Finalizada em: 20/01/2021

Capítulo Único

Dois Mil

Condado de Los Angeles, California

Pennelope finalmente tinha dormido e continuado no sono depois que tinha saído de sua casa e aquele era realmente um milagre, principalmente depois das últimas semanas que a menina só se acalmava no colo dela e uma série de outras coisas que deixavam o rapaz mais perdido que que um aluno em uma escola nova. Uma péssima analogia, mas era a mais pura verdade! se sentia entrando no ensino médio novamente com aquele bando de gente lhe olhando, enquanto ele caía no meio do corredor. No caso, a pequena Pennelope era o colégio, o corredor e os colegas, principalmente quando ela lhe olhava com aqueles imensos olhos verdes de quem queria alguma coisa e ele não tinha ideia do que se tratava. Como uma coisinha tão pequena conseguia lhe olhar tão profundamente capaz de enxergar sua alma?
Bom, era melhor tentar aproveitar a calmaria naquela casa e escrever logo a música que lhe restava apenas uma semana para ser entregue e aquele poderia ser o maior contrato de todos os tempos. Talvez o seu pulo no mundo da música, o que iria lhe fazer ficar conhecido em todo o território americano como compositor e futuramente, conseguir seu lugar como produtor musical no mundo. Era só respirar e se deixar levar pelo momento que a música viria.
Ele respirou fundo uma, duas, três vezes e nada vinha a mente. ABSOLUTAMENTE NADA! Principalmente quando entre uma respirada e outra, ele olhava para o pacotinho embalado em uma roupinha amarela em cima da cama, com várias almofadas em volta para evitar que ela se machucasse, como se um bebê de um mês e meio de nascido fosse fazer grandes movimentos em cima daquela cama.
A garotinha tinha aparecido em sua porta duas semanas atrás, dentro de um bebê conforto e com uma bolsa do lado que tinha duas mamadeiras, algumas roupas, um pacote de fralda e um bilhete, uma carta, na verdade, tentando explicar o porquê de o bebê estar ali. Era quase meia noite quando o porteiro noturno do prédio subiu com o bebê e bateu na porta dele, levando a sorte de estar em casa àquela noite, fazendo vários nadas além de vibrar com um jogo de hóquei na TV e receber a notícia que seria tio de novo.
Charles não tinha jeito.
Na verdade, provavelmente nem ele que estava recebendo uma figurinha que era a sua cara, nos braços. E assim que tirou a criança do bebê conforto, os olhos abriram e ela começou a berrar como se tivesse sentindo uma dor insuportável, como se em seus braços tivessem espinhos ou qualquer outra coisa tão apavorante como aquilo.
Não demorou muito para que o rapaz de 24 anos começasse a chorar junto com ela, apavorado, desesperado e sem saber o que droga fazer. Na carta dizia que a criança era filha dele e pelas bochechas enormes e o formato dos olhos, não tinham mesmo como negar, a menininha era filha dele, embora tivesse o cabelo e a cor dos olhos da mãe. O rapaz só não esperava que uma aventura há quase um ano fosse resultar em um bebê tão chorão quanto ele, na sua porta. Mas a paz parecia ter se instalado assim que chegou, duas horas da manhã para entender como tinha parido um bebê e por que ele chorava mais que a criança.
Ele lembrava compulsivamente da cena e ria toda vez que lembrava. Era incrível.

~x~

- Posso saber como você espirrou e surgiu um bebê em seus braços? – perguntou, enquanto entrava apartamento adentro e via chorar copiosamente com o bebê no colo. Por Deus, ele nem sabia segurá-la direito!
A garota suspirou frustrada pelo olhar de pavor no rosto dele e tirou os sapatos no meio da sala. Amarrou os cabelos, tirou o casaco e estendeu os braços pro melhor amigo, pedindo o pacotinho chorão que parecia estar com fome, prontamente recebeu a menininha e lembrando de todas as vezes que tinha trabalhado de babá para conseguir dinheiro, além dos plantões frustrados na pediatria antes de largar a profissão de enfermeira. acalantou-a em seus braços, vendo o amigo chorão parar na mesma hora.
- Ela tá bem? – ele fungou, enxugando o rosto com as costas da mão.
- Sim, . – ela riu levemente, sacudindo a bebê de levinho no colo, enquanto a menina enfiava as mãos na boca. – Ela só tá com fome, . Quem é essa bebezinha? Qual o nome dela? Ela é linda! – soltou uma risadinha encantada para a criança quietinha em seus braços, mas que ainda comia as mãos como se fosse o leite mais gostoso do mundo. – !
- Oi, porra! – ele enfiou os dedos entre os cabelos, estava desesperado demais para raciocinar qualquer coisa naquele exato momento. – Eu não sei! – o garoto respirou fundo. – É minha filha, mas eu não sei o nome dela e nem como ela apareceu aqui. Eu nem sabia que a mãe dela estava grávida, para falar a verdade. – se jogou no sofá do apartamento, hiperventilando em desespero novamente. – Por favor, , me ajuda!
O queixo da moça foi ao chão com aquela porrada de informação, mas não tinha muito mais a se fazer. Primeiro, a criança precisava de um nome, segundo, precisava aprender a segurar ela no colo e parar de chorar, e terceiro, ele estava tão ferrado.
- Ela precisa de um nome! – foi a frase que saiu da boca dela em meio ao desespero. – E tem a maior carinha de Pennelope.

~x~

Ele sacudiu a cabeça e ritmou as batidas da caneta na mesa de madeira da sala. Por qual brilhante motivo nada saía da sua cabeça? Não era difícil entender que ele precisava daquele dinheiro para sustentar sua filha. Ok, sem dramatizar, mas ele precisava comprar pacotes e pacotes de fraldas, leite (porque bom, do peito dele não saía uma gota) e roupas, além das que Theresa tinha separado, já que não cabiam mais no Eliot e não iriam servir pro bebê novo. Pennelope não parava de crescer e só parecia mais gordinha e esperta a cada dia que passava. Inclusive, seus pais, Lohan e Louise, chegariam dali duas semanas para conhecer a nova e inesperada netinha.
- Vamos, , pense! – o homem bateu a testa na madeira da mesa, causando um barulho imenso que o fez virar a atenção repentinamente pro quarto. Ai, graças a Buda, Penny ainda estava dormindo. – Vamos, seu bundão, quais são os seus sentimentos agora?
E o turbilhão da última semana o fez quase vomitar em cima do caderninho. Raiva, frustração, decepção e desespero, era o que tinha lhe atingido em cheio. Como diabos ela deixava um neném indefeso e desprotegido na porta do prédio daquele jeito? Por que inferno a quatro ela não tinha lhe procurado? Óbvio que ele iria arcar com as responsabilidades de pai.
O garoto suspirou frustrado e escreveu as primeiras frases que vieram a sua cabeça.

To Penny's mom

I'm taking my time,
I'm trying to leave the memories of you behind,
I'm gonna be fine, as soon as I get your picture right of off my mind.

Ele bloqueou.
Ok, talvez focar na raiva tenha sido o pior a se fazer. Sentimentos errados traziam sensações horríveis e mensagens piores ainda. Talvez precisasse de ajuda, mais do que nunca ele precisava muito de ajuda. Pensou em ligar pro irmão e contar o que estava lhe frustrando tanto, mas Charles não estava tão bem assim para ouvir tanta coisa ruim, afinal ele tinha parcialmente largado o Addicted To You para arranjar um emprego.
- Ah merda, . – ele xingou baixinho o nome que odiava. Não entendia porque raios os pais tinham lhe dado um nome tão esquisito e sempre optava em usar o apelido. era tão mais normal. – Você é um c... – ele mordeu a língua para reprimir os palavrões. Tudo bem que a Penny ainda nem entendia nada, mas precisava parar com aquilo o mais rápido possível. – Eles querem uma música verdadeira. – o rapaz gemeu, contrariado.
Rezava para que a garotinha acordasse escandalosa como já havia acontecido tantas e tantas vezes, um daqueles choros que só a voz de conseguia acalmar. Era contraditório demais querer barulho quando se precisava de sossego, porém, dois motivos o rodeavam. Um deles era uma desculpa para não continuar sentado tentando escrever uma música que não saía e o outro motivo, era ligar para sua melhor amiga.
Se era sua melhor amiga, por que ele não podia ligar?
alcançou o telefone celular e quase que imediatamente, já esperava a chamada ser atendida, desejando esperançosamente que estivesse livre em casa e aí quem sabe, os dois comeriam uma pizza juntos aquela noite, enquanto Penny dormia. O batuque impaciente dos dedos na mesa já tinha lhe criado até um ritmo que pudesse ser acrescentado a música, ainda inexistente.
- Hey, dude. – a voz era grave demais para ser da aspirante a escritora e quis vomitar. – tá... – ele parou por provavelmente alguma pergunta da garota. – O ! – o cara gritou longe do fone.
Um barulho de corrida se fez presente e após alguns risinhos, chamando o cara de idiota, ela tomou o telefone.
- Oi, ! Tá tudo bem? – ela perguntou atenciosa e ao fundo o cara dizia que ia tomar banho.
- Hm, sim! – ele soltou uma risadinha, se sentindo o maior idiota do mundo em ter ligado sem ter nada para falar. Sequer um argumento que a tirasse dos braços do cara. – Acredita que a Penny capotou pesado? Nem se mexeu direito. – ele suspirou e ouviu a risada encantada da garota.
-Mentira! - a garota riu, animada. - Ela sempre abria o berreiro assim que eu saía. Acho que acertamos na quantidade da fórmula!
resmungou um "infelizmente" praticamente inaudível e emendou outro assunto no meio. Tão sem noção quanto os motivos dele em ter ligado.
- É. - ele riu fraco. - Mas não quero acabar com sua noite de sexta. Só liguei para falar dessa pequena conquista. - mordeu a boca e o silêncio incômodo tomou a ligação. - Ela tá se mexendo, acho que vai acordar. - o rapaz mirou o olhar na cama, onde a bebê se mexia de verdade.
- Eu ‘tô com o Frank aqui, mas a gente vai para aí. Você não fica sozinho! - ofereceu na melhor das intenções e ouviu o resmungo negativo do melhor amigo.
- Acho melhor não, Godess. - eles riram baixinho pelo apelido carinhoso que se referia ao poder do nome dela. Deusa da guerra e da sabedoria. - Te vejo depois! - ele disse em tom de despedida e após ouvir ela dando tchau, desligou o telefone mais frustrado do que quando havia ligado.
Ele nunca iria ter ela. Nunca!
Sentou a bunda na cadeira novamente e ainda confuso com o que estava sentindo, escreveu o que vinha a sua cabeça, para não esquecer antes que o bloqueio lhe pegasse.

To

I want to feel the way you make me feel when I'm with you,
I want to be the only hand you need to hold on to,
But every time I call you don't have time,
I guess I'll never get to call you mine,
You’re nothing at all,
I know there's a million reasons why I shouldn't call,
With nothing to say,
I could easily make this conversation last all day,

Levantou dali de alma lavada, embora soubesse que precisava pensar em algo bom o bastante para continuar com a música original para banda que tinha o contatado. Não queria escrever sobre e compartilhar aquilo com alguém que não a conhecia, mas ia acabar sendo o jeito.
Imediatamente andou até a cama onde Pennelope estava acordada, com os olhos verdes e redondos imensos e parecia tentar se sacudir enquanto se mexia. A pele clarinha e com algumas sardas, diferente da sua que era mais escura, e as bochechas rosadas da criança eram a coisa mais linda que ele já tinha visto na vida e mais cedo do que esperava, começara se afeiçoar a filha de uma forma tão intensa que não conseguia mais ver seu futuro sem aqueles olhos verdes brilhantes.
- Tá com fome, gatinha? - ele a tirou do ninho de almofadas com as duas mãos e ainda com medo de quebrar o corpo molinho, levou-a com todo cuidado até seu peito. - Ih, parece que alguém sujou a fralda. - fez uma careta pelo cheiro e se perguntou como uma coisinha tão pequena fazia tanto cocô.
Ali, o rapaz se viu ainda mais perdido sem ter ao lado, fosse rindo, lhe zoando ou o encorajando a lidar com o cocô da filha.

~x~

Na manhã seguinte, apareceu no apartamento de para saber se ele tinha sobrevivido a noite solo com o bebê e quis rir ao dar de cara com o amigo dormindo sentado no sofá, uma mamadeira já caindo na mão e uma fralda de pano no ombro, enquanto a criança de 50 centímetros tomava toda a cama de casal do rapaz. Ela sacudiu a cabeça de leve e começou recolher tudo que estava espalhado na sala, afinal reconhecia o esforço do amigo para se adaptar à nova realidade e era realmente foda receber uma responsabilidade de supetão nos braços. A aspirante a escritora tinha certeza que não fugiria de assumir a filha e ajudar a mãe dela, se a moça tivesse contado antes.
Depois de organizar o que podia, enquanto os dois ainda dormiam, ela pôs o café no fogo e nesse momento, o mais velho acordou como se o aroma fosse um despertador perfeito. Depois de ver na cozinha, seu sorriso se abriu sem qualquer precedente.
- GODESS! - o rapaz gritou, animado e sem querer, acordou a filha que abriu o berreiro a chorar pelo susto.
Em meio ao barulho de uma criança se esgoelando e uma mulher adulta gargalhando, o músico pegou o bebê no colo e conseguiu fazer com que Pennelope parasse de chorar, ainda se xingando que era um péssimo pai.
- Você não é um péssimo pai. - ela soltou uma risada por trás da xícara colorida, ganhando um rolar de olhos bem desgostoso. - Só esqueceu que tinha uma criança de um mês e meio na sua cama. - deu de ombros e ele mostrou a língua, na impossibilidade de mostrar o dedo do meio, já que segurava Penny em um dos braços e a mamadeira com a outra mão.
- Ela acordou de madrugada e chorou bastante, precisei ligar para minha mãe. - ele suspirou.
- E o que a tia disse? - a moça mordeu a boca.
- Dona Louise é perfeita. Falou que eu estava me saindo muito bem e na semana que vem ela chegava com meu pai e o Pierre. - ele se largou um pouco mais na cadeira. - Depois disse que podia ser cólica, porque bebês têm tudo isso e me falou uma porrada de coisa que precisei anotar em uma folha. - fez uma careta, mas recebeu um sorriso encorajador da melhor amiga.
Depois que Penny tinha aparecido, era a única pessoa que tinha restado ao seu lado. Os outros amigos apareceram esporadicamente para visitar a criança e levar algum presente, mas ninguém estava tão presente no seu dia a dia como Caversani Williams.
-Quer que eu pegue para você? - ela levantou da cadeira ainda com a xícara e mãos e recebeu um resmungo afirmativo.
- E a música?? - a moça aumentou o volume da voz. - Conseguiu escrever alguma coisa?
- Umas frases só, mas nada muito relevante. - ele foi vago de propósito, principalmente quando tinha decidido que era sua melhor inspiração e a letra estava uma bagunça, exatamente como seus sentimentos.
- Posso ver? - a pergunta surgiu animada e ele respondeu que não, todo trancado. - Qual éééé? Por favoooor. É sobre quem?
O rapaz prendeu a respiração e respondeu a primeira coisa que veio à mente:
- Pennelope.
- Wow! - foi a resposta dela. - Isso é incrível, ! Espero que você me mostre quando ela estiver pronta. Do que fala? Achei a lista da sua mãe.
Penny suspirou enchendo o peito pequenininho de ar e parecia ter dado um tempo para respirar, prendendo completamente a atenção do pai.
- Que eu quero ser a única pessoa que vai segurar a mão dela quando ela precisar e que… eu quero me sentir sempre assim, tão genuíno quando me sinto quando estou com ela.
Ok, aquilo era uma boa ideia, embora tenha saído no improviso.

To Penny

I want to feel the way you make me feel when I'm with you,
I want to be the only hand you need to hold on to,
I want to feel the way you make me feel when I'm with you,
I want to be the only hand you need to hold on to,

A garotinha o olhou como se tivesse entendido tudo que ele tinha falado e por míseros segundos, parecia dizer a mesma coisa a , só com o olhar. Mas logo fechou os olhinhos verdes, voltando a mamar em seguida e aquilo, aquela visão mais lindinha do mundo, fez o coração dele afundar em um sentimento que o garoto estava gostando mesmo de conhecer, era algo tão forte que o fez tremer o lábio, enquanto a garganta fechava em um bolo grosso.
- Ok, precisamos procurar um pediatra para leva-la… - a garota entrou na cozinha com a atenção ainda na lista. - Eu sei que sou enfermeira por formação, mas não cons… - ela se assustou ao ver o amigo chorando como uma criancinha pequena, as lágrimas desciam de cachoeira, enquanto Penny mamava e pelo visto, nada a tiraria do momento. - ! Aconteceu alguma coisa?
- Eu acho que amo a Pennelope. Eu a amo demais, ! - o bico do rapaz só faltava dobrar no queixo e foi o momento de a moça soltar uma risada linda com a revelação. Não contando conversa para abraçar o amigo, beijando a cabeça dele em pura felicidade pela descoberta tão linda. Mal sabia ela que em pouco tempo, também estaria chorando desesperada por ter descoberto uma coisa chamada: amor incondicional pela pequena menininha de grandes olhos verdes.

~x~

Dois Mil e Vinte

Malibu, California

fechou a torneira para continuar ensaboando as colheres que tinha sujado para fazer o almoço e em um comando para Alexa, pediu que assistente virtual ligasse na rádio local.
- Alexa, você pode sintonizar na KBUU, por favor? – o homem alteou a voz e depois de um comando, ouviu os acordes da rádio local em um programa de pop music.
O sol entrava pelas janelas de vidro e clareava todos os cômodos da casa, deixando um ar aconchegante e clean em todo o espaço. Aquela tinha sido ideia de quando ele havia ido fechar negócio na casa, afinal ela sempre dizia que Pennelope precisava ser criada em um ambiente iluminado para que a cabeça fluísse e evoluísse como a de uma mulher forte. E se a escritora era a maior referência de grande mulher que ele tinha, além de mãe de criação da Penny, não era o que iria contra.
Ele sacudiu a cabeça ao lembrar dos gritos das duas quando ele tinha se mudado em 2004. Penny corria por todo lugar em uma alegria imensa e fora do comum, balançando as marias-chiquinhas e dizendo onde ficaria cada coisa dentro do espaço, além de onde seria o quarto de cada um. Pois é, e nunca tinham se atado como um casal, tanto que a escritora morava em um apartamento no litoral.
Ele tinha se tornado o produtor e compositor mais bem cotado do mercado da música e tinha uma gravadora no centro de Los Angeles. Ela era a A. Williams, a maior escritora de new adult e romances do gênero, da atualidade, onde ia, uma legião de fãs a acompanhava e aquilo o deixava imerso em tanto orgulho. Além de Pennelope que havia se tornando uma jovem mulher forte, inteligente, perspicaz e linda, a maior jogadora de hóquei no gelo que ele conhecia e não era conversa de papai babão. A garota era mesmo muito boa no esporte e tentaria uma vaga na liga canadense feminina após a faculdade.
As coisas naquela família só tinham evoluído e mudado para melhor!
Não demorou muito para que o programa de flashbacks iniciasse e uma música muito conhecida por ele, abrisse o horário do almoço. When I’m With You já tinha quase 20 anos e ainda era um sucesso desde o ano em que tinha sido lançada, além de emocionar algumas pessoas e a interpretação dela pelo Simple Plan tinha quebrado todas as paradas de sucesso. Em que mundo ele imaginaria que aquela semana turbulenta mudaria a sua vida para sempre?
O homem soltou uma risada e começou cantarolar a letra inesquecível. E ao mesmo tempo que tudo tinha mudado, era como se fosse a mesma coisa que antes.
- Ah não, essa música velha de novo não! - o choramingo de Penny ao entrar na cozinha o fez gargalhar. Ela riu junto e largou a mochila na cadeira antes de ir dar um beijo no pai.
- Foi essa música velha que encheu sua barriga durante uns bons meses e me fez ser chamado para compor mais músicas velhas que encheram sua barriga por mais outros meses. - o homem rebateu, recebendo um abraço apertado da única filha. Penny o beijou na bochecha e bagunçou o cabelo do músico, ouvindo-o reclamar baixinho.
- Olha, por isso minha barriga tá bem cheinha! - ela deu um tapa leve no abdome liso. A garota treinava pesado para ganhar massa muscular saudável e aguentar o tranco no ringue. - Você é um ótimo compositor, papai!
- Então quer dizer que você não está com fome? - o homem fingiu estar surpreso. Pennelope SEMPRE estava com fome!
- Não foi isso que eu disse! - ela apontou com o indicador e cutucou as travessas em cima da mesa. - Nossa, que cheiro gostoso! O que é isso?
- Receita da vovó! - ele enxugou as mãos e largou o pano de prato na pia. - Não belisca, menina! - deu um tapa de leve na mão dela e viu a filha fazer um bico de choro. - NÃO!
Os dois riram.
- Cadê a mamãe? - a moça abraçou o pai pela cintura e ganhou um beijo na cabeça.
- CHEGUEI! - o grito de preencheu a casa, a cozinha, os ouvidos e o coração de , por mais que ele odiasse admitir. - ADIVINHA O QUE EU TENHO EM MÃOS? - uma caixa de papelão nos braços dela, denunciava que o primeiro livro da nova coleção estava ali, guardadinho e esperando para ser aberto, lido, devorado.
- EU NÃO ACREDITO! - o homem largou o abraço da filha e correu para ajudar a melhor amiga com o peso da caixa. - Mas eles só iam chegar amanhã, Godess! - o pegou os livros e os apoiando em cima da mesa, viu Pennelope abraçar a mãe com força e enchê-la de beijos babados na bochecha, enquanto a mulher ria abertamente e apertava a menina como se ela ainda fosse um bebê. Ele suspirou feliz, aquela era a cena mais linda do mundo!
- Eu passei na editora para ver o processo e trouxe os primeiros para casa! - ela abriu um sorrisão, ainda com uma jogadora de hockey pendurada em seu pescoço.
- Eu vou ganhar um né, mãe? - a moça fez um bico pidão.
- Compre o seu, garota pidona! - fingiu ralhar e ouviu a frase que mais ouvia naquela casa:
- Não brigue com a menina, !
Ele bufou em ser chamado pelo nome. Não gostava nenhum pouco dele e por isso usava o apelido para tudo, mas ainda insistia em lhe chamar de a maior parte do tempo.
- Claro que você vai ganhar, meu amor! - a escritora beliscou o queixo da filha e ganhou mais um abraço infantil.
- Godess, tem mais alguma coisa no carro? - ele beijou a cabeça da mulher e abraçou as duas em um bolo cheio de amor.
- O Billy tá trazendo a outra caixa! - ela sorriu ao mostrar o namorado que já chegava na cozinha da casa.
- Cheguei! - o rapaz disse sorrindo e colocou a caixa no chão para cumprimentar que lutava para não esboçar seu descontentamento em uma cara de bunda imensa. - E aí, ? - ele esticou a mão e os dois fizeram um toque familiar.
- E aí, moleque? Tudo certo? – ele zoou a diferença de idade e o outro rolou os olhos, mas acabou soltando uma risada.
- Tranquilo! - Billy sorriu. - PEN! - o grito veio em cumprimento a uma Pennelope que soltou uma risada imensa, indo abraçar o cara e começar uma conversa ferrenha sobre hóquei.
Era por aquele simples motivo que tinha raiva, mas pelos mesmos motivos que sabia não poder ter. Billy tinha 35 anos e era da idade de Pierre, seu irmão mais novo, ele fazia feliz, apoiava com unhas e dentes o trabalho dela, perdia o lugar de primeiro fã apenas pelo produtor musical. Mas o cara era muito gente boa e ainda se dava bem demais com Pennelope.

To

I want to feel the way you make me feel when I'm with you,
I want to be the only hand you need to hold on to,
But I guess I'll never get to call you mine





FIM!



Nota da autora: OI, GENTE! Primeiro ficstape em dois anos e tô bem feliz de ter cumprido o prazo 🥺. É maravilhoso me setir ativa novamente.
E AI MEU DEUS! Meu coração rica quentinho em saber que vocês estão conhecendo mais um casal, que vai dar o que falar e logo, nós conheceremos a história do Percy e da Atena!
De antemão, já aviso que a história do Percy faz parte de uma trilogia sobre os irmãos Bonovit e já to mega ansiosa pra tudo! ❤




Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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