Não sei exatamente por qual motivo as pessoas dão tanta importância para algo que diz respeito somente a sua própria vida. Quero dizer, eu estava deitado no meio de duas mulheres na manhã de um sábado, imaginando os julgamentos das pessoas se elas soubessem daquilo.
Eu nunca disse que prestava e nunca neguei nada do que eu já fiz durante os meus vinte e quatro anos. Tanto que os comentários maldosos dos conhecidos, os conselhos dos amigos e os avisos das tias dizendo que eu iria pro inferno por fazer tanta “coisa errada ” não interferia em nada na minha vida.
O que eu mais gostava da vida de solteiro, era que eu não machucava ninguém com as minhas atitudes. Eu podia ficar com mil mulheres na noite, com o consentimento delas, é claro, sem me preocupar que alguém sofreria com isso.
Nunca fui contra relacionamentos sérios, inclusive passei por essa experiência algumas vezes e não foi algo ruim. Mas eu estava solteiro no momento, porque a única pessoa que eu tinha interesse em assumir uma relação, só conseguia enxergar o meu lado galinha.
era o seu nome, éramos do mesmo grupo de amigos e ficávamos sempre que tínhamos uma oportunidade. Mas, como eu já disse que nunca escondi o que eu faço, ela não levava a sério quando eu falava que queria ter algo mais sério com ela.
conseguia me atingir de uma forma que poucas pessoas já conseguiram. Por muitas vezes eu fiquei sem saber o que fazer quando eu estava ao seu lado, provavelmente ela não sabia o poder que tinha sobre mim. Com ela eu conseguia sentir as famosas borboletas no estômago. Nunca tive o que reclamar da vida de solteiro, mas também não reclamaria se tivesse que sossegar ao lado dela.
Era quarta-feira quando combinamos de ir em uma balada com um casal de amigos que iriam se casar no próximo sábado, juntamente com os demais casais de padrinhos. Eu seria padrinho com e eu estava extremamente feliz por isso. O local tinha jovens de todas as idades e estava bem lotado.
- Quando a gente casar nem vou precisar fazer despedida de solteiro, já que todas as noites, perece que estou em uma. – Falei no ouvido de , que bebia um whisky e dançava sozinha ao redor da nossa mesa. – Mas de realizar o meu desejo de transar na praia eu não abro mão.
- Você consegue ser extremamente ridículo sem muito esforço. - Ela comentou tentando segurar a risada.
- Eu sou sincero, é diferente.
- Já beijou quantas bocas hoje, ? - me olhou enquanto perguntava, bebeu mais um pouco enquanto esperava pela resposta.
- Nenhuma, estava esperando você chegar.
- ... – Arqueou a sobrancelha a espera de uma resposta diferente.
- Tá bom, tá bom, foram algumas só, mas depois que você chegou todas elas perderam a graça. - Falei a verdade, eu simplesmente não conseguia mentir pra ela.
- Você não me engana. – Ela negou com a cabeça e saiu em direção a pista de dança.
Depois que ela chegou, de fato todas as outras garotas perderam o brilho. Eu só conseguia enxergar a no meio de tantas pessoas.
Quando a festa acabou, a acompanhei até sua casa, já que era bem próximo e estava tarde para ela ir sozinha e a pé. Fomos abraçados, conversando assuntos aleatórios, como se fôssemos um casal apaixonado.
- Olha como a lua tá linda. - Ela falou depois de olhar pro céu.
O céu estava limpo, sem nenhuma nuvem ou estrela, em compensação, a lua brilhava como nunca, deixando a noite ainda mais bonita.
- Só faltou as estrelas, ai sim ela estaria bem mais bonita. - Completei olhando para cima.
- Claro que não, .
- Com as estrelas, a lua parece se destacar mais. Sozinha ela é linda, mas com as estrelas ao redor ela se supera.
discordava do meu raciocínio, mas eu continuei tentando explicar.
Imagina uma pessoa arrumada sozinha em um lugar, ela não deixaria de estar arrumada por isso. Mas, se ela estivesse no meio de pessoas que não estão tão arrumadas quanto ela, ai sim essa pessoa se destacaria. Era mais ou menos isso que eu estava tentando explicar.
- Cadê o meu beijo de despedida? – Eu perguntei assim que cheguei na frente da sua casa.
- Eu não vou te beijar sabendo que você pegou toda a balada.
- Então se não fosse isso você me binária? - Falei e ela riu, negando com a cabeça. – Passo aqui amanhã então.
- Eu não disse que sim. - Ela gritou quando eu já estava bem longe.
- Mas também não disse que não. – Gritei de volta, jogando beijinhos pelo ar.
No dia seguinte, passamos a noite juntos e como sempre foi maravilhoso. era a minha pessoa, eu não tinha dúvidas, com ela tudo era diferente, e de um jeito bom.
- Por que não podemos ficar juntos? – Eu perguntei enquanto fazia um carinho em seu cabelo, já que ela estava deitada em meu peito.
- Eu não consigo confiar em você, .
- É só isso que te impede de dar uma chance a nós dois? – Perguntei baixo devido a nossa proximidade.
- Sim. Eu gosto de você, mas você só me mostra que eu não devo te levar a sério. – Pelo seu tom eu podia jurar que ela estava magoada.
De todas vezes que conversamos sobre, aquela vez parecia ser a mais séria. Talvez por que quanto mais o tempo passava, mais a gente se apegava um ao outro. Sim, eu sabia que ela também sentia algo por mim, mas o seu medo de se decepcionar era maior.
- Não adianta falar já que você não acredita em mim, mas eu sou desse jeito porque não tem nada que me impede de ser assim. Porém, eu seria capaz de mudar por uma única pessoa que é você. Você mexe comigo, e, porra, eu gosto de você de verdade. - Coloquei tudo pra fora, respirei fundo para não alterar a minha voz. Eu estava nervoso demais com aquela situação.
- E por que você não muda? Por que você fala que gosta de mim em um dia e fica com a cidade inteira no outro? - me questionou e eu vi uma lágrima tomar conta do seu olhar.
Aquilo doeu em mim, nunca passou pela minha cabeça que ela se importava tanto com a bagunça que nós dois tínhamos. O pior de tudo é que eu tentei por muitas vezes mudar aquela situação, mas não dependia só de mim.
- Porque eu quero que você deixe de enxergar só o que eu faço ou deixo de fazer e preste atenção no que eu sinto, no que eu falo e no que eu sou quando estou com você.
- , eu já me machuquei muito. – Naquele momento ela chorava e era impossível esconder.
Eu só queria que ela acreditasse em mim, que entendesse que as coisas seriam diferentes se existisse algo a mais entre nós dois. Por mais que eu gostasse muito de , eu ia entender se recebesse um não. Mas a cada encontro nosso, surgia uma pontinha de esperança no meu peito, me deixando completamente confuso.
- Eu não sou as outras pessoas que você se relacionou. Sou assim por que estou solteiro, mas eu estou disposto a mudar por você, . - Falei e recebi apenas o seu silêncio. - Eu não vou insistir mais, se você quiser me dar uma chance de te fazer feliz, sabe onde me encontrar.
Ela continuou em silêncio enquanto eu me trocava. Vesti minha roupa, dei um beijo em sua testa e sai. O silêncio dela já dizia muito, já era uma resposta.
Os dias passaram rápidos e logo o sábado do casamento chegou. A igreja estava linda, e mais linda que toda a igreja decorada, estava com seu sorriso que curava qualquer tristeza. Não nos encontramos depois daquela última noite, mas mesmo assim ela me olhava com um brilho nos olhos. Podia jurar que a minha felicidade por entrar com na igreja era do mesmo tamanho da alegria dos noivos que diriam sim em instantes.
Diferente do que eu imaginava, não estava diferente comigo. Tanto que quando saímos dá a igreja em direção à festa, ficamos o tempo inteiro juntos.
Como sempre, todas as outras pessoas perderam a graça, conseguia toda minha atenção sem nenhum esforço.
Estava em uma mesa afastada, em um canto mais escuro do salão, cansados de dançar e de beber. Já era madrugada e, apesar das pessoas continuarem todas ali, eu imaginava que a festa estava perto do fim.
Eu não estava bêbado para ver coisas que não existiam, por isso quando vi retirando o pano que enfeitava a mesa com máxima descrição, eu me perguntei se ela estava ficando louca. Ela, com toda calma do mundo, enrolou o pano branco, colocou embaixo do braço e se levantou.
- O que você está fazendo, ? – Perguntei, me levantando também.
- Eu vou devolver, mas nem vai fazer falta. Agora cala a boca e vem comigo. - Ela andou em direção à saída como se nada tivesse acontecendo.
Não tive escolha a não ser segui-la. Durante todo o caminho a única coisa que ela falava era pra eu calar a boca, sempre que eu perguntava para onde estávamos indo, se ela iria me matar e enrolar o meu corpo naquele pano ou algo do tipo.
Se eu já não estava entendendo nada, quando chegamos na praia eu entendi menos ainda. Ela ignorou por completo a minha existência e eu não pensei muito antes de segui-la mais uma vez, quando ela foi em direção à areia.
Com toda calma e paciência que eu não sabia que a tinha, ela tirou os saltos e abriu o pano na areia, bem perto do mar e longe de qualquer movimento, o que era um pouco improvável devido ao horário .
- O que você está fazendo? – Eu perguntei quando ela me encarou com um sorriso nos lábios.
- Realizando o desejo do meu futuro namorado. – Ela disse antes de me beijar.
Não pensei muito apesar da surpresa, apenas retribui e nos amamos ali mesmo, ao ar livre, com um pano roubado nos servindo de colchão.
- De fato a lua parece brilhar mais quando tem as estrelas ao redor. - Ela quebrou o silêncio que existia entre nós.
- Essas estrelas equivalem a todas as paixões que tive na vida. - Sussurrei e senti socar o peito sem delicadeza. O melhor de tudo foi ouvir sua risada depois.
- E qual delas eu sou?
- Nenhuma. - Disse e vi que ela ficou confusa. - Adivinha o que que você é no meu céu?
- Não faço ideia.
- Chuta. Se todas as estrelas são as paixões e você é meu único amor, então você é...
- A lua? – Ela perguntou e eu afirmei com a cabeça.
E então ela entendeu que as estrelas precisaram existir para que ela brilhasse tanto na minha vida.
E depois daquele momento, minhas noites nunca mais foram às mesmas.

Nota da autora: Espero que vocês gostem desse conto, não esqueçam de comentar o que acharam. Para conhecer outras histórias minhas, acessem o meu grupo:




Nota da beta: Que conto mais fofinho, Bruno, apaixonei aqui na delicadeza que as coisas foram feitas, viu? Meus parabéns! <3

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