Fanfic Finalizada

Capítulo Único

I wait patiently, he's gonna notice me
It's okay, we're the best of friends anyway…


No interior de New Hampshire, em Hanover, o coração de alguém batia assiduamente ansioso.
olhava seu reflexo no pequeno espelho em sua parede do quarto e, mesmo que tentasse focar sua atenção em suas vestimentas, sua mente a levava para outro lugar. Para outra pessoa e seus olhos claros que tiravam seus pés do chão sem muito esforço. E se sentia boba por estar daquele jeito.
Tão apaixonada e perdidamente ensandecida por .
Claro que não se lembrava ao certo quando foi o momento exato em que seu coração indicou que ele seria seu dono. Talvez tenha sido quando ele sorriu para , mostrando seus dentes brancos enfileirados e um sorriso acolhedor. Ou quando estendeu suas mãos quando a garota mais precisava de alguém para ouvi-la, em meio a todos os problemas que enfrentava com seus pais. Ou, na verdade, pode ter sido quando se tornou seu melhor amigo.
Melhor amigo e confidente.
Ali soube que havia entrado em uma cilada enorme ao se pegar apaixonada pela pessoa que, em último caso, deveria cair de amores.
E já havia um bom tempo que ela só tinha olhos para .
Respirou fundo. Olhou seu reflexo uma última vez antes de sair de casa, colocando na sua cabeça que, naquela noite, mesmo com toda a loucura que uma festa na beira da praia poderia trazer, ela se declararia para ele.

I hear it in your voice, you're smoking with your boys
I touch my phone as if it's your face
I didn't choose this town, I dream of getting out
There's just one who could make me stay all my days…


Quando sentiu a brisa acariciando seu rosto, instantaneamente fechou seus olhos.
O som alto já ecoava naquela direção e as pessoas ali espalhadas gargalhavam ao redor da enorme fogueira que havia sido montada. Aquele era um dos prazeres que seu grupo de amigos e conhecidos tinham em fazer ao final de cada semestre da faculdade, ou em qualquer fim de semana, para que pudessem aliviar suas preocupações, fosse bebendo, dançando ou jogando qualquer conversa fora.
sempre fora uma garota quieta, tímida, minimamente sorridente e isso sempre fazia com que as pessoas não se interessassem muito por sua personalidade. Ela sabia que não era lá uma das pessoas mais encantadoras e se conformava com aquilo, já que sabia que só quem realmente importava estava ao seu lado.
Como sua melhor amiga, . E, claro, também.
, inclusive, vinha em sua direção. Mais animada que o normal e carregava um copo quase cheio de cerveja nas mãos bamboleantes.
— Eu sabia que você viria!
deixou um sorrisinho escapar e recepcionou a amiga com os braços ao seu redor. se sentou ao seu lado, ainda na mesma energia de antes.
— Mas eu não disse o contrário — rebateu.
— Não duvidaria que você inventasse qualquer desculpa para não aparecer — disse, dando de ombros. Olhou para e estendeu o copo. A amiga pegou. — Muito menos que fosse beber.
— Tenho meus motivos.
Fez uma careta. Elas ficaram em silêncio por breves instantes até se despertarem pelo alvoroço ao redor outra vez. De primeira, não disse nada. Deixou que seus olhos observassem a amiga, imersa em seus pensamentos e focada em uma pessoa em específico dentre todas as outras.
Ela sabia o quanto era apaixonada por há tempos e que nunca havia tentado sequer dizer isso para o rapaz. Sabia também que, mesmo que a amiga tentasse fazer aquilo, se magoaria, já que, como todos ao redor sabiam bem, o rapaz não era o tipo de pessoa que se entregaria por completo em um relacionamento.
podia ser o melhor amigo do mundo. Mas quebraria o coração de na mesma intensidade.
Ele sempre estava com seu grupinho de amigos. Os que bebiam, fumavam até não aguentar mais e andavam com garotas pouco interessantes. O de praxe, nada fora do normal. Ela e já estavam acostumadas com os modos do amigo, mas ela não conseguia entender. Não conseguia entender como ainda tinha olhos para alguém assim. E, para ser sincera, sentia pena da amiga.
— Eu sei bem quais são — sussurrou, semicerrando os olhos assim que a outra a encarou. — Tem nome e sobrenome. Ah, e um cheiro de cigarro insuportável.
Aquilo fez gargalhar. Gostava do tom sarcástico que volta e meia usava se referindo à . Sabia que ela não era muito a favor de seus sentimentos sobre ele, mas não se importava.
Sabia também que tudo aquilo era sua proteção em relação à amiga falando mais alto.
O momento a fez pensar. nunca fora de ir a festas como aquela, mas naquele dia em específico, sentia que precisava fazer o que queria. Não só sobre o fato de que se declararia para de uma vez por todas, mas por saber que logo estaria longe de Hanover, como havia planejado. E os breves segundos que passou ouvindo o reclamar de , assim como a passagem de ao longe, fez com que a nostalgia se tornasse um pouco mais presente.
Ela sentiria falta. Sentia falta das poucas amizades e do amor não correspondido. Seu peito doeu.
— Não fala assim. é um cara legal.
— Você fala isso porque é caidinha por ele, boba. — Empurrou a amiga pelos ombros. sentiu a bochecha queimar. — Mas acho que você devia aproveitar o dia de hoje e tentar alguma coisa. Sei lá, não custa nada — disse, como se tivesse lido os pensamentos da amiga.
a olhou.
— Eu tenho pensado nisso há um tempo, mas acho que o medo de estragar nossa amizade é maior. — Suspirou. Olhou para frente, para a direção em que se encontrava. — me ajudou muito e… Às vezes acho que não vale a pena arriscar algo tão grandioso assim.
— Pare de bobagem! — A cortou, um tanto embolado pela bebida. sorriu. — Ele seria um bocó se te dispensasse assim. Para ser sincera, sempre achei que vocês dois fariam um casal de dar inveja.
— Fala sério, , você nunca achou isso. — Abaixou a cabeça, voltando a gargalhar. A amiga a olhou, rindo junto.
— Isso é verdade.
Ela sentiu o vento lhe acariciar outra vez. Queria poder lembrar o que um dia a fez gostar tanto daquela cidade. Sabia certamente que o que lhe prendia ali era . Mas principalmente . Eles eram as duas pessoas que mais importam para ela.
Sua família não tinha peso naquela história. Os pais viviam em pé de guerra e há tempos sequer lembravam de que tinham uma filha, a qual queria ao menos uma mísera atenção, mesmo já tendo idade suficiente para não ligar para aquilo.
Ela queria um pouco de incentivo. Queria apoio.
Coisas que ela sabia que não poderia encontrar mais em New Hampshire e, por isso, precisava ir. Precisava deixar tudo para trás e crescer, mesmo que aquilo lhe custasse deixar as pessoas que ela mais amava naquela cidade.
Respirou fundo. Observou se levantar para pegar qualquer bebida que visse pela frente e se encontrou sozinha outra vez.
Deixou os olhos passearem pelo amontoado de pessoas que dançavam por ali, espalhadas, aproveitando o máximo que pudessem naquele momento, como se não existisse nenhuma outra preocupação que os abalasse.
Ela queria poder sentir aquilo. Queria chegar perto o suficiente para que a sensação de alívio e felicidade lhe abraçasse, mas sabia que era impossível.
Não notou quando a amiga sumiu entre as pessoas, nem mesmo quando a música ficou um pouco mais baixa, quase fazendo com que seus pensamentos voltassem a tomar conta de sua mente.
Só voltou à realidade quando alguém se sentou ao seu lado. E, subitamente, sentiu o corpo esquentar.
— Você aqui?
Virou o rosto. a olhava com os olhos escuros pelo breu da noite e brilhantes, surpreso como havia ficado.
Ela sorriu.
— Parece que não foi a única a se surpreender com minha presença. — Riu fraco, ajeitando o corpo. — Oi, .
— Não é isso. Só… Você não aparece em festas assim, pelo que te conheço. — Deixou uma risadinha escapar, ainda a olhando. tinha seus olhos pousados em cada traço do rapaz e, antes que deixasse ainda mais evidente que o olhava apaixonada, concordou, balançando a cabeça. — E vai ficar sentada aí?
foi pegar mais bebida, mas não sei se vai voltar tão cedo.
— Parece que não.
respondeu de imediato, ao olhar às pessoas que dançavam não tão longe deles dois e ver a amiga movimentando o corpo no ritmo da música. Ou, pelo menos, tentando. Eles riram.
— Vamos aproveitar um pouco então. Não é todo dia que tenho a presença de Porter em uma festa na praia.
O rapaz levantou os braços, animado, se colocando de pé em prontidão. Deixou a mão esticada em direção à garota que, mesmo sem tocá-la ainda, conseguia se lembrar da maciez e do quentinho que a pele de lhe proporcionava.
mordiscou os lábios, voltando a olhá-lo.
— Não precisa se incomodar, . Na verdade, preciso falar com você antes de—
— Ah, não faça essa desfeita. — A cortou, colocando as mãos nos braços de e a puxou para perto. O rapaz sorriu ao perceber como ela havia ficado com a proximidade dos dois. As bochechas não poderiam indicar mais. — Vamos beber alguma coisa. Dançar um pouco. Quem sabe depois você me conta o que tem para dizer.
Os dois se olharam por breves segundos, quase esquecendo das coisas que aconteciam ao redor. deixou-se levar pelos olhos sonhadores e cintilantes da amiga, que o notava com certa admiração explícita. Já não podia querer uma paisagem melhor do que aquela, próxima o suficiente do rosto de para querer beijá-lo a qualquer instante.
Com o som das ondas batendo ao fundo, despertaram brevemente, deixando um sorriso cúmplice no canto dos lábios e prontos para seguirem até a aglomeração que existia ali perto.

From sprinkler splashes to fireplace ashes
I waited ages to see you there
I search the party of better bodies
Just to learn that you never cared…


O tempo pareceu passar tão rápido que ao menos notou quando parte das pessoas já não estavam mais ali e havia restado apenas aqueles que se recusaram a fazer aquela festa acabar.
Ela podia ver sua amiga ao longe, agarrada a um corpo alguns centímetros mais alto enquanto sua boca explorava a do rapaz sem qualquer piedade.
Aquilo fez rir fraco. conseguia ser mais louca do que ela se lembrava.
Mas ela não poderia julgar, afinal de contas. Já não se encontrava em seu tino perfeito pela quantidade de álcool ingerido e seu corpo tremia levemente só de pensar na insanidade que cometeria se continuasse a seu lado por mais tempo.
— E então? Esse silêncio parece querer me dizer muita coisa.
mencionou, fazendo graça e deixou o corpo encostar levemente no da amiga, a fazendo cambalear para o lado. pressionou os lábios, o olhando de lado e suspirou.
Para ser sincera, ela queria poder contar tudo. sabia parte do que acontecia em sua casa, mas não tudo. Ela queria poder dizer que a única opção que via em mente era sair de casa, tentar a vida em um lugar seguro e que a fizesse crescer, queria muito poder dizer o que se passava em sua cabeça e, mesmo no fundo, queria que ele lhe convencesse do contrário. Que a convencesse de ficar ali, de que a ajudaria a fazer dar certo.
Mas ela conhecia . Conhecia o melhor amigo pelo qual era apaixonada. E, infelizmente, só dificultava tudo.
, eu…
Parou, brevemente.
— Você…?
— Eu acho que…
Sua garganta parecia congelar aos poucos. Na verdade, seus pensamentos estavam mais aglomerados que de costume e ela ao menos sabia por onde começar.
fechou os olhos com força e os abriu, mirando o rosto de há poucos centímetros. O rapaz a olhava curioso, e um tanto confuso por sua tentativa falha de se explicar.
Ela continuou olhando. Passou os olhos por seus cabelos claros, o pescoço levemente tatuado, o queixo saliente e seus lábios avermelhados. conseguia a deixar inteiramente enlouquecida apenas por existir e se praguejava por aquilo.
Se praguejava por gostar tanto.
Abriu a boca para dizer qualquer outra coisa, mas nada saiu. Ao invés disso, suas mãos se ergueram e em segundos indecifráveis, a garota aproximou o rosto, notando o amigo em silêncio, apenas a observando.
Ela faria. Finalmente tomaria coragem.
Mas foi ali, quase tocando os lábios do rapaz com os seus, que a puxou.
A puxou e a beijou.
Sem esperar mais, sem pedir permissão. Deixando o beijo ainda mais interessante e preocupante para Porter.
A garota não sabia o que pensar. Não sabia o que fazer, muito menos como agir. Não imaginava que ele tomaria a atitude que ela tanto queria há tanto tempo e muito menos pensou que ele se interessaria como naquele momento.
Sua mente era uma confusão. Ela não queria ao menos tentar argumentar.
Mas só conseguia pensar em como tudo aquilo complicaria as coisas. Como aquele beijo a fez sair dos eixos e pensar que, talvez para , não significaria metade do que ela sentia.
Para , talvez fosse somente um caso daquela festa.
Assim como todas as outras garotas foram. se afastou abruptamente, como se tivesse levado um choque enorme. Deixou os olhos caírem sobre ele outra vez.
não a olhava diferente. O beijo ao menos parecia tê-lo afetado de alguma forma.
Ela pôde sentir seu coração doer. Doeu aos pouquinhos até não aguentar mais e sentir seus olhos arderem.
— Isso foi um erro enorme, … Nós não… Eu… Eu preciso ir.
E sem dizer qualquer outra coisa, apenas engoliu em seco, se virando para sair dali o mais rápido possível. sabia que ele não viria atrás. não faria aquilo de jeito nenhum, o que a deixava ainda mais magoada, não com ele, mas consigo mesma.
Consigo mesma por acreditar que algo poderia ser diferente, logo com ela. Por acreditar que ele poderia ser a única pessoa que a faria ficar em New Hampshire.
Tola. Inteiramente tola.
Ela já devia saber. Hanover não era lugar para ela e agora só tinha certeza de que precisava sair dali o quanto antes para ir embora.
Sem sua família, sem seus amigos.
Somente ela, como sempre havia sido.


You're on your own, kid,
You always have been,
Yeah, you can face this…




Fim.





Nota da autora:Oi, pessoal! Aqui estou com mais uma fic para vocês! Espero que tenham gostado e não esqueçam de deixar um pequeno feedback com o que acharam! E para quem se interessar em outras histórias minhas, o link da minha página de autora vai estar logo aqui embaixo. Um beijão a todas, e volte sempre <3

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