Finalizada em: 17/06/2021

Capítulo Único

A chuva caía em Londres como quase todos os dias quando Chanyeol espremeu os olhos, ouvindo o som do telefone tocando em algum lugar em sua cama, perdido entre os lençóis. O rapaz tateou o colchão de olhos ainda fechados, resmungando algumas vezes até que encontrasse o aparelho:
— Alô? — perguntou assim que atendeu a chamada, ouvindo uma risada gostosa e muito bem conhecida de fundo.
Bom dia, flor do dia.
? — perguntou com um dos olhos meio abertos. — Que horas são?
De acordo com meus cálculos, deve ser três da tarde aí.
— QUÊ? — ele quase gritou, finalmente se sentando e arregalando os olhos, espantado.
Chanyeol largou o celular na cama ao levantar-se com pressa. Ele deveria estar no aeroporto antes das cinco horas da tarde, como pôde dormir tanto?
Chanyeol?! — ouviu o grito da namorada bem baixinho, mas correu até o aparelho, colocando no viva-voz.
— Me desculpe, amor. Eu acabei dormindo demais e preciso me arrumar rápido.
Quer que eu ligue mais tarde?
— Não! — respondeu rápido, escutando a risada leve da mulher novamente. — Quero continuar falando com você, eu ‘tô morrendo de saudades.
Eu também.
O celular estava sobre a pia, próximo do espelho, como se pudesse fazer uma concha acústica. O rapaz despia-se ao mesmo tempo que ouvia a doce voz de sua namorada.
— Como você ‘tá?
Bem. respondeu com um suspiro, ouvindo o barulho do chuveiro do outro lado da ligação. A mulher soltou outra risada, concluindo que precisaria falar um pouco mais alto para que o namorado a escutasse, visto que ele entrara no banho. — Está meio ensolarado, mas o dia parece meio triste, sei lá.
— Sério?! — a voz abafada por baixo da água caindo soou meio longe, mas conseguiu compreender. — Aqui não para de chover desde ontem.
Bem-vindo a Londres, amor. — a mulher riu. — Como foi o seu dia ontem?
— Passei o dia no hotel. Depois do show na quinta, saí com os staffs para beber e só cheguei em casa às 3 da madrugada.
Meu Deus, rapaz, tome jeito.
— Eu precisava beber. — disse rindo enquanto enxaguava o corpo, logo desligando o registro.
havia descansado seu aparelho sobre a cômoda, dirigindo-se até a grande janela do quarto, que ia desde o chão até o teto. Ela observava as folhas das árvores se mexerem levemente com o vento gélido. Seus ombros encolheram-se ao imaginar-se do lado de fora, no frio, fazendo-a abraçar seu cardigan.
Estou com frio. — ela mencionou baixo, levando um susto ao ouvir a resposta do namorado pelos fones Bluetooth.
— Liga o aquecedor.
Não é frio, frio. — disse duas vezes tentando entonar a voz. — Parece algo de dentro para fora.
— Eu chamo de saudade. — Chanyeol respondeu rindo ao olhar o próprio reflexo no espelho. — “Sem você é sempre inverno.” — ele cantarolou a própria música, causando uma onda de risadas na namorada.
— Eu realmente sinto sua falta.
Ambos ficaram em silêncio por um tempo. porque olhava para sua mão esquerda, focada na aliança prateada brilhante em seu dedo anelar. Já Chanyeol parecia concentrado demais para conseguir vestir a calça jeans.
Quando você volta? — ela perguntou depois de alguns segundos.
— Depois do show em Paris amanhã só vão faltar Roma e Berlim. — ele parou para refletir por um tempo, mas logo fechou o zíper da calça e caçou uma camiseta em sua mala. — Logo, logo estarei em Seul e poderei te abraçar com força, te beijar com carinho, te mimar...
Você está me deixando triste, Park. sorriu, sentindo os olhos lacrimejarem.
Namorar um idol era legal, mas tinha seus diversos pontos negativos, como as fãs fanáticas e possessivas dele, totalmente ciumentas. Talvez a falta de hora para chegar em casa e a agenda sempre lotada de ensaios e reuniões. Isso quando não estavam em época de comeback em que eles precisavam ficar indo e voltando dos shows de música.
Mas, para , o pior eram as turnês.
Uma boa parte das namoradas dos artistas viajam com eles como se fossem tirar férias, mas não era simples assim para ela. raramente podia viajar. Ser uma advogada renomada e compromissada não era fácil, afinal. Portanto, passava meses sozinha em Seul, com o peito apertado de saudades diariamente, com a mente ocupada pensando em como ele estava se comportando, se estava comendo direito e dormindo bem.
E, apesar de tudo, ela continuava ali, pois o amava imensuravelmente.
— Vou passar o dia todo no palco amanhã. — Chanyeol interrompeu os pensamentos deprimidos da namorada. — Vou pela manhã fazer os ensaios finais e a noite tem o show.
É ‘pra você se alimentar direito, Park.
— Estou comendo bastante, OK? Voltarei inteiro para você.
O mínimo. soltou outra risadinha, voltando até sua cama e pegando o celular sobre a cômoda. — O tempo passa tão devagar sem você.
— Digo o mesmo. — respondeu enquanto fechava o zíper da mala. — Ontem mesmo eu fiquei vendo fotos suas na minha galeria e, quando percebi, tinha se passado uma hora já.
Garoto? — ela riu alto dessa vez, sentindo as bochechas esquentarem levemente.
Chanyeol sentou-se em sua cama para calçar o tênis, mas sua mente divagava. Quando ouviu a voz de , sentiu o coração acelerando por conta da ansiedade misturada com a saudade. A falta que a mulher fazia em seu dia a dia quando estava em turnê era como uma morte lenta e dolorosa, da forma mais dramática que ele poderia descrever.
Ele se sentia culpado, de certa forma. A mulher era totalmente independente, firme, pé no chão e objetiva. Park queria poder dar estabilidade para ela, garantir as coisas como um horário fixo para voltar, dedicar alguns dias apenas para ela, sem correr o risco de ter que correr para a empresa por conta de outra reunião. Chanyeol queria fixar as coisas, mas a vida de idol era tão dinâmica e desestabilizada...
Eles já haviam discutido sobre isso, mais de uma vez. Aquele assunto, inclusive, foi o motivo de um quase término que ambos passaram no ano anterior, mas felizmente não permitiu que aquilo acontecesse.
Era notável, Chanyeol havia sido esculpido para e vice-versa, não dava para discutir aquilo. Todos que os conheciam, mesmo que de longe, perceberiam a conexão surreal entre eles. Enquanto o rapaz era sonhador, ela os mantinha em terra firme.
Seus corações sempre estiveram juntos.
Chanyeol amarrou o cadarço ainda com a mesma sensação de saudades batendo forte no peito. Ele daria de tudo para estar com a namorada entre seus braços, ouvindo-a respirar profundamente enquanto descansava de um longo dia de trabalho.
Mesmo que estivessem separados, ambos sabiam que estavam interligados. Era mútuo. Os corações batiam juntos as mesmas músicas, os mesmos sonhos e vontades. Os mesmos sentimentos. Eles se amavam de uma forma tão única que até mesmo os deuses gregos sentiriam inveja. Eram o casal perfeito, o encaixe perfeito um do outro.
E ninguém contestava.
Certo, talvez as fãs contestassem, mas quem se importava com aquelas doidas ciumentas?
Eu te amo. — Chanyeol deixou de xingar suas sasaengs mentalmente ao ouvir aquela frase tão especial.
— Eu também te amo, . E mesmo que eu esteja a quilômetros de distância no momento, saiba que pode contar comigo sempre. Quero voltar para casa em breve.
Também quero isso, muito. O rapaz soltou uma risada com a imagem que seu subconsciente criara naquele instante, deixando curiosa:
O que foi?
— Estou pensando em loucuras. — ele riu novamente, logo se concentrando para compartilhar um de seus pensamentos. — Sinto tanto a tua falta que, se eu estivesse em Seul, estaria em um táxi agora mesmo para ir até a sua casa.
Enlouqueceu?! saltou da cama, colocando os pés no chão. — Suas fãs me encontrariam e byebye namorada do Chanyeol.
— Um dia eu cometo um crime desses, só aguarde.
Não sei se estou preparada para esse surto coreano, não. — a mulher gargalhou. — Imagina as notícias da Dispatch? “Park Chanyeol, membro do EXO, está namorando?! Conheçam a anônima!”
— Você fala como se ninguém te conhecesse.
São ramos totalmente distintos, né?
— Quem não sabe quem é Park, minha mulher?
Você para.
— Eu também te amo, amor. — ambos riram juntos, mas o rapaz logo ficou sério, ainda pensando se, um dia, seria capaz de revelar o namoro aos fãs. — Mas, de verdade, . Eu quero muito ir te visitar quando voltar para Seul. Eu realmente quero te abraçar.
Eu também quero isso, Park. A falta que sinto de você já me consumiu, seu bobo.
Chanyeol soltou uma risada sincera, mas levemente triste. Conferindo pela última vez, ele desligou a luz e trancou a porta do quarto do hotel, conectando os fones ao aparelho celular em seu bolso traseiro da calça jeans.
. — o rapaz chamou-a mais uma vez enquanto entrava no elevador e apertava o botão do térreo.
Diga.
— Eu vou sair agora, então...
Talvez tenham fãs na porta do hotel então você precisa desligar, eu já sei. deu outra risadinha, como sempre fazia. Era sua reação natural.
— Eu te amo.
Eu também te amo, amor. Não sei se você vai conseguir me ligar antes de decolar, então já quero te desejar uma boa viagem.
— Obrigado. — sorriu, ajeitando a máscara. Chanyeol pegou o celular do bolso antes de continuar respondendo. — Eu também te amo, vou tentar pelo menos mandar alguma mensagem.
Se cuida.
— Estou me cuidando certinho ‘pra tu acabar comigo quando eu chegar, se é que você me entende.
— Idiota.
O rapaz sorriu por debaixo da máscara e percebeu o elevador parar. Uma multidão de fãs começou a gritar do lado exterior ao hotel, fazendo com que ele suspirasse e olhasse para a tela do celular uma última vez, reparando o tempo que permaneceu em ligação com a namorada.
Uma hora de chamada.
— Já sinto saudades da sua voz e ainda nem desliguei.
— Você vai ouvir em breve ao vivo e em cores.
— Assim espero.




Fim.



Nota da autora: Oie migles! Como estão?
Essa história foi muito gostosinha de escrever. Dediquei para a lindíssima da Maria Angélica, dona desse fisctape perfeito. Espero que tenha gostado, amiga hehe.
Obrigada por terem lido, gente linda!
Um cheiro!!
~xoxo

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