05. Run Wild

Última atualização: Fanfic finalizada.

Roma — Itália

Era uma manhã fresca, com um aroma doce que flutuava pelo ar da cidade de Roma, quando desceu do táxi e ergueu os olhos grandes e castanhos para a pensão a sua frente, Locanda Otello Rosi. Era um prédio com nem um pouco de luxo, já que a tintura das paredes do lado de fora estava descascando e continha algumas coisas pichadas de várias cores diferentes que não eram nada elegantes, mas que mesmo assim fizeram a jovem sorrir, pois podia sentir a excitação correndo por seu sangue quando o vento leve de Roma tocou seus cabelos, que pareciam fazer parte de um arco-íris, embelezando o céu depois de um dia de chuva, devido as múltiplas cores que tinham os seus fios.
Virou-se para a porta do táxi onde sua amiga saía, olhando espantada na direção do local onde elas passariam as próximas quatro noites.
— Não é tão horrível assim. — disse , sabendo exatamente o que se passava na cabeça de sua amiga riquinha e mimada. Conhecia há tempo suficiente para saber o que a mesma estava pensando. Podia até mesmo apostar todo o seu dinheiro que o pensamento de sua amiga era o de correr para o interior do primeiro hotel cinco estrelas que encontrasse no caminho.
— Não? — perguntou cruzando os braços sem sair direito do táxi, ainda na esperança de que sua amiga fosse reconsiderar a ideia de dormir em um local como aquele, que não parecia nem limpo, nem luxuoso e muito menos seguro. Sacudiu a cabeça negativamente, levando as mãos ao rosto e massageando as pálpebras de seus olhos. A ação fez com que os negros cachos de seu cabelo macio e perfeito balançassem junto com o fraco vento da noite. — Já assistiu “Albergue”? Sabe o quê acontece em lugares como esse? Eles vão nos colocar em um quarto com várias pessoas, nos pegar dormindo e nos levar para um galpão abandonado onde arrancarão nossos órgãos para vender no mercado negro.
rolou os olhos enquanto pegava sua bagagem do porta malas com a ajuda do taxista que sorria do que a outra jovem dizia.
— Isso não é um albergue, . — respondeu, colocando sua grande mochila nas costas. — É uma pensão, então nós teremos um quarto só nosso e ninguém vai arrancar nossos órgãos.
— Como pode ter certeza? — perguntou , finalmente saindo do carro e fechando a porta. — Tudo isso porque não quer que eu pague nossa estadia, ? Pelo amor de Deus, você sabe que posso pagar um lugar melhor que esse.
— Não é por isso, . — respondeu a outra jovem, entregando uma das malas para a amiga. — Só quero que tenhamos algumas experiências diferentes nessa semana. — deu de ombros antes de se virar e entregar o dinheiro ao taxista, que com um enorme sorriso fez uma reverência para ela, que fez o mesmo com um sorriso. — Obrigada senhor.
— De nada, senhorita. — respondeu ele com um sorriso, olhando em seguida para . — Aqui é um ótimo lugar, senhorita. Ficarão confortáveis e em segurança.
— Obrigada. — disse com um sorriso forçado.
O homem fechou o porta-malas e entrou em seu carro, depois de sorrir na direção das garotas em despedida.
— Viu? Para de paranoia. — Disse , pegando as coisas e andando em direção a pequena porta de entrada da pensão.
— O quê? Esse senhor pode ser o cúmplice dos traficantes de órgãos. — respondeu , fazendo sua amiga rolar os olhos pela milésima vez naquela noite.
— Você é bem chata quando quer. — respondeu ela antes de entrar pela porta, obrigando a seguí-la.
O interior da pensão era diferente. A decoração não era elegante, mas era bem bonita, com uma simplicidade magnifica. O aroma de comida italiana fez a barriga das duas amigas rocarem de fome devido as horas de viagem da Colômbia para a Itália. Uma senhora de cabelos grisalhos e sorriso doce as recebeu na recepção.
Benvenuti. — deu as boas-vindas em italiano, enquanto as garotas se apoiaram no balcão da recepção, com um sorriso no rosto. — Meu nome é Camelia, no que posso ajudar? — completou a senhora.
— Olá e obrigada, Camelia. Eu sou , e essa é minha amiga . Nós reservamos um quarto com duas camas de solteiro para quatro noites.
— Oh, sim. — disse ela se virando para pegar as chaves dos quartos em uma estante que estava na parede logo atrás de si. — Reservei o quarto 6, é só subir quatro lances de escadas. — disse ela se virando e entregando uma chave na mão de e outra na mão de . — Espero que aproveitem e gostem da estadia. Qualquer coisa que precisarem é só ligar aqui, na recepção.
— Obrigada, Camelia. — disse , antes de se virar para subir as escadas que as levariam aos quartos, já que a pensão não tinha elevador.
— Obrigada. — disse com um sorriso sincero, pois gostou da simpatia da senhora, mas assim que olhou em direção as escadas o sorriso sumiu de seu rosto.
Enquanto subia os degraus carregando pesadas malas, se perguntava por que diabos tinha deixado cuidar das reservas dos hotéis de cada cidade as quais passariam. Seria possível que passariam por aquele sofrimento até o fim da viagem, sendo que poderiam muito bem pagar um hotel cinco estrelas e relaxar em uma sauna? Ela queria acreditar que não, mas conhecia bem para saber que aquilo só poderia ficar pior. Se duvidasse, elas iam acabar acampando em algum lugar dos quais passariam e isso não era nada bom.
— Pelo amor de Deus, , muda essa cara. — disse , colocando sua mala no chão para abrir a porta do seu quarto, que era bem próximo a escada. Ela reparou que haviam mais três quartos no andar. — Nós estamos na Itália. Estamos em Roma!
— Em um albergue, em Roma. — respondeu , finalmente subindo o último degrau. — Não é como imaginava passar meus dias aqui.
— Você chega a ser irritante dessa forma.
— Desculpa se eu prefiro dormir em uma cama king size com travesseiros duoflex nasa ao invés de um lugar como esse. — respondeu ela, colocando a mala no chão e cruzando os braços em frente ao corpo com a testa franzida, que foi se relaxando aos poucos quando viu um rapaz se aproximar pelo corredor atrás de sua amiga.
— Dê uma chance. — disse .
— É, dê uma chance. — repetiu ele, com uma voz grave e abrindo um sorriso branco cheio de dentes perfeitamente alinhados.
se virou rapidamente para ver quem era o cara que concordou com ela e que olhava quase babando.
O sorriso dele se alargou em seus rosto quando os olhos castanhos de olharam na sua direção, pois ela tinha um dos rostos mais bonitos que já tinha visto. E ele já tinha visto muitos rostos, no mundo todo.
Ela também sorriu, observando com atenção os traços perfeitos que tinha o rosto dele, a barba castanha como os cabelos e as inúmeras tatuagens que começavam no pescoço, se espalhavam pelos braços e que a deixou curiosa para saber onde parariam.
— Gostei do cabelo. — ele disse, com um sorriso.
— Gostei das tatuagens. — respondeu ela.
— Sou . — se apresentou, estendendo a mão em comprimento.
, e essa é minha amiga . — respondeu, apertando a mão do rapaz bonito.
— São de onde? Desculpa perguntar.
— Tudo bem, somos da Colômbia, e você?
— Eu diria do mundo, já que desde pequeno minha família vivia de país em país. — disse ele, dando de ombros. — Mas sou originalmente do Brasil.
— Pertinho da gente. — disse com um sorriso, parecendo se derreter pelo rapaz que parecia muito mais interessado em e seus cabelos multicoloridos.
— Pois é. — respondeu ele, se virando para com um sorriso. — E quanto a pensão, você devia dar uma chance, . Camelia faz com que esse lugar pareça a casa aconchegante de nossa vovó italiana, que adora encher seus netinhos de massa até ficarem gordinhos. — Ele deu uma piscadela, antes de voltar seus olhos para e fazer uma reverência. — Nos vemos por aí, .
sorriu, sacudindo a cabeça em negativa porque não gostava daquele apelido, mas por algum motivo, gostou de ouvir vindo daquele belo desconhecido brasileiro.
— Sim, nos vemos. — respondeu e o viu se virar e descer as escadas rapidamente. Tanto ela quanto suspiraram quando sabiam que o rapaz não as ouviria mais.
— Ok, talvez eu deva mesmo dar uma chance a esse lugar. — disse com um sorriso enquanto pegava sua mala para entrar no quarto. — Será que ele tem um amigo gato como ele? Porque eu já percebi que ele gosta de arco-íris.
— Para de ser depravada e idiota. — respondeu , entrando no quarto. — Vem logo, que ainda temos muitos lugares para conhecer em Roma em pouco tempo.
sorriu, obedecendo a amiga, entrando e fechando a porta do quarto. Ela esperava desesperadamente que encontrasse mais caras como aquele tal de durante a viagem.
Quando estava preparando o roteiro para a viagem, umas das primeiras coisas que pensou foi em quantos dias ela e precisavam para conhecer Roma, uma das cidades que mais queria conhecer no mundo todo.
Sabia que não tinha muito opção, pois ainda tinham outras seis cidades para visitar em seis países diferentes. Então, decidiu que quatro dias seriam suficientes para conseguirem conhecer o essencial. Mas, quando realmente chegou e viu Roma, percebeu que não importava o número de dias que decidissem ficar lá, sempre iria faltar alguma coisa para ser vista, porque o lugar era realmente maravilhoso.
O primeiro dia foi mais um passeio casual pelas redondezas do bairros onde estavam, já que queriam voltar cedo para casa, descansar da viagem de avião e começar o segundo dia com a energia total, para conhecer as atrações que Roma podia proporcionar. Camelia as informou que as atrações estavam sempre lotadas, não importava a época do ano. E se não queriam pegar as maiores filas que já viram na vida, era melhor estar de pé bem cedo. Como as duas não queriam perder horas mofando em uma fila, ouviram os conselhos de Camelia com atenção.
No segundo dia, as amigas acordaram cedo e foram visitar Fontana di Trevi, onde ficaram encantadas com o ambiente que ainda não estava lotado de turistas e que ainda havia um homem com voz de tenor, cantando o sole mio no local. Foi tão inesquecível e belo que ambas relutaram em sair da Fontana para a Igreja Trinità dei Monti, onde as garotas subiram até o alto da famosa escadaria, conversando e tirando algumas fotos para guardar de recordação, pois de lá tinham uma bela visão panorâmica de Roma.
De lá, seguiram a pé até Piazza del Popolo, com seu obelisco no centro, as três igrejas ao redor e a Porta Flamínia ao fundo, onde tiraram mais fotos e descansaram antes de entrar em uma das igrejas, Santa Maria del Popolo, onde se encantaram com a Capela Chigi, citada no livro “Anjos e Demônios”, de Dan Brown, um escritor cujo gostava bastante.
Passearam por mais algumas praças e igrejas antes de voltarem pro hotel exaustas, mas felizes por terem feito o dia valer a pena, pois não só visitaram os lugares, como também se divertiram com a companhia uma da outra, como não faziam desde a época do colegial, há quatro anos.
O terceiro dia começou ainda mais cedo para as meninas, pois a ansiedade era de uma grandeza destruidora. Elas se arrumaram e foram visitar o grandioso e magnifico Coliseu. Quando chegaram no local, o encontraram quase vazio e conseguiram tirar fotos em frente ao anfiteatro praticamente sozinhas. Entraram no monumento felizes e completamente embasbacadas com a beleza, levaram quase três horas visitando cada cantinho que podiam daquele local.
Depois do grande Coliseu, a próxima parada foi no Palatino, onde encontraram uma fila enorme, mas graças ao Roma Pass que insistiu em comprar, conseguiram entrar na frente e se apaixonar pelas ruínas. Foram no Fórum Romano, passaram nos Fóruns Imperiais, Mercado de Trajano, Monumento Vittorio Emanuelle II e depois voltaram para o hotel.
Chegaram a ver pelo corredor, mas ele parecia estar com tanta pressa para ir a algum lugar, que apenas cumprimentou as meninas, antes de descer as escadas sendo seguindo por um rapaz muito bonito, segundo . nem chegou a reparar, estava cansada e faminta demais para conseguir pensar em caras bonitos, tatuados e atraentes como .
Tudo que precisava era de uma pizza bem recheada, um banho quente e uma cama macia.
O quarto e último dia começou nos Museus do Vaticano e a Capela Sistina, já que elas haviam comprado o ingresso previamente pelo site, com hora marcada. Passaram muito tempo lá dentro sem perceber e comeram na praça de alimentação dos museus. Optaram por não visitar mais nenhum lugar além da Piazza Navona, onde sentaram e ficaram conversando, vendo o vai-e-vem das pessoas, os artistas de ruas e as belas fontes. No trajeto de volta para a pensão, classificaram a Piazza Navona como melhor pizza da cidade de Roma.
Assim que entraram na pensão e sentiram o aroma da comida de Camelia, foram direto para o restaurante, comeram e conversaram com a senhora sobre as maravilhas que viram durante os quatros dias em Roma e o quanto estavam ansiosas para voltar, conhecer mais lugares e se hospedar novamente na pensão que admitiu ser melhor do que ela imaginava.
Depois da comida, as duas subiram as escadas. Entre conversa e risadas, deram de cara com o belo brasileiro viajante no corredor de seu quarto.
— Olá, meninas.
— Olá, . — disse com empolgação, fazendo sorrir de sua cara.
— Ela fumou ou bebeu alguma coisa? — ele perguntou enquanto se aproximava.
— Não. — respondeu , enquanto dava leves tapas no braço da amiga. — Ela só tem um leve retardo mental.
— Ei. — disse , quando conseguiu se recompor dos risos. — E aí? Como está? — perguntou a , que abriu um sorriso.
— Bem. — respondeu, se encostando a parede. — Vocês estavam um pouco desaparecidas.
— Estávamos conhecendo Roma. — respondeu dando de ombros.
Coliseu, Palatino, Fontana di Trevi, Capela Chigi e mais alguns lugares. — completou .
— E nenhuma diversão? — perguntou franzindo a testa. — Achei que você fosse mais o tipo vida louca, . Você não parece o tipo que vai a museus e igrejas.
riu sacudindo a cabeça. Era típico das pessoas acharem que sabiam o tipo de garota que ela era apenas por causa de sua aparência. Vida louca? Sim, ela era vida louca. Adorava curtir o máximo de sua vida, mas também sabia sentar e apreciar a arte e as coisas bonitas que existiam no mundo.
Então ela se aproximou dele lentamente, com os olhos castanhos fixos nos olhos azuis dele, que pareciam luzir com variações rápidas de brilhos e cor. Os dois desconhecidos sentiam a excitação suspensa no ar fresco do corredor, enquanto ficavam cada vez mais próximos. deixou um sorriso dançar em seus lábios, quando sentiu a respiração dele batendo contra o seu rosto.
— Eu sou todos os tipos de garotas em uma só. — disse ela, ficando ainda mais próxima do brasileiro, que os lábios de ambos estavam quase se tocando. — Simplesmente por que eu quero ser e posso ser, .
— Eu não discordo disso. — ele respondeu num sussurro rouco, desejando beijar os lábios macios da garota. Mesmo assim, não fez nada para acelerá-la, apenas esperou que ela terminasse o que tinha começado.
— Estou indo embora, mas na próxima cidade do meu roteiro eu posso pensar em ser a aventureira louca que dá uns amassos em um brasileiro, se encontrar um por lá.
— Essa sua versão parece ser divertida.
— Todas elas são, . — disse ela por fim, selando os lábios deles por tempo o suficiente para ele sentisse o gosto de cereja em seu paladar por causa dos lábios dela.
de afastou com um sorriso, viu a expressão de excitação que o rapaz estava, antes de entrar no quarto e chamar para segui-la.
— Cara, você está ferrado. — Disse entrando no quarto.
, espera! Qual é a próxima cidade para onde vão?
— Não posso falar. — disse ela, sorrindo enquanto fechava a porta. — Ela me mataria por traição.
E antes que o rapaz pudesse protestar, a porta foi fechada em sua cara.
Ele até pensou em bater na porta, mas sabia que elas não abririam, então voltou para seu quarto deixando o destino decidir o que viria a seguir. Ele só desejava que o destino da garota arco-íris fosse a bela e maravilhosa Paris.


Paris — França

Desde que e começaram a planejar seu roteiro de viagem, Paris sempre esteve entre o local favorito de ambas.
sonhava em conhecer todos os museus, as comidas e todos os cantinhos românticos e nostálgicos que Paris poderia oferecer. Já , buscava pelo luxo, pelas compras e pelo hotel seis estrelas com vista para a Torre Eiffel. Ainda não tinha esquecido da pousada chinfrim em que se acomodaram em Roma. Infelizmente, ficaria mais uma vez decepcionada, reservou uma pousadinha simples, porém adorável. A pousada ficava no Marais, um dos bairros mais boêmios de Paris, disso não poderia reclamar. Era um prédio simpático e clássico, bege com sacadas pretas, combinando com o clima frio e úmido, típico de Paris.
Estavam caminhando há alguns minutos desde que desceram do metrô. arrastava sua mala com um pouco de dificuldade devido ao tamanho dos saltos. estava mais confortável, com seu sobretudo preto e sua bota. Até sugeriu que colocasse algo mais confortável, mas para a amiga, o luxo estava acima de qualquer coisa, assim, sustentava-se em rolar os olhos toda a vez que tropeçava nos seus próprios pés. Quando notaram, já estavam debaixo do toldo laranja da adorável pousadinha. De fora, já podiam sentir o cheirinho de croissant que vinha da cafeteria. Depois de terem feito o check-in, deixaram suas malas no quarto reservado.
Já estava escurecendo, a programação iria ter que ficar para o outro dia, porém insistiu muito para irem a um restaurante que ficava ali mesmo, no Marais. O Glou era um bistrô que ficava próximo à pousada. Haviam várias pessoas jovens e o local era bastante animado.
— Parece ser um excelente lugar! — Falou animada.
— Eu disse! — Vibrou — Aliás, eu deveria ter feito o roteiro desta viagem, eu não iria te colocar em furadas.
ignorou a amiga e seguiu para dentro do restaurante, escolhendo uma mesa vaga.
— Essa cidade é tão romântica— fez gestos indicando a rua iluminada que podiam ver da janela de vidro do restaurante — estou decidida, a minha lua-de-mel definitivamente vai ser aqui — falou.
— Hm... E já tem um noivo? — perguntou irônica enquanto olhava o cardápio.
— Ainda não, mas nada me impede de achar um francês maravilhoso.
— Claro... — desdenhou .
As meninas chamaram o garçom, um loiro alto com um uniforme impecável, que prontamente anotou o pedido e minutos depois já trazia o prato.
— Isso parece ser muito bom. — Comentou .
— E é. — falou — você pegou o número do tatuado?
— Não — Falou .
— Por que, ? Ele era maravilhoso e estava interessado em você. — Falou .
— Porque eu não quis. é um cara lindo — falou de contrariada — mas eu simplesmente não quero.
— Espera! — Falou exaltada — quem é você e o que fez com a minha amiga?
— Pare com isso, você sabe muito bem que a galinha é você — riu.
— Ei! — Reclamou — Sabe, ele perguntou pra onde viríamos.
— Mas você não disse né?
— Óbvio que não! Não faria isso com você... — Falou .
— Bem, eu espero que ele não seja nenhum psicopata. — riu.
— Tudo bem se ele for, você é meio vida louca também, seria um casal perfeito. — Zombou .
— Amiga, vamos logo, amanhã o dia começa cedo e eu pretendo visitar o Louvre. falou empolgada.
Pagaram a conta, foram caminhando até o hotel em que estavam hospedadas e foram dormir ansiosas pelo dia seguinte.

Bonjour, Rainbow Queen. Pronta pra conhecer Paris? — Falou animada.
, desde quando você acorda tão cedo?
— Desde que eu estou em Paris! — Falou como se fosse óbvio.
— Ok, vamos lá. — Falou levantando da cama — este cheirinho de café da manhã está incrível! — Falou animada.
Ambas desceram para o restaurante do hotel, que já servia o café da manhã. Estava tudo delicioso, aqueles croissants e baguetes quentinhos foram devorados rapidamente pelas meninas. Depois de toda a comida deliciosa que foi servida no café da manhã, e resolveram subir para trocar de roupa, pois aquele era o dia em que finalmente conheceriam Paris. Enquanto estavam subindo as escadas, esbarraram em um homem loiro alto e forte que sorriu para elas, principalmente para .
? — Perguntou ele sorrindo
— Errr... Olá Erin, quanto tempo... — falou sem graça.
— Sim. Nossa, você está linda.
— É... você também não está nada mal — Na verdade ele estava muitíssimo bem.
— Então, está em Paris há quanto tempo?
— Há menos de vinte e quatro horas, estamos indo conhecer Paris agora. — Respondeu olhando para o celular.
— Poxa... que pena, estava pensando em te chamar para um passeio — falou Erin que só então notou a presença de — Oh, perdão pela minha falta de educação... Prazer em conhecê-la!
— Olá! — Falou .
— Mas, ainda assim, , vou estar na cafeteria ao lado, se mudar de ideia. Estarei te esperando.
— Ok, Erin, vou ver... — Falou com um sorriso amarelo — Vamos, foi na frente puxando a mão da amiga.
— Você pode me explicar o quê foi isso? — Falou seguindo a amiga.
— Droga! Por que esse mundo tem que ser tão pequeno? — Lamentou .
— Quem é Erin? — Perguntou enquanto abria a porta do quarto.
— Nós fizemos o colegial juntos, ele era capitão do time de basquete e eu perdi a virgindade com ele na noite do baile de primavera.
— Uau , você é muito original — debochou que recebeu um careta de — Mas falando sério... Por que você tratou ele daquele jeito?
— Porque depois daquela noite ele nunca mais olhou na minha cara.
— Ok, cadê as câmeras? Por que você não me contou que estamos em uma comédia romântica? — debochou novamente.
— Engraçadinha...
— Amiga, posso te dar um conselho? — Perguntou e concordou — Faça o mesmo, dê o troco. Eu sei que a maluca aqui é você, mas é esse o meu conselho, passe uma noite com ele e dê o fora na manhã seguinte.
! Você é uma gênia! — pulou no pescoço da amiga.
— Eu sei... agora se arrume e vá passar uma tarde romântica com o bonitão, heartbreaker.
Depois de arrumada foi encontrar Erin na cafeteria. decidiu ir ao Louvre sozinha, ficou feliz pela amiga, sabia que vingança não leva a nada, mas era uma vingancinha branca e se sentiria melhor depois disso.

pegou o trem até o Louvre. Paris era realmente maravilhosa, enquanto caminhava rumo ao museu observou a arquitetura e a beleza que Paris tinha. Quando entrou no Louvre o ar saiu de seus pulmões, sempre amou arte e sem dúvidas estar no Louvre era um sonho.
Caminhou pelo museu lentamente, não tinha pressa, passou anos e anos planejando aquele momento e quando chegou, queria aproveitar ao máximo.
Naquele dia o museu estava bastante calmo, o que fez vibrar internamente. O silêncio deixava o ambiente ainda mais encantador.
Caminhou até chegar ao quadro da Monalisa de Leonardo da Vince e por algum momento não acreditou que estava mesmo em frente a Monalisa, ficou mais uns quinze minutos admirando a obra, queria compartilhar aquele momento com alguém, talvez até , porém a amiga estava em seu encontro e infelizmente não poderia fotografar. Decidiu continuar caminhando pois havia muita coisa para visitar.
já estava no final do passeio, já tinha visto a Vênus de Milo, a Vitória de Samotrácia, Femme Voilée entre outras obras magnificas do museu. Decidiu ir rumo a saída, já que tinha muito mais de Paris para visitar. Estava distraída olhando para o teto com a pirâmide invertida, realmente era tudo encantador. Quando já estava chegando a saída, seu olhar se prendeu ao de um garoto que estava logo mais à sua frente. Era , tentou de todas as maneiras disfarçar, porém já tinha a visto.
sorriu assim que viu , desde que a tinha conhecido em Roma, não tirava aqueles cabelos coloridos do pensamento. Nunca fora de se apegar a uma pessoa, porém realmente o deixou encantado.
— Tentando fugir, ? — Perguntou sorrindo.
não sabia o que responder, tinha mexido com ela, porém, não queria se envolver com ninguém, era uma viagem dela, só para ela e , não queria se envolver com alguém, não agora que se sentia mais livre do que nunca.
! — Falou fingindo animação.
— Não posso acreditar que eu encontrei você aqui — falou incrédulo — mas agora que eu te encontrei, quero levá-la para conhecer Paris, já estive aqui muitas vezes...
— E quem disse que eu quero conhecer Paris com você? — provocou.
— Seus olhos dizem tudo . Não se faça de difícil, essa viagem pode ser inesquecível para nós dois se você quiser.
engoliu em seco, não podia acreditar que aquilo tudo estava acontecendo, ainda mais dentro do Museu do Louvre.
— O que te faz pensar que você pode me mostrar Paris melhor do que um francês? — provocou novamente.
riu, se aproximou colocando sua mão nos cabelos coloridos de e a puxando para um beijo.
Foi um beijo rápido e quente, deixou-se levar por alguns instantes, mas logo tomou controle da situação, colocando a mão no peitoral definido de , o afastando brevemente.
— Vem comigo ou não? — Perguntou .
— Tudo bem, brasileiro. Vou deixar você me mostrar Paris. — riu.
pegou a mão de e a levou para fora do museu. Caminharam por Paris entre trocas de beijos e carícias, estavam gostando da companhia um do outro.
Foram ao Arco do Triunfo e lá ficaram boas horas conversando e aproveitando a companhia. Já estava anoitecendo quando estavam voltando para a estação de trem.
— Eu realmente não quero me despedir de você agora — falou beijando .
— Você pode ir para o Marais comigo, acho que não me importo de dividir o quarto com você — falou .
— Eu não irei recusar este convite, sorriu.
Pegaram o trem até o Marais e caminharam poucos metros até o hotelzinho que estava hospedada. Hoje estaria com Erin, então não via problema em dividir a cama de solteiro com . Estava se sentindo meio culpada, queria aproveitar a viagem e não ficar presa a alguém, mas era tão tentador, não tinha como dar um fora sem antes passar uma noite com ele. Sabia que teria que ter sangue frio para não se envolver demais.
Quando estava abrindo a porta, sentiu beijar seu pescoço e suas pernas tremeram, sabia muito o bem o que eles fariam, afinal ela não o convidou apenas para conversar, mas não imaginava que ele seria tão rápido. Abriu a porta com dificuldade, mas logo abriu e fechou novamente, encostando nela.
— Pra que a pressa, brasileiro? — beijou .
— Não é pressa, mademoiselle, é desejo. Desde a primeira vez que te vi, eu quis fazer isso, .
pegou novamente nos cabelos coloridos, ele estava encantado com aquele arco-íris. colocou as mãos por baixo do suéter de , precisava apreciar as tatuagens que ele possuía em seu corpo, assim como , ela queria muito explorar o corpo do brasileiro. Ele era um homem lindo e seu corpo era maravilhoso, constatou isso quando viu sua barriga desenhada por deuses. Logo ambos já estavam continuando os amassos na pequena cama do hotel. Aquela noite estava fria, porém o quarto estava em chamas e estava amando a sensação, realmente sabia o que fazer, não lembrava da última vez que tinha se sentido tão satisfeita com alguém.
, apesar de ser um homem livre e sem apegos, estava se sentido extremamente ligado a menina de cabelos coloridos, enquanto explorava o corpo de teve certeza de que ela era a pessoa certa para ele. Não podia dizer que estava apaixonado, mas o carinho que tinha adquirido por o fez querer ficar com ela. Enquanto dormia, se manteve acordada pensando em tudo o que aconteceu, não estava arrependida, mas sentia um nó na garganta quando lhe vinha na cabeça que deveria deixar . Não queria se prender a ninguém, ainda tinha muitos lugares para conhecer, muitas comidas para provar e muitos outros homens ao redor do mundo. Não que fosse esse seu principal objetivo, mas queria se sentir livre e ao mesmo tempo queria aproveitar o máximo dos prazeres que o mundo podia lhe oferecer. Não conseguiu dormir aquela noite, esperou amanhecer e foi tomar um banho. Quando retornou ao quarto novamente, já estava acordado e com o café da manhã na mesinha que tinha no quarto.
Bonjour, ! — sorriu para a menina.
sorriu novamente, não iria tratar ele mal depois de tudo o que tinha acontecido. Tomaram café da manhã e conversaram normalmente. Hoje eles iriam visitar outros lugares de Paris, seria o último dia de na cidade, sabia que três dias eram poucos para conhecer Paris, mas esperava voltar muitas outras vezes.
Saíram do hotel por volta do meio dia. Antes de sair, tinha falado com , a amiga ainda estava com Erin e segundo ela, já tinham experimentado vários lugares em Paris. não quis entrar em detalhes, contou que tinha encontrado e explicou que não ficaria com ele depois do que aconteceu. aconselhou que a amiga fosse sincera com e decidiu que isso seria o melhor a se fazer.
e conheceram diversos lugares, visitaram a Catedral de Notre-Dame, passearam pelo rio Sena com um pequeno barco, visitaram o Palácio de Versalhes e decidiram por fim ir à Torre Eiffel.
partiria naquela noite, decidiu deixar a torre por último, já tinha combinado com para ela fazer o check out no hotel e depois encontrá-la lá. Já estava noite quando e chegaram à Torre, ela estava iluminada e linda, estava emocionada, Paris tinha sido mágica e nada melhor do que encerrar a viagem com aquela vista maravilhosa.
— É incrível estar aqui com você — falou a abraçando.
Este era o momento em que deveria se despedir, mas por algum motivo, não conseguia fazer isso.
— Sabe , eu nunca fui de ficar tão obcecado em uma pessoa como eu estou por você, Paris não iria ser a mesma se eu não tivesse sua companhia.
— Foi incrível , obrigada por tudo! — Falou o abraçando apertado.
— Fica comigo? Vamos viajar esse mundo juntos. — propôs ele animado.
Esta seria a hora, reuniu toda a sua coragem e respirou fundo.
— Desculpa , sua companhia foi ótima, mas eu tenho que partir. — Falou rápido.
— Como assim? Eu achei que você ficaria, — falou com desespero na voz — foi algo que eu fiz?
— Não ! O problema sou eu, eu não posso ficar com você. — falou tentando se desculpar.
— Sabe, geralmente na Torre Eiffel as pessoas fazem declarações de amor... — falou frustado — Você parecia uma garota tão doce, não esperava isso de você.
— Eu falei que eu poderia ser todos os tipos de garota, falou sorrindo.
Escutou alguém chamando seu nome e era , ela já estava no táxi rumo ao aeroporto.
— Vamos, ! — Gritou mais uma vez. — Te vejo por aí, ! — Falou dando uma última olhada em e a Torre Eiffel, antes de andar em passos largos rumo ao táxi.
Quando entrou, pôde finalmente respirar.
— Você está bem? — Perguntou .
abraçou a amiga.
— Estou! — sorriu — Pronta para a próxima?
Então foram ao seu próximo destino, talvez encontrasse o brasileiro por aí novamente...

Barcelona — Espanha

Não demorou muito para que as garotas chegassem ao seu próximo destino: Barcelona. O clima estava quente e árido. O sol era de rachar, fazendo com que a sensação térmica fosse como se estivesse em pleno deserto.
— Deveria ter vindo com uma roupa menos quente. — protestou , ao sair do taxi.
— Eu te avisei. Paris nem estava tão fria assim, você que se animou por causa do vento frio. — disse , entregando o dinheiro ao motorista. — Gracias.
— Vamos logo, quero chegar no quarto e colocar o ar condicionado em dezoito graus, ou menos. — ambas pegaram suas malas e adentraram no hotel. As garotas ficaram totalmente encantadas com o interior do local. Clássico, assim como as outras arquiteturas da cidade, o local lembrava um antigo casarão muito bem elaborado e elegante. Ambas se sentiram como se estivessem voltado no tempo. foi a primeira a soltar um suspiro satisfatório, largando suas malas no meio do saguão e parando para apreciar toda aquela beleza. seguia o mesmo ritmo, nunca tinha ficado em um ligar tão lindo como aquele. Ao seu lado, um jovem rapaz trajando um terno preto da alta costura com sapatos da mesma cor extremamente polidos observava, rindo baixo.
Bievenida. — ele disse, próximo a elas. Com a saída repentina dos seus pensamentos, colocou uma das mãos no coração, tentando acalmar depois do leve susto que havia tomado.
Gracias! disse ao seu lado.
— Em que posso ajudá-las?
— Estamos procurando a recepção, temos uma reserva. — explicou. Rapidamente, o jovem rapaz pediu para que dois caras recolhessem as malas das garotas e gentilmente pediu para que elas o seguissem. Eram como se estivesse no paraíso. Chegaram ao pequeno balcão, depositando a bolsa em cima.
— Nome, por favor.
e . — respondeu.
— Quarto 202. Vou pedir para que alguém acompanhe as senhoritas. — o jovem entregou um envelope para ambas. — Aqui dentro tem o cartão e um vale drink em nosso bar. O número da recepção é 00, caso tenha alguma emergência, basta ligar. Me chamo Ruan Matines, e estarei a disposição sempre que precisarem.
Gracias! disse novamente, recebendo um olhar de reprovação da amiga. — O quê foi? — perguntou confusa, enquanto seguiam outro recepcionista em direção ao elevador.
— Você só sabe falar gracias?
— Claro que não, sei falar “hola que tal? Tudo bien, perdão...
— É perdón. — corrigiu a amiga. Quando entraram no elevador perceberam o quão clássico e antigo era. A estrutura feita de madeira envernizada com algumas partes possivelmente feita a mão dava mais ainda a sensação de estarem vivendo no passado. As portas eram grades com alguns desenhos pretos. Por mais seguro que fosse, sentiu um pequeno arrepio ao pensar se aquela cabine era realmente segura. Não demorou muito para ambas se jogarem na cama. Mesmo animada com a cidade, algo incomodava . Era impossível não ficar olhando para a tela do seu celular a cada cinco minutos.
— Está pensativa demais. — chamou sua atenção, batendo a palma na mão na cama. — O quê houve?
— Nada demais. — sentou ao seu lado na ponta da cama, deixando o aparelho de lado.
— Deixa eu adivinhar... ? — arqueou a sobrancelha encarando a amiga.
— Por que ele?
— Vamos ver... Vocês se encontraram nas cidades que já passamos, se beijaram, tiveram uma clima bem romântico e digamos que a despedida não foi nada agradável. — a garota suspirou. Sabia que sua amiga estava certa. Parte dela estava preocupada com o quê poderia ocorrer com ela e . Mesmo sabendo pouco dele, tê-lo por perto a fazia se sentir diferente. Jamais conheceu alguém tão animado e aventureiro como ele. Sentia faltada sua presença, da voz, do jeito animado, do beijo...
— Vamos deixar esse desânimo de lado e curtir nossa cidade, afinal, quem precisa de um quando se tem eu? — abraçou a amiga de lado. — Se ele realmente ficou interessado em você, irá te procurar como sempre te procurou.
— Mas...
— Nada de mas, vem. — levantou-se, erguendo a mão para a amiga. — Vamos ver o que Barcelona tem para nós.
O primeiro local que desejaram visitar foi o estádio de futebol do Barcelona, ambas gostavam do time e tiveram sorte de ir no dia onde o treino era liberado para o público. Passaram pela famosa La Ramba, uma rua larga onde se vendiam diversos objetos como flores, artesanatos... Depois seguiram para o grande Teatro do Liceu, onde se espantaram por tamanha beleza do local. Monumento de Cólon, Palácio da música, até pararem na famosa fonte mágica, onde a noite, um espetáculo de cores, som e água em harmonia acontecia. Sentaram-se em um banco próximo, com um pequeno cachorro-quente em mãos. Com tantas atrações, realmente foi possível esquecer , mas sempre que podia, ele vinha a sua cabeça.
— Você tem o número dele? — perguntou , com um pedaço de cachorro-quente na boca.
— Tenho.
— Quer ligar?
— Não. — disse, guardando o telefone. — Se realmente ele se interessou por mim, ele virá. Mesmo sabendo que a culpa foi minha pela péssima despedida.
— Não liga, não. Só curte o momento.

Berlim — Alemanha

Coloque essa música para carregar e dê play quando for avisado.
— Será que a gente vai encontrar com o Mario Götze? — questionou com seu típico ar de fã iludida. O grande problema era que ela não era fã de nenhum alemão. Estava mais para poser.
— Ele joga no Bayern de Munique. Então ele deve treinar e consequentemente morar em Munique, dã. — deu um tapinha na testa da amiga. Ela trocou o peso de pé e suspirou novamente.
Há muito tempo ela não calçava um salto alto. Há muito tempo mesmo. Mas fez questão de comprar entradas VIPS para uma boate do mais alto escalão de Berlim, onde várias celebridades iam.
— É Bayern München. — corrigiu a amiga, com seu alemão quase perfeito.
— Eu não sou poliglota feito você. — deu de ombros e passou uma mecha de seu cabelo colorido para trás da orelha. Os cachos que fez na amiga ficaram estonteantes, valorizando muito mais o lilás, verde água, rosa e outras cores no cabelo de .
— A partir do momento que você fala três línguas, é sim. — arqueou as sobrancelhas. a fitou com os olhos de caçadora.
— Sério isso? — riu com descrença. — português não conta. Parece demais com nosso espanhol.
— Mas você sabe inglês.
— E você sabe alemão, francês e japonês, além dessas três. — retrucou. Não dava para competir com o dinheiro de , que a fez rodar o mundo todo, frequentando as melhores escolas de idiomas durante todas as suas férias. Com aquela, a amiga percebeu que o assunto estava encerrado.
— Mas eu tenho um bom pressentimento. — voltou ao começo do assunto, onde celebridades eram o foco, não seu poder. Mas ela era inocente, não percebia que aquilo machucava a amiga, de certa forma. Era algo natural para ela, viver naquele mar de riquezas. Mas ela não percebia que não era normal nem para todo mundo. — sei que eu vou beber algumas magnificências e pretendo arrumar um cara muito gato. — não se conteve e riu. Não dava para ficar muito tempo chateada com a amiga, mesmo porque ela sabia que não fazia aquilo por mal. — depois do toco que eu dei no Erin e do gato brasileiro que você arrumou, eu também mereço um, não acha? — ela finalmente virou para , que suspirou.
Ah,
Seu dedo coçou demais nos últimos dias para apertar sobre o número dele no celular e lhe ligar. Mas ela não cedeu à tentação. Ele também tinha o número dela, ele foi quem se declarou, então ele que a procurasse.
Mas ela duvidava que ele fosse fazê-lo após o fora que lhe deu.
Caralho! Não deveria pensar tanto nele como andou pensando! Era para ser um affair de uma só noite, era para ter se esquecido dele assim como se esqueceu de todos os outros affairs de uma noite que já arrumou em sua vida. No auge dos seus vinte e dois anos, ela definitivamente não precisava passar por aquilo!
Lhe restava pensar como . Ser otimista, focada, determinada. Também arrumaria um homem naquela noite, um que, definitivamente, fosse para apenas uma noite e nada mais. E com ele, ela esqueceria .
Mas até esquecer-se, ficou se perguntando; por quê? Por que não tirava o moreno sarado da cabeça? Por que ele tinha conquistado uma parte de seus pensamentos de tal forma impossível de devolvê-los para sua dona.
Será que era o sexo? Não, não era possível… Sexo era bom com qualquer um!
Será que era a lábia de galanteador dele? Sussurrou algumas coisinhas fofas e ela já cedeu, em partes? Não… adorava classificá-la como durona, não cederia tão fácil assim.
Que raios fez com que não saísse da cabeça?
— Bem, eu não deveria ter tocado nesse assunto… — voltou a falar. piscou diversas vezes, determinada em afastá-lo de sua mente. Ela voltaria a ser a de sempre, pegaria um homem em Berlim, outro em Praga, outro em Amsterdã, ou melhor, vários em Amsterdã, na maravilhosa cidade dos pecados. Quem sabe ela até não resolvia ficar lá por mais tempo, huh? E claro, Bruxelas. A última cidade do mochilão das duas, que nem estava sendo tão mochilão assim. — mas, vamos esquecer dele agora! — comemorou batendo palmas. — chegamos!
se desencostou da janela de vidro do carro e parou para ver a bela boate do outro lado da rua. pagou o táxi e já atravessou a rua correndo, sem nem esperar ou olhar para trás. A amiga respirou fundo e agradeceu o motorista, quando saiu do carro, foi até a amiga.
E, puta merda. Tinha muita gente gata naquele lugar.
— Vem, a gente não tem fila. — piscou e puxou pela mão.
Com a mão livre, ajeitou a barra do seu vestido, um tubinho preto e bem básico mesmo, mas cheio de lantejoulas que formavam riscos e desenhos, valorizando o modelo. Ela consertou a postura e decidiu que dentro daquela festa, ela viveria sem pensar nas consequências. Com um pouco de sorte, acabaria na cama de alguém, não na do hotel.
A noite estava agradável, e por isso, passava num piscar de olhos. já havia se perdido de lá pelo segundo drink, quando um loiro altão a tirou para dançar. Desde então, ficou “sozinha”, dançando com vários homens, trocando a cada música. A garota dos cabelos de sereia era o centro dos holofotes. Também, com um cabelo, corpo e vestido daqueles, era impossível passar despercebida. Ainda mais na área VIP. Ela precisava agradecer por aquele ingresso depois… Não sabia o porquê, mas não se sentiu atraída por nenhum rapaz até então.
Tudo mudou quando certo homem, forte e alto como o de sua amiga chegou até ela. Ele era lindo, tinha um rosto impecavelmente belo, esculpido pelos deuses e um sorriso que deixou suas pernas bambas. Ela chegou até ele dançando e precisou se apoiar nos ombros dele para não cair realmente. Era uma beleza desumana. Ela pensou estar bêbada, por um segundo, mas não havia bebido o suficiente para ficar tonta. Era culpa da beleza dele mesmo.

(Dê play!)

— Como a moça encantadora do cabelo arco-íris se chama? — ele perguntou no ouvido dela no intervalo entre as músicas.
Cabelo arco-íris… Ela já tinha ouvido aquilo em algum lugar. Lhe arremetia boas lembranças e uma sensação de paz.
. Mas para você, . — sorriu ao responder, sem interromper o rebolado.
Espera aí, desde quando ela gostava daquele apelido?
Ah, desde quando um brasileiro a chamou assim.
Mas qual brasileiro, mesmo? Tudo que importava naquele momento era aquele alemão deus grego!
— Sou o Michael, . É um prazer conhecer uma moça tão bela como você. — ele pegou a mão dela e deu um beijo na mesma. Ela sorriu e encolheu os ombros; quanta fofura para uma boate! Além de bonito, era um cavalheiro. Ele aproveitou a batida da música que se iniciou e ergueu o braço de , lhe fazendo rodopiar. Ela gargalhou e espalmou as mãos sobre o peitoral dele quando ficaram de frente.
Mantinham seus rostos próximos um ao outro. Não sabiam dizer se eram suas respirações ou se o ambiente estava abafado, mas um ar quente lhes envolviam. Cada toque pegava fogo, cada passo era sedutor, envolvente. A música abraçava o casal na pista de dança, criando uma sincronia incrível para duas pessoas que haviam acabado de se conhecer.
Got me lifted drifted higher than the ceiling — ele cantou. A música caía bem em sua voz. suspeitou que qualquer música cairia bem em sua voz, era digna de uma celebridade.
And ooh baby it's the ultimate feeling — ela continuou. Ele desceu as mãos até a cintura dela e apertou com força. Era o primeiro homem da noite com quem dançava mais de uma música.
You've got me lifted feeling so gifted, sugar how you get so fly? — ele se embalou na voz dela, mas dessa vez, estava mais próximo. Cantou rente ao ouvido da moça e a viu arrepiar. Seu hálito fresco de menta causou sérios arrepios que lhe fizeram encolher naquela direção. — Sabe o quê eu quero fazer agora? — ele se afastou da orelha dela, mas ainda manteve o rosto próximo.
— Não. — sussurrou, de lábios entreabertos. Eles praticamente tocavam o de Michael.
— Eu quero muito te beijar. — ele olhou para os lábios rosados dela, devido ao batom.
— E está esperando o quê? — ela sorriu e passou os braços pelo pescoço dele. Michael mostrou seus belos dentes brancos mais uma vez e uniu sua boca com a dela.
Não teve aquela frescura de seus lábios pediram passagem, não… Muito pelo contrário… A primeira parte que foi tocada foram suas línguas, desde então elas começaram a se mover em uma sincronia mal organizada, mas não importava, o sabor de menta que sentia nos lábios de Michael era magnífico, e ele pensava o mesmo sobre o hálito indefinido dela. Provavelmente alguns drinks variados, mas aquilo só aumentava a química, criando uma mistura diferente, nova e aparentemente indestrutível. Por um segundo, eles pararam para buscar oxigênio aos seus pulmões e Michael abriu os olhos para encontrar sorrindo. Ela nem se deu o mesmo luxo e logo já o puxou pela nuca novamente. Beijar Michael era tão bom quanto comer pretzel, aquele delicioso pão alemão em formato de nó.
— Na minha casa ou na sua? — ele perguntou quando pararam o beijo mais uma vez.
— Na sua. — decretou. Não levaria aquele homem para o hostel que ela e estavam hospedadas, mesmo por que, não teriam privacidade.
Ele sorriu e a puxou pela mão até a saída da boate. Não soltou nem mesmo lá fora, onde teve a breve impressão de que um flash havia sido disparado em direção a eles. Devia ser efeito do álcool. Por que alguém tiraria foto dela saindo de uma boate em plena madrugada?
Continuaram de mãos dadas até chegarem a um Mustang. O queixo de caiu ao ver o carro, ela não teve tempo nem de fechar a boca quando Michael abriu a porta para ela, seu queixo caiu ainda mais.
Cavalheiro? Confere.
Lindo? Confere.
RICO também? Puta merda, aquele homem era um enviado de Deus.
Ele dirigiu veloz e com ferocidade, tudo aquilo que o carro e a madrugada em Berlim lhe permita. Não havia trânsito, em poucos minutos pararam na frente de um hotel; Das Stue. Parecia um castelo, devido sua arquitetura e fachada de pedras.
Será que ele não quis levá-la para sua casa? Por que um hotel super luxuoso, então?
Não fazia diferença. Era uma one-night stand, não passaria daquilo. Afinal, ela também merecia terminar a noite naquele lugar, depois de ter passado a manhã e a tarde conhecendo a cidade, começando pelo local do Muro de Berlim, depois foram ao Palácio de Reichstag, Portão de Brandemburgo, Memorial dos Judeus, etc. Muita caminhada, muito cansaço. Talvez o quarto de Michael tinha uma banheira, daí ela uniria o útil ao agradável, transaria com ele nas águas e por lá mesmo relaxaria ainda mais.

acordou na manhã seguinte com o celular vibrando na mesinha de cabeceira da cama. Estava completamente nua, com dor de cabeça e tinha uma perna sobre a cintura dela. Uma perna muito bem trabalhada, por sinal. Os lençóis estavam espalhados pelo chão, não havia nada que escondesse a nudez dos dois por ali. Logo que se afastou um pouquinho, suas costas se chocaram com o peitoral do rapaz. Ele movimentava suavemente, numa respiração calma e tranquila, que a fez deduzir que ele ainda estava dormindo. Quando encostou nele, ele passou os braços por cima dela e a puxou para mais perto. Droga, como ele chamava mesmo?
Ela pegou o celular que não parava de vibrar e atendeu sem ver quem era.
— Alô? — resmungou. Sua voz estava meio grogue devido a sonolência.
ME EXPLICA UMA COISA! — a pessoa do outro lado da linha gritou. Era , reconheceria em qualquer lugar aqueles berros.
— Fala mais baixo… — murmurou. — estou morrendo de dor de cabeça. — o homem estava mantendo-a tão presa a si que ela não conseguia se soltar, então abaixou o volume do celular para que a voz altíssima de o acordasse. Foi até melhor para ela, porque a amiga não parou de gritar.
COMO ASSIM, EU ME ACORDO E DEPARO COM FOTOS DE VOCÊ SAINDO DA BOATE COM O MICHAEL FASSBENDER?
— Michael quem? — perguntou. Ah, verdade, esse era o nome do homem maravilhoso. Michael. Belo nome, pensou.
COMO ASSIM, VOCÊ NÃO SABE QUEM É MICHAEL FASSBENDER? continuou a gritar. afastou o aparelho do ouvido e virou o rosto o máximo que conseguia, tentando encarar o rosto do tal Fassbender. Não se familiarizou. Mas assitir ele dormir era uma bela cena de se ver. — É O CARA QUE FEZ O STEVE JOBS! É O MAGNETO! MEU DEUS, VOCÊ NÃO VÊ FILMES?
Magneto? Quem diabos era Magneto?
Steve Jobs ela até sabia, mas não assistiu o filme.
— Continuo não sabendo. — quis rir, mas se conteve para não acordá-lo. Escutou gritar coisas inintendíveis, provavelmente em outro idioma.
CARA, ELE É O ATOR ALEMÃO MAIS GATO DO MUNDO! VOCÊ DEU PRO MEU ÍDOLO E…
— Você tem mil ídolos. — sussurrou, mas foi ignorada. continuava a falar, não importa o quê dissesse.
MEU DEUS, EU ESTOU MORRENDO DE INVEJA DE VOCÊ!
O celular voltou a vibrar no ouvido de . Outra chamada.
Se tudo aquilo fosse pela fala de Michael… Ah, se ela soubesse que ele era uma celebridade! Não teria dormido com ele. Ou talvez teria. Não gostava de pensar no curso que a vida seguiria se algum evento qualquer não tivesse acontecido. Por exemplo; o quê seria do planeta se nunca tivesse ocorrido a Primeira Guerra Mundial? Enfim…
, tenho outra ligação… Depois a gente se fala, ok?
Ela não esperou resposta. Como já conhecia todos os comandos do aparelho de cabeça, apertou para encerrar a chamada da amiga e atender a outra sem sequer olhar quem ligava. Era uma mania sua que precisava ser trabalhada para evitar ligações inconvenientes, como por exemplo a de , que gritou durante uma crise de dor de cabeça que teve.
— Alô? — murmurou. Estava cansada só de imaginar o quê viria pela frente.
Então é por isso que você não pode ficar comigo? Porque namora um cara que foi indicado ao Oscar?
— An? — oi? Quem aquela pessoa era para falar com daquele jeito?
Ela afastou o celular do ouvido e viu o nome que não queria ver.
O nome que a levou até ali.
O nome que a provocou arrepios e coisas que nunca sentiu.
E que por medo, a fez buscar outras camas.
.

Praga — República Checa

, você está me ouvindo? — perguntou pela terceira vez. O corpo de estava presente naquele vagão de trem, mas seus pensamentos ainda estavam em Berlim. Foi tanta coisa que havia acontecido em um dia, que mal teve tempo de raciocinar.
Havia acordado na cama de Michael.
Ele era um ator super conhecido por atuar em X-Men e ter feito o papel do Steve Jobs.
, depois de dias, havia finalmente ligado para ela.
Ele sabia o que aconteceu.
Ele não iria perdoá-la.
Mas também, por que se importava tanto? Por que sentia uma leve sensação de peso na consciência? tinha o número dela, ele poderia ter ligado caso quisesse algo mais sério. Tudo o que ocorreu entre eles foi momentâneo e o mais importante, ela não tinha nenhum comprometimento com ele, eram apenas amigos, ficantes... Ela poderia ficar com qualquer um que desejasse, até mesmo com um ator famoso. — Acho que teremos que voltar para Berlim e recuperar sua alma, porque parece que só tem seu corpo aqui.
— Ãhn? O quê?
— Nossa, finalmente, achei que estava morta. — brincou, mas não havia conseguido tirar um sorriso se quer da amiga. — Ah, , qual é! Sério mesmo que vai continuar com essa cara de criança que perdeu o brinquedo favorito?
— É difícil, ok? e eu...
— Não tinham nada, e nem teriam. Você deixou bem claro antes da viagem que não iriamos nos relacionar sério com ninguém. Uma noite e pronto.
— Eu sei, só que...
— Só que o quê, ? Pelo amor de Deus, não vai me dizer que já está apaixonada como nos filmes da Disney.
— Não! Sabe que não sou assim, mas tem algo de especial que não sei o que é... O jeito dele, talvez. — bufou, negando levemente com a cabeça.
— Realmente, você está apaixonada e ainda por um cara que passou dias sem te ligar e só retornou porque viu sua foto com outro homem. Você sinceramente não sabe aproveitar as coisas.
não queria acreditar, mas a amiga realmente achava que ela começou a sentir alguma coisa pelo Brasileiro. Com certeza sentia algo. Ela havia passado uma noite com Michael Fassbender e no dia seguinte, quando a encontrou, parecia que nada havia ocorrido. Com quantos caras já tinha ficado e nem se lembrava mais do nome!
A partir dali, não se houve mais papo. estava frustada pela amiga passar boa parte do tempo pensando só no , afinal, não era a primeira vez que ela ficava um pouco abatida por conta do rapaz. Já , se sentiu mal tanto pela amiga, quanto por . Ele havia realmente ligado para ela só porque a viu no jornal com Michael, se não fosse por isso, possivelmente nem teria retornado, porém, foi ela mesmo que decidiu não aceitar a oferta do rapaz. Mas ela tinha seu proposito, havia marcado aquela viagem durante meses com e seria meio loucura largar tudo para seguir um caminho diferente com um cara que havia conhecido em poucas semanas. Se tivesse sozinha, quem sabe, mas não poderia deixar só, a viagem era das duas, o momento era de ambas. Através da janela, conseguia ver grande parte da paisagem de Praga. A antiga arquitetura era presente na cidade, durante o percurso, o guia falou que a cidade não foi tão afetada na Segunda Guerra Mundial, sendo assim, grande parte das construções se mantiveram firme até a atualidade.
Era fascinante.
A Europa era um poço de antiguidades, te levava para outro século sem dificuldade.
Era pouco mais das sete horas quando o trem parou na estação final. As meninas haviam descido sem trocar uma palavra sequer, ambas não queriam que aquele clima pesado se iniciasse, era para ser uma viagem animada e não com desentendimento.
O vento da noite de Praga bagunçavam os cabelos de , enquanto a mesma procurava na bolsa a touca. Procurou em tudo quanto era canto, mas não encontrava. Será que havia deixado no hotel? Tinha certeza de que tinha colocado na bolsa junto com suas luvas. Ótimo, teria que então andar pelas ruas da cidade com os cabelos todos emaranhados.
— Toma. — ouviu uma voz feminina próxima a ela. estava parada em sua frente, segurando a touca vermelha de lã. Um pequeno sorriso no rosto da garota deu a certeza a que aquele momento era o certo para se acertarem. — Você ia esquecendo no quarto, então resolvi pegar.
— Obrigada. — respondeu com um sorriso, colocando a touca em seguida. — , olha...
— Não precisa se desculpar, eu que fui muito sem noção em ter te falado aquilo. Só estava receosa de você acabar se apaixonando e no final, você sabe, as coisas não cainharem muito bem. — sorriu pela resposta da amiga.
— Eu juro que não estou apaixonada, e sei dos prós e contras. Não queria que um carinha estragasse a nossa viagem, estava indo tudo tão bem. — a amiga se aproximou de , apoiando uma das mãos no ombro.
— E não vai estragar, porém, sei que você quer dar uma explicação a ele, e se eu fosse você, aproveitaria esse momento. — franziu o cenho, lançando um olhar confuso para . No que ela estava falando? provavelmente estaria do outro lado da Europa curtindo a vida como ele sempre havia feito.
Em um pequeno gesto com as mãos, virou a cabeça da menina em direção a bilheteria da estação. Vestido com um casaco de couro preto, calça jeans escura e um tênis um pouco chegado ao azul escuro, analisava o mapa em mãos, enquanto esperava a sua vez de comprar algum bilhete na fila. Ajeitou algumas vezes a mochila em suas costas, por conta do peso.
O coração de parou. Mas o que ele fazia ali? Será que estava a perseguindo ou foi por pura coincidência? A jovem de cabelos coloridos intercalava o olhar para e para o rapaz. Realmente não sabia o que fazer. Ia lá e tentaria explicar a situação para ele, ou o deixaria partir, como sempre fez?
Ao olhar para novamente, a jovem já estava quase a empurrando para perto do rapaz.
O quê?
, o quê você está fazendo? — perguntou assim que sentiu as mãos da menina envolverem seu pulso e a puxá-la.
— Tentando impedir novamente uma burrada sua, oras.
— Mas não foi minha culpa, ele que não entendeu meu lado, ele que não me ligou. — ela falou, impedindo a amiga de seguir com o “plano”.
— Olha, ele pode ter um pouco de culpa, mas não custa nada você falar com ele, ou custa? Não temos nenhum compromisso por agora.
Ela estava certa, pelo menos falar e tentar explicar o seu lado, ela deveria fazer. Resolveu esperar ele sair da fila para por seu plano em ação, enquanto isso, ficou ensaiando o que falaria com . Não demorou muito para que terminasse de ser atendido e saísse com um sorriso estampado no rosto da fila. Era como se aquele bilhete fosse um prêmio de loteria. O nervosismo de só aumentava, assim que viu o garoto se afastar um pouco, saiu correndo em direção a ele, tocando levemente em seu ombro. Assustado com a ação, tomou um pequeno susto e toda aquela felicidade que ele sentiu de inicio, se transformou em uma feição séria e sem humor.
— Oi. — disse sem graça.
— Oi. — ele respondeu com um pouco rude. — Surpreso em te ver por aqui. Cadê seu amigo alemão? Ou já posso considerar namorado?
, não é assim que as coisas funcionam. — disse, tentando manter a calma. Ele já demonstrava um pouco de alteração na voz, se ela se alterasse ali também, seria briga na certa. — Eu não...
— Não é assim? Jura? — percebeu o sarcasmo em suas palavras, principalmente com o riso abafado que havia dado. — Porque é muito mais emocionante namorar alguém que tem vários prêmios, rico, do que um cara como eu, não é?
— Namorar? Do que você está falando? Tudo não passou de uma noite e eu nem sabia que aquele paparazzi estava ali, quando vi, só foi o flash em meu rosto.
— Ah, então se não fosse o paparazzi, eu nem iria saber, não é?
— Não sei. — ela disse, elevando a voz. — Você simplesmente sumiu, nunca mais me ligou ou procurou saber de mim. Como eu iria te contar?
— Você que sumiu, . Você que rejeitou a minha proposta para ficar com um alemãozinho de cinema.
— Foi por acaso que encontrei ele e nem sabia que ele era ator. Mas espera, eu nem deveria estar dando satisfações a você.
— Ótimo, não dê, porque sinceramente, eu não quero saber mais de você! — aquelas palavras pesaram em sua mente. Não, não, ela havia se exaltado! Cadê a calma e paciência que tinha treinado com ?
Aos poucos, foi sumindo na multidão e ficou ali, parada em meio a tanta gente, vendo uma das pessoas que ela tanto gostava sumir novamente.
— Temos que fazer algo. — disse, próxima a ela.

Amsterdã — Países Baixos

Apesar de ter sido difícil esquecer , aquela era a sua viagem e ela nunca deixaria que lembranças de um brasileiro moreno sarado estragassem isso. Aproveitou cada minuto na República Tcheca sem mais o ver ou ouvir falar dele. A não ser pelos sussurros insistentes de seus pensamentos. Não poderia negar que se pegou lembrando de seu rosto, ou de algo que disse e a marcou. Que quando ouviu o telefone tocar, não teve esperanças de que fosse ele. E que mesmo apesar de tudo isso, não se abalou.
, no entanto, já tinha desistido de o encontrar. Não queria o encontrar. Porque sabia que isso só geraria uma nova briga, ele não entenderia o que se passou entre ela e Michael. E ela não faria questão alguma de explicar. Afinal, não o devia satisfações.
Se permitiu olhar para janela, desvencilhando-se de seus pensamentos. O céu repleto de nuvens, já dava forma a pequenas casas, espaços floridos, ruas e estradas, obviamente não saberia distinguir as ruas de bairros, era uma visão generalista do que veria a seguir. Só tinha certeza que aquele lugar ela lindo. Em cada detalhe.
e se dirigiram à estação ferroviária. Já se acostumava com a sensação de andar em trens altos, com ar-condicionado e conforto inconfundível. As paisagens que se alteravam pela janela prendiam sua atenção. Os fones nos ouvidos, apenas para ilustrar um pouco aquele momento era tudo o que a distraiam naquele momento.
Mesmo que seus olhos quisessem fechar, ela lutava contra eles, querendo prestar atenção cada detalhe daquela paisagem. Como a Holanda era encantadora, pensava.
Planejava mentalmente os destinos que teriam de percorrer nos poucos dias que passariam por ali, precisava obviamente conhecer os clássicos museus como o Van Gogh e o que contava a história de Anne Frank, mas também percorrer lugares inusitados com as calçadas iluminadas pelo forte vermelho que já fazia arder a palavra sexo em seu imaginário. Os canais... Ah, os canais, seria tão bonito presenciar o amor que passava por aquelas águas. , por sua vez, não podia esperar para caminhar pelas ruas de Joordan. Teriam que parar e conversar com holandeses, era algo que adoravam fazer.
Não conseguiu sequer organizar seus pensamentos, quando voltou a si, já estavam na Central Station, dormia exausta. A viagem, apesar de prazerosa, era muito cansativa. tirou uma foto da amiga, rindo alto em seguida, fazendo com que essa abrisse os olhos a contragosto.
— Bom dia, bela adormecida. — Falou com deboche.
— Já não cansou de tirar fotos minhas dormindo? — Perguntou se ajeitando no banco.
— Acho que nunca vou me cansar disso, . — A face da amiga se contorceu em uma careta.
Desceram do trem, a bagagem já em mãos, enquanto deixavam a estação apreciavam alguns detalhes. Um em especial atraiu involuntariamente o olhar de . Era um cartaz. Ele anunciava uma apresentação da Orquestra Real de música brasileira no Het Contertgebouw. Foi inevitável a imagem de passar por sua mente e ela soltou um suspiro.
— Aposto que iria adorar. — comentou seguindo o olhar da amiga.
— Aposto que sim. — Concordou baixo. — Mas não faço questão de encontrar mais brasileiros. — Riu.
— Qual é, ? Você é melhor do que isso. É quase um aviso do destino, colocar um brasileiro em seu caminho e em seguida um espetáculo desses, ainda por cima em um dos dias que estaremos aqui. Quais as chances de algo assim acontecer duas vezes?
— Nenhuma. — Rolou os olhos concordando.
Assim que saíram, puderam apreciar a estrutura da Central Station. Uma construção antiga de cor vívida. Muitos turistas tiravam fotos em frente ao local e elas fizeram o mesmo.
A cidade seguia o mesmo estilo vintage com casas de tijolos, encostadas umas às outras, com espaçamentos pequenos, quase nulos. Apesar de a Holanda ser caracterizada por suas flores, era raro encontrar uma casa que possuísse um jardim. Pelo que conheciam da história, isso se devia ao alto custo do metro quadrado, por isso as casas foram construídas sem espaçamento e com poucas (ou nenhuma) áreas externas. Conforme caminhavam, percebiam o número de bicicletas que circulavam por ali, além das charmosas lambretas, que as levavam quase a uma nostalgia de uma época na qual ainda sequer eram nascidas.
Após cerca de dez minutos caminhando conforme o mapa que tinham em mãos, chegaram ao Hotel 83, no qual se hospedariam. Em meio as passadas passaram pelo The Bull Dog Coffeshop, o primeiro do mundo. Não pensem que um coffeshop é um café, onde você vai encontrar muffins e tomar uma boa xícara de capuccinos, na verdade são lugares especializados e legalizados de venda de maconha, apesar do nome convidativo.
Deixaram as malas no hotel, após ficarem alguns minutos na recepção fazendo check-in, seguiram a caminho do museu de Anne Frank, parando para comer em uma barraca com batatas fritas que levavam um molho especial.
Anne Frank, para quem não sabe, era uma menina judia que durante a Segunda Guerra Mundial, teve de se refugiar no Anexo Secreto, para esconder-se dos nazistas. Ela ficou conhecida por seu diário escrito quando ainda estava escondida.
A visita se iniciou com um vídeo que decorria sobre os judeus e os nazistas, informava um pouco sobre os acontecimentos que permitiriam aquela visita. cochichou algo para , dizendo que aquele lugar apesar de parecer libertador, pela conquista de derrotar os nazistas, trazia tanta tristeza que era como se ainda prendesse cada um dos mortos ali. Era como se pudessem ouvir seus gritos, ouvir seus lamentos e sofrer com eles, mesmo sabendo que eles venceram. Subiram as escadas para chegar ao que vinha a ser o escritório de Otto Frank e em pouco tempo se depararam com a estante de livros, tão copiada em histórias e novelas, aquela que camuflava a entrada para o esconderijo secreto. Subiram os degraus da escadaria estreita e, ao fim, se depararam com fotos dos que ficaram ali escondidos e com um livro com o nome dos mortos. Era de certa forma decepcionante andar tudo aquilo para chegar e encontrar a morte. Anne não sobreviveu ao holocausto, mas seu pai sim, levando apenas a torturante experiência e o diário de sua filha.
apesar de durona, deixou escapar uma lágrima por seus olhos e já sequer as tentava esconder. Isso as fez refletir por alguns momentos, nunca passaram por nada que as fizesse sofrer verdadeiramente, ou que as torturasse tanto, como simplesmente conhecer aquela história. Era uma experiência que levariam para a vida, passar poucos minutos ali, já as fez abrir uma nova perspectiva.
Saíram dali sem trocar uma palavra, a sós com seus pensamentos. Visitar a Casa de Anne Frank mexia com o seu emocional e a com suas estruturas.
Continuavam a caminhar pelas ruas, o clima agradável que trazia a cidade não combinava em nada com o que sentiram há pouco.
— Nossa, foi tenso visitar o museu, não? — perguntou tentando descontrair.
— Com certeza! — Respondeu forçando um sorriso. — Então, para onde vamos agora?
— VAMOS COMER TORTA? — Jurou que pudesse ver os olhos da amiga brilharem.
— Nada melhor do que comer, para afastar os pensamentos negativos.
— Sim! — Abraçou-a de lado.
— Sabe um lugar que eu sempre quis ir? — perguntou retoricamente olhando para o mapa.
— Winkel! — Ambas praticamente gritaram juntas, caindo na gargalhada em seguida.
Apressaram o passo e logo chegaram a uma fachada branca com uma tenda verde, anunciando que estavam na tão famosa Winkel. Elas se entreolharam sorridentes e seguiram saltitando até o local. Se sentaram na bancada próximoa ao vidro que exibia as delícias locais. Pediram a torta de maçã da qual tanto ouviram falar, não demorou para que chegasse, era tão apetitosa que a fome parecia passar só de devorá-la com os olhos.
— Vamos lá, juntas! — falou com o garfo em mãos. — 1, 2, 3...
fechou os olhos deliciando a torta que assim que entrou em contato com sua boca, pareceu derreter por inteira. Queria poder sentir aquele gosto para sempre.
— Meu Deus, isso é uma delícia! — Lambeu os lábios, mordendo o inferior em seguida.
Não ficaram muito tempo degustando a torta, mas quando se colocaram para fora, puderam ver que o céu se coloria em cores que anunciavam o crepúsculo, o frio aumentara. que olhava para as ruas da cidade, pareceu ter uma ideia.
— Por que não alugamos uma bicicleta? Já não estou mais aguentando bater perna! — Olhou para a amiga, apontando para a Yellow Bikes.
— Claro! Ainda passeamos ao estilo holandês. — concordou.
Pedalaram até a Het Museumplein, não deu sete minutos, uma praça onde encontrariam Rijksmuseum, o Van Goghmuseum e o Stedelijkmuseum. Aproveitaram para bater uma foto em frente ao letreiro “I Amsterdam”. Uma não. Praticamente uma sessão completa de fotos por ali. Em seguida, se dirigiram ao museu do Van Gogh.
— Foi ele que cortou a orelha, não foi? — Perguntou , olhando a pintura do prédio, antes mesmo que entrassem.
— Ele mesmo. Van Gogh entrou em depressão, podemos perceber muito de seu estado psicológico em sua obra.
Compraram os ingressos em uma bilheteria e adentraram a exposição, admirando várias obras do pintor. Tentavam entender um pouco sobre cada obra e viam nelas um pouco da história do artista.
Saindo dali, se depararam novamente com um cartaz que anunciava o concerto da Orquestra Real, era do outro lado da praça, não pagaria mais do que quinze euros e era uma ótima oportunidade para reconhecerem a cultura latina.
— Eu queria assistir! — comentou firme, esperando uma reação negativa.
— Por que não? — arqueou a sobrancelha, como quem não se importava.
— Sério? — A amiga sorriu.
— Claro. Afinal, tantas coisas me lembram , não pretendo me esquecer de nenhuma delas, então não vejo problema algum em ter mais uma lembrança. — Riu seca.
Compraram as entradas para o concerto e ficaram sentadas em seus respectivos lugares. Alguns minutos depois, as luzes se apagaram, indicando que o espetáculo começaria em breve. Não usavam uma roupa adequada para concertos, mas as pessoas não pareciam se importar. Muitas ainda chegavam e se acomodavam em seus assentos.
Foi quando um corpo se aproximou, mesmo à meia-luz, quase invisível, o reconheceu. Era seu cheiro, sua presença, algo na maneira como andava. Soube que era . . O brasileiro que deixara em Praga.
— Não sabia que apreciava a música brasileira, . — Seu hálito quente atingia o pescoço dela, fazendo com que se arrepiasse.
— Não imaginava que viria a Amsterdã, . — Respondeu o mais inatingível que conseguia.
Seu corpo tremeu.
Não esperava o encontrar ali. Não queria estar ainda mais perto dele. Não sabia o quê, mas tinha certeza que algo naquele brasileiro mexia com ela. E isso não era bom, nada bom.
— Há tanto que não sabemos sobre o outro, não é mesmo? — Percebeu o sarcasmo em sua voz e isso a irritou.
Iria argumentar. Eles iriam se desentender, mas notas se combinaram harmonizando em uma música perfeita, era a melodia. Ou algo nela, que os acalmou, tirou deles o foco um do outro e sua atenção era toda da música. Foi assim por todo o espetáculo. A disputa entre os violinos e as flautas, superava qualquer discussão que pudessem ter.
pensava na maestria que os brasileiros tinham em criar coisas belas, tanto na música, quanto nos homens. Se sentiu ridícula com o que passava em sua cabeça, mas algo que não poderia negar era a beleza do homem ao seu lado. A atração que sentia por ele. Suas pernas, mesmo que não parecessem, bambeavam. Cenas dos dois passavam em sua mente. E ela se segurava para não olhar para o lado, para não lascar um beijo naquela boca macia com aquela trilha sonora perfeita.
, por sua vez, mantinha seus olhos fixos na mulher que merecia aquela homenagem, nela que o envolveu o suficiente para que ele superasse o seu ego, seu orgulho e voltasse a procurá-la não uma, mas duas vezes. E quando ele estava prestes a desistir o destino a colocava ali, do lado dele. Mas ele não acreditava em destino. Sabia que estava ali, porque sabia que a encontraria lá.
Ao contrário dela, apesar de toda a raiva e por causa dele. A puxou e sem pedir permissão invadiu sua boca, explorando cada um dos locais que tampouco conheceu. Queria poder construir um mapa da construção perfeita que encontrava. Não encontraria jamais em lugar algum, algo tão incrível como as curvas do sorriso de . E acreditem se quiserem, não era fácil se apaixonar, mas com ela era especial, até em suas provocações era especial.
Ele se afastou, voltando a se concentrar no que acontecia no palco. O único movimento que fez, foi cobrir seus lábios que sabia que estavam vermelhos.
Mesmo com a luz quase inexistente, podia ver os olhos revoltados e confusos da mulher de cabelos coloridos. E adorava isso. Era essa sua intenção afinal, provocá-la, até que sua única opção fosse se render. Ele queria que ela sentisse um pouco daquilo que sentia, a sensação de estar apaixonado. Sim, estava apaixonado. Por algo que mal tinha explorado.
— Tem um lugar, , que você precisa conhecer em Amsterdã! — Comentou baixinho.
— Onde seria? — Perguntou sem virar para olhá-lo.
— Ah, você teria que vir comigo para saber. — Respondeu prontamente.
— Prefiro não conhecer.
— Tenho certeza que não prefere. — Ele sabia o que estava dizendo. Pelo menos isso, ele sabia.
— Então vamos fazer um acordo. — Pareceu séria. — Você me leva, nós conhecemos esse lugar, mas não nos envolvemos. Sem beijos, ou toques arrepiantes. — Soltou um suspiro.
— Aceito. — Riu sínico.
Ele a faria pedir por aquilo. Seu toque seria algo necessário.
A noite tomava o ambiente, avisou que sairia com para , e assim fez. Sob as estrelas, na noite escura, apenas observava os arredores imaginado o que ele poderia querer a mostrar que fosse tão impressionante.
À beira do rio, conversava com um homem que estava dentro de um dos barcos. Assim que a viu na ponta da ponte, abriu um sorriso. Aquele sorriso lindo que ele tinha e ela fez o mesmo. Os ventos batiam contra seus cabelos coloridos, então caminhou lentamente, sem pressa alguma até chegar ao barco.
— Achei que fosse embora sem navegar em um desses. — Concluiu ao chegar mais perto.
— Falei que te propiciaria uma experiência inesquecível, . Sou bom em cumprir minhas promessas. — Continuava com seu tom galante.
Ela subiu com o auxílio dos braços musculosos de e aquele toque simples já a fez se arrepiar, então se afastou rapidamente. O rapaz fez um sinal, então o barco passou a cortar as águas, cruzando a cidade de Amsterdã. Ela não se conteve a tocar na água e o fez sorrir, a cidade era iluminada por uma luz única. Era algo diferente da perspectiva que teve pela manhã. Era como se visse uma outra cidade àquela hora.
— Sabe, , as letras que indicam os nomes das pontas, como essa em que você estava, foram todas minuciosamente pensadas. São arte. Influenciados pelo expressionismo alemão, projetados por Anton Kuvers, um design da época que trabalhava para a prefeitura.
— A fonte é linda. — Ela reparou atenciosa.
— Dizem que a cidade foi fundada por dois pescadores, que encontraram o rio Amstel por acaso, sós com um cachorro. O metro quadrado da cidade era muito caro, por isso as casas são tão próximas.
— Faz sentido. — Respondeu, , encantada com o conhecimento de . — Já veio aqui antes?
— Como não vir? É uma das cidades mais encantadoras pelas quais já passei. — Sorriu.
Chegaram ao canal Singel, onde um mercado flutuante se localizava. Não era um mercado de frutas, queijos e roupas típicas como todas as outras. Era um mercado de flores.
— A Holanda é conhecida por suas tulipas, mas em lugar algum, encontraria tanta diversidade à sua disposição. — Ele recolheu algumas flores, combinando com as cores do cabelo de e a entregou em um gesto cavalheiro. — Suas tulipas, . — Entregou-as para ela. — Além disso, queria que soubesse que por essas águas navegam casais apaixonados. Talvez seja um passeio ainda mais romântico do que os que fazem pelas ruas de Paris.
Fez uma pausa, para encarar fixamente os olhos de .
— Vai me dizer que não é lindo, um beijo com a lua refletindo nas águas? — Arqueou a sobrancelha enquanto se aproximava.
Ele estava perto demais para que ela pudesse resistir, mas parou de avançar. Ficou ali onde suas respirações chegavam a se misturar.
— Eu te odeio tanto por me fazer sentir assim, .
, você prometeu que... — Falava a contragosto.
— Eu não vou te beijar. A não ser que você queira. Não vou te tocar, a não ser que peça...
, eu... — Sentia suas pernas desmancharem. Ela queria aquilo, sabia disso.
— Amstel está de prova, . Tudo o que fizermos sobre suas águas, será por um pedido seu...

Bruxelas — Bélgica

UM ANO DEPOIS


— Bélgica, chegamos! — comemorou e jogou os braços pra cima assim que saíram do aeroporto.
— Eu só quero me jogar numa cama. — resmungou e recebeu cócegas na barriga vindas do rapaz. — para, ! Estou exausta.
Eles colocaram as bagagens no porta malas do carro que foi lhes buscar e prosseguiram.
— Eu só quero chegar na casa da família russa. — ele disse, já dentro do carro.
— Eu ainda não sei como aceitei me meter nessa com você. Onde já se viu? Workaway? Trabalhar no exterior em troca de estadia e comida? , você é doente.
— Sou nada, estressadinha. Estou no workaway há três anos e até hoje não perdi nem um braço. Você se acostuma.
Ela bufou e cruzou os braços, deixando sua vista perder-se sobre a cidade de Bruxelas.
— Se você aguentou ficar um ano fazendo sexo com um homem só, no caso eu, o fodão aqui, você aguenta trabalhar numa reforma. E ainda ficará com o design, o mais fácil de tudo!
— Eu só aguentei isso porque você disse que seria sexo casual. Eu não namoro. Não gosto dessas coisas. — deu a língua.
— Mas está aguentando. Irá se adaptar, você vai ver!
Ela bufou e bocejou logo em seguida.
— Vem cá, marrenta.
Ele a puxou pela cintura e ela escorou a cabeça no ombro do rapaz. dormiu o tempo todo até chegarem na cidadezinha vizinha, onde ficariam três meses ajudando uma família a reformarem sua casa.


Fim.



Nota da autora: Bela: Ai, gente, a primeira fic que eu escrevo aihoewoiewo e ainda foi uma parte tão curtinha, só pra socorrer quando uma menina não pôde fazer (e eu tive um tempo relativamente impossível de meros dois dias, visto minha vida corrida), mas eu gostei do resultado. Obrigada primuxa (que coisa orkut) linda, Berrie, pelo convite e pela ajudooooona em escrever. ILY

Berrie: Geeeente, eu não acredito que deu certo! Assim que a Bela reservou o 24/seven, eu saí correndo perguntando todo mundo sobre a ideia do mochilão. Daí surgiu a ideia de chamar essas autoras lindíssimas pra escreverem comigo, cada uma um país do roteiro! E que arraso essa fic ficou! Estou apaixonada por cada vírgula (Exceto a minha parte, que eu tive que fazer na maior correria e nem tenho opinião formada pelo resultado LOL). Obrigada por terem embarcado comigo na decisão de cada ponto e vírgula da viagem da Florence, meninas. Eu amei o resultado.
Vou ser breve porque minhas leitoras já sabem que minhas n/a's são quilométricas e tem mais n/a's por aí ahhaha não vou nem colocar o nome das outras fics como eu sempre faço, porque ia encher aqui estou com preguiça KKKKKKKKK acessem o grupo e lá tem a listinha delas <3


Jullya: Um obrigada à Berrie pelo convite e a felicidade de escrever ao lado da Lari.


Lari: SEM NOTA.

Lavi: Primeiramente, eu queria agradecer a Berriezita por ter me convidado para este projeto MARA! Eu lembro que no dia fiquei bastante surpresa e além da experiência de conhecer melhor Amsterdã, eu tive a chance de conhecer melhor ela (Berrie) e outras autoras incríveis que também participaram. Agora, juro que eu não sabia o que uma pessoa podia fazer em Amsterdã, não é Paris, não tem uma Torre Eiffel como símbolo do amor, para que eu pudesse abusar. Então eu pesquisei, assisti vídeos, pesquisei mais e espero ter conseguido mostrar que a Holanda também pode ser um destino incrível da sua viagem. Enfim é isso, espero que gostem, obrigada por ler até aqui e... Como sempre, um comentário, um beijo do PP, mentira gente, mas podem abusar da caixinha de comentários. Xx

Mandie: Hello, pessoas! Como uma boa fã de BTR, jamais pensei em Run Wild com uma história assim, e olha, eu amei! E foi um desafio novo escrever com essas autoras maravilhosas!
Até a próxima, beijocas!


Mel Cast: Oie, amoras! Foi um prazer enorme fazer essa história, mesmo em cima da hora kkkk. Espero que vocês gostem, assim como eu gostei de escrever! Beijos!

Mell: Oi pessoas! Queria dizer que fiquei muuuuuuito feliz de ter participado. Descobri que a escrita é algo que eu amo muito, apesar de eu ser uma "escritora" beeeem nova. Run Wild foi um projeto maravilhoso, espero muito que vocês gostem! Obrigada pela oportunidade, Berrie! Eu amei muito.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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