forma extravasar, soltar toda a endorfina acumulada durante a semana e animadas com a vida e que fingia ter nenhum tipo de problema. Patéticos. Pensou enquanto bufava e virava mais uma dose de seu shot de tequila, já havia perdido as contas de quantos daquela havia bebido, mas o suficiente para não sentir o queimar em cada uma que foi virada a seguir, sentia somente o leve formigar em suas mãos, sua cabeça pesava um pouco, suas pernas estavam começando a ficar moles, mas nada fazia as cenas de mais cedo saírem de sua cabeça. A raiva crescia cada vez mais em seu peito, formando um nó em sua garganta que insistia em ficar ali, mas ela simplesmente não conseguia chorar, não conseguia sequer gritar, sentia vontade de surtar, extravasar e simplesmente não conseguia demonstrar nenhum tipo de emoção naquele momento e a aliança com a reluzente pedra de diamante, um belo, lindo e legitimo Thiffany repousado em seu anelar direito piscava a lembrando o quão patética ela era.
Era tudo clichê e perfeito demais para ser realidade, ele era perfeito demais, o apartamento na cobertura em um dos bairros mais caros da cidade que dividiam era patético demais, aquele luxo e glamour que viviam era patético demais. Tudo na vida dela era patético e ela era só mais um fantoche daquele circo de horrores e a atração principal era ela, arrancando de todos as risadas mais irônicas possíveis. E de pensar que houve uma época em que realmente achou que era feliz vivendo naquela vida que mais se parecia com um teatro e ela só mais figurante de sua própria realidade, nunca viveu em um mundo onde pode escolher o seu caminho, eram eles que tomavam as decisões por ela, o seu destino havia sido sentenciado antes mesmo de aprender a andar e teria que dançar conforma a música. Patética. E era só ter meros minutos de distração e lembrar por segundos como tudo em sua vida feito a base de manipulação e jogos psicológicos que toda a cena de horas atrás se passava em sua mente como um loop infinito, parecia que sua mente estava reprisando o ocorrido naquelas placas de motel de beira de estrada que piscavam em neon vermelho que era possível enxergar de longe “você é só mais uma idiota”.
Mais um dia estressante, em que havia finalmente conseguido voltar de mais uma reunião de negócios, por um milagre conseguiu realizar uma conciliação entre as partes e não precisaria recorrer um tribunal, foi feito um acordo entre seu cliente e sua agora ex esposa. Ela odiava aqueles casos. Ainda mais quando se tratava de famílias ricas que brigavam por pensões ridiculamente altíssimas e desnecessárias, a troco de uma ideia supérflua de mais luxo e status, mostrava cada vez mais que as pessoas eram vazia de sentimentos verdadeiros, de afeto ou empatia que deveria ser o mínimo em qualquer tipo de relação, não era atoa que sempre segurava seu impulso de revirar os olhos nessa situação ou de simplesmente jogar tudo para os ares e falar a realidade. Ela odiava ser advogada de homens engravatados que se achavam superior a tudo e a todos, odiava ser a que interfere os gritos escandalosos de uma mulher traída que buscava ainda mais e mais dinheiro. Somente pela ideia de que os filhos merecem manter o padrão de vida e que elas abdicaram de tudo pelo casamento. Cada dia que passava odiava ainda mais aquela profissão, queria emoção, queira causas em que ela poderia mostrar a quão boa ela era, mas seu noivo e seu pai, sempre reforçavam que preferiam deixar ela com as menores, com a desculpa de que “meu amor, assim você irá trabalhar com as famílias mais influentes e ainda ter tempo para nossa casa” ou seu pai “você precisa fortalecer os laços com esse povo, afinal, você sera a próxima herdeira disso”... e ela aceitava, até porque estamos falando de Mark Peterson, o grande herdeiro das empresas Peterson Advogados e Associados e futuro presidente da Peterson & Advogados e Associados e do grandioso senhor , um dos maiores advogados do direito penal das últimas décadas , após o casamento entre Mark e ela ambas as famílias fariam a junção dos dois grandes escritórios, deixariam de ser rivais e se tornariam aliados, tornando juntos o maior escritório do país. Ela era apenas uma moeda de troca entre seu pai e o velho Peterson, mas Mark realmente era apaixonante e a fez se encantar por ele, tinha ideias parecidas e ele havia se mostrado um verdadeiro príncipe e ela não poderia ficar mais aliviada.
Naquele dia ele a avisou que ficaria até tarde na empresa e ela decidirá o surpreender. Ele havia chegado naquele mesmo dia pela tarde após ter feito uma viagem a trabalho e ela sentia sua falta, foi uma longa semana em que quase não conversaram, era comum os dias em que se faziam ausentes e tudo bem, cada um tinha um grande império e responsabilidade nas costas para tarem se preocupando consigo mesmo, o pessoal seria sempre a segunda opção de prioridade em suas vidas, a primeira era manter os nomes das famílias. Com essa ideia fez o pedido pelo celular em seu restaurante favorito e dirigiu até lá para pegar o jantar dos dois, comprou uma garrafa de vinho e se dirigiu até a empresa. No som do carro tocava uma música da Katy que ela amava, Déjà Vu e isso a deixava ainda mais animada.
- Figure out the Rubik’s Cube...I think we’re running on a loop- cantava alto enquanto dirigia aquele curto caminho e enchendo os pulmões cantou. - Déjà vu...
Ela odiava todo o luxo em excesso da família dos dois e achava que a dele era ainda mais em excesso, mas não odiou quando em uma das luxuosas festas a cantora estava como convidada e não conseguiu se controlar, tietou a cantora, falou o quão fã era, pediu autografo e foto. Ahh como sua sogra a reprovou por isso, sua mãe riu da pequena cena, assim como a filha odiava o mundo de fantasias, odiava as aparências e queria que seu marido fosse pelo menos 10% do garoto pelo qual ela se apaixonou um dia, que os olhos brilhavam com os sonhos de revolucionar a sociedade, sobre os planos de terem filhos, viajaram em família e viveram felizes, uma grande ilusão, seu noivo tentava ao máximo a conter e seu sogro ria da cena, tentava disfarçar o seu humor, porém era difícil, ela amava seu sogro justamente por ele saber as sensações que o luxo trazia, ora ele sabia o que era ter tido uma vida de classe média baixa, havia conseguido o auge somente depois de anos de trabalho e sua esposa crescerá no luxo e não entendia os sentimentos da moça, cresceu em um mundo onde tudo sempre foi fácil e infelizmente era fútil demais para sentir felicidade nas pequenas coisas. Ela ria ao se lembrar daquele dia e acelerava o carro a cada batida, sentindo aquele friozinho na barriga da adrenalina que causava ao ouvir o ronco do motor do seu Audi R8 Plus, ela amava dirigir, se sentia liberta e não tinha pena na hora de investir no seu hobby favorito. Mas aquela paixão se deu graças a uma pessoa que ela jurou ter enterrado em seu passado e assim tinha feito ao longo dos anos. Tinha carros de todos os tipos na garagem de seu pai e de seu sogro, desde o mais veloz, até os de colecionador que era a paixão de seu pai, e era uma das partes que ela menos odiava do luxo, poderia escolher uma belezinha daquelas e se aventurar de vez em quando e por conta dessa paixão acabava tendo momentos especiais com seu pai quando viajavam ou iam a algum evento de carros e isso enchia o coração de seu pai de orgulho. Ao estacionar o carro no subsolo no qual teve passagem livre, percebeu que além do carro do noivo tinha o dela e de mais duas pessoas. Entrou no elevador e continuou cantarolando, equilibrou o jantar e o vinho em uma mão e abriu dois botões de sua blusa social, sempre se sentia poderosa após uma breve corrida, fazia com que se lembrasse da primeira vez que dirigiu um carro potente em um racha, de uma época em que não precisava se preocupar com empresa e negócios, de quando tinha uma alma livre e sentia falta as vezes disso, da liberdade, do fogo, da paixão e da luxuria. Riu com esse pensamento.
Cantarolou por todo o caminho, estava animada pela breve corrida e pelo friozinho no baixo ventre, a excitação que crescia com a antecedência ao encontro do noivo e do que poderia fazer com ele naquele prédio quase vazio, como a alguns anos faziam sem pudor e vergonha, sentia falta do que foram um dia. Ao chegar no decimo andar as portas se abriram e ela caminho até o final daquele corredor, onde ficava a sala do poderoso vice-presidente e advogado criminal Mark Peterson, ainda se lembrava de quando era apenas a amiga dele durante sua infância, já que o mesmo era um belo rapaz, ou quando se tornou a sua estagiaria depois de alguns anos longe e o quanto sentia vergonha toda vez que ele a chamava para o acompanhar em suas audiências pequenas, ela sonhava em ser como ele, almejava chegar no auge dos seus 30 anos com uma carreira tão solida quanto a dele, sem precisar utilizar do sobrenome de seu pai por onde passasse. E ela conseguiu, tinha 27 anos, trabalhava como uma das principais advogadas cíveis do país, como representante do seu pai no escritório que em breve se uniria ao seu, noiva de um dos melhores advogados que existia e herdeiro de uma fortuna multimilionária (não que ela estivesse atrás, talvez tivesse até mais que ele), morava em uma das coberturas mais caras, tinha um carro do ano e todos que quisesse a sua disposição, ia as melhores festas da sociedade, frequentava os melhores restaures, vestia das roupas mais caras, ela literalmente estava no auge e vivia o sonho de qualquer adolescente ou mulher que a olhava. Casaria em menos de 2 meses e não poderia ficar mais feliz por saber que muito em breve carregaria consigo também o sobrenome Peterson, seria a mais nova Senhora Peterson, sonhava com esse momento. Caminhou confiante e abriu as portas da sala com o maior sorriso em seu rosto.
-Amor...- a fala se perdeu no ar, de costas para ela estava seu noivo, futuro marido, dono de um dos sorrisos mais lindo que vira na vida, com as calças abaixadas, sem sua blusa e no meio das pernas da sua secretaria, enquanto ela continha seus gemidos atacando a sua boca. Eles não notaram a sua presença, os sons que emitiam a deixavam enjoada e então ela começou a bater palmas, fazendo com que eles se assustassem. A loira soltou um gritinho e tentou sair da mesa com vergonha enquanto ajeitava seu vestido tubinho preto que era a farda da empresa. Ele vestiu sua calça com pressa virando a tempo de ver a figura esbelta da mulher que foi o seu desejo por anos.- Por favor, continuem, não era minha intenção atrapalhar. Aproveitei para trazer um jantar e um bom vinho.
-Querida, eu posso explicar. - ele tentou se aproximas mas ela colocou a mão fazendo um claro sinal para ele se manter distante e ele o fez, sabia que poderia ser o próprio demônio quando queria.
-Eu vou embora, me des...- a secretaria que deveria se chamar Agnes tentou sair, mas ela foi mais rápida ao fechar a porta.
-Você vai ficar aí, bem quietinha. - a advogada falou no seu tom baixo e olhar mais ameaçador que tinha. – Vamos jantar, eu quero saber direito tudo, depois eu acabo com vocês e pode ter certeza senhor Peterson... eu vou tirar tudo de você.
E então andou no seu ar mais autoritário até a mesa, mantendo toda a sua pose, não demonstraria fraqueza para eles, ela era uma e ninguém pisaria nela, pegou algumas taças que ficavam no canto da sala no minibar, serviu com o liquido e entregou a cada um ali, bebericando enquanto ria fraco observando os dois a sua frente que pareciam alarmados com medo de qualquer movimento que ela emitia. serviu os pratos e todo mundo ficou em completo silencio sem conseguir comer enquanto a advogada comia sua refeição aparentemente tranquila. Mas por dentro ela borbulhava, queria esganar a cara deles, queria os socar, acabar com aquele megahair mal feito de Agnes, destruir o nariz perfeito dele, queria gritar e quebrar tudo que estava naquela sala, se sentia enjoada, era como se todo o seu castelo tivesse sido derrubado naquele exato momento como se fosse feito de areia e alguém ligou o ventilador mostrando que nada era solido na vida dela e que ela não tinha controle algum sobre seu futuro, todos os sonhos e tudo que passará até ali estava se destruindo por causa daqueles dois. Se havia um Deus, certamente ele gostava de brincar com sua cara. Estava ali de frente ao seu reino, ela era a rainha e ele se tornaria seu rei e naquele castelo não existia lugar para outra. Agnes continuava atômica, não conseguia se mover, apenas sentia os lábios secos e mãos frias, sentia as pequenas gotículas de suar descer pelo seu pescoço, estava com medo, não sabia o que a esperava, poderia levar uma surra a qualquer momento, perder o seu emprego ou até pior, ser jogada por aquela janela e ainda sim eles conseguiriam colocar como suicídio, tamanha influencia e dinheiro que aquelas duas pessoas carregavam, ninguém ousaria mexer com eles.
Mark olhava a noiva, estudava cada passo e movimento seu, sabia que a mulher manteria a pose o máximo que conseguisse, não desceria do salto e não demonstraria fraqueza, mas mesmo assim sentia medo pela a moça que estava em seu canto calada, era só um casinho sem ter qualquer tipo de sentimentos para Mark e em sua cabeça nunca saberia, só não contava com a surpresa, sabia que Agnes como uma boa cadela que obedece a dona ficaria ali de cabeça baixa e jamais tentaria se justificar, mas sentia mais medo ainda por si mesmo, ele amava aquela advogada, ele se apaixonou por ela desde o dia em a reencontrou naquele escritório como uma estudante em busca de um estágio, não usou do seu poderoso sobrenome e isso o fez a admirar mais ainda, sabia que a moça tentava se desvencilhar dessa influência e mostra que de fato tinha potencial, mas dentre todos aqueles candidatos ela foi a estrela, ninguém chegou aos seus pés, se apaixonou todos os dias por ela, viver com aquela estudante era lembrar do seu tempo de faculdade, fazia com que o peso de tudo que aquela empresa envolvia saísse de suas costas, mas com o tempo tudo mudou, ela era agora uma advogada formada, começava a conquistar ainda mais do que ele e tudo parecia que iria desmoronar, ele a amava, era fato, mas não estava mais apaixonado por ela. Amava a vida confortável que tinham, a companhia dela, a forma em que ela se portava nos eventos, no seu trabalho, amava o status que eles juntos causavam, a força que ambas as empresas teriam, só que mais ainda a forma que ela dançava pela casa quando estava se arrumando e amava mais ainda a história deles, a vida que construíram juntos e sentia que ela era seu lar. Ele sentia falta de tudo que envolvia o início e Agnes trazia aquele fogo outra vez, ali era carne, com sua advogada era amor. Sabia que a perderia no minuto em que escutou sua voz e isso estava o matando.
- Olha eu te entendo, sabe? - ela começou apontando a faca para uma Agnes que estancou, Mark prendeu a respiração e ela explodiu em sua gargalhada. - Vocês são ridículos, não vou atacar ninguém...- e então soltaram a respiração presa. - Era minha maior vontade, mas não. Vocês não valem a perca do meu diploma. - Ela falou balançando a cabeça e levou a taça a sua boca e bebericou o vinho, Agnes inveja aquela mulher, sua beleza era invejável, sua vida e sua inteligência, ela exalava sensualidade e elegância, conseguiria fazer com que todos fizessem o que ela quisesse com apenas um sorriso. A advogada bebia, mas não sentia o gosto, sua bile parecia que iria voltar. Queria vomitar, mas não o faria. – Agnes eu já fui você. A diferença é que eu estava prestes a ter um diploma e não precisei deitar com meu chefe para ter algum aumento. Eu sou tudo que você deveria se inspirar para ser e não ser uma biscate. E advinha só, querida?! Ele ainda assim não vai te assumir. Sabe por quê? Você foi só mais uma, toda noite ele estar em nossa casa, em nossa cama e você vivendo essa vidinha ridícula de amante.
Ela falava tudo que vinha sem medo, não alterava em nenhum momento seu tom de voz, firme e neutro, a postura sempre ereta, digna da realeza, mas por dentro ela estava enlouquecendo, na verdade tudo aquilo que ela viu nunca havia acontecido, se um dia ele a traíra a mesma nunca desconfiou e até poucos minutos não acreditaria se falassem, precisou ver para saber que o seu conto de fadas não teria um final feliz, todos os seu planos estavam destruídos, eles se casariam em poucos meses, seria um grandioso casamento para a elite, com cerca 400 pessoas, sua sogra organizava tudo com maestria querendo que o casamento de seu único filho entrasse para história e que sua nora não tão favorita com sorte saísse em um das revistas de noivas mais caras do país e seu pai não se importava com os vários mils que gastaria com a outra família, todos tinham que ser testemunha daquela união e daquele acordo mudo entre as famílias. Ela suspirou e se levantou, andando como se estivesse em passarela e ela fosse a estrela da noite e de fato sempre seria, sua postura sempre impecável, pegou sua bolsa e não ousou falar nada, os dois apenas a acompanhavam com o olhar e assistiram ela sumir dali.
Ela ligaria para algum amigo, mas suas únicas amigas deveriam estar em algum passeio de família, com seus maridos perfeitos e diriam para ela perdoar o seu noivo perfeito e não tomariam um porre com ela, seu único amigo era seu noivo, os seus verdadeiros amigos haviam ficado em seu passado junto com todos os seus pecados infernais, ela morreria e contaria ao diabo todos eles e até mesmo o ele sentiria admiração pelo inferno que ela causava onde passava e como ela foi um anjo caído, os outros que um dia tentaram ser seus ela nunca dera brecha para entrar na sua vida de fato. Se contentaria com sua própria companhia e de várias doses tequilas...

I live off the echoes of your I love you's
But I still feel the blows from all your don’t want to's
When you’re drunk, you say I’m the one
Then you wake up
You suck my hope up in a vacum


-Por favor...- pausou ao perceber que sua voz não saia tão firme, tossiu e se recompôs- Que se dane... ME TRÁS MAIS TRÊS. - Gritou o final sem se importar com os olhares ao seu redor, ela não se importava com mais nada que ocorria ali. Tudo que ela queria era esquecer Agnes e seu corpo magricelo, queria esquecer Mark e tudo que eles construíram, queria jogar aquela aliança em qualquer canto, mas não tinha coragem de deixares milhares de dólares para qualquer um. Ela assistiu o barman chegar na sua frente e sorriu com aquilo, o fogo crescente em seu estomago a deixava se sentir viva. Seu fraco nunca foi bebida, ele a ensinou a beber direitinho, poderia passar a noite toda ali e precisaria de muito mais daquelas para a derrubar.
-Essa é por conta daquele rapaz e ele mandou esse bilhete- o barman falou enquanto organiza seus shots e entregava o bilhete. Ela o pegou e não levantou o olhar para ver quem era, apenas abriu o bilhete.
, mesmo depois de anos você continua a maior tequileira de todos os tempos. Me diz onde esse porre termina, minha garota encrenca?”
Ela travou. Parecia que toda sua adolescência passava em sua mente e uma escola de samba começou a fazer festa em seu estomago, era como a avenida inteira estivesse em pleno carnaval dentro dela, não podia ser. Ele não poderia estar ali. Ele não poderia ter esse mesmo efeito sobre ela. Não mais, ela era uma mulher com um diploma, com mestrado e doutorados nas melhores universidades. Não era possível que ele estaria ali. E com o lábio tremendo ela levantou o olhar e como imas os delas se encontraram com os dele. Ela não perdeu nenhum movimento seu, desde o sorriso cafajeste que abriu no canto dos lábios, até o ergue de copo. Sem dúvidas ainda era o seu em uma versão ainda mais melhorada e mais gato se possível, ela observava cada traço do seu rosto, observando sua barba por fazer, a pequena cicatriz em eu supercilio, a tatuagem em seu pescoço, as poucas que eram vistas em seus braços apesar da jaqueta, mas era ele ali, na sua frente em carne e osso, estava com o rosto mais maduro, maxilar mais definido, leves rugas nos cantos dos olhos mostravam que o tempo estava sendo generoso com ele, era como um bom vinho, quanto mais o tempo passava mais gato ele ficava, os cabelos agora tinham um corte formal diferente dos cabelos bagunçados que um dia usou, quando eram mais longos. Ele ainda era seu inferno pessoal e ela não ligaria em arder com ele, morreria pelo próprio desejo que a queimava compulsivamente desde a primeira vez o viu quando ainda era apenas uma adolescente rebelde que buscava a vida de adrenalina e revolta.
Ele caminhava a passos a lentos até ela, com os seus olhos fixos naquela que sempre foi o seu lar, seu desejo mais obscuro, seu ponto mais fraco, e nenhum movimento seu passou despercebido pelos olhos da mulher. Usava uma jaqueta preta, blusa preta e calças surradas e nos pés não perdeu o habito de usar os coturnos. Continuava o mesmo bad boy que a fez conhecer o inferno e o céu. Ela era a sua encrenca, a personificação de sua perdição e ele não se importava em ser destruído por ela.

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- Você continua sexy bebendo tequila, little girl...- ele falou perto demais de seu ouvido, sexy demais, rouco demais. Seu corpo respondeu a cada palavra dita por aquela boca tão convidativa, o diabo de fato era astucioso, ficava a usando nesse jogo e ela com toda certeza cederia a aquela tentação em forma de home, o arrepio passou por sua espinha a deixando ainda mais ereta... ah que saudades desse homem.
- Vejo que o tempo te fez muito bem, professor...- ela conseguiu fazer a sua cara mais safada, com um sorrisinho mínimo e sacana que brincava em seus lábios, virando um pouco para o olhar de forma mais profunda e observar os olhos que foram por anos o seu norte. Ele riu fraco lembrando de um tempo em que eles viviam nesse jogo, ele a amou há anos e continuou a amando durante os anos seguintes em que viveram longe um do outro, ele era o maior pecado dela e ela era a sua redenção. Seu anjo caído que foi um dia roubado. - O que te traz aqui? - ela perguntou na tentativa de não se derramar por aquele homem que tanto amou. Ele era o seu grande amor. Mas ele a abandonou e ela nunca entendeu o motivo. Nesse momento seu celular vibrou pela vigésima vez e ela se forçou para quebrar aquele contato visual para desligar o aparelho. Mark não estragaria ainda mais a sua vida.
-Bom... eu moro aqui agora, mudei tem pouco tempo. – ele explicou levantando de leve os ombros e puxou um cadeira para o mais perto possível dela, ficando uma perna entre a dela e isso foi o suficiente para eles sentirem mais uma vez aquela corrente elétrica passando por eles. Mas ele gelou quando viu o reluzente anel no seu anelar direito, aquele anel deveria valer a pequena casa que ele tinha. Ele apontou com a cabeça e ela acompanhou o seu olhar respirando fundo, tentava ficar feliz por ela e por tudo que ele sabia que ela havia conquistado, mas não conseguia. – Vejo que irá casar...
Ela riu, ele a olhou em dúvida, se questionava quanto aos fatos ali presente, não queria ser intrometido e nem muito menos cair de novo na tentação que ela era, ele tinha feito um acordo anos atrás e não poderia quebrar, ela tinha que permanecer segura e ele também. Foram anos para se recuperar de tudo o que aconteceu e não se deixaria levar de novo por aquele olhar, aquele sorriso e muito menos o seu corpo que com toda certeza estava ainda melhor. Não era mais a adolescente impudente de 17 anos atrás de aventuras no subúrbio e sim uma mulher feita e de classe. E ele nunca chegaria ao seus pés, seria sempre o bastado, filho de uma drogada com um presidiário, que lutava pelas ruas para conquistar o seu, ele havia conhecido e vivido o que para os outros seria o inferno, para ele somente a realidade, o mundo do tráfico, da prostituição, dos rachas e das lutas, isso tudo quase a destruiu e ela não merecia entrar tão fundo no inferno que ele trazia com ele. Ela era sua paz.
- Acho que não...- ela deixou a resposta morrer e virou mais uma dose o vendo vincar as sobrancelhas e preferiu ignorar, não queria o questionar se era pela sua falta de resposta ou pela dose. Preferia que fosse a segunda opção. – Eu me formei... eu segui tudo que você me ensinou. Eu sei hoje desvendar e desmascarar qualquer criminoso.
- Menina encrenca você é referência nessa cidade, seu sucesso é comentado...- ele falou e fez um sinal para o barman trazer mais outra dose de uísque. Ela sorriu orgulhosa. – Soube que defendeu o Charles, agradeço por isso.
Ele preferiu ocultar a parte em que ele vigiou a mulher por todos esses anos e que ele todos os dias morria mais um pouco sentindo sua falta. Agradeceu pelo trabalho que ela fez ao tirar seu amigo da cadeia por algo que ele não fez e ela sorriu concordando. Ela engoliu todos os questionamentos que tinha sobre o sumiço dele tão repentino, abandonando os sonhos que um dia eles tiveram. Sobre as viagens que fariam, ou como iriam provar a inocência de seu pai, quando a única inocente era ela que vivia nas ilusões e falsa realidade que seus pais queriam mostrar.
-Você sabe eu faria tudo por vocês. - ela disse virando outra dose. – Mas então, aquele bilhete era mesmo um convite para relembrar os velhos tempos?
Ela ousou perguntar chegando ainda mais perto dele, tentando soar sexy, tentando mostrar que apesar de tantos anos ela o desejava como a mesma adolescente de sempre e ele apreciou, admirou a atitude, a mediu e sorriu, segurou sua cintura e a trouxe, perto o suficiente para sentir o seu perfume. Ela continuava a mesma garota ousada e destemida. Sempre a admirou por isso, lembrava das vezes em que a viu se peitando com caras que tinha o dobro do seu tamanho e nunca a viu tremer um segundo sequer, nunca abaixaria a cabeça para aqueles que duvidasse de sua capacidade, mesmo que isso custasse uma bela de uma surra.
-Little girl... você será sempre minha opção...- e a beijou. Ali não existia mais anos longe um do outro, parecia ainda ser a mesma e o mesmo inconsequentes e rebeldes, tinham o mesmo toque, o mesmo cheiro e a mesma pegada, era a mesma paixão, estavam somente mais velhos.

Your words are like Chinese water torture
And there’s no finish line, always one more corner
Yeah, they slither like a centipede
Why do you keep me
At the end of a rope that keeps getting shorter?

Ela desceu da cadeira e se enroscou entre as pernas do homem, naquele momento não importava onde eles estavam, não importava se ela ainda era noiva, não importava status ou quem quer que estivesse vendo. Ali era o seu , o seu grande amor. Ali estava o homem que a ensinou tudo que hoje ela sabe, foi ele quem fez brotar em seu coração o amor pelos carros, quem a ensinou a pilotar, a mostrou um lado da vida em que nada era fácil, foi ele quem segurou seus cabelos em seus primeiros porres e quem a tirava de casa durante as noites escondidos e fugiam para alguma cidade vizinha ou participavam de rachas clandestinos e viviam como se nunca houvesse o amanhã, eles prometeram que nunca rotulariam aquilo, que não se apaixonariam, afinal, ela era só mais uma riquinha rebelde a procura de aventura e ele filho de um presidiário com uma alcoólatra que vivia a vida da forma que quisesse e nada disso mudaria, até que um dia ele se viu apaixonado por ela, sentia paz nos braços da menina, uma vontade de rouba-lá para si e nunca mais deixar que ninguém a tocasse, mas como a protegeria se toda sua vida era um problema? E isso foi de fato comprovado no dia em que eles foram presos graças a um desses rachas e nesse dia ele trocou o seu amor pela sua liberdade, pela liberdade de seu pai e principalmente por a amar com toda sua vida, preferia morrer do que assistir ela perdendo todo o seu futuro, ele não tinha tido recursos e nem oportunidade de virar alguém importante, mas ela tinha e se para ela ter tudo que merecia ele tinha que a deixar ir... ele o fez e morreu todos os dias com a sua ausência, os murros das lutas clandestinas não se comparava a dor da falta dela e ele sempre sorria quando via fotos dela nos noticiários sobre o quão boa ela era e nas redes sociais. Sua menina encrenca era uma poderosa mulher e ele com muito esforço tentava sair daquele mundo, onde todos os dias enfrentava uma luta diária e interna, não queria mais ter aquele dinheiro fácil e sujo, foi aquela vida que o fez perder o que tinha de mais valioso em sua patética vida. A promessa parecia viva em seus corpos, mas os corações a tempos pertenciam ao outro, mas nunca puderam dizer aquelas três palavrinhas, não estragariam o seu acordo. Ele a apertava mais contra si, sentia o calor do seu corpo emanar, sua calça o incomodava, alertando cada vez o efeito que ela causava em seu corpo, a segurava pelos cabelos com uma mão, sem a menor vontade de interromper aquele beijo, explorava cada canto de sua boca e sentia o forte gosto da tequila e ela o apertava pelos ombros, arranhava de leve a região de sua nuca e sabia que sua calcinha Vicotira Secrets deveria se encontrar em seu estado mais deplorável possível, encharcada, era como se o oceano inteiro estivesse ali. Então eles interromperam aquele beijo, tontos pelo álcool e por aquele momento, não se importaram, os lábios inchados e vermelhos eram testemunhas da saudade que sentiram um do outro. Eles eram o encaixe perfeito, mas que não foram feitos para viverem juntos. O único desejo que exalava deles, algo mudo, rezavam baixinho para que aquela noite fosse eterna, que aquele la de cima olhasse por eles por aquele único momento e deixasse que aquela noite fosse em paz, mesmo que o queria fazer fosse quente e pecaminoso.
- Seu apartamento e meu carro. - ela disse, pegando sua bolsa e se ajeitando enquanto ele levantava e colocava a mão em sua cintura a acompanhando como um cachorrinho. Mas estancou quando viu o carro que se tratava, ela segurou a risada – Ei, lindo né?
-Você criou mesmo amor pelas maquinas, parece até que aprendeu com alguém.- ele estava boquiaberto, sabia que ela esbanjava uma fortuna, mas não que nutria amor pelos carros como antigamente, ela jogou as chaves para ele e como criança ele entrou e acelerou, sentindo o frio pela adrenalina que aquele carro causava com aquele ronco e por mais difícil que fosse admitir, pela mão da mulher que alisava de forma leve o seu membro ereto e coberto somente pela calça.
Ao contrário do que ela pensou, ele vivia agora em uma casa em um bairro mais tranquilo, ela torcia para que ele estivesse mudando de vida e mostrando seu talento para a culinária, era até esquisito um bad boy temido como ele saber cozinhar tão bem.
Entraram na casa se beijando com urgência, sentiam falta daquele toque, sentiam falta de se amarem. Ele a beijava com devoção, ela era o centro de tudo. Ela o beijava com tanta saudade que poderia chorar e agradecer a Deus se não fosse errado pensar nisso enquanto o que mais queria era foder com ele em todos os cômodos, talvez o diabo fosse responsável por aquele encontro, já que ela ardia como o inferno de desejo por ele e sabia que ele seria sua eterna perdição. Ele a guiava enquanto as peças de roupas eram jogadas pela casa, ele a sentou no sofá e se desfez de sua calça e sapatos, ficando apenas de cueca e ela observava cada parte daquele corpo que por anos foi seu objeto de desejo, as tatuagens espalhadas pelos braços, costelas e pescoço, viu a que continha o pequeno pássaro na sua costela e lembrou da dela em sua costelas, lembrava do dia em que fizeram, tão chapados e tão loucos que decidiram eternizar aquele momento e sentia sua boceta formigar com apenas sua imagem. Ele como um leão prestes a atacar tirou seu sutiã e admirou seus seios, não teve nenhum pingo de cuidado ao abocanhar um e aperta o outro, se deliciando com o gemido que saiu da boca de sua amada enquanto puxava os cabelos dele em aprovação e incentivando a mais. Não havia magia, era apenas o desejo carnal em sua forma mais obscura.

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I think we’re running on a loop
Déjà vu (déjà vu, déjà vu, déjà vu)

-Vejo que minha garota continua a mesma...- ele dizia enquanto abaixava o rosto beijando sua barriga até chagar a minúscula calcinha branca que ela usava, beijos suas pernas, a ouvindo suspirar, mordeu sua boceta por cima do pano e ela arfou. – Eu espero que não se importe, babe, mas eu vou te foder essa noite inteira. - E sem esperar o menor sinal dela, puxou aquela peça e a chupou, não quis nenhum suspense, a ouviu gritar seu nome, gemer, se contorcer e forçar seu quadril querendo ainda mais contato. Como sentia falta dele e como ele sentia falta daquele gosto. Eles nunca gostaram de se amar, eles sempre fodiam, ficavam naquele jogo até não terem forças e era isso que fazia falta nos anos. Buscaram em outras pessoas o que tinha somente um no outro e no momento deles, por isso sempre se decepcionavam com sexos meia boca que não satisfazia ao menos um terço do que aqueles dois faziam. Errado demais para pertencerem um ao outro e errado demais para viverem longe um do outro. Ele era como o diabo e ela sua súdita, seu anjo caído e renegado. Ela daria tudo por ele. Mas não sabia que ele deu tudo por ela. Ele estocava sem pena, ela oscilava entre gritar e gemer, ele gemia, batia em sua bunda e puxava os seus cabelos, a dominando e ela ia cada vez mais ao seu delírio, era como ir ao céu e arder como se tivesse no inferno. E somente uma foda não foi o suficiente para eles, ficaram naquele jogo até o sol começar a dar sinal e quando enfim se sentiram satisfeitos apagaram. Bem ela apagou, sentindo todo o seu corpo reclamar do esforço feito por horas, já era possível ver na pele de porcelana algumas marcas que ele deixou. E ele passou o resto da madrugada a observando aninhada em seus braços e lembrando do dia em que a viu pela primeira vez.

‘Cause every day’s the same
Definition of insane
I think we’re running on a loop
Déjà vu (déjà vu, déjà vu, déjà vu)
So tell me something new (something new)
Figure out the Rubik’s Cube
I think we’re running on a loop
Déjà vu (déjà, déjà, déjà vu)

A primogênita dos se portava como uma verdadeira lady na frente da alta sociedade, era o orgulho dos seus pais, suas notas eram as melhores da turma, entraria na universidade que quisesse, ela não parecia andar entre a multidão e sim flutuar, a jovem já exalava poder e isso não poderia deixar seu pai ainda mais orgulhoso da sua criação, uma herdeira que seria a altura, colocaria qualquer um aos seus pés, mas o único problema era o seu pequeno ciclo de amigos que viviam fora daquela elite e não se pareciam nada com o tipo de gente que seu pais aprovaria uma amizade, somente eles sabiam o verdadeiro diabo que a menina era, as formas que conseguia esconder as drogas deles e como fazia um verdadeiro inferno pelos lugares que passavam, ela com toda certeza era a lady do diabo e ela amava isso, o perigo, a adrenalina e as aventuras, dentre todos eles, sem nenhuma sombra de dúvidas, ela era e sempre seria a mais louca, afinal, ela era uma riquinha, não sabia como é viver no subúrbio, muito menos enfrentar a vida lá, eles nunca a julgariam, a amavam como amiga e participavam das aventuras comela. Conheceu Dany, Natasha e Amelia logo após a prodígio do subúrbio Natasha ter conseguido uma bolsa na melhor escola particular da região, a menina sonhava em um dia ser importante e se para isso tinha que viver no meio dos engomadinhos faria o sacrifício e foi inevitável as duas não se tornarem amigas inseparáveis, a levava quase todos os dias para sua casa e passavam horas conversando dos gostos em comum e quanto sentia vontade de visitar alguma balada do outro lado da cidade, os pais da menina aprovavam aquela amizade, acreditavam que Natasha só tinha a oferecer no quesito estudos a sua herdeira. Mas foi em um desses dias em que passou horas na casa dos que deu a ideia de dizer que dormiria na casa da amiga e assim o grupo poderia a personificação do inferno naquela região e assim o fez, depois de visitar a Devil's castle passou a ser uma cliente do local, sempre que podia fugir de casa e viver o mais intensamente com seus amigos ela ia. Eles usavam um pouco de tudo e a menina amava a sensação que as balas traziam, a sua realidade era oculta ali, não precisava ser perfeita naquele ambiente, não tinha necessidade de se esconder por trás de um personagem que seus pais inventaram, ali ela era protagonista da sua própria história, a felicidade e como as luzes essas sensações pareciam ser ainda mais intensas e foi em uma dessas vezes que ele a viu. O sorriso dela era algo sobre-humano, ele não sabia se era o efeito da cocaína em seu organismo, mas aquela menina era um anjo. Usava uma mini saia de couro justa, marcava seu quadril e destacava a bunda e uma blusa que deixava suas costas inteira nua de prata, ela rebolava sem o menor pudor e ele a desejou, queria devorar até sua última gota. Todos pareciam a observar e a desejar e isso parecia não abalar aquela menina, era como se fosse o seu gás motivador para continuar, sua risada era como a mais bela música cantada por anjos. Sem sombra de dúvidas ela era um anjo. Ele só poderia estar muito chapado para alucinar dessa forma. E com esse pensamento chegou devagar nela, assim como um leão e colocou seu corpo ao dela, colocando de leva as mãos em seu quadril e a guiando, sentindo o quadril dela em seu membro, ficaram naquela dança lenta, apenas sentindo um ao outro e ela ousava o olhar de relance por cima do ombro e tinha certeza que aquele homem atrás de si deveria ter sido desenhado por algum pintos famoso, ele tinha uma beleza que poderia ser comprada a de um deus grego, o maxilar firme, os cabelos mais longos e bagunçados, tinha o mesmo rosto de um anjo, mas era o próprio lucífer. A garota sabia quem ele era, sua fama não era nova e ela amou conseguir um pouco de sua atenção. A menina sorriu e eles seguiram em uma dança sensual, colados e o calor emanava cada vez mais e mais do corpo de ambos.
- Menina encrenca... você deve ser um anjo de Lúcifer.- ele sussurrou em seu ouvido.- Preciosa demais para andar no inferno.
- E você deve ser o próprio diabo...- ela virou, se olharam por alguns segundos e ela em momento algum se deixou abalar, tomou toda a atitude daquele momento e o beijou, não esperou que ele fizesse, a verdade é que sentiu desejo pelo o homem assim que o viu, assim que soube de sua fama nos rachas daquela região, ou sobre as lutas clandestinas em que ele era estrela, até mesmo a fama de ser o maior gostoso, todas as mulheres o veneram, ele exalava tesão. Se beijavam com a maior das luxurias, ele apertava sua bunda pouco se fodendo para o que pensavam e ela puxava os cabelos de sua nuca, o trazendo ainda mais para si, o desejo cada vez mais crescente em seu ventre, denunciava que ela necessitava o ter, precisava demais daquele toque e não iria perder aquela oportunidade de o ter, nem que fosse uma única vez. Ele não estava diferente dela, sentia cada vez o desejo crescer dentro de si e seu membro latejar cada vez mais, necessitando a cada segundo de atenção e naquela noite ele iria mostrar a aquela menina como era arder em seu próprio desejo.
-Deixa eu te apresentar como é arder no meu inferno.
Ele disse aquela frase e ela apenas concordou com um sorriso malicioso, saíram às pressas por entre as pessoas daquele local, ao longe seus amigos viam a cena e torciam para que não se apegasse ao grande e temido , ali poderia estar sendo sentenciada o fim de uma vida para a jovem moça, mas ela não se importou montou na garupa da sua Harley Davidson e sentiu toda a adrenalina crescer dentro de si, estava na garupa de um desconhecido, mas com um fama e tanto, se possível a sua excitação crescia mais e mais, agarrou a cintura se protegendo do frio, o vento gelado maltratava seu corpo e isso a fazia se prender ainda mais ao homem. Naquele momento ela não queria saber para onde eles iriam, queriam apenas se pertencer e viver aquela noite como se fosse a última de suas vidas. Talvez fosse a alta quantidade de drogas no corpo, mas naquela noite, no alto da cidade, a lua e as estrelas foram testemunhas do prazer em que ela sentiu pela primeira vez como ter aquele homem dentro de si. Sentiu pela primeira vez como era ter um homem de verdade, como era um orgasmo e o prazer. Naquela noite ambas as vidas foram marcadas, ele viu a ingenuidade da menina, apesar de toda a pose e confiança que ela passava, não era nada do que uma menina, que conhecia pouco do mundo, não sabia quase nada da vida e isso fez com que o desejo aumentasse, mostrou a ela como era que um homem de fato fazia e teve o delito e o delírio dela como cena, gravaria aquela noite em sua mente o resto de sua vida, a cena em que viu aquela menina despertar a mulher dentro de si. Ele se arrependeria depois de não ter perguntado a idade da garota. Apenas aproveitaram aquele infinito mínimo que aquela noite podia proporcionar aos dois.
Levantou devagar para não a acordar e observou a única tatuagem da agora mulher, um pássaro solitário em sua costela que fazia como prova de que tudo que um dia eles viveram foi real e não apenas uma invenção criada na cabeça deles, sorrindo com as lembranças daquele dia, onde tudo era vivo em sua memória, todos os detalhes que poderia gravar em sua mente estavam ali, cada momento em que passaram juntos foi único, ele sempre pertenceria a ela. E ela sempre pertenceria a ele e a seu corpo. Houve e sempre iria haver tentativas de pontos finais na história deles, mas, jamais seria um adeus entre os dois, sabiam que poderia não se encontrarem durante um tempo ou até mesmo estarem no mesmo ambiente e fingiriam se odiar por algum tempo como puro charme, onde nenhum dos dois cederia ao orgulho, sempre lembrando que o que eles tinham não passava nada além de um sexo e pronto, sem nenhum tipo de vínculo, compromisso ou laço afetivo, ele odiava a palavra amor e ela odiaria o machucar, sabia que aquele homem era machucado demais, por isso não trocaria mensagens e nem muito menos criariam laços, apenas memorias, eles sabiam que se pertenceriam um ao outra vez se em alguma ocasião na qual se encontrassem e pudessem usufruir do corpo um do outro e eles torciam para que isso acontecesse, não foi por menos que a garota passou a frequentar ainda mais a boates, se arriscando quando fugia de casa para poder encontra “por acaso” aquele que era dono dos seus maiores delírios. E ali naquele momento em que eles se reencontraram depois de anos como se a única sensação foi de voltar para casa, o coração estava aquecido, senti paz, o corpo estava relaxado e um sorriso idiota que a todo momento queria aparecer em seu rosto, ele a amava, a amou desde o primeiro dia, mas nunca admitiu, pois houve um tempo em que o amor o destruiu, destruiu sua mãe, destruiu seu pai, destruiu a sua vida e por fim o destruiu. Mas aqueles dois se amariam pelo resto de seus dias, apenas era errado demais assumir ou até mesmo aceitar naquela época o sentimento, hoje ele assumiria que amava, só que não podia, ela tinha uma vida incrível e ele não a destruiria, mais uma vez ele abriria mão dos próprios sentimentos para que ela pudesse seguir com seu destino.

Era mais um dia insano naquela boate, fazia algum tempo que os dois estavam se encontrando, tinham um acordo mudo entre eles, aquilo que tinham era apenas sexo, adrenalina e o momento, mas o coração de ambos se aquecia quando os olhares se cruzavam de longe, parecia que tudo ao redor se tornava em câmera lenta e só existia os dois, ele nunca admitira isso, ela seguraria ao máximo seus sentimentos, conhecia um pouco de sua história e não poderia entrar naquele campo onde ainda era uma ferida aberta. Mas naquele dia ela sentia ódio dele, a loira que estava grudada em seu pescoço a estava fazendo fumaçar, borbulhar em tanto ódio, enquanto ele tentava disfarçar um sorriso no canto dos lábios por conseguir provocar a sua garota. Ela tomou da mão de um desconhecido o copo que sabia que continha algum tipo de substância e caminho lentamente, como se estivesse em seu desfile particular e mirou bem ele, virou todo o conteúdo do copo sem quebrar nenhum momento o contato visual, começou a dançando da forma mais sensual que sabia, sem desgrudar os olhos do seu objeto de desejo, se ele queria jogar, ela também jogaria, de igual para igual. No meio das pernas dele começava a surgir os efeitos daquela garota, ela era sua derrota, seu ponto mais fraco e sentiu seus punhos fecharem quando reparou os olhares sobre ela e o escroto que encostou nela. A menina sorria vitoriosa pela raiva que crescia no rosto dele. Ele levanvou e caminhou decidido, mesmo quando a Cassie segurou seu braço para que ele ficasse. Foda-se ela, seu grande problema estava dançando com roupas curtas demais. Com apenas um único olhar o tal idiota a soltou, ninguém ali queria encrenca com , nenhum deles ousaria mexer com algo que fosse dele, era como se todos ali fossem seus súditos e ele assumiu seu lugar, a agarrou pelo quadril, unindo os corpos e cheirando o pescoço exposto da garota, ela sentiu um arrepio passar por todo o seu corpo, mas não se deixou abalar, continuou sua dança.
-Garota, você é minha perdição.- ele sussurrou e ela esfregou ainda mais sua bunda em sua ereção sofrida.- Essa noite você vai conhecer o verdadeiro inferno.
Naquela mesma noite foi anunciado o primeiro racha da temporada, as motos das mais potentes estavam ali disponíveis, apesar de ilegal muitos apostavam, havia inclusive patrocinadores ricos pelo local, que disponibilizavam as motos e investiam muito dinheiros para que pudesse ocorrer o evento e aquela noite ele a colocou como sua garupa. Ela saberia o que era o verdadeiro perigo, já havia visto muitos caírem logo no início e estarem sofrendo até hoje as consequências, nunca havia sido garupa disso, não tinha a menos experiência, mas confiava cegamente em e em suas habilidades.
-Preste bastante atenção. - ele falou enquanto colocava o capacete na cabeça dela.- Você tem que fechar os braços ao meu redor e posicionar em direção aos meus ombro, assim...- ele explicava calmamente, como dela deveria fechar os braços ao seu redor.- ...E as pernas você vai fechar com firmeza, para não se soltar e quando eu deitar o corpo você também deita, se eu jogar para a direita você também vai, quem guia sou eu, okay?
-Tá, , eu já entendi, é simples, eu já subi na garupa de sua moto antes.- ela disse revirando os olhos para tanta besteira, não poderia ser tão difícil assim, não é?.
-Não bonitinha, as belezuras de hoje são motos de potência 1000. Você vai conhecer o verdadeiro inferno, os que estão aqui empurram os oponentes e fazem o que podem pelo dinheiro, vai normal uma garupa querer chutar, trapaças para querer ganhar a corrida. Seja forte e encare a morte rindo. - ele disse simples enquanto andava até a moto de seu patrocinador, era branca e alta, sorriu pela belezura. Montou e olhou para ela que estava parada estática em seu canto. - Com medo, lady?
-Vai pro inferno, .- ela disse seu sobrenome enquanto montava na garupa e prendia firme seus braços ao redor dele, da mesma forma que havia sido instruída a fazer, mantenho os joelhos firmes no quadril dele. – Não me deixe morrer, senão eu volto do inferno e te busco.
-Querida, o inferno é aqui comigo. - ele disse rindo e acelerou pela primeira vez até a linha de largada, todos estavam em posição esperando a ordem, havia gente demais ali. A grana era alta para o ganhador e ele precisava daquele dinheiro. - Pronta? Confia em mim?

-Você será sempre a minha perdição.- ela disse e então o tiro foi dado, a menina se prende o máximo que pode ao seu redor.
Naquela noite ela sentia como se diversos pássaros estivessem voando em seu estomago, sentia medo a cada curva deitada que fazia, seguiu as instruções, deitava o seu corpo junto ao dele, mantinha-se firme ao seu redor e estava amando toda a experiência, dois motoqueiros já haviam encontrado o chão com suas devidas acompanhantes na última curva. Restavam 4 e ainda estava em segundo lugar, acelerou até ficar lado a lado e mandou a menina se manter firme. O outro tentou derrubar eles e não consegui, sua garupa ainda chutou a perna de , mas a mesma se manteve firme e engoliu a dor para que isso não abalasse a performance de , seu sangue estava quente demais para que sua perna doesse muito, na última reta podia se ver o ponto de chegada, estava em segundo e então ele acelerou tudo que pode e tudo que a moto poderia aguentar, chegando em primeiro lugar. Sem jogos sujos como os outros fizeram, apenas com sua habilidade. Quando desceram da moto ela o beijou, na frente de todos e disse que queria repetir a dose, era como se tudo dentro de si mostrasse que ela estava mais viva do que nunca, parecia que ela era capaz de voar e alcançar o ponto mais alto, o vento forte a fazia se sentir livre como um pássaro e ela explicava extasiada isso a enquanto caminhavam até uma barraca, ele observava o brilho nos olhos da garota, como a inocência ainda era viva nela e como ela exalava vida e isso fazia com que ele se encantasse cada dia mais e mais por ela, faria de tudo para a manter segura e com esse sentimento de vida dentro de si, ela merecia.
-você deveria tatuar seu primeira racha no corpo- ele sugeriu enquanto pegava bebidas para eles na barraca logo a frente. - Ali é um estúdio improvisado.
-Se você fizer eu também faço.- ela disse em um lampejo de coragem, toda aquela corrida havia acendido dela algo que não saberia explicar, mas confiaria sua vida a aquele homem.
E foi assim que eles caminharam até lá, lado a lado, durante toda a espera para fazerem a tatuagem ela observava as opções, estudando com cautela cada e querendo uma que pudesse representar o que ela sentia com tudo que aconteceu naquela pista e foi assim que ela escolheu o pássaro, era a representação da liberdade que causava em sua vida, eles eram presos, um a família rica que queria decidir toda a sua vida e o outro a seu passado e presente problemático, que outra ora havia sido muito sombrio, quando a maior vontade era de ser livre como um, alcançar voos juntos e aquele amor estava eternizado em ambos os corpos.
Depois daquela noite, ganhou a moto, pela performance, o patrocinador havia feito um acordo de exclusividade com o rapaz e além disso uma quantia alta de dinheiro que serviu para pagar o advogado do pai e dívidas da mãe o que sobrou juntou toda a sua coragem e chamou a sua menina para um encontro, levou a moça para o primeiro jantar, longe daquela boate, longe de tudo que não fosse apenas os dois, por algum momento poderiam esquecer um pouco de tudo que eles faziam e como viviam e fingir ser apenas um casal em seu primeiro encontro. Ele estava lindo naquela noite, a buscou na porta de sua cosa na sua moto nova, usava uma blusa social de botões preta, calça escura e seu inseparável coturno, mostrando que ainda era ele, não apenas um engomadinho naquelas roupas, ela usava calças jeans clara e uma blusa simples preta, com acessórios que não a tornava simples, ele se encantava cada vez mais. No alto da janela da enorme casa sua mãe sorria para a cena, fazia muito tempo que não via sua menina tão feliz e animada com algo, enquanto seu pai olhava do escritório articulando planos para destruir aquela felicidade, não era mais novidade as escadas da filha ou o seu romance com aquele delinquente e ele não iria deixar assim.
Eles curtiram a noite como se não existisse mundos diferentes os separando e depois daquela noite ele teve certeza que a amava e ela teve certeza que ele era tudo o que queria. Ficou comum encontrar os dois pela cidade depois disso, ele a buscava na escola, faziam viagens curtas para cidades vizinha, curtiam o cinema, ele a ensinou a pilotar, dirigir e criar total paixão por corridas, até a incentivou uma vez até participou de um racha onde as mulheres eram motoristas e ela, claro, ganhou, até porque seu professor era e o mais importante aproveitavam um ao outro o máximo que podiam e isso bastava, sem promessas, sem juras de amor e sem qualquer clichê. Palavras não se faziam necessárias para os dois, rótulos não se fazia necessário, bastava só a presença. Somente os dois e o mundo particular deles. Até o seu pai colher tudo o que precisava para destruiu o rapaz e não mediria esforços para que pudesse afastar os dois e ter sua filha perfeita de volta, não importava os sentimentos dela e sim o status que ela precisava ter para ser a grande herdeira dele.

Havia se passado alguma semanas desde o maldito encontro deles naquele bar e a vida dela não poderia se encontrar em estado pior, evitou seu noivo durante todo esse tempo, dormia no quarto de hospedes e só ousava sair dali quando já não ouvia mais os passos dele pelo apartamento, seu pai insistia que ela deveria esquecer aquela cena ridícula e voltar com seu noivo pelo bem da empresa deles, sua mãe a mandava seguir seu coração, buscar sua verdadeira felicidade, recebia flores todos os dias de Mark recados e chocolates nos mesmos horários e aquele dia não fora diferente. Mas no final do dia recebeu uma pequena embalagem e a abriu vendo um pequeno colar de ouro branco com uma moto pequena como pingente, aquela pequena joia fez seu coração aquecer e um sorriso brotar em seu rosto. Sabia que aquele presente só poderia ter sido de e sabia exatamente onde poderia o encontra. Pegou todas as suas coisas e encerrou seu dia mais cedo, dirigiu o mais depressa possível até sua casa e procurou alguma roupa no seu closet que não fosse formal demais, Denils demais, procurou por algo mais ele e ela e achou uma calça de couro preta e um mini cropedd dourado brilhoso, puxou suas botas de salto e cano alto do armário, fez uma maquiagem mais pesada, delineando bem os olhos no tom preto, se vestiu e fez ondas nos cabelos, sorrindo com o resultado, ali estava quem de fato ela era, não mais o manequim que seu pai queria que ela fosse para que pudesse a exibir por aí como a mocinha perfeita. Sabia que aquele colar era um convite para onde ela deveria ir, mas antes dirigiu até a casa de seu pai. Entrou sem se importar com ninguém e fez uma pequena troca de carros, pegando um modelo mais antigo que seu pai tinha, porém muito mais veloz que qualquer outro presente ali, sorrindo com o ronco o motor.
-Para onde você vai?- sua mãe questionou quando a viu entrando no carro. – filha, você precisa me ouvir. Foi seu pai.
-O que meu pai fez? – perguntou, ansiosa demais para esperar.
-Foi ele que armou aquilo tudo, ele queria vocês longe um do outro, eu juro que tentei impedir. Me perdoa- Sua mãe falava e os olhos brilhavam querendo conter o choro. – Vai ser feliz, não me conta para onde vai. Mas me liga, ok? Me de notícias de que você está bem, toma, isso vai ajudar você a recomeçar, eu mando mais. Por favor, nos perdoe. – Sua mãe colocou uma bolsa com dinheiro na parte de trás do carro, apesar de não trabalhar a mulher recebia um bom dinheiro do marido e guardava uma parte para casa algo acontecesse e aquele momento pedia isso.
-Eu vou seguir meu coração, mãe- falou enquanto sentia o ronco do motor, brotou um sorriso em seu rosto, sabia que nunca a deixaria no passado por besteira, sabia que seu pai tinha um dedo naquilo, porém, isso não importava, agora só importava . - Eu vou atrás dele.
A mãe dela sabia que a filha não voltaria mais, sentia seu coração se partir por ver sua primogênita arrancando com o carro para longe de casa, mas o sorriso que a moça carregava em seu rosto mostrava o quanto ela estava feliz e isso bastou para o coração de sua mãe aquecer o mínimo que fosse, ela torcia por sua filha e seguraria o seu marido o máximo que pudesse e assim o fez, seu marido a questionava quanto a troca do carro em meio de semana, ainda mais por aquele carro em especifico, por onde a garota andava, o motivo de não atender nenhuma ligação, até Mark chegar na casa e informar que não tinha notícias dela e que a mesma havia tirado tudo dela do apartamento. Naquele momento sua mãe não pode mais segurar ninguém ali. Seu pai pegou as chaves furioso, Mark o seguiu e sua esposa juntamente com o seu caçula entraram no carro. Ele sabia que o bastardo do havia retornado, o encontrou recentemente e o questionou o motivo do retorno. Sentia sua veia da testa pulsa, não podia perder sua filha para aquele bastardo filho da puta.
-Nós tínhamos um acordo. – o mais velho dizia enquanto virava sua dose de uísque.- Você não poderia voltar aqui.
-Ela é quem decide a própria vida. – apenas disse isso e saiu daquele bar. Lembrava-se claramente do fatídico dia daquele acordo.

Era mais uma corrida clandestina, mas diferente das outras ele estava com o carro carregado, tinha uma arma na parte de baixo do banco da garota e uma placa de maconha no porta luvas, no final daquela corrida teria que dá um jeito de se livrar da garota para fazer a entrega, seu pai estava prestes a sair da cadeia, precisava somente daquela grana após anos tentando provar a inocência de seu pai o advogado por um milagre havia conseguido a soltura do seu cliente por meio de uma fiança e ele estava como louco para tentar conseguir levantar a grana. Ele havia parado de fazer parte desses esquemas, depois que conheceu sua prioridade era a manter fora de perigo e isso envolvia parar de passar tamanha quantidade de drogas, não mais participava de lutas, somente dos rachas que era algo que não abriria mão.
- você tá muito calado. - a garota disse depois da corrida, insistiu para ficarem mas ele apenas disse que tinham que ir, não aguentava mais ficar no mesmo ambiente cercada pelo silencio dele, sentia toda a tensão que ele emanava isso a deixava receosa, achava que havia feito algo de errado e por isso tamanho o silencio por parte dele. Ela não aguentava mais criar motivos na sua cabeça sobre o porquê daquela quietude dele. - Eu fiz algo de errado?
-O que? Não... é só...- ele balançou a cabeça, ela não podia saber de nada. Não poderia deixar que ela entrasse nessa merda junto com ele, ela não merecia isso, não a parte podre dele e da sua vida, evitava e evitaria sempre falar disso. - Meu pai vai sair em uma semana, eu só estou ansioso.
-Eu fico feliz por vocês. – Era claro que estava, sabia que ele havia sido preso injustamente, havia tentado ajudar com dinheiro, mas foi negado.
Durante o trajeto de volta para a casa a garota o pai dela havia preparado todo o circo, duas ruas antes de sua casa estavam viaturas da polícia, ele iria se livrar dele, havia feito essa proposta por meio de clientes da tal entrega das drogas e havia tramado com seu amigo delegado para levar os dois presos, era um plano perfeito. Sabia do amor da menina pelo o bad boy problemático da região, mas ele tinha negócios e um nome a exalar, não importava se fosse partir o coração da filha, o faria, não a deixaria naquele mundo com , não aceitaria ver todo o seu investimento esvair de suas mãos como areia, sua filha iria se tornar uma grande advogada e ele faria de tudo para que isso acontecesse e estivesse bem longe.
-Droga. – bateu a mão no volante quando avistou a polícia mais a frente, não poderia dá o retorno pois seria suspeito, teria que seguir e torcer para nada acontecer. - , e perdoa, eu não sabia.
- o que foi? - Ela falava nervosa. Temia pela vida do garoto e não queria que nada o atingisse.
-Eu estou com coisas aqui dentro. - Ele disse e ela travou. - Eu não sabia.
-Calma, eu conheço alguns, minha mãe nos livra de tudo caso eles encontrem, vamos ficar calmos e nada vai acontecer.
Coitados. Ele sabia que algo iria acontecer, até porque era de sua vida que estávamos falando, nada para ele viria fácil, ele não poderia jamais ser feliz ou ter paz, estava fadado a viver o resto de seus dias naquele inferno que era sua vida. Pelo menos a sua mãe havia sido morta e era um peso a menos para ele cuidar, não tinha mais que se preocupar com as dívidas de drogas dela ou se submeter a prostituição ou a trabalhos sujos para as pagar. Naquela noite os dois foram detidos como dois criminosos, algemados e revistados e o garoto temia por ela, a menina tinha um futuro brilhante pela frente e ele poderia ter arrancado tudo isso dela, a amava demais para aceitar isso, ela o olhava e tentava transmitir confiança, foram separados nas viaturas. Enquanto isso ela sentia medo por ele, sofria com o pensamento de como deveria estar o seu homem naquele momento, sabia que não era sua primeira passagem, mas ainda sim sabia o quanto aquela entrega era importante e o que valia, sabia que seu pai sumiria com qualquer coisa que envolvesse seu nome naquela delegacia e faria o possível pelo garoto, não o abandonaria e não deixaria que ninguém o machucasse, iria cuidar dele. Patética, em outra sala estava seu grande amor sentado em frente a seu pai decidindo o futuro dela. Deveria saber desde o início que tudo não passava de um plano, uma mera armadilha para que ele se fodesse.
-Ora, ora, caiu igual a um patinho. Achei que você fosse mais esperto. - O mais velho dizia calmamente, vendo o rapaz algemado em sua frente balançar a cabeça. Se odiava por não ter percebido antes.
- O que você quer?- o garoto disse simplesmente, sabia agora que tudo não passou de uma armação e que tinha um preço a ser pago.
-Bom garoto, sabe seu lugar. - o poderoso advogado riu, juntando as mãos. - É simples, eu limpo sua ficha, a do seu pai e deixo você seguir sua vida e em troca você vai ficar o mais longe possível da minha filha.
-Acredito que isso tenha que ser uma escolha dela. - riu sarcástico com aquela proposta ridícula. - Eu prefiro ir preso e apodrecer lá dentro do que me vender para alguém como você. - riu como forma de deboche e o poderoso Denils não se abalou. Mas não esperava o que escutou a seguir.
-Veja bem, meu jovem, você é um bastardo qualquer, não tem estrutura nenhuma para sustentar um futuro confortável para ela. - ele falava com total calma, vendo a postura do garoto enrijecer. Ele era bom com as palavras, conseguiria desmontar qualquer um na hora que quisesse e com não seria diferente. - Ela tem um futuro promissor pela frente e você ficar com ela só iria piorar tudo, então, se você sente o mínimo de amor por ela a deixei em paz, deixe-a seguir o verdadeiro destino dela, ou você acha que alguém que tem tanto dinheiro como ela vai viver o resto da vida com você? Qual é, você é só um objeto nessa fase rebelde dela. Deixe minha filha seguir, vocês dois vivem em mundos diferentes demais, nunca daria certo e eu estou dando a chance de você e seu pai recomeçar. Afinal eu sei quem é o verdadeiro culpado.
O homem havia conseguido mexer no ponto fraco do , seu maior ponto fraco era a menina e isso foi o suficiente para ele concordar e sair dali para buscar seu pai no presídio e tentar recomeçar o mais longe possível dela, precisava fazer isso pelos dois, era óbvio que o que eles viviam era apenas um mundo de fantasias e não a realidade, ela nunca o amaria de verdade e ele não poderia proporcionar a ela a vida que ela realmente merecia, sua decisão o mataria mais um pouco a cada dia longe dela, mas sua motivação seria sempre em saber que sua escolha a salvou do estrago que seria quando ela o deixasse por algum engravatado que estivesse a altura dela, afinal uma hora ela se tocaria que ele não tinha a oferecer a ela. E ela passou meses sendo o mais rebelde possível, se envolvia em rachas na esperança de o encontrar, colocava sua vida o máximo que podia em perigo, como uma forma de chamar a atenção de onde quer que ele estivesse e foi falha em todas as vezes, ia na casa dele por diversas vezes no meio da noite na esperança de encontrar qualquer mínimo sinal dele e percebia que não havia mais ninguém ali. Então começou a achar que ele não nutria o mesmo sentimento que ela tinha e isso a destruiu, todos os dias parecia que um pedaço de si era arrancado e ela jurou nunca mais amar ninguém como o amou. E cedeu aos desejos de seu pai, se afastou dos seus amigos e foi estudar em um internato para se manter o mais longe possível de encrenca ou das lembranças que um dia viveu com . E viveu da sua melhor aparência possível, virou a boneca que seu pai queria, era a herdeira perfeita, a boneca perfeita de sua coleção. No final ele havia enfim ganhando o prêmio. E os dois viviam as suas vidas infelizes, mas sempre com o coração esperançoso para um futuro encontro.

A BR estava lotada de gente em seus dois lados, as barracas aos lados era dividas, todos estavam insanos para aquela noite, a grande estrela havia retornado dos mortos para casa e naquela noite iria correr, obvio que teve patrocinadores e aposta em valores altos, ela sorriu quando chegou e viu toda aquela gente, lembrava com clareza das coisas que viveu ali e quando avistou o carro dele na linha de partida já enfiou o seu carro ao lado do dele, baixaram os vidros e se encararam por alguns segundos sorrindo.
-Eu vou acabar com você. - ela disse escutando o ronco dos motores dos carros e o viu rir, foi então que escutaram o tiro que dava início aquela competição.
Aceleraram e deixaram os oponentes tomarem vantagens nas retas, mas as curvas eram deles, ele a havia ensinado a fazer a curva perfeita e ganhar vantagem e isso fazia com que eles ficassem lado a lado naquela competição, era algo ali somente deles, o único oponente para ela era ele e vice versa, ela pisava o pé o mais fundo possível, mostrando toda a potência do carro, sabia de todas aas benfeitorias do carro, ela mesmo havia instruído a reforma do motor e de todo o resto, mantinha sempre o sorriso aberto nos lábios tingidos de vermelho enquanto sentia o frio na barriga misturado ao medo e adrenalina, a lua era testemunha daquela paixão. E então veio a última curva, ele conseguiu vantagem sobre e ela, já perto da linha ela pisou e conseguiu ultrapassar e ganhar dele. Ria igual uma criança, sabia que ele estava orgulhoso daquilo, estacionou e esperou ele vir até ela enquanto estava encostada no carro, várias pessoas o paravam e cumprimentava desejando boas vindas, alguns vinham falar com ela e da parabéns pela vitória.
-Eu deixei você ganhar. – ele tentou se defender a segurando pela cintura e vendo a pequena joia brilhar em seu pescoço- Você veio...
-Eu sou a melhor nessas corridas, babe- ela disse e prendeu os lábios dele entre seus dentes.- Eu sempre vou vir até você, meu garoto problema.- e então se beijaram, sentindo a eletricidade que emanava um do outro, mostrando o quanto se amavam e quanto sentiam falta um do outro.
-MEGAN...- Escutou a voz de seu pai e sorriu olhando para . –SOLTE-A
-Eu sei de tudo, .- ela falou próximo aos lábios dele, sem cortar o contato visual dele, tinha um sorriso sereno nos lábios.- Minha mãe contou recentemente e eu te perdoo, teria feito o mesmo.
-...- ele falou e aquele era o momento deles. não poderiam perder a chance que o universo parecia estar dando a eles, era como se o cara lá de cima olhasse por ele, pelo menos naquele momento. - Eu te amo.
-Eu te amo, .- ela falava com toda sinceridade contida em seu coração.
Riram e entraram dentro do carro da garota acelerando o mais longe possível de toda aquela bagunça. Seu pai urrava em ódio em seu canto, pegando o celular e ligando para os conhecidos que poderiam parar os dois, Mark não acreditava no que via, mas sabia do amor da mulher por outro e nunca ela o amaria como um dia amou e sua mãe sorria por ver a filha seguindo o seu próprio destino, torcia para que ela fosse o mais feliz possível, que encontrasse um lar naquele rapaz. E os dois continham sorrisos tão largos no rosto que não poderia ser contido, finalmente estavam juntos e traçando o próprio caminho deles. Não tinham um destino para ir, iriam rodar por todas as cidades até encontraram um lar. Mas sabiam que o verdadeiro lar era no coração do outro e ali era o melhor lugar de se estar. Todos foram testemunhas desse amor e eternidade era pouco para eles. Aquele amor ia muito além deles. era livre como o voou de um pássaro.

‘Cause every day’s the same (every day’s the same)
Definition of insane (definition of insane)
I think we’re running on a loop
Déjà vu (déjà, déjà, déjà vu)
Déjà vu




Fim



Nota da autora: Sem nota.




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