Última atualização: 25/06/2020

Prólogo

“Your eyes are fragile and timeless, it’s beautiful. There’s power in the words you whisper. He treats you cold and so mindless that he don’t see the setting sun. Your eyes are open when you kiss him…”


Eu estava lá, petrificado, parado como uma estátua enquanto ela e ele conversavam, ou discutiam, não sei bem dizer. Eu deveria ter entrado já na empresa, mas não, eu estava ali meio escondido atrás de um árvore, incapaz de me mover, incapaz de não prestar atenção no que acontecia e no eles diziam. Ou melhor, no que ela dizia a ele.
Os olhos azuis dela, pareciam frágeis naquele momento, muito diferente do azul de quando ela está concentrada ou gargalhando de alguma piada que me ouve contar… Eles são tão lindos! Apesar de muito calma, sei que tudo que diz tem razão…
Dérrick era um completo idiota, um babaca! E digo isso com propriedade, afinal de contas, sei como ele trata . Sei exatamente como anda o relacionamento dos dois nos últimos meses, já que é a mim que ela procura sempre para desabafar. Inclusive nas madrugadas em que está sozinha enquanto ele precisa trabalhar. Madrugadas essas que eu morria de vontade de estar ao seu lado. Acariciando-lhe os cabelos, beijando-lhe os lábios, sentindo a maciez de sua pele em meus dedos.
Eu nunca havia visto Dérrick em minha vida desde que conheci , só sabia dele pelas coisas que ela me contava. Ele era bem mais novo do que o Dérrick que eu havia imaginado em minha cabeça… Os olhos verdes dele brilhavam em ódio, assim como toda sua face vermelha demonstrava o quão irritado ele parecia estar naquele momento. O que ele fazia ali? tinha seu próprio carro (que eu tinha absoluta certeza não ser aquele), não dependia dele para trazê-la ao trabalho… Por que diabos eu ainda estava escondido ali?
Ao vê-los ali discutindo, falava e falava e ele não a respondia, não a olhava, apenas tamborilava os dedos, impaciente, no volante, hora ou outra ele apenas assentia com a cabeça. Lembrei-me de quando me disse que ele andava tão distante que mal a olhava nos olhos e que sentia falta disso (ela adora quando recebe atenção e quando a olham nos olhos). O quão bobo era esse homem? Tinha uma mulher com os olhos de , de um azul tão intenso como o céu e ainda assim não sabia vislumbrar o pôr-do-sol que havia ali. Por que?
De repente, os dois ficaram em silêncio por minutos a fio, ambos de cabeça baixa, e eu achei que talvez fosse melhor eu me mover e entrar na empresa finalmente, afinal de contas parecia errado eu estar ali bisbilhotando os dois, apesar de que provavelmente me contaria tudo de qualquer forma, então…
Quando finalmente saí detrás da bendita árvore, os dois se beijavam no carro, e bizarramente, mantinha os olhos abertos durante todo o processo. Pior ainda, os grandes olhos azuis dela fitavam diretamente os meus.


Capítulo Único

“Your eyes are drawn to the wildness (ah, baby, baby). Usual, the towers in your world are sinkin’ and if you’re lookin’ for signs then you should know (ooh), there’s power in the words you’re thinkin’.”


Flashback:

“Os olhos dela eram os mais lindos que eu já havia visto na vida e eu não estava exagerando. Era como se eu os olhasse e enxergasse minha alma e todos os meus erros e acertos lá dentro. Era como se eles fossem o mais bonitos dos céus, com um pôr-do-sol digno de filmes estrangeiros. Eu fiquei um pouco perdido e atônito, quando fui chamado de volta a realidade para encarar meu chefe de volta.
… Ela seria minha nova parceira de trabalho, tendo em vista que a última resolveu se demitir. Juntos seríamos os responsáveis por selecionar os atores e modelos para os comerciais da agência de publicidade, na qual agora trabalharia comigo.
Me levantei ainda meio atônito da cadeira e ajeitei meu cabelo, desajeitadamente. Ouvi meu chefe dizer o nome dela e informar que ela seria minha nova parceira.
estendeu a mão em minha direção e sorriu, terminando de me deixar atônito e perdido em sua beleza.
- Muito prazer, ! - Eu segurei sua mão
- Pode me chamar de ! O prazer é todo meu, !
Dizer o sobrenome dela fez meu estômago revirar e doer. Até o nome dela era bonito, meu Deus!
- Ah, por favor! Me chame de ! Afinal de contas seremos parceiros, ! Nada de formalidades, então! - E ela gargalhou, ainda me olhando.
Aqueles olhos… Aquela gargalhada, que me fez gargalhar muito sem nem saber o porquê.
- , vou deixar, finalmente, você e juntos, para que você possa contextualizar melhor sobre o que vocês fazem, como sabem, nossa rotina e etc, tudo bem?
- Claro! Pode deixar, chefe!
- Você está em boas mãos, , tenho certeza que vocês serão grandes parceiros! Qualquer coisa é só bater na minha sala, !
Assentimos e ele saiu, me deixando sozinho com ela… Eu ainda não sabia muito bem como agir, era como se meu cérebro tivesse se esquecido como falar, como agir. Fazia muitos anos que eu não ficava assim na presença de uma mulher. Algo dentro de mim dizia que aquilo não era certo, que alguém poderia se machucar...“


Eu sabia que me apaixonaria por . Ela era exatamente da forma que que gostaria que a minha futura esposa fosse. Eu não conseguia ver nenhum defeito nela, a não ser é claro, pelo fato de ela ser casada (com um babaca).
Eu havia tentado esquecê-la, havia tentado de todas as formas possíveis vê-la somente como uma amiga, mas parecia que quanto mais nós conversávamos, quanto mais ela me contava sobre seu desastroso casamento, mais preso eu ficava. Quanto mais o castelo dela desmoronava, mais ela parecia precisar de mim e mais eu me afundava no que sentia e não deveria por e seus olhos… Aqueles malditos olhos que faziam com que eu não conseguisse seguir em frente.
Me lembro da primeira vez que tocamos no assunto “casamento”, foi algumas semanas depois que ela começou no escritório. Eu já havia visto a aliança, afinal de contas ela parecia brilhar no dedo anelar de , especialmente para me lembrar que o que eu sentia era errado e jamais seria correspondido. Ela disse que era casada há poucos meses, mas que estavam juntos há quase sete anos. Os olhos dela marejaram e eu senti que havia algo errado… Questionei ela do por que de seus olhos estarem marejados e, a partir daquele dia, me tornei seu melhor amigo e confidente.
Eu me perguntava dia e noite o porquê dela não terminar aquele casamento, já que há seis meses as coisas iam de mal a pior. Ela alegava que, durante o namoro e noivado, ele era um homem perfeito, dedicado a ela e à relação. Carinhoso, a vida sexual dos dois era ativa (ela poderia ter me poupado esse detalhe, mas tudo bem), os dois estavam sempre saindo, com os amigos ou só os dois. Ele era compreensivo, a apoiava em seus sonhos e metas e ela idem.
Mas, quando se casaram, ele mudou da água para o vinho já na lua de mel, pois havia finalmente sido promovido (ele era promotor de justiça e nas vésperas do casamento havia conseguido virar juiz). Ele já não tinha mais tempo para ela e para a relação. Não parava em casa, viajava muito e às vezes nem avisava a ela que iria viajar, ela tinha que ligar para ele à noite ou no outro dia para, assim, descobrir onde ele estava e quantos dias iria ficar. Ela me dizia que não achava que ele a estava traindo e eu também não achava, sendo sincero. Ele estava ganhando certa notoriedade já pelo estado, era um bom profissional. Mas, o trabalho passou a ser o centro de sua vida, e o todo o casamento já não pareciam importar mais Dérick. Ela tinha esperanças de que em algum momento tudo isso fosse passar e eles voltariam a ser o casal perfeito de sempre, entretanto. Aquilo doía em mim quase o quanto doía em .
Eu nunca a aconselhei a desistir ou se separar, pois, apesar de sermos melhores amigos um do outro, eu nunca me achei no direito de dizer essas coisas. E, é claro, eu nunca disse a ela que era completamente apaixonado por ela e por cada detalhezinho seu. Quando o assunto são os meus sentimentos, eu me calo, porque sei que se eu abrir minha boca para falar do que sinto, acabarei estragando tudo. Eu não quero perder , já perdi tantas coisas nessa vida. Eu estou tão cansado de ser feito de perdas, queria muito ser feito de ganhos.

***

“Talk to your man, tell him he got bad news comin’ (yeah). Walk on the edge with someone new. Talk to your man (talk to your man), tell him we’ll have some good time lovin’ (talk, talk). You can take a chance, come take my hand.”


Eu engoli seco quando os dois pararam de se beijar. Minhas pernas pareciam estar cravadas no chão daquele estacionamento. Que merda era essa que estava acontecendo comigo? Por que diabos ela tinha me olhado daquela forma enquanto beijava o marido? Eu passei a língua pelos lábios quando ela caminhou em minha direção, assim que Dérrick arrancou com o carro.
- Queria que ele não voltasse mais! Queria que ele pedisse logo o divórcio. Ou eu! - Ela arfou.
- Cuidado com o que pede, , cuidado! O universo ouve tudo e devolve pra gente.
Meu coração batia forte dentro do peito e eu não sabia muito bem o que falar. Era a primeira vez que ela falava algo tão forte e com tanta mágoa sobre o marido.
- Você conseguiu ouvir? - Senti minhas bochechas arderem e sei que havia ficado vermelho.
- , não era a minha intenção, me desculpe!
Ela soltou uma risadinha e colocou uma das mãos sobre meu ombro esquerdo.
- Eu sei que não. Eu te conheço, ! Sei que provavelmente ficou observando com medo de precisar intervir!
Eu suspirei, aliviado. Não era bem esse o motivo e nem eu sabia o porquê de ter ficado ali parado feito uma estátua.
- Ele vai ficar um mês e meio fora. Me disse para não ficar ligando muito porque ele estará muito ocupado com os maiores nomes do país e precisa estar cem por cento disponível, pois sua carreira, que é a maior prioridade no momento, precisa muito desse tal congresso infeliz. Afe!
Os olhos dela marejaram de uma forma que eu sabia que estava sendo difícil para ela não chorar. Eu a abracei, apertando-a e ela chorou livremente. Soluçando, ela continuou:
- Eu disse um monte de coisas a ele, ! Disse tudo que estava entalado em minha garganta nesses meses todos. Disse a ele que estava me sentindo presa, que eu sentia que não podia viver a minha vida completamente por causa dele!
- E ele? - Eu questionei, enquanto afagava devagar seus cabelos.
- Não disse nada! Você viu que ele ficou calado? Não disse uma palavra sequer! Agiu como se eu não tivesse falado nada, como se… - Ela não conseguiu terminar e voltou a chorar copiosamente.
- Você o beijou de olhos abertos, Anny… - Eu sussurrei sem pensar, achando que ela não ouviria.
Mas eu estava enganado. Ea se desvencilhou do meu abraço e me fitou, limpando as lágrimas e fungando ainda levemente.
- Eu sei, ! Vem sendo assim quando consigo o beijar, porque nem isso mais fazemos! Não sei explicar o que me dá quando nos beijamos, eu simplesmente não sinto nada e meus olhos não se fecham mais.
Eu assenti.
- Me desculpe. Eu não deveria ter dito nada!
- Você sempre me acalma e me ajuda, ! Eu não sei o que seria de mim com tudo isso se não fosse você.
- Não diga isso! Eu agradeço, por ser tão importante assim, mas você é forte ! Mais forte do que pensa!
Eu acariciei sua bochecha, terminei de limpar algumas lágrimas que ainda desciam e ela disse que era melhor nós irmos logo pro escritório. O trabalho nos aproximava ainda mais e a ajudava a distrair a cabeça, sempre.
Hoje era sexta-feira e, como de costume, nós tínhamos sempre um happy hour. Eu e sempre íamos, mas sempre ficávamos mais distantes, só nós dois, para que ela pudesse desabafar ou, simplesmente, para que nós dois pudéssemos conversar melhor, longe da barulheira do povo do escritório. Hoje, achei que ela não ia querer ir, até que ela me perguntou se, como sempre, eu a daria carona até o bar. Eu respondi que lógico que sim, isso nunca mudaria.
Fomos conversando amenidades até chegar ao bar. Lá, ficamos um pouco jogando conversa fora com os colegas do trabalho e logo ela me puxou para um sofá que já era o nosso canto registrado de toda sexta. Foi naquele sofá, numa sexta qualquer, que percebi que eu estava irremediavelmente apaixonado por ela e que aquilo iria longe, pois não era um sentimento qualquer.
- Você tem certeza que se sente à vontade para ficar aqui? Posso te levar para casa!
- Em casa eu vou ficar sozinha, com a cabeça cheia de caraminholas. Tenho medo de ir para casa e perder a coragem…
Ela aproximou o rosto consideravelmente perto do meu e eu fiquei sem entender o que ela estava querendo dizer.
- Perder a coragem? - Eu balbuciei, enquanto abria e fechava meus olhos várias vezes. Minha cabeça girava, provavelmente pelo álcool querendo fazer efeito e também por estar confuso com aquela aproximação repentina. Ela deveria estar bêbada, afetada pela situação frágil do momento e tão confusa quanto eu.
se afastou, mordendo o lábio inferior e tomou um gole de sua cerveja.
- É! A coragem, ! - Ela balançou a cabeça - Você me enxerga como uma menininha frágil, não é?
- Você está frágil, . Passando por uma situação difícil, é normal que esteja vulnerável. E eu lhe disse de manhã que você é mais forte do que acha! É uma mulher incrível, ! Você é doce, se preocupa sempre com todos a sua volta. Você é determinada, uma profissional competente e honesta, acima de tudo. Você tem inúmeras qualidades. Eu poderia passar a noite toda descrevendo o quão incrível eu acho você!
- Mas eu sou como uma irmão, não sou?
Eu definitivamente não estava entendo o que ela estava querendo dizer e não queria correr o risco de interpretar nada errado, para não me machucar…
- Como assim? Somos amigos, ! Você é a minha melhor amiga, sua doida! - Eu lhe dei um tapinha na testa, coisa que ela já estava acostumada.
Ouvi sua gargalhada ecoar em meus ouvidos e eu sorri.
- Sempre tive medo de magoar você, sabe?
Nós nos olhamos.
- E hoje, tive medo de me magoar, mais do que já estou…- Ela quebra o silêncio.
- Se magoar? - Ela segurou minha mão - Você está falando do que exatamente? De nós?
Eu senti meu coração vibrar. Afinal de contas, ela estava ou não estava falando de mim, de nós? Agora eu estava aflito e com medo. Mas a coragem estava começando a apontar…
- É! Tenho medo de estar pensando uma coisa e não ser nada disso… Tenho medo de estar interpretando as coisas mal e me frustrar.
- E o que exatamente é isso? O que exatamente você quer saber? – Pergunto.
- Se… - Ela pausou como se buscasse as palavras - Se realmente somos somente amigos para você? Ai, !
soltou minha mão e depositou a cerveja entre as pernas enquanto tapava o rosto com as duas mãos.
- … - Eu pigarreei. Estava nervoso como se estivesse prestes a dar o meu primeiro beijo - Eu lutei muito, muito, mas muito mesmo para afastar esse sentimento de dentro de mim, porque era errado. Nós éramos amigos, você depositou toda a sua confiança em mim! Uma mulher casada, eu não podia me permitir isso! Além do que, eu sabia que você o amava muito e que eu não teria chances...Você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeito, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala. Uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira. É, não estou sendo agressivo não. Esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento, essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas e depois as portas, e, pouco a pouco, derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente. Eu nunca consegui me livrar, me desprender desse sentimento e de você. Era isso que você queria ouvir? Porque, você sabe o que eu queria ouvir de você?
Ela finalmente abriu os olhos.
- Queria ouvir de você que você está mandando agora uma mensagem para o babaca do seu marido, dizendo que não o quer mais, que está cansada, que vai cuidar de si mesma e da sua vida. Vai se amar, vai ser feliz… E que vai ser amada, por mim.
Os olhos dela estavam levemente arregalados e as lágrimas voltaram a se formar. Era agora ou nunca.
- Eu suspeitava que você sentia algo por mim, mas não sabia que era... - Ela pausou. - desse tamanho todo.
umedeceu o lábios, tomou um gole da bebida. Arrumou os cabelos e, enquanto isso, eu sentia meu coração bater nos ouvidos: tum tum, tum tum, tum tum, tum e aumentando…
- Primeiro, eu gostaria de dizer uma coisa... - Ela gargalhou. - Quero dizer que você mais do que ninguém me conhece por inteira e pode me quebrar ainda mais do que o Dérrick…
mordeu o lábio receosa. Eu estendi minha mão até ela.
- Justamente por conhecer cada fraqueza do seu coração e da sua alma que eu sei exatamente onde agir para te curar. Pegue minha mão, e nos dê uma chance…
Ela respirou pesadamente, olhou minha mão e meus olhos, com aqueles olhos azuis que eu tanto amava.
- Antes de mandar a mensagem para o Dérrick, podemos nos beijar? Quero fazer isso desde que chegamos aqui.
O meu coração se encheu dentro do peito e eu assenti com a cabeça, enquanto ela aproximava os lábios dos meus e nós finalmente nos beijamos. E o beijo dela era doce, conforme eu imaginava. Seus lábios eram macios, até mais do que eu imaginei. Só tinha uma coisa diferente do que sempre pensei, o beijo de era tímido, como se ainda não me conhecesse. Mas teríamos todo o tempo do mundo. Hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas.


Fim



Nota da autora: Olá meus amores! Gostaram? Algum feedback? Digam ai nos comentários o que acharam... Se quiserem saber mais sobre minhas fanfics me chama lá no tt <3

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Nota de Beta: Eu amo um amor proibido! Que coisa mais linda de ler uma relação que cura! Estou apaixonada sim!

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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