Fanfic Finalizada: 05/10/2018

Capítulo único

Quinta-feira, 30 de maio

Olhei novamente para a mesa posta para dois, observando a cadeira vazia a minha frente. Respirei fundo e observei o relógio preso à parede, vendo que já passava das dez da noite. Bryce não devia estar na rua ainda, mas bem, Bryce não devia fazer também um milhão de outras coisas, e ele fazia. Balancei a cabeça, tentando ignorar mais um de seus vacilos. Olhei para o prato vazio a minha frente e olhei para a travessa mediana de macarrão ao molho branco, sentindo apenas a falta de apetite. Levantei-me da mesa e fui para o quarto, tirando o chinelo e deitando na cama, com o vestido que eu geralmente usava para ir passear.
Eu não entendia o motivo pelo qual nossa relação andava nessa direção, deixando-me assustada no começo de cada dia, pois não sabia como o dia terminaria, ou melhor, como minha relação e de Bryce terminaria. Ele havia sido o único homem de minha vida, pois aos quinze anos começamos o namoro e, desde então, não tínhamos terminado. Eu sempre o tive ali ao meu lado, acompanhando-me em todo momento, por sete anos consecutivos, mas agora a relação esfriara.
Estava perdida em pensamentos quando ouvi a porta da sala bater, sendo seguida por alguns objetos caindo no chão. Logo a figura de Bryce tomou conta de minha visão, parando no batente da porta e apoiando-se ali, enquanto me encarava com um sorriso sujo. Bryce estava visivelmente bêbado, com a camisa social amassada e a gravata frouxa.
- Você andou bebendo? - questionei mesmo sabendo a resposta.
- Só um pouco. - Bryce riu, caminhando de modo bambo em minha direção. - Fomos comemorar a promoção de Lionel, apenas uma reunião dos homens da empresa.
- Você podia me avisar, eu fiz uma janta para nós dois e fiquei te esperando por horas. - suspirei e encarei Bryce que possuía um sorriso zombeteiro nos lábios.
- E eu lá ia adivinhar que agora você quer me agradar? - A expressão irônica fez meu rosto queimar de raiva. - Dá próxima vez, me ligue para avisar e eu vejo se consigo chegar cedo.
Fiquei atônita com o comentário escroto de Bryce, querendo saber onde diabos tinha se enfiado o homem pelo qual eu me apaixonei. Respirei fundo, não querendo cair nas provocações de um bêbado que não sabia o que falava. Fui tirada de meus pensamentos assim que senti a mão de Bryce passeando pelo meu corpo, enquanto o homem estava parado em pé ao meu lado. Arregalei os olhos, e dei um tapa em sua mão, fazendo o homem encarar-me raivoso. Levantei rápido da cama saí apressada do quarto, entrando no quarto de hóspedes ao lado e me trancando ali. Apoiei as costas na madeira da porta e deslizei até o chão, sentando-me ali abraçando minhas pernas.
- , eu estou bêbado, não queria te assustar. - a voz de Bryce adentrou o quarto, soando levemente arrependida.
- Essa não é a primeira vez, Bryce, e eu duvido que seja a última. - murmurei ainda sentada no chão.
- Claro que isso não irá se repetir, eu nunca faria algo contra a sua vontade. - Bryce bufou, fazendo com o que eu me sentisse culpada. - Vai, me desculpe, .
- Você me deixou esperando por horas. - murmurei, ouvindo após minha fala a risada irônica de Bryce. - Ainda chegou bêbado e tentou encostar em mim.
- Eu já te pedi desculpas, sem contar que eu estou bêbado e não estou errado. - a voz de Bryce saiu mais alta, enquanto a porta tremia em alguns momentos, eu sabia que ele socava a madeira. - Eu sou seu noivo, eu posso encostar em você quando quiser e onde quiser.
- Não, Bryce. - murmurei de modo tão fraco, que se Bryce ainda estivesse socando a porta, não teria escutado.
- Não? - outra risada irônica. - Eu vou ser a porra do seu noivo, eu posso fazer sim o que eu quiser com você.
- Você está bêbado, está fora de si. - afastei-me da porta assim que ela começou a tremer novamente. - Amanhã nós conversamos, você estará mais calmo.
- Você não vai dormir no nosso quarto? De novo? - Bryce socou a porta mais uma vez, quase fazendo com o que eu voltasse atrás em minha decisão.
- Não. - respondi simplesmente e outro soco foi deferido na porta, fazendo meu coração apertar, eu odiava ver Bryce sofrendo.
- Tudo bem, não reclame depois. - sua voz saiu magoada e pude ouvir outro soco. - Olha o que você faz comigo, .
A parte do meu coração que ainda estava inteiro quebrou no exato momento em que escutei aquelas palavras. Deus, eu era um monstro. Bryce me dava tudo, me proporcionava uma vida maravilhosa, e eu ainda dava esses ataques sem necessidade. Tudo bem que ele não era uma das melhores pessoas do mundo, ele era falho como qualquer um, mas em comparação comigo, ele era mais do que eu merecia.
A culpa tomava conta de todo meu coração e eu não conseguiria dormir sabendo que Bryce estava magoado comigo. Abri a porta silenciosamente e caminhei até a porta de nosso quarto que estava entreaberta.
- Eu não aguento mais, todo dia é a mesma coisa.- senti meu coração apertar-se ao ouvir Bryce falar aquilo. - Eu só me atrasei um pouco mais de três horas e ela fez todo um show pelo fato de que tinha feito um jantar para me agradar.
- Eu poderia pedir desculpas por deixar você preso no meio das minhas pernas por tanto tempo, mas eu não dou a mínima para sua noivinha. - a voz feminina logo preencheu o quarto e fez com o que meu estômago embrulhasse.
- Você acredita que eu fui tocar nela e ela saiu correndo como uma virgem assustada? - ouvi a risada de meu noivo e a mulher do outro lado riu junto. - Ela é tão patética.
- Ela é totalmente patética e sem sal, não sei o motivo pelo qual você ainda insiste em ficar brincando de casinha. - a voz feminina falou com descaso e Bryce riu. - Você me tem à sua disposição e ainda insiste em correr atrás dela.
- Eu amo ela, Rachel, já cansei de falar isto. - abri um sorriso bobo ao escutar aquilo, afinal de contas, era isso que importava, ele me amar.
¬- Amor? - a suposta Rachel questionou irônica, rindo logo em seguida. - Se você ama tanto essa mulherzinha, me diz o motivo pelo qual você troca ela por mim toda noite?
- Eu amo a . - Bryce falou mais forte, causando uma sensação boa em mim, enquanto Rachel ria novamente.
- Percebo o quanto você ama ela enquanto está me penetrando e urrando meu nome. - o deboche estava explícito na fala da mulher e a vontade de chorar ocupou todo meu ser, fechei os olhos fortemente, sentindo as lágrimas começarem a molhar meu rosto.
Saí dali o mais rápido possível, ainda não acreditava em tudo que tinha ouvido. Bryce nunca me deu motivos para que eu desconfiasse dele, sempre acreditei que seus atrasos eram por causa da empresa, e não que eu estava sendo traída. Tranquei-me novamente no quarto de hóspedes e sentei-me na cama, abraçando minhas pernas e chorando copiosamente.

Sexta-feira, 31 de maio

Já passava de meio dia quando eu saí do quarto de hóspedes e fui até o meu quarto, pegando o celular que estava ali. Ignorei todas as mensagens de Bryce, eu não estava pronta para falar com ele, se não eu soltaria em algum momento que ouvi sua conversa ontem à noite, e isso não acabaria muito bem. Disquei o rapidamente o número da minha única amiga e roí as unhas enquanto rezava para atender rapidamente o telefone.
- ? Está tudo bem? ¬- Allison questionou rapidamente, fazendo-me soltar um longo suspiro. - Céus, você sumiu! O que aconteceu nos últimos meses?
- Bryce ficou com ciúmes, precisei me afastar. - murmurei percebendo o quão ridículo era falar aquilo em voz alta.
- , nós já conversamos sobre isso milhares de vezes. - a voz de minha amiga saiu triste e imediatamente eu me senti culpada. - Ele não pode controlar a sua vida, ele não é seu dono.
- , tudo o que eu tenho é graças a ele. - suspirei cansada. - Ele me dá comida, casa e tudo mais o que eu preciso.
- Ele faz isso por que ele quer, e você aceita porque você quer. - eu conhecia perfeitamente bem para saber que ela estava revirando os olhos. - Você não precisa que ele te sustente, você tem um diploma e pode muito bem seguir sua área.
- Você sabe qual é a opinião de Bryce sobre tudo isso. - murmurei e suspirou.
¬- Sei, sei. “Mulher minha não precisa trabalhar, isso é papel do homem da casa”. - murmurou engrossando a voz, em uma tentativa falha de imitar a voz do meu noivo. - Até hoje não sei como você consegue aturar um homem tão machista assim.
- Ele não era assim quando nos conhecemos, eu não sei o que aconteceu. - bufei frustrada.
- Querida, ele sempre foi assim. Ele apenas não lhe mostrava. - suspirou. - Mas me diga, o que ele fez dessa vez?
¬- Ele chegou bêbado em casa, tentou tocar-me sem minha permissão e eu me assustei, saí correndo e me tranquei no quarto de visitas. - falei de uma vez só, após um longo período quieta. - Ele começou a gritar comigo e a socar a porta, eu me senti tão mal.
- Não tem problema você se sentir mal, acontece. Ele te assustou e tentou fazer algo sem sua permissão, é normal que você se sinta mal. - falou carinhosa. ¬
- Não, , você não entendeu. Eu me senti mal pelo o que eu causei a ele. - expliquei e ouvi tossindo algumas vezes.
- , você não fez nada errado, você não deve se sentir mal. - revirei os olhos, achando incrível a capacidade de de não ver o quanto eu estava errada.
- Claro que eu fiz. Eu fugi do meu próprio noivo, tirei a paciência dele e ainda o machuquei. - falar aquilo fazia com o que eu me sentisse pior.
- , nada disso é sua culpa. - falou com um tom de voz um pouco mais alto e esganiçado. - Ele pode ser um desconhecido ou o seu noivo, mas só pelo fato de tentar encostar em você sem a sua permissão, ele está errado!
- Mas...
- Não, , não tem mas e nem meio mas. Ele está errado e ponto! - bufou e eu encolhi os ombros. - Você não fez nada de errado. E se ele perdeu a paciência por você ter se trancado no quarto, ele é um escroto. Você não mata nem uma mosca, como você teria machucado ele?
¬- Eu deixei-o com raiva, ele começou a socar a porta. - murmurei. - Eu o machuco.
- Por Deus, , olha o que você está falando. Ele socou a porta porque quis, quem errou desde o princípio foi ele. - murmurou perplexa. - Me diga que ele nunca levantou a mão para te bater. ?
- Já aconteceu algumas vezes. - murmurei baixo, confidenciando isto para alguém pela primeira vez.
- Eu vou te buscar hoje mesmo, você não fica nessa casa nem mais um dia. - praticamente gritou.
- Allison, ele me ama. - murmurei, lembrando da conversa de ontem. - eu ouvi ele dizendo isso.
¬- Você o ouviu dizendo que te ama após ele tocar em você sem sua permissão e socar a porta enquanto lhe culpava por ele ser um desequilibrado? - exclamou nervosa e eu encolhi os ombros. - Ele teve a coragem de dizer que te ama após tudo isso?
- Ele não me disse, ele disse ao telefone, eu ouvi. - murmurei lembrando do resto da conversa. - Na mesma ligação em que eu descobri que ele me trai.
- ELE O QUE? - gritou e eu encolhi os ombros. - Desculpa, mas isso foi a gota d’água. Você não pode mais continuar nessa casa por mais nenhum minuto, muito menos com ele.
- Eu nunca fui contra o que ele queria, . Sempre fiz tudo o que ele quis. - murmurei.
- É exatamente por isso que ele é assim hoje, mas acabou, . - falava tão confiante que eu desejava ser ela. - Você vai se impor, vai jogar tudo na cara dele e dizer que acabou.
¬- Mas...
- Nenhuma amiga minha vai viver em um relacionamento abusivo, muito menos você. - respirei fundo, cogitando o que realmente fazer. - Eu sei que você está assustada, nunca cogitou a ideia de um dia ir contra ele, mas você precisa. Você não pode ficar presa nesse relacionamento. Você é a única pessoa desta relação que realmente está sofrendo, Bryce está atacando o seu psicológico para fazer com o que você se sinta culpada, quando o único que deveria sentir culpa, é ele.
- Eu não sei que eu consigo fazer isso. - murmurei, derrotada comigo mesma.
- Claro que você consegue, você é mais forte do que sequer imagina. Pense em você mesma, pela primeira vez na vida.
- O que você espera que eu faça?
- Eu espero que você se imponha, fale tudo o que você pensa. Eu sei que você nunca fez isso, mas você não pode passar o resto da sua vida presa nesse relacionamento.
- Eu vou tentar, .
- Faça isso por você, por favor. Preciso desligar agora, nos falamos depois. Pense em tudo que eu te falei, te amo.
- Também te amo.
Finalizei a ligação e saí do quarto, caminhei até a sala e deitei-me no sofá, ligando a televisão e procurando algo que prendesse minha atenção no catálogo da Netflix. Passei o resto da tarde vendo filmes românticos e só levantei do sofá quando o relógio já marcava mais de sete horas. Peguei o celular e abri na conversa de Bryce, ignorando as primeiras mensagens.
Bryce [6:15 pm]: É a milionésima vez que eu te peço desculpas, não me ignore.
Bryce [6:17 pm]: Eu sei que eu errei, mas fale comigo.
Bryce [6:19 pm]: Eu odeio quando você me ignora. Porra , me responda logo!
Bryce [6:21 pm]: Me desculpa pelo palavrão, mas você me faz perder o controle.
Bryce [6:33 pm]: Para de me dar gelo, .
Bryce [6:45 pm]: É seu dia de sorte, não vai precisar ver minha cara hoje, vou fazer hora extra.
Bryce [6:57 pm]: Eu só aceitei essa hora extra pois eu te amo muito e sei que você não quer me ver.
Bryce [7:03 pm]: Você não vê tudo o que eu faço por você?!
Selecionei as mensagens e mandei para a conversa de , bloqueando o celular logo em seguida e indo para a cozinha. Coloquei o aparelho na bancada de frente para os armários e abri a geladeira, pegando uma torta de limão. Peguei um garfo de sobremesa e peguei o celular sobre a bancada, seguindo para a sala. Sentei no sofá e a tela do meu celular ascendeu, mostrando as novas notificações.
Bryce [7:28 pm]: Não me espere acordada, não tenho horas para chegar.
[7:29 pm]: Me diga que você não caiu nessa história de “hora extra”.
[7:29 pm]: Ele está te avisando na cara dura que está te traindo.
[7:29 pm]: Ninguém, repito, NINGUÉM faria hora extra em plena sexta-feira.
[7:30 pm]: Estou indo te buscar, você vai passar essa noite aqui em casa.
[7:30 pm]: Não quero que ele chegue bêbado e repita o acontecimento de ontem.
[7:31 pm]: Estou indo, se arrume.
Respondi apenas um ‘ok’ para , pois sabia que não adiantaria e nada contestar com ela, e em partes pelo fato de que estava com medo de que Bryce fizesse algo igual, ou pior que ontem. Terminei de comer a torta rapidamente e joguei a embalagem no lixo, seguindo para o quarto e montando a bolsa com tudo que era necessário para passar uma noite fora.
Voltei para a sala com a bolsa pronta e peguei o celular, vendo a mensagem de dizendo que já estava em frente ao meu prédio. Travei no meio da sala, enquanto minha mente fazia uma lista de prós e contras sobre sair por aquela porta e dormir fora sem o consentimento de Bryce. Eu sabia que a partir do momento que eu cruzasse aquela porta, estaria tomando minha decisão e pegando minha liberdade, que tinha sido arrancada de mim.
Abri a porta rapidamente e saí do apartamento, trancando a porta e caminhando o mais rápido possível até os elevadores, antes que meu pequeno momento de coragem se esgotasse. Praticamente me joguei dentro do elevador assim que as portas abriram e apertei rapidamente o botão do primeiro andar. Saí apressada do elevador, como se a qualquer momento Bryce pudesse aparecer ali no hall e cumprimentei o porteiro, logo indo para a rua, vendo o carro de parado logo a frente do prédio.
- Eu ia te buscar, mas prefiro que o porteiro não avise ao Bryce que fui eu quem te buscou, ele poderia aparecer lá em casa do nada e eu não me controlaria. - falou rapidamente, enquanto eu entrava no carro. - Pensei que você não iria, fico feliz que depois de tanto tempo você finalmente está fazendo o que quer.
- Admito que até eu estou surpresa comigo, eu nunca fiz algo que Bryce não apoiaria. - murmurei dando de ombros. - Sendo sincera, estou até com medo de como ele vai reagir ao chegar em casa e não me encontrar.
- , você não pode viver com medo do homem que mora com você, isso está errado.
- Eu sei, eu preciso dar um fim nisso, mas nunca acho coragem. - mordi minha bochecha internamente e tirou a mão do volante, fazendo carinho rapidamente sobre a minha mão.

Sábado, 1 de junho

Após almoçarmos, me levou para casa após eu praticamente implorar-lhe. Seguimos o caminho todo em silêncio, enquanto minha cabeça parecia explodir com o tanto de pensamentos que rondavam minha mente.
- Chegamos. - quebrou o silêncio e sorriu em minha direção.
- Muito obrigada, por tudo. - inclinei meu corpo em direção ao de e nos abraçamos de modo desajeitado.
- Eu sou sua amiga, estou aqui para tudo que você precisar. - segurou meu rosto com suas mãos e beijou minha testa. - Qualquer coisa, é só me ligar.
- Tudo bem. - murmurei e afastei-me de , abrindo a porta do carro e saindo do mesmo.
Passei pelo hall cumprimentando o porteiro e adentrei o elevador, apertando meu andar no painel e tentando manter-me calma, enquanto apertava a alça de minha bolsa. O elevador logo parou no local indicado e eu saí do quadrado de metal, andando em direção ao apartamento enquanto pegava a chave na bolsa.
Parei em frente à porta e fiquei ali alguns segundos, criando a coragem necessária para destrancar a porta e entrar no apartamento, trancando-o logo em seguida.
- Você está maluca? Onde você estava? - a voz firme de Bryce fez com o que eu me assustasse e colasse minhas costas na porta. - Eu surtei quando cheguei em casa e você não estava em nenhum canto.
- Achou que eu finalmente tinha tomado coragem e te largado? - murmurei irônica, surpreendendo-me e surpreendendo Bryce.
- Me diga o motivo pelo qual você me largaria. - Bryce aproximou-se, com os braços cruzados e um olhar desafiador. - Tudo que você tem é por minha causa.
- Talvez seja pelo fato de que você não me deixa trabalhar, talvez seja por isso, não sei. - ri irônica e desencostei meu corpo da porta, querendo sair dali. - Você faz com o que eu dependa de você.
- Por que você saiu sem me avisar? Onde você dormiu? - Bryce falou de forma ríspida e puxou meu braço assim que tentei passar do seu lado.
- Estava por aí. - ri outra vez e puxei meu braço. - E você querido, onde estava?
- Como assim? - murmurou nervoso e passou a mão pelos cabelos. - Você sabe muito bem que eu estava na empresa.
- Na verdade não sei não. - ri novamente e Bryce arqueou a sobrancelha. - Eu liguei para a sua empresa, queria saber que horas você estaria chegando para que pudesse me desculpar com você.
- Você ligou? - Bryce engoliu em seco enquanto eu concordava com um aceno positivo. Eu não tinha ligado, mas ele não precisava saber disso.
- Liguei logo após sua mensagem, e adivinhe o tamanho da minha surpresa ao escutar Helena falando que você saiu da empresa um pouco antes das sete. - falei fazendo minha cara de desentendida, como se realmente não soubesse o que estava acontecendo.
- Eu fui trabalhar junto com o Lionel, ajudar ele com as coisas. - murmurou coçando a única e eu percebi o tanto de vezes que tinha sido feita de otária sem nem desconfiar. - Estávamos na casa dele.
Bryce me deu as costas, dando o assunto por encerrado. Eu ficaria quieta, como sempre fiquei, mas não hoje, não agora. Soltei uma gargalhada alta e irônica, atraindo a atenção do homem que me olhou confuso.
- Você deve achar que eu sou idiota né? - ri novamente, dessa vez mais contida. - Não, na verdade você me acha patética né?
- , você está maluca. - Bryce riu nervoso e cruzou os braços na frente do corpo. - Certeza que você está agindo assim por causa da noite de ontem. Onde você estava?
- Acho que onde você estava é mais importante. - ri e imitei a pose de Bryce.
- É oficial, você está maluca! - Bryce riu nervoso e eu arqueei minha sobrancelha. - Eu não quero discutir com você, , eu só quero que você me diga onde estava.
- Assim que você me disser onde você estava, e com quem estava. - sorri irônica e Bryce agarrou meu braço, fazendo meu sorriso sumir.
- Eu já te disse que estava com Lionel. - murmurou entredentes e apertou meu braço fortemente.
- PARA DE MENTIR! - exclamei nervosa, tentando puxar meu braço do aperto de suas mãos e falhando, fazendo com o que Bryce apertasse meu braço com ainda mais força. - EU SEI A VERDADE, EU OUÇO O QUE VOCÊ NÃO ESTÁ DIZENDO.
- Você surtou, não é possível. - Bryce segurou meus dois braços, apertando-os com força e sacudindo-me. - Você está ficando louca.
- Deve ser. - dei de ombros rindo irônica, tentando ignorar a dor que seu aperto causava. - Vai ver que finalmente você está me deixando louca.
- Do que você está falando?
- Me diz, quanto tempo você está me traindo? - Bryce soltou meus braços rapidamente, como se a pergunta surpresa tivesse lhe dado um soco.
A sala ficou em completo silêncio, mal podia ouvir nossas próprias respirações. Era como se tivéssemos parado de respirar naquele lugar.
- Você está maluca, da onde tirou isso? - Bryce colocou um braço de cada lado da parede, prendendo-me ali.
- Não precisa agir como se eu não soubesse, Bryce. Já pode parar de fingir. - tentei empurrá-lo, mas falhei miseravelmente.
- Você está tentando fazer com o que sua culpa se torne minha. - arqueei a sobrancelha em dúvida. - Você me traiu ontem e agora quer fingir que eu faço o mesmo.
- Não querido, até onde eu sei não fui eu quem se encontrou com a Rachel ontem. - sorri e vi Bryce arregalar os olhos enquanto se afastava.
- Como você sabe? - murmurou ainda perdido enquanto me encarava com a expressão surpresa.
- Acho que você nunca esperou que sua noivinha sem sal e patética descobrisse essas coisas né? - sorri irônica e comecei a caminhar para longe de Bryce. - Ou que ela não te confrontaria né?
- , nós precisamos conversar. Eu te amo. - Bryce começou a andar atrás de mim, enquanto eu ia para o quarto desfazer a bolsa.
- Deve me amar bastante enquanto está no meio das pernas da Rachel. - joguei todos os itens da minha bolsa sobre a cama e peguei o celular, guardando-o no bolso.
- Espera, você ouviu minha conversa? - o rosto de Bryce começou a ficar vermelho e eu segui até o closet, pegando algumas roupas e colocando na bolsa. - Me responda, , agora!
- Não foi proposital. - fechei a bolsa e coloquei-a em meu ombro.
- Quem você pensa que é pra escutar minhas conversas? - Bryce puxou-me pelo pulso e segurou meus braços, sacudindo-me, logo após me dando um tapa ardido no rosto. - Você não tem esse direito.
- E você não têm o direito de me tratar assim, e muito menos levantar a mão para me bater. - puxei meu corpo para trás, saindo do aperto das mãos de Bryce e cambaleando, enquanto acariciava o lado atingido de minha bochecha com minhas mãos.
- Eu sei, , me desculpe. - murmurou e levantou sua mão em direção ao meu rosto, fazendo com o que eu me afastasse. - Está vendo o que você faz comigo? Olha o que me fez fazer.
- Eu não tenho culpa de nada, Bryce. Você fez tudo isso sozinho. - estiquei meu braço em sua direção para que ele pudesse ver a marca de seus dedos por todo meu braço.
- Me desculpe, eu prometo que isso não vai mais acontecer. - Bryce tentou se aproximar e eu me afastei novamente.
- Você sempre fala isso, e eu estou cansada desse seu discurso repetitivo, pois eu sei que você não vai mudar. - murmurei e estendi a mão direita em sua direção, retirando o anel de noivado do dedo anelar e jogando na direção de Bryce. - Tenho certeza que Rachel irá adorar usá-lo.
Saí o mais rápido do prédio e entrei no primeiro táxi que vi, discando o número de incontáveis vezes e não conseguindo sucesso em nenhuma delas. Passei o endereço para o motorista e paguei a corrida assim que o carro estacionou na frente da casa de .
Apertei a campainha da casa algumas vezes, não recebendo resposta em nenhum momento. Bufei e sentei no terceiro e último degrau que ficava de frente para a porta. Nenhum barulho chegava até meus ouvidos, era como se o bairro tivesse parado e apenas eu continuasse ligada ali. Encarei meu dedo anelar vazio, sem a presença do anel que esteve ali por tanto tempo e senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
Eu começava a questionar-me se tinha tomado à decisão certa, eu não sabia o que fazer agora, eu só queria desaparecer, simplesmente parar de existir. O silêncio estava tão grande, que eu me ouvia pensando muito claramente, como se a voz de dentro da minha cabeça estivesse na verdade sentada ao meu lado enquanto falava comigo. O silêncio foi substituído pelo meu soluço que saía alto e arranhava minha garganta. As lágrimas caíam copiosamente de meus olhos, deixando meu rosto todo molhado.
- Céus, o que aconteceu? - só percebi a presença de quando a mesma já ajoelhava na minha frente e me abraçava.
- Faça com o que tudo desapareça, por favor. - enlacei meus braços em volta do corpo de , apertando-a fortemente e encaixando meu rosto na curva de seu pescoço.
- Porque ainda está aqui fora, ? - a voz masculina chamou minha atenção, fazendo com o que eu apoiasse o queixo no ombro de e encarasse o homem a suas costas. - ?
O silêncio caiu entre nós, enquanto olhava-me assustado. Abaixei o olhar novamente, já bastava me olhando daquele jeito. afastou seu corpo do meu e chegou um pouco para o lado, dando espaço para que também parasse a minha frente. Puxei os braços rapidamente, querendo escondê-los, mas segurou-os delicadamente, enquanto encarava as marcas em meus braços junto com . O ar pareceu ficar mais pesado e ninguém ousava falar nada. Por que não podemos quebrar esse silêncio finalmente?
- Nossa, você cresceu. - murmurei quanto encarava o homem a minha frente.
- Em quatro anos muita coisa acontece. - deu um sorriso de lado e segurou em meus cotovelos, fazendo com o que eu levantasse da escadinha. - Vamos entrar.
- Você pode nos deixar sozinhas? - encarou o irmão, enquanto o mesmo me acompanhava até o sofá.
- Você tem certeza? Você sabe, eu posso ficar aqui. - segurou minhas mãos e encarou-me.
- Sim, você está cansado da viagem. - sorriu e cutucou o irmão, fazendo com o que o homem me soltasse. - não irá a lugar algum, mais tarde vocês conversam.
- Certo. - murmurou a contragosto e soltou minha mão. - Depois eu pego as malas no carro.
- Quer me contar o que aconteceu? - questionou assim que subiu as escadas, sentando ao meu lado.
- Eu confrontei o Bryce, como você já deve ter percebido. - sorri irônica, estendendo meus braços em sua direção e tirando o cabelo da frente de meu rosto, deixando a marca avermelhada em minha bochecha a amostra.
- , isso não pode ficar assim, olha o que ele fez com você. - murmurou enquanto encarava as marcas em meus braços. - Você precisa fazer alguma coisa.
- Acho que eu já fiz. - mordi meu lábio e levantei a mão direita, deixando-a na frente do rosto de .
- Meu Deus. - piscou os olhos perplexa enquanto levava sua mão até a minha, tocando no meu dedo que já tinha a marca da aliança. - Como você está se sentindo?
- Eu sei que eu não devia, mas eu me sinto péssima. - encarei meus pés, envergonhada comigo mesmo. - Foram sete anos ao lado dele, não vai sumir tão rapidamente.
- Eu queria dizer que eu sinto muito, mas eu estou feliz por você ter se livrado desse relacionamento abusivo antes que as coisas piorassem. - abriu os braços e jogou-se contra meu corpo, abraçando-me fortemente e fazendo com o que eu chorasse em seu ombro.
- Mas no final das contas eu sinto que estou fazendo a coisa certa. Pela primeira vez eu fiz algo por vontade própria. - murmurei afastando-me de e secando as lágrimas. - Sabe, agora que terminei com Bryce, eu não tenho lugar pra ficar.
- Claro que tem, aliás você já está nele, bobinha. - abraçou-me novamente e eu ri fraco. - Se você quiser, eu posso ir na sua casa buscar algumas roupas.
- Tenho medo do que ele poderia fazer contra você. - suspirei, enquanto um nó arranhava minha garganta só em imaginar algo acontecendo a .
- Se ele ousasse triscar em mim, ele teria que se entender com . - sorriu, gabando-se do físico do irmão.
- Por que você não me disse que ele estava vindo te visitar? - murmurei afastando-me de e encarando a mesma.
- Pensei que você tinha superado a quedinha pelo meu irmão há quatro anos. - riu enquanto me encarava com a sobrancelha arqueada, fazendo-me rolar os olhos.
- Só você mesmo pra me distrair depois disso tudo. - soltei um riso fraco e sorri para .
- Essa é a minha função, eu sou sua melhor amiga. - piscou arteira e deu de ombros. - Mas voltando ao assunto, eu não te avisei sobre a visita de , porque ele não está me visitando.
- Como assim?
- Eu vou morar aqui. - apoiou-se no arco da porta e sorriu. - Só não fazia parte dos meus planos, a morando comigo.
- Você é um ingrato, eu te ofereço um teto e é assim que você me agradece? - resmungou cruzando os braços na frente do corpo, mantendo uma aparência infantil birrenta.
- Temos visita, , não seja malcriada na frente dela. - piscou em minha direção e eu arregalei levemente os olhos, fazendo-o soltar um riso baixo.
- Eu só não te mando à merda, pelo fato de que você acabou de vir de lá. - sorriu irônica e soltou um muxoxo. - Alias, não temos nenhuma visita aqui.
- Você não devia tratar sua amiga como se ela não existisse. - riu maroto e bufou.
- Não, seu idiota. - rolou os olhos. - não é visita, agora ela mora aqui também.
- Isso vai ser interessante. - sorriu arteiro. - Mas e o seu noivo?
- Não estamos mais juntos. - abaixei o olhar, fixando-o em um ponto qualquer no chão.
- Acredito que tenha sido ele quem deixou essas marcas em você. - o tom de voz descontraído e brincalhão não estavam mais ali.
Concordei com a cabeça e levantei o olhar, encarando . Suas mãos estavam fechadas em punho, seu sorriso arteiro fora substituído pelos lábios comprimidos em linha reta, enquanto seus olhos possuíam um brilho triste ao encarar-me.
- Você precisa depor contra ele. - aproximou-se e agachou-se a minha frente, segurando minhas mãos e sorrindo de forma carinhosa.
- Eu não sei se é uma boa ideia. - murmurei abaixando o olhar novamente.
- Olha o que ele fez com você. - sussurrou e soltou minha mão, passando sua mão pelas marcas em meu braço. - Podemos fazer com o que ele nunca mais chegue perto de você.
- Tudo bem, eu faço isso. - murmurei fraca, incerta se realmente devia fazer aquilo.
- Vamos, eu te levo até a delegacia. - levantou-se e eu neguei rapidamente com a cabeça.
- Não precisa, depois eu vou lá. - dei de ombros, fazendo pouco caso em realmente ir até a delegacia.
- Eu estou indo pra lá agora, vou resolver a papelada sobre a minha transferência. - sorriu e estendeu-me a mão. - Eu sei que você está incerta sobre isso, mas você precisa fazer isso por você.
Olhei novamente a mão de estendida em minha direção e troquei um olhar rápido com o , segurando firme na mão de seu irmão e vendo minha melhor amiga sorrir feliz pela minha ação.

...


- Viu, foi moleza. - sorriu enquanto me encarava, voltando a olhar para a estrada logo em seguida.
- É. - murmurei fixando o olhar na janela do carro.
- Você não está em errada em ter denunciado ele, você não precisar ficar sentindo essa culpa, . - senti a mão de fazendo um leve carinho na minha mão e virei o olhar em sua direção. - Eu já estive em vários casos assim, vocês nunca são a culpada, independentemente do que eles falam, nunca.
- Ele dizia que fazia isso comigo porque eu pedia. - ri irônica e encarei , que apertou levemente minha mão em um sinal de apoio. - E sabe, eu acreditava em tudo o que ele dizia. Eu achava que era minha culpa, eu me sentia culpada.
- E o que fez você perceber que você não tinha culpa do que ele lhe causava?
- Sua irmã. - sorri verdadeiramente e encarei-o. - Eu contei tudo a ela, até mesmo a traição que eu descobri recentemente.
- Ele ainda te traía? - murmurou nervoso e eu concordei com a cabeça. - , ele era um verme. Fico feliz que você tenha se livrado a tempo.
- Os dois últimos dias foram uma bagunça. - respirei fundo e dei de ombros. - Mas eu não me via fazendo isso há uma semana atrás.
- E o que mudou?
- Não sei, acho que eu finalmente acordei depois de ouvir tudo o que ele falou pra amante, sua irmã também foi bem essencial. - sorri fraco e encarei , percebendo que o mesmo intercalava entre observar a rua e o meu rosto.
- Queria ter estado perto para te ajudar, às vezes não é muito boa em conselhos. - riu e eu o acompanhei.
- Ela foi realmente útil dessa vez. - ri enquanto lembrava os piores conselhos que já tinha me dado.
- Pensa pelo lado positivo, você e vão poder realizar o sonho adolescente de vocês, agora vocês vão dividir o mesmo teto. - piscou e voltou o olhar para frente, enquanto eu virava o olhar para janela, tentando esconder a vergonha.
- Verdade, não tinha parado pra pensar nisso ainda.
- Agora em vez de aturar um , você terá que aguentar dois. - murmurou divertido.
- Céus, onde eu fui amarrar meu burro. - revirei os olhos fingindo não gostar daquela ideia e riu.
- Nem adianta você fingir que não está feliz, eu sei que sempre foi sem sonho morar comigo. - sussurrou assim que estacionou e eu arregalei os olhos em sua direção, não acreditando que ele tinha escutado aquilo. - Aliás, eu faço tudo em casa, a Sra. até hoje se arrepende por eu ter saído de casa.
Saí rapidamente e caminhei apressada em direção à casa de , que a partir de hoje também seria minha e de . Só soltei a respiração, que eu nem sabia que estava presa, quando já estava dentro de casa e longe de . Entrei na sala e estava sentada ali, praticamente do mesmo jeito que estava horas antes quando saí de lá.
- E então, o que aconteceu? - me puxou para o sofá assim que eu me aproximei.
- Seu irmão insinuou que morar com ele, era meu sonho. - exclamei levemente chocada.
- E ele não mentiu né. - murmurou divertida e eu revirei os olhos. - Mas eu estava perguntando sobre o que aconteceu na delegacia.
- Hm, é, claro. - corei e riu. - foi resolver algumas coisas e eu falei tudo o que vinha acontecendo. Era uma policial que estava comigo na sala, eu me senti bem mais confortável.
- Sobre o que as madames estão falando? - debruçou-se no batente da porta e ficou ali nos encarando.
- Meu depoimento. - murmurei rápida enquanto revezava o olhar entre os dois irmãos, escutando a risada de soar irônica pela sala.

...


Segunda, 10 de Junho

Faziam exatos nove dias desde que eu estava morando com os e eu já me sentia mil vezes melhor, levando-me a questionar se antes eu não era feliz todos esses anos ao lado de Bryce.
me ajudou com tudo necessário, principalmente na busca por um trabalho. Eu tinha feito uma faculdade e eu nunca trabalhei em minha área, exceto em um estágio dado pela faculdade para cobrir as horas necessárias. As coisas em minha vida pareciam estar andando na direção certa.
- Vocês vão fazer alguma coisa no último final de semana do mês? - ouvi a voz de após um bom tempo comendo apenas em silêncio.
- Não que eu saiba. - deu de ombros e enquanto encarava a irmã.
- Meu ciclo de amizade gira em torno de vocês dois, então né. - murmurei divertida.
- Que tal se acamparmos? - perguntou animada enquanto encarava nós dois.
- Por mim, tudo bem. - sorriu para a irmã e passou a encarar-me.
- Vai ser legal. - sorri para os dois e voltei a atenção para o prato;
O resto do jantar baseou-se em assuntos aleatórios do dia a dia e as informações sobre o acampamento. informou que levaria o homem que ela estava tendo um caso e que mais algumas colegas iriam. Como era segunda, a louça do jantar era minha e de , nós revezávamos todas as tarefas da casa entre nós.
- Você lava e eu guardo? - perguntou após retirar meu prato e ir até a pia.
- Prefiro guardar hoje. – murmurei, apoiando meu corpo na bancada ao lado da pia. - Estou com cólica, prefiro evitar mexer com água.
- Ué, você não toma banho nesses dias? - encarou-me com a sobrancelha arqueada e eu ri enquanto balançava a cabeça negativamente.
- Você me entendeu. - dei um soco fraco no braço de e tomei seu lugar na frente da pia. - Pensei que você estaria mais maduro que a sua irmã agora, você sabe né, três anos na diferença de idade.
- Você está me chamando de infantil, ? - aproximou-se enquanto abaixava a cabeça para ficar na minha altura.
- Não, você que insinuou que sua irmã é infantil, eu só comparei você com ela. - levantei as mãos enquanto sorria.
- Você está muito engraçadinha. - balançou a cabeça negativamente e eu ri.
- Será que você pode me deixar trabalhar em paz? - murmurei e arqueou a sobrancelha novamente.
- Você está insinuando que eu estou te atrapalhando? - fingiu-se afetado e eu ri.
- Nunca que eu insinuaria uma coisa dessas. - ri e empurrei com o ombro, fazendo com que o mesmo segurasse em meu ombro e me virasse de frente para ele.
- Sabe, eu sempre te achei uma pessoa única. - encarou-me no fundo dos olhos e sorriu, aproximando-se mais um pouco.
- Espero que isso seja um elogio. - mantive o olhar e ri fraco, vendo aproximar-se mais um pouco.
- Claro que é um elogio. - riu e aproximou-se mais um pouco, ficando a centímetros de distância do meu rosto.
- O que você está fazendo? - sussurrei sentindo sua respiração bater em meu rosto.
- Você sabe o que. - sussurrou e eu afastei um pouco o rosto.
- Não acho que eu esteja pronta. - murmurei abaixando a cabeça.
- Tudo bem, ainda é recente. - levantou minha cabeça, fazendo com o que eu o encarasse, depositando um beijo minha testa. - Vai descansar, boa noite.
- Mas...
- Eu lavo e guardo a louça, convivo muito tempo com duas mulheres para saber como elas se sentem nesses dias. - afastou-se e virou de frente para a pia.
- Não precisa.
- Você não vai fazer-me mudar de ideia, . - riu e começou a ensaboar a louça. - Vai descansar.
- Boa noite. - murmurei fraco enquanto afastava-me.
Respirei fundo assim que saí da cozinha, eu não conseguia acreditar que tinha recusado um beijo de . Céus, eu esperava por um beijo dele desde os meus treze anos quando ele já era maravilhoso com seus dezesseis. Queria voltar na cozinha e pedir para que tentasse novamente depois, ou que ele prometesse que me beijaria depois.

Sábado, 29 de Junho.

A viagem até o acampamento tinha sido tranquila. Eu e fomos nos bancos de trás, enquanto dirigia o carro e Vince, seu namorado, ia ao seu lado. O caminho foi rápido e chegamos ao acampamento junto com o outro carro. Passamos à tarde no lago, e eu me sentia feliz por isso, sentia como se finalmente, depois de todo esse tempo eu estivesse livre.
A noite chegara e todos sentados em volta da fogueira. Sorri, feliz por poder ser parte daquilo e senti uma aproximação. Olhei para o lado e sentou-se ali, sorrindo com os olhos fixos na fogueira.
- Posso saber o motivo de você estar tão afastada de nós? - encarou-me e eu abri ainda mais o sorriso.
- Estava vendo o quão sortuda eu sou por poder estar aqui com vocês. - encostei a cabeça no ombro de e respirei fundo. - Vocês me salvaram quando eu nem imaginava que precisava de salvação.
- Não foi nada. - sussurrou e virou o rosto, encarando com um sorriso de lado.
- Espero que não tenha demora muito. - impulsionei meu corpo para frente e selei meus lábios nos de , apenas mantendo-os colados por alguns segundos.
- Valeu a pena. - sussurrou e juntou nossos lábios novamente, dessa vez um beijo bem menos casto que o primeiro.
O mundo parecia não existir mais, as risadas que eu ouvia vindo da fogueira não chegavam mais em meus ouvidos. Tudo que existia era eu e , juntos. Pela primeira vez em tanto tempo estava quieto, mas era um silêncio agradável.


Fim



Nota da autora: Eu tive essa ideia no exato momento em que li a letra, achei que ela combinava perfeitamente. Espero que vocês gostem de ler essa história igual eu gostei de escrever. Me contem o que vocês acharam.




Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


Outras Fanfics:

Are You The One?
O Namorado da Minha Namorada
MV: Last Friday Night
MV: Give Me Love
MV: Criminal
MV: The One That Go Away
MV: We Belong Together



comments powered by Disqus