Enviado em: 14/01/2019

Capítulo Único

A organizadora da empresa contratada para cuidar do casamento bateu a faca contra a taça de cristal, que soou alta, mas delicada, chamando a atenção de todos.
– Obrigado. – sorriu e olhou de lado a noiva, que sorria com o rosto apoiado nas mãos e os cotovelos apoiados na mesa, parecendo travessa demais para uma noiva resplandecente. Mas assim era a mulher que ele escolhera: sorridente, sapeca, feliz e, o mais importante de tudo, o fazia extremamente feliz. – Se vocês não se incomodarem e não estiverem com muita fome, eu gostaria de dizer algumas palavrinhas. Sei que gostaria de fazê-lo também, e quem mais se sentir à vontade. Só peço que não deixem essa corrente chegar até a minha sogra, ou então nosso almoço será servido no café amanhã de manhã.
Todos soltaram uma risadinha, inclusive quem estava na mesa dos familiares dos dois, e que agora compunham uma só grande família. Todos ali conheciam, ou pelo menos já tinham ouvido falar, dos péssimos hábitos tagarelas da senhora . A mesma olhou para o genro, revirando os olhos, mas com um sorriso no rosto, e recebendo um beijo do marido na bochecha.
– Há algum tempo, desde que eu pedi a que se casasse comigo, eu venho pensando em como diria tudo o que eu sinto que preciso dizer nesse dia tão especial. Primeiramente quero agradecer a todos que estiveram aqui durante esse dia tão especial. Cada um de vocês é especial para nós e somos muito gratos em termos tanta gente especial nos cercando todos os dias. Quero especialmente agradecer aos meus pais, por sempre serem os pais mais incríveis do mundo. Sei que, se algum dia tivermos filhos, eu serei um pai melhor para eles graças a tudo o que vocês me ensinaram.
o olhou, sorrindo ao vê-lo mencionar crianças. Definitivamente, ter filhos estava nos planos do futuro casal.
– Em seguida, gostaria de agradecer aos pais da . Vocês colocaram no mundo o ser humano mais doce, sensato e incrível que eu tive a honra de conhecer. Agradeço por isso e por terem me recebido em sua família de braços abertos. Obrigado.
Uma salva de aplausos seguiu esse comentário, e pediu calma aos convidados.
– Por último, mas não menos importante, eu gostaria de dizer algumas palavras à minha linda esposa. – os olhos de brilhavam na direção dele, e sorriu. – . . Meu amor. Quando nos conhecemos, há tantos anos, preciso te confessar que jamais imaginei que chegaríamos até aqui. Mas não posso negar que senti alguma coisa diferente em mim. Um sentimento engraçado no fundo do peito. Era uma mistura de aperto com conforto, de carícia e ansiedade. Era um sentimento forte.
Aos treze anos, descobriu o amor.
Descobriu que amar era essa sensação estranha no fundo do peito.
Descobriu que era a mulher da sua vida.
E descobriu que gostava das palavras.

– Conforme o tempo foi passando, eu senti vontade de esconder o que eu sentia. E, ao mesmo tempo, sentia vontade de contar tudo a todos. De mostrar para todo mundo esse sentimento louco que eu sentia quando você me olhava desse mesmo jeito que está me olhando agora.
Ele só não sabia que, quanto mais tentava esconder, mais transparecia o que sentia.
não era um exemplo quando se tratava em esconder seus sentimentos.
Ele não sabia esconder o que sentia.
Só não sabia que não sabia disso.

– E agora estamos aqui. Quase quinze anos se passaram. É o dia do nosso casamento. Teremos uma casa só nossa. E eu ainda sinto aquele sentimento engraçado no fundo do peito. E você ainda me olha da mesma maneira. Ainda bem.
Todos sorriram, mesmo que alguns convidados tivessem lágrimas nos olhos.
– Existem pessoas que se expressam pela dança. Outras pela pintura. Poesia. Música. Eu gosto de palavras. Narrativas. Textos longos como esse. A maioria das pessoas preferiria ouvir uma declaração como essa na forma de uma música. Talvez num poema. Mas essa é uma das coisas que torna a especial para mim: ela não se importa. Eu sei que ela não liga se eu simplesmente parar tudo o que estou fazendo para escrever.
tinha o péssimo hábito de pensar demais. Ponderar tudo demais. Observar tudo demais. Coisa de escritor, era o que ele alegava. E, para um escritor, algumas vezes basta apenas observar. E algumas dessas vezes, sentia um ímpeto de pegar o papel e caneta – nada de computador ou celular naquele momento – e escrever. Anotar palavras, reações, nomes, histórias.
conhecia aquele hábito como ninguém e nunca pareceu se importar em perder o namorado, mais adiante noivo, para um bloco de papel e uma caneta confortável. E continuaria a não se incomodar se perdesse o agora marido para seu hábito mais condenável.
– Então essas palavras são todas suas, . Esse é o pequeno presente que eu lhe devo. Eu pensei que juntar duas das coisas que mais amo no mundo tornaria tudo mais fácil. Mas a versão desse texto que está aqui, chegando aos ouvidos de vocês, nesse exato segundo, deve ser a centésima ou milésima. Eu reescrevi e escrevi, virei noites, acabei com dúzias de canetas e desmatei metade do Central Park com todo o papel que gastei. Porque eu percebi que não existe uma palavra para o que eu sinto por você, meu amor.
o olhava compenetrada e atenciosa, os olhos brilhando, como sempre acontecia quando eles trocavam olhares.
O amor estava ali.
Além das palavras.
Nos olhares.
Na delicadeza.
No sorriso de leve no rosto de .
No coração palpitante de .

– Você é como um picolé fresco em um dia quente. Como um raio de sol que aparece em Londres, vez ou outra. Você é o dente de leão que se desfaz delicadamente quando o vento bate. É a melodia da minha música preferida, aquela que eu cantarolo para lá e para cá. Você é a minha dúvida em relação à cor dos seus olhos.
A noiva riu e soprou a resposta: os olhos eram verdes.
– Que sejam verdes, então! – ele disse, rindo, e todos o acompanham. – O que importa é que são os olhos mais lindos que já vi! Você é o verde dos seus olhos, o seu sorriso leve, o seu coração batendo junto ao meu. Você é a minha palavra preferida, . Você é o amor.
A mesa dos convidados apelava para os lenços cedidos pela organização da festa, inclusive a noiva, que sorria sem saber o que esperar em seguida.
Deus, como ela era apaixonada por aquele homem!
E, Deus, como aquele homem era apaixonado por aquela mulher!
– Você é a poesia da minha vida. Você me faz querer colocar as coisas em palavras, mesmo que eu não consiga. Eu amo você, . Obrigada por ser a minha poesia. O meu mundo ficou mais maravilhoso desde que você chegou. Por favor, nunca saia dele.
Os convidados aplaudiram, todos sorrindo. A mulher homenageada praticamente voou de encontro ao agora marido, e eles trocaram um beijo doce e carinhoso.
– Obrigada. – ela sussurrou ao pé do ouvido dele. – Você é incrível.
– O que eu posso fazer? Você me inspira, mulher. Queria ter pensado em uma música, mas achei que seria clichê demais. Mas essas são as suas palavras.
– E eu agradeço muito por elas.
Eles sorriram um para o outro.
Seria sempre assim:
O mundo de era melhor com nele.
O mundo de era melhor com nele.

O mundo era melhor com os dois nele.


Fim



Nota da autora: Essa fic saiu de supetão e do fundo do meu coração. Eu sou apaixonada por esse filme, por essa música, por aquele casal incrível. Quem não é, afinal?
Quero agradecer à Carol por me aceitar de última hora no seu ficstape, por não se incomodar por eu ter mandado a fic totalmente de última hora, e de antemão quero pedir desculpas se a fic não atendeu ao que vocês imaginavam.
Espero que vocês gostem dessa mistura de palavras e explosão de sentimentos que acabou se tornando Your Song. Provavelmente ficou mais intensa do que deveria, mas eu estou encantada.
Beijinhos pra vocês, obrigada pelo carinho desde já!



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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