Finalizada

Capítulo Único

Estou pintando com cores da minha memória
De você que está desaparecendo
Assim como meu mundo estava colorido com você
Ele se desdobra brilhantemente na frente dos meus olhos
O som de suas respirações e suas risadas
Eu te desenho wo o wo
desenhe tudo wo o wo
Para minha vida



Chegava a ser absurdo de ridículo a facilidade com que conseguia reproduzir aquele rosto. Os dedos, que seguravam gentilmente o pincel, passeavam sobre a tela apoiada no cavalete com maestria, indo e vindo rapidamente e logo o conjunto de borrados formava o retrato do homem tão conhecido.
Aquele homem era perfeito em todos os ângulos, chegava a ser intimidador ter que pintar traços que pareciam ter sido esculpidos pelos deuses, mas que para se tornou uma mania, uma necessidade para lidar com o desconhecido que insistia em povoar seus pensamentos. Começava sempre com uma tela em branca, então bastava que a mente a transportasse para cenas estranhas para as mãos se moverem sozinhas.
No fim, terminava com mais uma versão dos milhares de retratos daquela mesma pessoa. Era como se um dia ela tivesse desvendado todos os segredos daquele rosto, como se tivesse tido a chance de tê-lo entre as mãos, porque não era cientificamente explicável a forma que conseguia desenrolar as artes.
acariciou as manchas de aquarelas agora secas e segurou a vontade de suspirar. Era quase como se a imagem tivesse som. Ela não sabia quem ele era, mas tinha sonhos constantes e lapsos de memória com lembranças que o envolviam. Os psicólogos do Alto diziam que poderia ter sido alguém importante na vida passada dela, a vida antes do fim.

Eu encontro você que se infiltrou em mim
De repente, sem eu perceber
Eu desenho você daquele dia perfeito
E continuo repetindo
Porque eu existo aqui
Nesse tempo que passa
Por favor, fique assim
Não há sentido sem você
Não há sentido sem você



Com a superlotação do planeta e o ritmo frenético do homem pela evolução numa corrida espacial para habitar outras terras, a Terra começava a dar sinais de que entraria em colapso a qualquer momento. Alterações climáticas, extinção de espécies importantes na natureza, escassez de recursos naturais… Já não davam conta de compensar na mesma medida que tiravam da natureza e em breve, na sequência da cadeia alimentar, seria a vez do ser humano pagar a conta.
Em uma guerra silenciosa contra o tempo, os empresários mais influentes das nações iniciaram um plano que mais para frente seria chamado de Alto, reunindo os cérebros mais notáveis dentro do ramo da tecnologia combinados com profissionais da ciência a fim de criar uma alternativa para que fossem poupados de toda a desgraça que estava para vir.
Guiados pelas previsões de Thomas Malthus, que dizia que a população cresceria em um ritmo acelerado, superando o que a natureza teria para oferecer — o que já estava acontecendo —, os estudiosos concluíram que o fim era inadiável, entretanto poderiam retardá-lo: começando pela redução populacional. Metade dos humanos precisariam deixar de existir antes de tudo.
Solução chocante e extremista, porém erraram aqueles que achavam que alguém dos mais afortunados iria se opor. Contando que dessem um jeito de colocá-los nessa lista da metade dos privilegiados que sobreviveriam, eles iriam investir números maiores do que uma calculadora comum poderia registrar.
Assim, iniciou-se o levantamento de bases secretas e a construção de quaisquer artilharias, sob o apoio dos governos, que contribuíram para o denominado Dia D.
Coitados fossem dos civis que mal imaginavam o que estaria por vir bem debaixo da terra deles.
— O quadro de ainda não deve ser negligenciado. — um dos cientistas no meio da sala repleta de telas de computadores fixas nas paredes reiterou — Continua pintando o rosto, que pelos registros pertence ao noivo , dando indícios de que sua memória não foi totalmente apagada com sucesso.
— Os psicólogos do Alto não estão fazendo o trabalho deles? — um colega se exaltou — Querem que resolvamos tudo?
— Por que simplesmente não se livram dela? — outro se intrometeu na discussão, evidenciando ser o mais radical.
Por fim, o homem que iniciou a conversa engoliu seco. A execução do Plano Alto — que também era como chamavam o governo que comandava atualmente após o dia D — fora um sucesso, contudo isso não os impedia de estarem caminhando para desfechos perigosos. O imediatismo e radicalismo de alguns colegas o assustava.
— Não seria racional tirar do mapa. Ela é um elemento bem inserido no contexto que criamos para dar sequência à vida dos civis. Ela é professora da escola do Alto. Por estar em contato com muitos outros Casos — como passaram a se referir às pessoas —, seu sumiço repentino despertaria alertas sem necessidade. As pessoas do Alto já trataram de assegurar que está morto ou, no pior dos casos, nunca existiu.

Assim como todas as cores se entrelaçam
Sinto isso se transformando em preto
No cenário de fora da janela sem você
São apenas memórias que ficaram em branco
Em minhas respirações e em minhas lágrimas



Dentro da moradia improvisada que construíram às pressas debaixo da terra, observava o céu escuro pela fresta mal ventilada que precisaram abrir para não matarem a todos os sobreviventes sufocados. Estavam sendo caçados como ratos e não entendiam o porquê.
Depois daquele dia nebuloso, onde eles se perderam de muitos entes queridos, todos os dias passaram a ser grandes lutas pela sobrevivência. Agora, vivendo sem nenhum apoio, com um muro de proporções muito maiores do que o olho humano poderia alcançar, e os demais que foram surgindo no caminho buscavam entender o que sucedeu e como fariam para as coisas voltarem à normalidade.
Sem sono, pressionou o pequeno broche feito à mão que era o símbolo do que um dia existiu entre ele e a noiva. Estrangulou o choro que pediu para aparecer mais uma vez no dia. As memórias daquele dia em que a perdeu ainda eram bem nubladas. Recordava-se do estado de alerta, da ânsia de correr para casa assim que uma cortina de fumaça começou a infestar tudo e então, perdeu a consciência. Ao despertar, não tinha mais nada. Estavam entregues a Deus e ao mundo. Parecia que tudo que eles conheciam havia sido pulverizado, restando um mínimo de mata e o visível rastro de destruição iniciado a partir daquele muro que escondia algo do outro lado.
não tinha sono. Costumava virar as noites tentando buscar um mínimo de sentido. Pressionou o pequeno objeto brilhante entre os dedos. Havia dias que pensava que seria tudo mais fácil se desistissem de sobreviver e se deixassem levar pela corrente do destino. Então, bastava deixar os olhos caírem na família que construiu com o que restou de outras que lembrava dela e das promessas que fizeram de mudar o mundo para uma versão mais suportável.

— Acredita que quando era pequena, meu maior desejo era ser independente e mudar o planeta? — a mulher com a cabeça deitada sobre a barriga dele riu.
— Já não quer mais isso? — acariciou os cabelos dela, igualmente deitado.
— Não, quer dizer… Quero, mas o planeta é muito grande, daria muito trabalho.
— Tem razão. — esboçou um pequeno sorriso.
— Na adolescência, queria mudar o país. — o homem permaneceu em silêncio, escolhendo ouvir para ver até no que aquela história iria dar — Mas também é igualmente problemático. Hoje, se eu conseguir fazer a diferença na vida de alguém com a minha arte, estarei realizada.
— Você já faz na minha, .
— Você não conta, , é café-com-leite.
— Tudo bem… Tudo bem… — maneou a cabeça — Vamos trabalhar juntos para tornar o mundo mais suportável.

nunca encontrou outra pessoa na vida que tivesse a mesma visão e delicadeza que a de para lidar com as pessoas e o cotidiano. Ela era uma mulher forte e aparentemente incansável, fazia-o se sentir vivo só com um respiro. Involuntariamente, os olhos começaram a arder.

— Essa coisa toda de trocar aliança é meio brega. — ela reclamava — Mas só assim nosso relacionamento vai ser aprovado pela sociedade. — ele quase podia ver ela revirando os olhos do outro lado do telefone — Por isso, queria tentar outra coisa antes. Depois, vai ter que me dar o maior anel de diamante que puder de qualquer forma.

O broche que tinha entre os dedos era de um cavalete folheado em ouro com acabamento minucioso. Se olhassem bem de perto, poderiam ver um rascunho do que seria um quadro deles sendo felizes. planejou aquilo. Aquelas eram as alianças não-oficiais deles que a noiva produziu para pedi-lo em matrimônio. Para completar o par, ela ficou com o outro broche em formato de pincel que representava as cores que ela trouxe para a vida dele, palavras dele que faziam analogia do relacionamento de ambos com a profissão dela.

— Sabemos que nessa relação, você é mais bundão que eu. — sorriu provocativa — Sendo assim, , aceita ser a minha outra metade da laranja?

O pesar e o sofrimento silencioso dele foram interrompidos pelos Corredores que faziam a ronda e a checagem dos arredores à noite, horário mais seguro para transitarem e difícil de serem captados pelo Alto.
— Não sobrou nada. — desataram a falar assim que cruzaram o corredor, ofegantes.
Os Corredores eram geralmente os mais fortes e com bom físico dos sobreviventes, que se voluntariaram para se arriscar a bater de frente com o que fosse que o muro estivesse escondendo. Dia após dia, procuravam maneiras de se infiltrar no outro lado ou saíam para executar tarefas que civis fora de forma levariam muito mais dificuldade para realizar.
— Malditos! Perdemos nossa fonte de mantimentos. A colheita está arruinada e podre. Nada mais sairá daquelas terras. Droga! — esmurrou a parede.
— Falem mais baixo, ou acordarão a todos e vão causar preocupação e histeria coletiva. — pediu, saindo de seu posto mais isolado no canto, torcendo para que não questionassem seus olhos inchados — Nossos estoques estão quase no fim. Sem saídas, somos obrigados a bater de frente com eles. Iniciar o plano de infiltração.

Eu encontro você que se infiltrou em mim
De repente sem eu perceber
Eu desenho você daquele dia perfeito
E continuo repetindo
Porque eu existo aqui
Nesse tempo que passa
Por favor, permaneça assim



Fora de controle.
Era assim que podia definir o tão aguardado plano de infiltração deles. De tudo que cogitaram encontrar do outro lado do muro, uma civilização vivendo em harmonia era o que nem consideravam. Enquanto havia um lado lutando contra as misérias, o outro esbanjava saúde e prosperidade, tal cenário desnorteou o grupo de Corredores o qual resolvera se juntar de última hora. Se fossem olhar pelo físico, ninguém diria que podia, no entanto sim, ele era tão capaz quanto os demais.
As instruções eram claras: depois que conseguissem passar, deveriam encontrar alguém para roubar os trajes e extrair o máximo possível de informações e ainda, se não fosse exigir demais, que coletasse mantimentos para estocarem com as reservas.
Todavia, quem disse que era tão fácil executar quanto falar?
O flagrante e a dezena de guardas a postos os fez se separarem, obrigando cada um a tomar o seu rumo e rezar para que ao fim do dia, todos conseguissem retornar ao outro lado.
O corpo de estava tão tomado pela adrenalina que se surpreendia por ainda conseguir um mínimo de raciocínio lógico. Era evidente que eles não pertenciam àquele lado, seu rosto desconhecido atrairia desconfiança e as únicas pessoas que andavam por aquelas terras de rosto coberto eram os guardas.
Seria dureza lutar com um oficial e vencer de mãos vazias. Ainda assim, dificuldade não era sinônimo de impossível. Facilitou bastante perceber que por algum motivo, os guardas, que descobriu servirem ao Alto, não faziam abordagens violentas próximas de qualquer civil. Isso o alertou para o fato que talvez não quisessem chamar atenção, assim como ele.
Aquela cidade artificial não era complicada de desvendar, era um labirinto, mas se olhassem atentamente, era fácil perceber que todas as construções pareciam se direcionar para o ponto mais alto e central. Ali, teria todas as informações que precisava.
Não se lembrava de qual fora a última porta que virara, ou quais corredores havia se aventurado, o ponto desesperador era que estava perdido. Se melhorava um pouco a situação, no meio da bagunça acabou se encontrando com um dos outros Corredores. Agora, estavam perdidos juntos. Abriam e fechavam as portas com urgência, na tentativa de acharem escadas ou alguma abertura que os permitissem sair daquele horror de corredor com portas e salas infinitas.
— Hey! Vocês não deveriam estar aqui!
Uma voz surgiu ao lado oposto onde estavam e congelou.
Feito câmera lenta, virou o rosto coberto a tempo de se deparar com a pessoa que menos queria ver nesse caos.
estava viva.
Sua noiva estava viva.
Independente das possibilidades sobre o paradeiro dela, ou da fé inabalável que insistia que ela não estaria morta até ver com os próprios olhos, um peso do tamanho do mundo parecia deixar os ombros dele naquele momento ao ter a dúvida sanada. tremeu por inteiro e tudo que desejava fazer.
Ela estava bem ali.
! — desesperou-se sentindo que os pés queriam correr na direção da mulher e a outra metade o convenciam a correr para longe.
Ele não poderia, agora que sabia que ela estava ali.
— O que está fazendo, cara! — o Corredor reclamou — Temos que ir! — ele não sabia da saída, mas teria que ser o lado oposto ao da mulher que se aproximava fazendo escândalo.
Sufocado pelo capacete e pela máscara, removeu os acessórios, eufórico por uma reação de . Talvez ela estivesse gritando porque ainda não o reconheceu com o traje.
A reação dela foi de choque. queria arrancar grandes reações dela, com certeza os olhos quase saltando da órbita podiam se enquadrar em grande, mesmo assim não foi nada do que esperava depois de tanto tempo separados.
— O que… Mas como… Você existe mesmo?
, sou eu!
Nessa altura do campeonato, ele estava só. O companheiro havia o deixado.
— Eu exijo que você se identifique! Ou vou gritar! — ameaçou, assustada em vários sentidos. O rosto que tanto pintava em suas horas livres estava ali. O que era tudo aquilo?
podia ouvir a comoção acontecendo nos arredores, os oficiais logo estariam ali. O que faria? Não podia deixar agora que a reencontrou. Desajeitado, a contragosto, arrastou-a consigo para uma das salas mais afastadas para que pudessem conversar sem o pegarem.
— Você não é um guarda normal, o que quer? — ela continuava a questionar em voz alta.
Se continuasse assim, ele logo seria capturado. Deu uma rápida olhada ao redor e percebeu a furada onde havia se metido. Não havia abertura ou qualquer chance de escapatória. Estaria encurralado, se os guardas atravessassem aquela porta.
— Fala mais baixo, ! — ordenou num misto de raiva e frustração. Por que ela estava agindo assim?
— De onde você me conhece? De onde NOS conhecemos? — perguntou encolhida, abraçando o próprio corpo.
— Como assim de onde nos conhecemos? Você é o amor da minha vida. O que fizeram com você? — aproximou-se.
— Não fizeram nada comigo. Não se aproxime! — franziu o cenho, desgostosa.
… — chamou carinhosamente.
não sabia o que havia dado em si, mas ao ouvir aquele chamado, algo despertou dentro de si e sem controle, berrou. Desesperada pela estranha sensação de nostalgia que começava a dominar, mas não via sentido, gritou outra vez.

Não posso deixar você ir
Eu não posso deixar você ir
Não posso deixar você ir
Porque eu já estou completo com você



Sendo contido por vários oficiais, levado à força, se debatia na tentativa de se desvencilhar.
, me ajude! Isso é um erro! O que fizeram com você? — buscava inutilmente o olhar da mulher que seguia o mesmo caminho que eles, mais atrás, receosa.
— Infelizmente não podemos deixá-lo sair. O Alto cuidará do seu caso. O mais importante é que sinto que você me dará as respostas que preciso.
— Está enganada! Eles vão me matar! — balançava os braços com violência e jogava as pernas na tentativa de derrubar os homens — Nunca vai saber o que precisa. O que fizeram? Lavagem cerebral? Você é a minha noiva, !
A mulher arregalou os olhos.
— Antes daquela merda de dia acontecer, antes desse muro ser erguido, vivíamos bem com os nossos amigos, estávamos prestes a nos casar. Você é o amor da minha vida! O que precisa mais saber? — sentindo que não haveria mais escapatória, ainda sem compreender o quadro da , decidiu que iria despejar tudo que estava ao seu alcance para despertar alguma reação nela.
Era a melhor chance.
Mesmo que doesse admitir, aquela mulher apática e passiva não parecia nada com a que conheceu um dia.
— Um amor para a vida toda, lembra?
ia despejando informações e a alteração da professora ficava cada vez mais entrecortada. Ela queria entender, ela desejava muito sentir, mas tudo que lhe vinha à mente era uma tela em branco. Não conseguia desenvolver.
— Iríamos desbravar o mundo juntos. Torná-lo mais suportável.
Os olhos de arderam automaticamente. Ela não se lembrava, mas existia algo naquele homem, naquela situação tão deplorável que despertava o lado mais empático dela.
— Não acho que seja a pessoa que está descrevendo e procurando, senhor.
— Acredita mesmo nisso? — o invasor berrou com todo o pulmão, causando um pequeno pulo de susto nela.
Não.
Sim.
Ela não sabia.
— Você ama pintar. Em algum lugar, deve estar o seu broche em forma de pincel que completa o meu cavalete com uma foto nossa, representando o meu mundo colorido por você, lembra? Você, acha casamentos usuais entediantes. Passamos tanto tempo juntos que pegou a minha mania de jogar a cabeça para trás e colocar a mão sobre a boca enquanto ri.
Se o que ele dizia era a verdade, os sonhos e as visões que tinha eram mais do que reais. E pelo ângulo, eram memórias que partiam da própria visão.
Por quê?
Aquele broche que mencionou... Era impossível que alguém soubesse, nunca mostrou a ninguém!
Assim que tratassem do invasor, faria questão de coloca-lo contra a parede para arrancar todas as informações que queria.
O Alto já tinha sido notificado das ocorrências espalhadas em todo o povoado que acontecia pelo pequeno grupo de invasores. Quando chegaram aos laboratórios, , horrorizada, assistiu o amarrarem à força numa das macas. De repente, um sentimento ruim de arrependimento se apossou dela, revelando que talvez tivesse feito a decisão errada ao denunciá-lo.
— Depois que terminarem com ele, por favor, gostaria de uma oportunidade para fazer algumas perguntas. — a professora foi se preparando para sair.
No instante seguinte, uma dor aguda no braço e nuca, tudo ficou borrado até ficar uma tela preta.

De volta ao começo
Porque tudo vai mudar
Mas eu vou guardar você em mim
Da mesma maneira
Tudo está claro
Porque você existe em mim



— Dando início ao processo de ressocialização, Caso e . — o médico falava em voz alta para que registrassem nas fichas.
Dentro do laboratório, o casal permanecia sedado, cada um em uma cama, lado a lado. Da cabeça e dos braços, saíam guias e ventosas que se acompanhadas até o fim da outra ponta revelavam painéis indicando os índices gerais do corpo, como temperatura e batimentos cardíacos.
— Desta vez, vamos tratar de fazer direito para que não haja chances deles poderem se lembrar.
— Renascimento do Caso e em processo. — apertaram o botão que ativa as máquinas.

Eu desenho o “eu” que estava cheio de você
E continue repetindo
Porque você não existe aqui
Por favor, volte para trás
Então, quando estava claro
Não há sentido sem você
Não há sentido sem você



— Isso vai parecer muito estranho, não vai fazer sentido, mas sinto que te conheço de algum lugar. Sinto que te conheço de uma vida toda. — andou até parar diante daquele homem que fora apresentado como um dos novos diretores da escola que vieram de fora. Eram sonhos mesmo ou memórias?
— E se eu disser que não me soa tão estranho assim? — devolveu com uma pergunta, analisando atentamente a mulher que o encarava de olhos semicerrados.
— Eu sou , prazer. — estendeu a mão para um cumprimento inicial.
— Não faz sentido, mas de alguma forma eu já sabia. — levou a mãos que não apertava a dela para trás do pescoço, coçando os fios de cabelo recém-cortados da nuca, um pouco sem-graça.




FIM



Nota da autora: meu deus? Ninguém me toca que eu estou muito sensível! Meus planos iniciais para a história não tinham um dedo a ver com o rumo que tomou, mas fazer o quê quando os personagens acabam induzindo para um caminho? Planejava muitos brilhos e arco-íris e por mais que a música me faça transbordar, assim como qualquer uma das outras faixas desse álbum, acabei correndo para esse lado meio melancólico.
Se você chegou até aqui, só tenho a agradecer. Obrigada mesmo por dedicar um tempinho precioso seu para ler a minha história. Para conhecer obras de arte mesmo, recomendo ouvir o álbum inteirinho ou ainda dar uma passada nas outras histórias escritas para esse ficstape!
Agradecimento para todas as meninas que resolveram participar do projeto e o time incrível do site que fez acontecer.

Beijos,
Hales

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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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