Fanfic finalizada.

Part I

— Vamos de carro para a praia! — falou de repente.
— Quando? — perguntou surpresa, olhando para o irmão.
— Hoje, agora, neste exato momento. — ele respondeu, devolvendo o celular para o bolso antes de olhar para ela. — Você tem dez minutos para fazer uma mala básica.
— O quê? — ela perguntou sem entender. — Ideia do ?
— Exatamente. — ele riu. — Vamos ficar na casa de praia esse final de semana, então não esquece de colocar tudo o que precisa na mala, vou te esperar no carro.
— E as suas coisas? — ela perguntou.
— Tenho tudo o que eu preciso lá. — ele soltou um riso fraco.
— Eu esqueci que você sempre deixa coisas na casa da praia. — ela respondeu.
— E você também, então não precisa pegar muita coisa, só...
— O essencial, já sei. — ela disse, entrando na casa.

Aquele era o último dia de prova antes do final do semestre e bem que deveria ter imaginado a repentina viagem para a praia, afinal, aquilo era bem coisa vinda da cabeça de .

— Vamos com . — disse, digitando em seu celular. — Deixamos o carro na casa dele e vamos com ele, e .
— Nós não podemos ir com nosso incrível e confortável carro? — ela sorriu amarelo enquanto colocava a mochila no banco de trás.
— Você não vai conseguir evitar o para o resto da vida, sabia? — disse, subindo o olhar para a irmã, rindo.
— Eu vou fazer o possível para que sim, qual é! — ela disse, escondendo o rosto com as mãos. — Foi constrangedor, você deveria ter me impedido, que tipo de irmão você é?
— Eu estava, hm... ocupado. — ele disse, coçando a nuca.
— Sei bem o seu tipo de ocupado. — ela respondeu, rindo. — E não te julgo.
— Então, eu não tenho culpa que você passou da conta, resolveu se declarar... — ele riu. — E depois saiu correndo.
— Será que você pode não falar sobre isso? — a garota revirou os olhos, ajeitando seu cinto de segurança.
— Claro, você paga o café da manhã todos os dias por um mês e minha boca é um túmulo. — ele disse, passando os dedos sobre a boca como se fechasse um zíper.
— Você não toma café em casa porque não quer...
— Hm, acho que o vai gostar de saber dessa história, eu aposto que ele esqueceu, já que tinha tomado muita margarita e apagou no sofá. — ele sorriu para a irmã.
— Eu pago seu café da manhã e almoço por um mês se você prometer nunca mais me ameaçar com um absurdo desses também. — ela disse, olhando assustada para .
— É sempre ótimo fazer negócios com você, irmãzinha! — ele sorriu, estendendo uma de suas mãos na direção dela.
— Chantagem não é negócio, . — ela respondeu, batendo na mão dele, ignorando a risada do irmão.
— Quem disse? — ele respondeu, arrancando com o carro.

desceu a janela do carro e respirou o ar que entrava por ela, enchendo seus pulmões e tentando esvaziar a sua mente, mas a única coisa que conseguia pensar era: por que raios ela teve que beber naquela noite? Ou melhor, por que raios ela se declarou para ?

Definitivamente, nenhuma das perguntas em questão tinham uma resposta complexa, já que ela sabia muito bem porque bebeu e porque se declarou.

As duas respostas eram as mesmas.

Porque ela amava e já tinha anos.

“Mas ela bebeu por causa de um garoto?”

Não exatamente por causa dele, mas por causa dos seus sentimentos não correspondidos.

Sim, não correspondidos — pelo menos na cabeça dela.

— Vocês demoraram uma eternidade. — disse assim que os dois desceram do carro. — Achei que já não viriam.
— Culpa da dona aqui. — disse, apontando para a irmã.
— O quê? — ela se ofendeu. — Eu literalmente levei cinco minutos para arrumar tudo, era você quem estava de gracinha pelo celular.
— Ela te entregou. — disse, rindo, enquanto repousava a mão esquerda no ombro do amigo.
— Os irmãos Lee definitivamente são parecidos. — disse, balançando a cabeça negativamente.
— Onde está ? — perguntou, provocando a irmã discretamente, que revirou os olhos.
— Vocês demoraram muito e ele foi... — foi interrompido.
— Comprar snacks. — a voz de surgiu do portão. — pediu para comprar algumas coisas já que chegaríamos depois deles. — ele sorriu e desviou o olhar, deixando-o confuso. — , abre o porta-malas.
— Aproveita e coloca nossas coisas lá, . — ele disse, fazendo a irmã arregalar os olhos. — Eu preciso ir ao banheiro antes de sairmos.
— E depois sou eu quem atrasa todo mundo. — ela revirou os olhos, fazendo com que todos dessem risada.

aproximou-se e colocou o braço nos ombros da garota, sussurrando algo em seu ouvido e fazendo ela dar risada com alguma coisa idiota que ele disse sobre .

— Vamos, eu pego as coisas de e as suas. — ele disse, puxando-a para perto do carro.

observava a cena de longe, estava confuso e não sabia o porquê, mas já fazia alguns dias que o evitava de todas as maneiras.

Ele ouviu alguns boatos sobre ela ter saído chateada de uma das festas que eles tiveram na semana passada, mas ele não sabia o motivo, ele não lembrava de nada daquela festa, estava tão feliz com a última semana de provas da faculdade que acabou tomando um dos drinks feitos por — e o famoso drink tinha o nome de “noite do esquecimento”, batizado pelo próprio, já que não existia memória que ficasse em quem tomasse — então, ele não se lembrava de nada ou do que pudesse ter acontecido naquela noite, ele com certeza sabia que havia sido algo com ou qualquer outro deles, ele apenas via ela se comportar diferente com ele e não entendia.

, eu vou te dar um soco se você continuar me fazendo cócegas. — ela disse, tirando de seus pensamentos, enquanto ela fechava o porta-malas.
— Para de recusar meus abraços. — disse, fazendo ela revirar os olhos.

Todos eles eram próximos desde que se conheciam por gente, cresceram juntos e sempre estiveram juntos, então era algo comum de ver, mas, ultimamente, andava incomodado, era como se ele desejasse ser mais próximo dela do que era.

— Vamos? — disse, saindo de dentro da casa. — Tudo bem? — ele disse, se aproximando de , que ainda olhava e com uma expressão estranha.

sacudiu a cabeça positivamente e sorriu sem mostrar os dentes para o amigo, entrando no carro em seguida, no banco de trás.

— Achei que você ia vir na frente, , você sempre reclama das playlists que eu coloco. — disse, entrando no lugar do motorista.
— Eu não arriscaria minha vida tão fácil assim — ele respondeu, rindo. — e eu posso mudar a playlist por aqui.
— HA, HA, HA. — respondeu, fazendo todos darem risada.
— Eu vou na frente. — disse, empurrando para o lado já que ela já havia ido, em direção à porta do banco passageiro.
— Eu vou na janela. — disse rápido e o olhou como se tivesse sido traída.
— Vocês vão realmente me obrigar a ir no meio? — ela perguntou, já sabendo a resposta.
— Se você quiser, eu posso ir no meio. — disse, olhando para ela.
— São duas horas de viagem, não é tanto, tudo bem. — ela disse, sem graça, entrando e sentando-se ao lado dele, recebendo cotoveladas provocativas de . — Eu posso ir no meio.
— Se você quiser trocar, só me avisa que pode parar o carro e nós trocamos, certo? — ela sacudiu a cabeça positivamente e sentou-se, sendo seguida por .

e entreolharam-se rindo, sabendo que a garota provavelmente estaria roxa de vergonha.

— Todos prontos? — perguntou.
— Sim! — todos responderam.
— É bom ninguém dormir ou vai rolar foto no grupo. — disse, rindo de forma sem vergonha — Sim, , esse aviso é para você.
— Só porque eu sou sensível a viagens, meu lugar favorito para dormir. — ela disse, mostrando a língua para o irmão.
— Isso me lembra das férias em que fomos ao acampamento de verão. — disse, rindo.
— Desnecessário você lembrar disso. — ela respondeu.
— Você e o dormiram a viagem toda e ainda não se deram conta de que estavam com o rosto todo pintado quando desceram do ônibus. — disse, rindo.
— Ficamos duas horas tentando tirar a canetinha do rosto! — comentou, rindo.
— Eu tenho essa foto guardada até hoje. — disse, rindo, mostrando o celular para os amigos.

A foto tinha com cara emburrada e com sono, toda desenhada, olha para ela, rindo deles mesmos, enquanto o resto do grupo ria descontroladamente.

— Bons tempos, a era mais divertida. — disse.
— Você só diz isso porque nessa época ela ainda não revidava, não é, ? — disse, rindo.

Mas não obteve nenhuma resposta, fazendo todos — menos , que dirigia — olharem em sua direção.
— Ela realmente não liga. — disse, rindo, encostando a cabeça da amiga que já dormia, com exatos vinte minutos de viagem, em seu ombro, sorrindo para ela.

Algo dentro de se revirou quando ele viu acomodar-se tranquilamente, abraçando o braço de , então desviou o olhar para a janela, analisando o lado de fora.

A viagem seguiu normalmente e era possível sentir o cheiro do mar antes mesmo de chegarem. Todos tinham várias lembranças com viagens como aquela e principalmente na casa de praia, então sempre ficavam ansiosos para chegar ao local.

remexeu-se e, sem perceber, aconchegou-se em , deixando de lado. Ele que também dormia a esse ponto, mas acordou por alguns segundos com ela se mexendo, sorriu ao ver que ela dormia tranquila, deitando sua cabeça sobre a dela caída em seu ombro, fechando seus olhos e voltando a dormir. , que não estava dormindo, apenas imerso em sua música nos fones, notou, sorrindo de lado, sabendo qual seria sua missão para esses dias que passariam juntos.

Part II

— Finalmente! — disse, abaixando seus óculos. — Vocês demoraram um ano para chegar.

O sol ainda brilhava forte no céu quando eles estacionaram na garagem. Todos os amigos estavam sentados do lado de fora na mesa que havia no quintal da casa, comendo coisas que foram compradas assim que chegaram. abriu os olhos, vendo que haviam chegado, e imediatamente virou um pimentão quando percebeu que estava aconchegada com e não .

sorriu e perguntou baixinho se ela havia dormido bem, recebendo apenas um aceno positivo da garota, que se afastou imediatamente.

— Reclame com que resolveu parar no meio do caminho para ir ao banheiro e demorou meia hora. — disse, descendo do carro e tirando a atenção que os dois tinham concentrada um no outro.
— Em minha defesa, o cachorro-quente que eu comi antes de sairmos não caiu muito bem, eu não tinha como segurar. — respondeu, fazendo todos darem risada.
— Olha só essa carinha! — disse, aproximando-se de assim que ela desceu do carro. Ela, que trazia a cara inchada de tanto que havia dormido, sorriu para o amigo e respirou fundo.
— Que horas são? — ela perguntou enquanto bocejava, apoiando a cabeça no ombro do amigo fechando os olhos pela claridade.
— Quatro da tarde em ponto. — respondeu.
— Certo, horário perfeito para continuar o meu soninho da tarde. — ela sorriu, já pronta para pegar as suas coisas e ir em direção ao sofá da casa.
— Nada disso! — disse entrando na frente da garota.
— Faça o que precisa ser feito, ! — , amiga que estava saindo de dentro da casa, disse enquanto comia sua pipoca tranquilamente.

sorriu de forma “malvada” para e ela arregalou os olhos.

— Não, espera! — ela disse no mesmo momento, arregalando os olhos — Seja lá o que você estiver pensando, não...
— Tarde demais! — ele sorriu, colocando-a sobre seus ombros.

A praia ficava saindo pelo quintal do fundo, então saiu correndo com ela em seu ombro enquanto ela se debatia implorando para que ele a soltasse, fazendo os amigos que os seguiam dessem risada.

— Espera! — ela disse antes dele pisar na água com ela junto. — Eu não trouxe outro tênis, se você molhar esse, eu não tenho o que usar de noite.
, faça as honras! — disse, rindo.
, não! — ela disse, sentindo os tênis serem puxados de seus pés. — Achei que fôssemos melhores amigas, você deveria ficar do meu lado.
— E eu estou. — ela disse, aparecendo no campo de visão da amiga. — De biquíni e tudo.

Com essa deixa, entrou com na água gelada, fazendo com que ela gritasse com a temperatura da água, mas desse risada com todos que se juntavam a eles.

— Acho que ela está acordada agora. — disse, rindo para enquanto abraçava , deixando um beijo em sua bochecha.
— Bem acordada. — respondeu, rindo.
— Bem engraçadinhos, né? — disse, rindo e abraçando na mesma intimidade.

, que observava a cena de longe junto de e , mais uma vez parecia incomodado.

— Se você não fizer alguma coisa, pode acabar perdendo a oportunidade. — disse, observando .

Ele não respondeu, porque nem ou esperaram por uma resposta, juntando-se aos outros na água. Mas com certeza aquelas palavras ficaram marcadas na cabeça dele.

Part III

— Certo, quem vai querer curtir essa noite bonita como se não houvesse amanhã? — a voz de soou do nada do topo das escadas.

Todos que estavam na parte de baixo o olharam no mesmo momento, achando estranha a atitude dele, já que, normalmente, ele era o primeiro a dizer não a uma festa no primeiro dia de férias, com a explicação de que seu sono era mais importante e de que teria dias suficientes para aproveitarem a noite.

— “Vou ver com o pessoal e passamos por você”. — leu em voz alta uma das mensagens que o irmão estava enviando parado no meio da escada. — Explicado o porquê de Lee querer sair na primeira noite de férias, Yona veio com os pais para cá também.
— Meu Deus, desde quando ele muda os hábitos por garotas? — disse, indignado.
— Você não tem mais o que fazer não? — ele perguntou, lançando um olhar ameaçador para , que riu da cara do irmão envergonhado.
— Desde que ele anda pensando em namoro, ... — ela respondeu descendo a escada. — Vê se pode, o maior conquistador do campus pensando em realmente entrar em um relacionamento.
— O mundo vai acabar! — disse, abrindo a boca em formato de “O” como se estivesse assustada com a informação.
— Não é o fim do mundo eu me apaixonar por alguém, cresçam. — ele disse, descendo o restante dos degraus, mas parando no último, assustado com os gritos que e deram juntas com , enquanto os outros apenas o olhavam perplexos.
— Eu falei aquela palavra, não foi? — perguntou e todos balançaram a cabeça positivamente de forma rápida.
— Eu acho que estou passando mal. — disse, fingindo que iria desmaiar, escorando-se em .
— Você acabou mesmo de admitir que está apaixonado pela Yona? — perguntou, perplexo. — E eu achando que nós tínhamos algo especial! — ele brincou.
— Pelo menos é correspondido, né? — disse rindo, enquanto olhava para .

primeiro fez uma cara de confusão com o que ele dizia olhando para ela, era normal fazer piadas nesse nível, mas aquilo pareceu ter um fundo a mais. Ela só conseguiu entender quando viu o olhar que lançou para ele e ele levantou seus braços, falando que era apenas uma brincadeira, enquanto os outros não haviam percebido e seguiam dando risada.

— Eu não acredito nisso. — ela disse, olhando para o irmão que, no mesmo momento, se arrependeu de ter contado a , por saber o que viria a seguir. — Você contou para ele.
— Não, eu não! — disse, dando uns passos à frente. — Ele já sabia... Escuta, , eu não...

Todos olhavam sem entender nada a esse ponto, parando a risada imediatamente, sentindo a tensão, e principalmente , que percebeu antes que os outros o clima estranho que ficou depois da fala de .

— Esquece. — ela disse. — Você me prometeu, mas eu sabia que não podia confiar em você, eu não vou sair, podem ir sem mim. — ela disse, subindo as escadas e fechando a porta do quarto com força.

A questão não era saber, a questão era ter contado algo que havia prometido não contar mesmo depois deles fazerem acordos. normalmente era quem deixava escapar piadas e comentários que faziam passar vergonha e algo como sua confissão falha para definitivamente era algo que ela queria esquecer, por isso agiu daquela maneira.

Se a qualquer momento aquilo fosse trazido à tona e ela se encontrasse em uma situação inesperada, o esforço que ela colocou para fingir que nada aconteceu não valeria.

, espera! — tentou dizer antes de que ela fechasse a porta. — Droga, .
— Não foi por querer. — o amigo respondeu, levantando os braços. — Ela que se ofendeu, eu não disse nada demais.
— Você nunca diz nada demais. — disse, revirando os olhos, ele sabia do que se tratava toda a situação, já que ele quem consolou na noite em que tudo foi por água a baixo para ela.
— O que acabou de acontecer? — perguntou, sem entender, para e .

levantou os ombros, dando a entender que também não sabia, e apenas olhava os degraus da escada com preocupação.

— Eu não sei o que acabou de acontecer ou o que vocês... — apontou para e . — ...fizeram, mas é melhor nós sairmos e deixarmos ela sozinha um pouco. — deu a sugestão. — Ela odeia gente ao redor dela quando fica assim.
— Isso é verdade. — disse. — Nem mesmo eu consigo tirá-la do quarto quando ela se tranca brava com alguma coisa.
— Eu vou ficar. — disse, prontificando-se. — Para ter certeza de que...
— Pode deixar que eu fico. — disse, chamando a atenção de todos. — Não estou me sentindo bem, acho que o sol do final da tarde estava muito forte, não sei. — ele tossiu, desconfortável com a mentira. — Mas não se preocupem, eu fico de olho nela, podem ir encontrar a Yona.

Ele sorriu, fazendo todos estranharem.

Depois de insistirem e ele ainda dizer que não iria, todos desistiram, levando em consideração que talvez seria melhor realmente deixá-lo de olho em .

— Não cheguem muito tarde! — disse da porta de entrada, acenando para os amigos.
— Cuida dela! — disse antes de entrar no carro e assentiu, sorrindo.

Ele trancou a porta e se sentou no sofá, pensando em como podia ir conversar com e ver se ela estava bem, mas não foi necessário, já que ouviu a porta do quarto ser aberta minutos depois.

— Oh! — ela exclamou, vendo a figura de sentado no sofá. — O que faz aqui?
— Hm? — ele perguntou, confuso.
— Achei que você ia sair com os outros. — ela disse se dirigindo à cozinha, não esperando por uma resposta.

Ele se levantou, seguindo-a até o cômodo.

— Eu resolvi ficar. — ele falou de forma simples, sentando-se na cadeira mais próxima. — Eu pensei que poderíamos fazer como fazíamos quando éramos mais novos, dois baldes de pipoca grandes, sorvete e uma maratona de todos os filmes de Harry Potter.
— Eu acho que... — ela ponderou, olhando para dentro da geladeira. — Prefiro dormir, sabe, hoje o dia foi cansativo.

Ela pegou o pote pequeno de sorvete e a colher na gaveta, pronta para sair.

— Por que você anda me evitando? — ele perguntou, fazendo ela parar seus passos.
— O quê? — sua voz saiu mais trêmula do que esperava.
— Eu não sei o que aconteceu entre a gente ou o que eu fiz de errado, mas... — ele se levantou, aproximando-se dela. — Acho que podemos sentar e conversar sobre isso, voltar a ser como éramos antes. — ele suspirou — Eu... — ele olhou em seus olhos. — Eu sinto sua falta.

Ela riu descrente.

não sabia que ele havia esquecido de tudo o que tinha acontecido, então, em sua mente, aquilo era muito mais profundo do que ele imaginava.

— E fingir que nada aconteceu? — ela disse para ela mesma.
— A questão é essa. — ele disse de repente, deixando claro que ela disse um pouco mais alto do que o imaginado. — Eu não sei o que aconteceu, eu não sei por que você anda estranha desde aquela festa, eu não sei de nada. Você, , e até parecem esconder algo e isso claramente me envolve. — ele falou de forma rápida. — E me deixa louco, porque eu não consigo me lembrar.
— Huh? — ela perguntou confusa. — Você não se lembra de nada da festa?
— Nem mesmo de como eu acordei no meu quarto depois. — ele disse.
— Então você não se lembra da conversa que nós tivemos ou do que aconteceu? — ela arregalou os olhos e ele balançou a cabeça negativamente.
— Olha, se eu te disse algo que não faz sentido ou que te deixou assim, por favor, apenas ignora. — seu coração batia forte, ele não sabia se havia dito algo que pudesse tê-la chocado o suficiente para afastá-la de forma tão drástica, mas queria reparar. — Eu tomei aquela famosa bebida, que você já conhece, e eu estava feliz e decidi que seria o melhor momento para me divertir.
— Não. — ela disse olhando para ele — Está tudo bem, você não precisa se desculpar por nada. — ela tomou aquilo como uma oportunidade para esquecer de tudo o que aconteceu, afinal, ela pensava que às vezes as coisas eram melhores do jeito que estavam. — Foi algo estupido, nós brigamos e só.
— Eu provavelmente devo ter falado coisas sem nexo para chegarmos a esse ponto. — ele respondeu, passando as mãos no cabelo de forma nervosa. — Nós nunca brigamos antes.
— Já brigamos sim. — ela o corrigiu. — Quando éramos crianças e você quebrou minha presilha favorita no terceiro ano.
— Eu tive que te pedir desculpas por um mês. — ele disse, rindo. — Seja lá o que eu fiz dessa vez, me desculpa.
— Eu já disse. — ela o olhou de maneira leve. — Não foi sua culpa. — ela sorriu. — O que você acha de fazermos aquela maratona com sorvete e pipoca como reconciliação?
— Eu faço as pipocas. — ele disse, levantando-se. — Você prepara os filmes.
— Combinado. — ela disse, indo para a sala.

sorriu com a breve conversa que eles tiveram e resolveram o que tinham pendente, aquilo importava para ele, ter agindo de forma confortável perto dele novamente, enquanto que, para ela, importava a sua amizade, que era maior do que seus sentimentos amorosos, então ela decidiu que ser como antes era tudo o que precisavam.

Part IV

— Todos prontos para o nosso ritual de férias? — disse, juntando suas mãos.
— Eu ainda me arrependo de quando deixei vocês escolherem para onde iríamos naquele dia. — disse, amarrando seu cadarço. — Quem em sã consciência escolhe uma trilha como ritual de férias?
— E sempre que você vê a cachoeira no final da trilha se arrepende de reclamar. — respondeu, colocando o protetor no bolso da mochila.

mostrou a língua para o amigo, fazendo com que todos dessem risada.

— Ele não tá errado. — disse, aproximando-se dela. — É mais ritual de férias ver você reclamar da trilha e no final se arrependendo do que realmente fazer a trilha.
— Isso é um complô? — disse, rindo.
— Claro que não. — respondeu, rindo. — Apenas fatos.

Todos deram risada e se arrumaram para começar a trilha. ficou para trás, odiava ser a primeira e ainda não estava com ânimo de ficar próxima de e .

— Se escondendo? — a voz de soou próximo ao seu ouvido, assustando-a de leve.
— Que susto! — ela disse, colocando a mão em seu peito.
— Desculpa. — ele riu, colocando as mãos sobre os ombros dela.
— Tudo bem. — ela riu. — E não, eu não estava me escondendo, apenas, hm... — ela fez uma pausa para pensar. — ...evitando ir na frente? Você sabe como leva essa trilha a sério.
— Sei muito bem. — ele respondeu, rindo. — Ainda brava com seu irmão e ?
— Não. — ela disse e ele a encarou com as sobrancelhas arqueadas. — Talvez?
— Você não vai me contar mesmo o que foi? — ele perguntou. — Talvez eu possa te ajudar.
— Não foi nada sério. — ela respondeu, desviando o olhar dele. — Foi uma coisa boba, até o final da semana eu falo com eles de novo.
— Certo. — ele sorriu e, mesmo que ela não tivesse visto, se sentiu feliz por poder conversar de forma tranquila com ele, se ela não teria seu desejado amor, pelo menos teria a amizade que sempre amou.

***


— Wow! — e disseram juntas.
— Fazia tanto tempo assim que nós não vínhamos aqui? — disse, olhando ao redor. — Está tão diferente do que eu me lembro.
— Bom, a última vez em que viemos foi no primeiro ano do ensino médio, quando ainda namorava... — o cutucou forte e tossiu alto. — Enfim, já faz tempo.

O local parecia ter mudado, aumentado, ela não sabia explicar, mas algo estava diferente.

— Talvez seja a gente que mudou. — disse, aproximando-se. — Acho que quando nós mudamos, a forma que vemos as coisas, os lugares e as pessoas também muda.
— É verdade. — concordou sem ao menos olhar para ele, estava admirada demais para prestar atenção.
— Vocês conversaram? — perguntou, chamando a atenção da amiga assim que se afastou, sorrindo.
— Mais ou menos? — ela respondeu.
— Como assim, mais ou menos? — ele perguntou, erguendo as sobrancelhas. — Não é possível que vocês não tenham conversado sobre o que aconteceu sem você surtar pelo olhar que você acabou de receber.
— Huh? — ela perguntou, confusa. — Do que você está falando?
— Você realmente não conversou com ele sobre o que aconteceu na festa? — arregalou os olhos, assustado.
— Não. — ela respondeu. — Eu fingi que nunca aconteceu e que apenas tivemos uma briga boba no dia.
— Então o que você falou? — disse, olhando o amigo que os observava de canto de olho. — Porque ele parece diferente.
— Literalmente só vimos filmes, comemos pipoca e sorvete. — ela respondeu, ainda sem entender as perguntas dele. — Ele não gosta de mim, contanto que ele não saiba ou continue não se lembrando, já me deixa mais tranquila.
— Continue não se lembrando? — ele perguntou.
— Isso mesmo. — ela riu. — Aparentemente, ele tomou um “noite do esquecimento” que o ofereceu.
— Ah! — exclamou. — Agora tudo está explicado, agora eu sei o porquê dele não entender a briga entre você, e , ou o porquê dele ficar perdido toda vez que você trata ele estranho.
— Exatamente. — ela respondeu. — Eu achei que ele só estava tentando fingir que nada tinha acontecido.
— Só tem uma coisa que eu não entendi. — ele disse, deixando-a intrigada.
— O quê? — ela perguntou.
— O porquê de você ainda não estar dentro dessa água junto comigo. — ele disse, abraçando e puxando ela para dentro da água junto com ele, de roupa e tudo.
— Não acredito! — ela disse, jogando água nele assim que voltou à superfície.
— Foi sem querer! — ele disse, rindo.
— Ah, claro. — ela jogou mais água na direção dele. — Se na volta eu sentir frio, a culpa vai ser toda sua e a responsabilidade de me esquentar também.

sorriu de forma maliciosa, fazendo com que ela revirasse os olhos.

— Não dessa maneira, idiota! — ela disse, rindo.
— Nós estamos esperando o dia em que vocês vão assumir esse relacionamento escondido em que vocês estão. — a voz de disse, chamando a atenção de todos.
— Não estamos em um relacionamento. — disse.
— Poderíamos. — respondeu, provocando a amiga.

Ela sabia o que ele estava fazendo, toda aquela demonstração pública era por causa de , e ela sabia que ele estava fazendo aquilo para ver se ele se afetava de alguma forma, o que ela com toda certeza sabia que não.

— O que você acha, ? — perguntou para o amigo que observava toda a conversa sem dizer nada. — Nós formaríamos um belo casal, não é?
— Claro. — ele respondeu, sorrindo sem mostrar os dentes.

Todos intercalaram o olhar de para e seguraram a risada, já que a tensão no ar por conta da pergunta era visível.

— Para com isso. — sussurrou para , que apenas piscou para a amiga.
— Você vai me agradecer mais tarde. — ele disse.

O dia foi tranquilo conforme foi passando, eles estavam acostumados a ficar naquela cachoeira por bastante tempo, então apenas se sentaram para comer as coisas que haviam levado para o almoço, mas resolveu que não sentia fome, então foi se sentar no topo da cachoeira para observar de cima aquele lugar em que ela sentia tanta paz.

— Você e , eu não imaginaria. — a voz de surgiu, tirando sua atenção das águas que corriam à sua frente.
— O quê? — ela perguntou, surpresa tanto pela afirmação quanto pela presença dele.
— Vocês combinam, eu acho. — ele disse, sem jeito.

se sentou ao lado da garota e focou na água à sua frente, respirando fundo.

— Não. — ela disse rapidamente. — Eu e não temos nada, ele estava apenas me provocando.
— Sério? — ele perguntou um pouco exaltado, chamando a atenção dela com sua reação.

balançou a cabeça positivamente e sentiu suas bochechas queimarem por conta de sua reação.

— Então ele não se importaria se eu te chamasse para sair, não é? — ele perguntou, voltando sua atenção à água.
— Claro que não. — ela respondeu, rindo. — Somos todos amigos, ele está acostumado com a gente deixando-o de fora dos planos, já que ele sempre prefere sair com os amigos mais velhos que ele tem na universidade.
— Não. — ele disse, fazendo uma pausa e respirando fundo. — Não desse jeito, eu estou te chamando para sair como mais do que amigos, sabe, tipo um... — ele a olhou. — ...encontro.
— Huh? — ela o olhou, assustada.
— Se você não quiser, tudo bem eu só... — ele suspirou. — Já não sabia como segurar isso dentro de mim, já faz um tempo que...
te contou não foi? — ela perguntou, fechando os olhos e esperando a resposta que já sabia.
— O quê? — ele fingiu não entender sobre o que ela falava.
— Sobre o que aconteceu na festa — ela disse.

respirou alto e foi a confirmação para ela.

— Sabe, eu não preciso que você me chame para sair por pena. — ela disse enquanto se levantava. — Eu estou bem com o que somos agora.
— Não foi por pena. — ele disse, parando-a antes que não pudesse mais explicar. — Sim, ele deixou escapar sobre a confissão na festa, mas não foi por pena que eu vim aqui e te chamei para ir em um encontro comigo.
— Foi por que, então? — ela soltou uma risada amarga.
— Foi porque eu...

Ele não foi capaz de completar a frase, era algo tão íntimo, tão inesperado de se dizer, já que ele guardou há tanto tempo dentro dele, mas ela não entenderia se ele não explicasse, afinal, ele sempre tentou esconder dela a todo custo.

— Entendi! — ela disse, soltando a mão que ele segurava, impedindo que ele continuasse.

— Droga! — ele se xingou internamente por não explicar e saiu em disparada atrás da garota.

Ela continuou andando e desceu para onde os amigos estavam, recolhendo suas coisas e deixando todos em confusão assistindo à cena.

, por favor, me escuta. — ele disse assim que a alcançou.
— Não precisa se preocupar, eu não vou te incomodar com meus sentimentos, então não precisa se sentir culpado. — ela disse, colocando seu celular na mochila.
— Tá tudo bem por aqui? — disse, aproximando-se dos dois com cuidado.
— Pergunta para o . — ela disse, olhando para o amigo com os olhos marejados. — Muito obrigada por confirmar que eu não posso confiar em nenhum de vocês dois.
, eu juro que foi um acidente. — disse, tentando se aproximar dela, mas deteve seus passos quando viu seu olhar.
— Claro, como em todas as ocasiões em que eu implorei para que você não dissesse nada, mas, por acidente, sempre escapa alguma coisa e todos ficam sabendo. — ela riu. — Não posso te culpar, afinal, eu sempre te perdoo por contar meus segredos, não é?
, não é justo, você...
— Vou voltar para casa e pegar o ônibus de volta para a cidade, não se preocupem comigo e aproveitem o restante da semana. — ela disse para , e , que observavam a cena de olhos arregalados.

Todos a chamavam e estavam prontos para impedir que ela fosse embora sozinha daquela maneira, mas a atitude de fez com que todos ficassem em choque.

— Foi porque eu não podia perder a oportunidade! — disse. — Eu amo você, ! — ele riu para si. — Já tem um bom tempo.

Ela pareceu prender a respiração ao escutar aquilo vindo dele, mesmo que ela não estivesse de frente para ele, podia sentir seu olhar preso nela.

— Desde que tínhamos doze anos, desde que tivemos pessoas diferentes em nossas vidas, desde que nos conhecemos... — ele disse, soltando um longo suspiro — Desde sempre.
— O quê? — foi a única coisa que saiu de sua boca.
— Você preenche todos os meus pensamentos, seja de dia ou de noite. — ele continuou. — Eu gosto de você, , muito mais do que eu saberia explicar, e por isso eu nunca disse nada, nossa amizade... — ele se aproximou, segurando a mão da garota. — Ela é importante para mim, ela é valiosa, e eu não queria correr o risco de mexer com ela de alguma forma.
— Eu não entendo. — ela disse baixo.
— Você não sabe o quanto eu fiquei feliz quando me disse sobre o que aconteceu, mas eu achei que tinha descoberto tarde demais, que você e já eram algo, mas eu não podia perder a chance de me certificar, por isso eu subi e te perguntei. — ele disse, soltando o ar. — Você pode ficar brava pelo tempo que for necessário, eu vou respeitar seu espaço, mas saiba que se não fosse pelo , eu não poderia fazer o que espero há anos para fazer.
— E o que seria? — ela perguntou.
— Isso! — ele disse, subindo uma de suas mãos na nuca da garota e a outra pousando em sua cintura, puxando-a para mais perto.

quebrou o espaço entre ele e , finalmente juntando seus lábios. O beijo foi calmo e nostálgico, a sensação era de que deveria ter acontecido muito tempo atrás, mas também sabendo que aconteceu no momento certo, no lugar certo.

— Eu esperei por muito tempo por isso. — ele disse assim que se afastou dela lentamente por falta de ar.
— Eu... — não pôde completar a frase, pois ouviu um grito vindo do grupo de amigos.
— Finalmente! — a voz de soou. — Eu não aguentava mais esse romance com plot de “somos melhores amigos com medo de estragar a amizade e por isso ninguém fala sobre sentimentos”.
— Pelo menos meu eu fofoqueiro serviu de alguma coisa além de me prejudicar. — disse.

Todos deram risada e voltou a atenção ao rapaz na sua frente, que a olhava com adoração.

— Eu também. — ela sorriu. — Esperei por isso por muito tempo. — ela acariciou seu rosto. — Esperei por você por muito tempo.




FIM.



Nota da autora: Foi compleição esse ficstape, mas saiu tudo certo, cadê o amém? Hahaha enfim, queria agradecer por você ter lido até aqui, espero que tenha gostado!
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Xoxo Caleonis <3

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