05. My Darlin

Finalizada em: 19/04/2020

Capítulo Único

A chuva caía pesadamente, eu apenas olhava as gotas escorrerem pela janela. Estava sentado no sofá que havia bem diante a janela e nada mais me importava além daquela chuva e de suas hipnotizantes gotinhas. Nada mais me importava há um longo tempo, desde que tudo acabara e eu me vira sem motivos para viver. De que me importava viver se ela não estava ao meu lado? Se tudo o que aconteceu entre nós foi uma mentira?
Seus olhos tão azuis e límpidos pareciam um oceano, ainda mais repletos de lágrimas. Ela comprimiu os lábios ao olhar para mim, como se não quisesse dizer o que eu a forçava dizer; sua cabeça balançava de um lado para o outro, como se ela negasse qualquer pensamento ou acontecimento.
- Não me force a isso, . – ela sussurrou, pela primeira vez olhando diretamente para mim. – Não faça isso.
- , eu preciso saber. – insisti e ela sacudiu a cabeça mais ainda.
- Não. – ela disse suplicante. – Não, .
- O que esses anos foram para você? – perguntei. Ela me olhou, os olhos azuis transbordando em lágrimas que agora escorriam livremente por seu rosto.
- Por favor, . – ela pediu. Eu sabia que ela não queria falar sobre aquilo, eu podia ver a dor em seus olhos e podia sentir a minha própria dor, mas eu precisava saber.
- Fale. – pedi.
- Eu tentei, , juro que tentei! – ela disse e soluçava fortemente. – Mas eu não consegui. Em um ano e meio tudo mudou para mim, e eu não consegui voltar a ser o que era antes. Perdoe-me, , por favor, me perdoe.
- Pelo quê?
- Por não te amar mais. – ela disse e fechou os olhos. Sentou-se no sofá e afundou sua cabeça nas mãos. Senti meu chão sumindo e não conseguia mais entender nada. – Me perdoe.

Na mesinha de centro, sua foto sorria para mim. Fechei meus olhos, lembrando-me de todos os momentos com ela, ao seu lado. De sua risada infantil, seu sorriso tímido, suas covinhas que apareciam com seus sorrisos, de sua voz melódica e suave, de suas caretas quando fazia alguma piada ou algo que ela não entendia acontecia.
E eu nunca mais veria isso, nunca mais teria seus braços me abraçando, suas mãos me fazendo cócegas, seus pés sobre os meus quando dançávamos lentamente na sala. Não a veria dormindo como um anjo, suas danças quando achava que estava sozinha em algum cômodo. Nunca mais ouviria sua voz desafinada quando ela cantava no chuveiro, suas risadas escandalosas e seus gritos estridentes com filmes de terror.
Só me restavam fotos e memórias de um passado feliz que tornava meu presente infeliz, e isso me matava a cada dia que passava. Não suportava ficar sem ela, pois ela era meu tudo.
Ela não protestou quando eu a deixei sozinha no apartamento, ele era dela mesmo, e ela não me amava mais, eu não importava para ela.
As pessoas me olhavam na rua, outras simplesmente me ignoravam, mas eu não me importava com elas, pois elas não existiam para mim, ninguém mais existia para mim.
Eu caminhava sem rumo, meus pés me guiavam. Atravessei ruas sem olhar antes, para me certificar se carros vinham. Passei por praças, atrapalhei jogos infantis, crianças me xingavam e mães, motoristas e outros ralhavam comigo. Mas eles eram apenas um ruído em meus ouvidos, algo distante que não acrescentavam nada em minha vida. Eles não sabiam nada da minha vida, não tinham direito de me julgar.

Nós corríamos pela chuva, pulávamos nas poças de água e ríamos como duas crianças que nunca haviam ficado na chuva.
- Deveríamos voltar. – ela disse em meu ouvido. Concordei com ela.
Corremos para minha casa, que era onde estávamos antes. Encharcamos o chão da sala, o tapete do corredor e o carpete de meu quarto. Nós dois rindo mais do que qualquer outra pessoa normal.
- Vamos pegar um resfriado. – eu disse e ela apenas sorriu mais ainda.
- Então devíamos tomar um banho. – ela se aproximou de mim e seus dedos se encaixaram em minha calça, por dentro.
- ... – eu disse, respirando fundo.
Mas nada que eu dissesse a faria parar, uma vez que seus lábios já beijavam toda a extensão de meu pescoço, chegando ao lóbulo da orelha – onde ela mordeu levemente – e passando por meu rosto até encontrarem meus lábios. Coloquei meus braços em volta de sua cintura, puxando-a para mais perto de mim. Nossos corpos colaram um no outro, um arrepio passou por mim ao sentir sua mão gelada em minha nuca.
Tirei a blusinha que ela usava e joguei para longe, ela tirou minha camiseta. Suas mãos percorriam minhas costas e me arranhavam, provocando gemidos e arrepios em mim. Ela inclinou a cabeça para trás quando beijei seu pescoço, os olhos cerrados e os lábios entreabertos. Tirei seu sutiã e beijei tudo aquilo que ele segurava antes, sorrindo quando ela soltou um gemido abafado.
Suas mãos puxaram meu cabelo quando a mordi de leve nos seios. Voltei meus lábios para o dela, enquanto ela se ocupava a desabotoar minha calça. Eu tirei a calça dela, senti um calafrio quando senti seu corpo frio de encontro com o meu, também frio. Lentamente fui empurrando-a para a cama, onde a deitei calmamente e me posicionei por cima dela.
Ela me puxava para mais junto dela, e eu a obedecia. O desejo já nos tomara e eu me posicionei por entre suas pernas, que ela passou por meu quadril. Penetrei-a lentamente, ouvindo seu gemido quando cheguei ao final; me ajudou com os movimentos, me impulsionando a ir mais rápido. Seus gemidos em meu ouvido me faziam ir à loucura e eu aumentava o ritmo a cada investida.
Rapidamente a água em nossos corpos sumiu, dando lugar a um calor e ao suor que eu sentia escorrer por minhas costas. ofegava junto comigo, seus olhos fechados enquanto ela me arranhava, apertava e puxava. Meus gemidos acompanhavam os dela e juntos chegamos ao ápice.
Deitei ao lado dela, ofegante e senti sua mão percorrendo meu abdômen enquanto ela apoiava a cabeça em meu ombro. Passei o braço por seus ombros e a puxei para mim; ouvi seu suspiro e ficamos ali por um longo tempo, em silêncio, apenas ouvindo a chuva.


Joguei para bem longe o porta-retratos ao meu lado, me odiando por lembrar aqueles momentos que só me traziam mais dor e sofrimento. Eu duvidava que sentisse metade do que eu estava sentindo, duvidava até que ela já tivesse sentido algo por mim.
A dor mudou para ódio, dela e de mim por acreditar em todas as suas palavras, por acreditar em seus sorrisos e suas risadas. Ódio dela por me iludir por esses anos, por continuar fingindo e me fazendo criar um futuro para nós. Se pudesse, nunca mais olharia para ela novamente, nunca mais falaria com ela.

- Você se lembra do verão passado? – perguntei a ela. – Aquele que você viajou para Londres e ficou lá durante três meses.
- Sim. – ela murmurou. Seus olhos ainda estavam curiosos, ela devia estar se perguntando por que eu voltara para lá.
- Você pensou em mim quando estava lá? – perguntei. – Ou você não me amava mais naquela época?
- , o que... – ela começou, mas parou quando coloquei uma caixa a sua frente.
- Adeus, . – eu disse e saí de seu apartamento, daquela vez para sempre. Deixando-a apenas com todas as cartas que eu havia escrito para ela enquanto ela estava em Londres. Eu tinha a mínima esperança de que ela se arrependesse de tudo o que havia feito e voltasse para mim, mas era querer demais.


Ela nunca mais voltou. Nunca mais me procurou. Seus e-mails sempre retornavam e eu desisti depois de um longo tempo. Tudo acabara e eu era o único que sofria com aquilo. Porque eu sabia que agora ela deveria estar em qualquer outro lugar, com outro namorado... Outro que ela iria iludir e destruiria todas as esperanças depois de três meses em algum outro país.
A chuva parou e eu sorri quando vi que a força retornara. Resolvi que deveria me distrair, não adiantava mais pensar nela. Seria um processo difícil, esquecer cada memória que compartilhamos, o quanto cada lugar daquela cidade parecia ser mil vezes mais especial agora que estávamos longe um do outro. Mas eu sabia que não seria impossível, se ela havia conseguido me esquecer e todo nosso passado, eu também o faria.




Fim.



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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