Enviada em: 14/05/2022

Capítulo Único

Eu odiava me mudar. Ainda mais agora, que estávamos indo morar em outro país. Tudo por causa do trabalho da minha mãe.
Cheguei olhando para os lados, procurando qualquer criança que se parecesse comigo. Pele morena, cabelos escuros, olhos amendoados. Dei de cara com uma figura magrinha, de cabelos lisos e olhos puxados. Um asiático perdido nesse bairro?
Me aproximei da porta do prédio onde moraríamos e o menino se aproximou também.
— Vai morar aqui? — ele apontou para a fachada de tijolos escuros.
— Não queria, mas sim. — respondi de má vontade.
— Então seremos vizinhos. . — ele me estendeu a mão.
. — estendi a mão e apertei a sua.
? — ele disse errado, porém de uma forma fofa.
. — corrigi.
— Foi o que eu disse. — ele afirmou.
— Não foi não, . — eu ri.
— Vou te chamar de . — ele deu de ombros. — Bem-vinda ao inferno. — e riu.


Me remexi na cama. Aquela lembrança estava aparecendo com frequência. Ajeitei a cabeça no travesseiro e tentei dormir mais.

me encarou de perto e senti minha pele arrepiar antes que seus dedos tocassem meu rosto. Era nosso primeiro beijo. Eu não sei quando deixamos de ser apenas amigos e nos tornamos adolescentes apaixonados. Só sei que estávamos ali, sentados no batente da porta do prédio, eu com 14 e ele com 13 anos, dando o nosso primeiro e inocente beijo. Assim que seus lábios tocaram os meus, eu fechei os olhos, como via nas novelas. Ele se afastou rapidamente, talvez assustado com o choque, que também percorreu meu corpo.
— É só isso? — perguntei para disfarçar. Estava arrepiada até a nuca.
— Podemos tentar de novo. — ele se aproximou e beijou meu rosto, uma, duas, três vezes até que eu sorrisse e o empurrasse.
— Melhor a gente pesquisar primeiro. Estou decepcionada que seja só isso. — fiz pouco caso.
— Não é possível que você não tenha sentido nada, . — ele cruzou os braços sobre o peito e franziu as sobrancelhas.
— Você se afastou como se eu tivesse te mordido! — protestei.
segurou meu rosto com as duas mãos e deixou um selar demorado em meus lábios. Peguei o exato momento em que seus olhos se fecharam e seus lábios se curvaram em um sorriso contra os meus. Acabei por sorrir junto.
— Agora somos namorados? — ele perguntou e sorriu com os dentes enormes à mostra.
— Você vai ter que falar isso para o meu pai. — arqueei uma sobrancelha para ele.
— Então podemos considerar isso como um teste e fingir que não aconteceu. — ele olhou para os lados.
— Pare de ser medroso! — me agarrei ao seu braço. — Vá agora dizer ao meu pai que…
— Me dizer o quê? — meu pai perguntou atrás de nós e travou no lugar. — O que estava fazendo com minha filha, ?
— Nada, senhor. — ele respondeu e separou meu braço do seu. Arqueei as sobrancelhas para ele, em uma expressão de desafio. — Senhor, se não se importa, eu quero namorar a . — ele olhou para meu pai por cima do ombro.
— Você já tem idade para namorar, ? — meu pai perguntou com os braços cruzados sobre o peito.
— Eles até se beijaram agorinha. — a senhora Pérez, que varria a calçada, nos delatou.
— E só então você vem me pedir. Não devia ter feito isso antes, ? — meu pai perguntou.
— Pai, pare de fazer tempestade. Se o senhor não permitir, nós vamos namorar mesmo assim. — desafiei.
— Então que outra escolha eu tenho? — ele suspirou e soltou o ar que estava prendendo. — Só não machuque minha filha, .
Mal sabia meu pai que todos nós sairíamos machucados dali.


Abri os olhos e encarei o teto branco do apartamento. Era bom estar em casa, mas era solitário na maior parte do tempo. Eu tinha comigo, mas não era a mesma coisa. Ela era minha amiga e assessora, mas não preenchia o vazio que ia muito mais além das paredes sem cor e sem decoração do meu apartamento.
Apertei os olhos com mais força. Eu precisava dormir bem. Teria um dia agitado, com reunião, gravação e uma possível viagem. Passei o cobertor pela cabeça na expectativa de conseguir dormir e espantar os pensamentos, mas eles não estavam colaborando.

Estava chegando para mais uma das aulas que eu insisti horrores para fazer. e eu já estávamos juntos há quatro anos e eu estava ansiosa para contar a ele que iria participar da minha primeira audição. Que inclusive ficava em outro lugar. Eu queria que ele fosse comigo.
O vi caminhando no corredor e simplesmente pulei em suas costas.
— Você precisa para de me pegar de surpresa ou um dia iremos os dois ao chão. — ele sorriu e me ajeitou contra suas costas, a mão se apoiando em minha bunda. — Você não quer estragar seu rosto, que vai valer milhões, quer?
— Meu rosto já vale milhões, . — protestei e passei o nariz por sua nuca, ouvindo seu resmungar baixo. — Você tá cheiroso. Alguma ocasião especial?
— Você que queria conversar. O que quer me dizer? — ele parou na porta da nossa sala e me colocou no chão.
— Vou fazer minha primeira audição! — exclamei empolgada.
, isso é ótimo! — ele me abraçou pela cintura e rodou comigo no colo. — E quando é? Onde é?
— Próxima sexta. Em Nova Iorque. — vi seu sorriso murchando. — Você vai comigo, não é?
— Não posso. Eu tenho competição na sexta, lembra? — ele perguntou. Às vezes, ele participava de competições de rappers, e eu definitivamente não lembrava que sexta tinha competição. Estava tão empolgada com minha audição que simplesmente esqueci.
— Agora estou triste porque esqueci e não vou poder estar aqui. — deitei a cabeça em seu ombro. — Eu nunca perdi uma apresentação.
— Vão existir outras. — ele beijou meu ombro.
Eu deveria ter me dado conta de que ali era o princípio do fim.
Na segunda depois da audição, não cheguei tão empolgada assim. , por outro lado, estava totalmente eufórico. Tinha vencido a competição e queria saber o resultado da minha audição. Eu não tinha contado a ele. Só tinha recebido uma mensagem falando de seu resultado e não quis acabar com sua felicidade.
— Bom dia, amor. Tá tudo bem? — a expressão preocupada em seu rosto substituiu a divertida que ele sempre tinha ao me chamar de amor. — , tá tudo bem? Você foi reprovada?
— Não, . — sorri triste. — Eu ganhei o papel principal em um grande musical.
— Mas não era isso que você queria? — ele acariciou meu rosto.
— Sim, mas a que custo? Eu vou ter que me mudar, . Eu não posso ficar aqui. Tenho que estar perto do local dos ensaios e do teatro. — suspirei.
— Nós vamos ficar bem, meu amor. — ele me abraçou.
— Não vamos, . — afirmei com toda a certeza que eu tinha.
— Vamos sim. Você não me ama? — ele sussurrou.
— Não me pergunta isso, . A minha resposta sempre vai ser a mesma, você sabe. — me afastei dele e sorri. — Eu te amo, mas nada vai me parar. Esse musical é só o começo e nós sabemos.
— Uma estrela em órbita. — ele sorriu, mas uma lágrima caiu de seu olho apertado. Era nosso lema: “uma estrela em órbita, sem parada, rumo ao sucesso”. Lembrar disso fez as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
— Uma estrela em órbita. — repeti. Sem aguentar olhar para o sofrimento naqueles olhos que eu tanto amava, me abracei de novo a ele. — Eu me mudo na próxima semana. Eu te amo e desejo todo o sucesso do mundo, mas eu tenho que ir.
— Adeus, .


E eu acordei. Aos prantos como sempre acontecia nos últimos anos. Luna, minha cadelinha, estava aos pés da cama, tentando subir como sempre fazia quando me via chorar.
— Mamãe está bem, meu amor. — funguei e sequei as lágrimas. Me abaixei para pegar Luna no colo e a coloquei na cama. — Foi só um sonho ruim. O de sempre. — sorri para ela, que tentava lamber meu rosto.
Já que estava acordada e não conseguiria mais dormir, levantei e fui tomar um banho frio, para tentar diminuir o inchaço no meu rosto. Fiquei um tempo debaixo da água fria e, depois de secar os cabelos, fui preparar um café. Chequei as horas no relógio da cozinha e ele marcava pouco mais de cinco da manhã.
Mandei uma mensagem para , para avisar que estava acordada e esperando pela programação do dia, mas ela não me respondeu, certamente estava dormindo. Coisa que eu também deveria estar fazendo.
Enchi uma xícara com café e fui sentar na cadeira da varanda, com Luna ao meu lado, observando as luzes da cidade se apagando aos poucos conforme o Sol aparecia. Uma única estrela brilhava no céu cheio de poluição da cidade de Nova Iorque, brigando até mesmo com a luz do Sol que aparecia com mais força. Sorri e sequei a lágrima solitária que escorreu de meu olho. A voz que eu conhecia sussurrou “uma estrela em órbita”.
Desde o dia do adeus, eu nunca mais tinha visto . Não sabia seu endereço, se ainda estava nos Estados Unidos, ou o que tinha se tornado. Um rapper famoso ele não era. Eu o veria nas telas ou nas festas.
Já eu... Todos sabiam quem era . A garota de descendência latina que começou fazendo musicais e se tornou uma grande cantora.
Depois de meses de treinamento para o meu primeiro musical, voltei ao nosso bairro e ele já não estava. Ninguém sabia dos . Eu esperava que um dia fosse atrás de mim, mas esse dia nunca chegou. Eu também nunca fui atrás dele. Se ele sumiu sem dar notícias, talvez estivesse pensando no melhor para nós dois. Mas volta e meia eu fechava os olhos e o sonho de hoje aparecia, vivo como uma lembrança tem de ser.
, você caiu da cama ou o quê? — , ou , chegou perguntando alto, como que para se fazer ouvir.
— Na varanda, . — gritei.
— Você tem uma entrevista ao vivo hoje. Por que não está dormindo? — ela checou o relógio. — São seis da manhã, .
— O Sol já me disse isso, . — sorri.
— O sonho de novo? — ela perguntou e passou a mão no meu cabelo.
— O de sempre. — dei de ombros. Ela os apertou e me abraçou pelo pescoço. Ficamos apenas observando o amanhecer por alguns minutos até que eu suspirei e tomei coragem para levantar. — Qual a programação para hoje?
— Nós temos uma reunião às dez e então vamos pegar suas roupas e vamos para o estúdio. O programa é hoje no comecinho da noite. — ela repassou. — Já pedi para virem buscar Luna para deixá-la na casa da sua mãe. Ela ficou feliz em receber a neta. — ela riu.
Minha mãe tinha demorado a se acostumar com a ideia de que era avó de cachorro, mas agora fazia tudo por Luna.
— Ela te ama, não é, pequena? — perguntei à coisinha pequena e peluda ao meu lado.
De repente, se aproximou e cheirou meu cabelo.
— Pelo menos já tomou banho. — ela se afastou rindo. — Vá se trocar. — ordenou.
Entrei ouvindo seus resmungos de “uma grande estrela preguiçosa, isso sim” enquanto juntava alguns copos espalhados pela sala. Entrei no quarto rindo. Vesti uma roupa simples: calça jeans e camisa preta, um salto nos pés e uma bolsa, o básico. Quando saí, já estava com a bolsa no ombro.
— Sua coreógrafa ligou. Precisa de você no estúdio em trinta minutos. — ela suspirou. — Vá buscar uma roupa de treino.
Derrotada, fiz o que me foi ordenado e voltei com a roupa na bolsa que eu sempre carregava comigo. Acompanhei até o estacionamento e entramos no carro com ela tagarelando ao telefone. Eu preferi dirigir porque ela estava agitada na ligação. Fui calmamente até o estúdio onde ensaiava com meus bailarinos e minha coreógrafa já estava na porta, me esperando.
— Está atrasada, . — Kimberly disse assim que me viu.
— Bom dia, Kim. Como está? — sorri para ela. — Qual o motivo da urgência?
— Precisamos substituir uma bailarina para hoje e temos que passar com ela. — Kim suspirou. — Vá se trocar.
— Esteja livre antes das dez. Temos reunião. — me lembrou. — Não a destrua, Kim. Precisamos dela. — minha amiga sorriu e se foi, soltando um beijinho no ar. Kimberly apenas apontou com a cabeça para o camarim e eu tratei de ir trocar de roupa.
Ficamos longas horas naquele ensaio, tudo teria que estar perfeito. Eu só parei quando bateu no vidro da sala e apontou para o relógio: eu estava atrasada.
Me despedi de todos na sala e tomei um banho rápido, trocando de roupa em seguida. Dessa vez, que dirigiu até a empresa. A reunião era basicamente para me informar que eles tinham conseguido contato com um produtor famoso e que faríamos um featuring durante minha turnê de seis shows na Ásia: um na Coreia do Sul, dois no Japão, um em Hong Kong, um na Tailândia e o último na Coreia novamente. E depois, férias de algumas semanas no paraíso que era a Tailândia.
— O é disputadíssimo. — me disse. — E ele é totalmente low profile. Um gênio musical, mas quase ninguém o conhece realmente. Ele empresta a voz e o talento, mas nunca o rosto.
— Deve ser horroroso. — entortei a cara e riu.
— Feio ou não, o talento dele é incrível. — ela disse admirada.
— Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nem sempre beleza e talento andam juntos. — suspirei. — Mas olhe para mim: linda e talentosa.
— E modesta. — riu. — Vamos, temos que almoçar e provar roupas, muitas roupas. Você vai sair em turnê pelo outro lado do mundo, garota! — ela deu um tapinha em meu ombro.
Tentei me animar enquanto tagarelava sobre a turnê, mas o sonho do hoje e o fato de eu abrir e fechar a turnê na Coreia do Sul tinham minado qualquer animação de mim. era a única pessoa que estava nos meus pensamentos. Enquanto esperava que o almoço chegasse ( preferiu ir almoçar na minha casa), procurei por nas redes sociais. Nada. Procurei sua irmã, e encontrei uma única foto com ele em 2019, mas nenhuma marcação. Ou talvez houvesse, eu que estava bloqueada. Procurei pelo celular de . Nada mesmo. Ele tinha praticamente se apagado.
Depois de almoçar, fomos pegar as roupas de que tanto falava. Eram novas peças para a turnê, bodys e meias e botas, tudo com muito brilho, como deveria ser. Ainda escolhi algumas roupas casuais para levar comigo. Eu tiraria férias depois, afinal.
Corremos para o estúdio onde teria a entrevista e deixei que a equipe cuidasse de mim. Eram muitas mãos preparando meu rosto e cabelo. Depois de vestir um dos bodys no maior estilo Beyoncé, me apressei para a frente das câmeras. Comecei cantando uma das minhas músicas, com meus bailarinos ao redor, na mais perfeita sincronia. Quando me sentei, a apresentadora sorriu para mim, pronta para começar as perguntas.
, eu ouvi dizer que você fala três línguas. A informação é verdadeira? — ela perguntou.
— Eu falo espanhol por causa do meu pai, português por causa da minha mãe e inglês, bom, por causa da vida. — eu ri e todos riram comigo. — E sei algumas palavras de coreano porque meus vizinhos gritavam muito quando moravam no meu antigo bairro.
— Um bairro diversificado. — ela sorriu. — Qual a palavra que você mais ouvia?
Babo. — tentei imitar a voz da mãe de em uma das tantas vezes em que eu a ouvia chamar a ele e ao marido daquela forma.
— É fofo. O que significa? — ela me perguntou.
— Idiota. — respondi e todos gargalhamos. — Tem outra. Saranghae.
— Outra ofensa? — ela perguntou rindo. Neguei com a cabeça, tentando disfarçar a tristeza.
— Eu te amo. — respondi e suspirei.
— Pequena e carregada de significado. — a mulher se admirou. — E por falar em amor, como anda o coração?
— Fechado para balanço. — respondi sem pestanejar.
— Surgiram muitos boatos de que você estava namorando o ator do último musical que você fez antes de explodir. — ela atiçou.
— Conversa! — eu ri. — Jeff é maravilhoso, mas somos apenas amigos.
Depois de mais algumas perguntas e outra música, eu me despedi do público, prometendo atualizá-los nas redes sociais sobre a turnê na Ásia que tinha sido anunciada ali. Peguei minhas coisas no camarim e fui para o carro. entrou minutos depois.
— Ansiosa? — ela parecia animada. — Sabe, eu sempre quis conhecer o Japão.
— Claro. Otaku. — eu ri. — Ei! O certo é otome. E eu só assisti alguns animes. — se defendeu.
— Vamos para casa, . Temos muitas malas para arrumar. — suspirei.

🌟🌟🌟


Depois de dias de intensa arrumação de malas, , eu e a equipe finalmente estávamos prontos para embarcar. Meu coração estava acelerado, porque pousaríamos na Coreia e aquilo me lembrava .
Ainda tinha o encontro o misterioso e a gravação com ele antes de partirmos para o Japão.
Depois do que eu achei serem umas 16 horas de voo e muita dor, pousamos em solo sul-coreano. Era primavera e a cidade estava fria, com seus 16°, nada com o que eu não estivesse acostumada.
— Nós vamos descansar essa noite e amanhã temos nosso primeiro encontro com o . — explicou.
— O misterioso. — suspirei. — De quem foi a ideia mesmo, hein?
— Vai ser bom para você. Pare de reclamar, . — ela ralhou. — Bote um sorriso nesse rosto de milhões e vá atualizar seus fãs.
Respirei fundo e fui fazer o que tão bravamente me dizia. Depois de postar alguns stories para dizer que estava viva e bem, me aprontei para dormir, rezando para o tal ser pelo menos bonitinho para fazer valer todo o esforço que eu estava fazendo para encontrá-lo.

💙💙


Na manhã seguinte, ainda confusa com o fuso horário, levantei de mal gosto, querendo dormir mais naquele frio. jogou na cama uma calça moletom, um cropped, um casaco e só não jogou o tênis porque eu levantei antes. Coloquei um boné e uma máscara e pronto: estava me sentindo uma idol de kpop.
Assim que acabamos nosso café, recebemos a notícia de que um motorista estava nos esperando na porta, a empresa o tinha mandado. Entramos no sedan confortável e ele dirigiu tranquilamente pelas ruas de Seul até um prédio grande cuja fachada eu não consegui ler.
— Seja simpática. — sussurrou quando já estávamos no elevador.
— Eu sempre sou. — rebati ofendida.
— Nem sempre, . Desfaça agora mesmo essa cara. — ela ordenou. — E tire esse boné. — ela tirou o boné da minha cabeça, bagunçando meus cabelos, e o guardou na bolsa que carregava consigo.
, que prazer recebê-la! — um coreano alto que beirava os 40 anos se aproximou sorrindo.
Maneei a cabeça em uma reverência contida como fazia quando via meu pai, e o homem me reverenciou de forma correta e estendeu a mão para um cumprimento.
— É um prazer estar aqui, senhor…
— Park. — sussurrou para mim.
— Senhor Park. Que bom que conseguimos essa parceria. — sorri abertamente.
— Vai ser uma parceria de sucesso, tenho certeza. — ele sorriu de volta. — Vamos, está nos esperando.
Ele desfez o aperto em minha mão e se virou, indo para o que eu achei ser uma sala de reunião. Quando ele abriu a porta, vi costas largas em uma camisa preta que parecia pequena demais. Enfim o tal . E então ele se virou e meu coração parou por um milésimo de segundo. era ninguém menos que . O meu .
Quando nossos olhares se cruzaram, foi como se toda a galáxia explodisse em um milhão de estrelas. E todas elas estavam ali, nos olhos de , que agora me olhava como se estivesse vendo um fantasma. Ele não tinha crescido muito em altura (e eu também não, então mantínhamos a mesma proporção), mas estava forte, com os braços apertados em uma camisa preta de botões que lutavam contra o peito forte. Eu só queria poder deitar a cabeça ali para constatar se ainda era tão acolhedor como um dia foi.
? — ele chamou errado como na primeira vez que nos vimos, mas agora a voz estava baixa, chocada.
— Oi, . — sorri, tentando segurar as lágrimas.
— Oh, vocês se conhecem. — o senhor Park disse, parecendo satisfeito. — Vou deixá-los a sós um momento, sim?
Ouvi quando ele saiu, levando com um educado “por aqui, senhorita”.
— Quanto tempo. — dei um passo a frente. deu um passo atrás. Um claro recado de que eu não deveria me aproximar.
— Seis anos. — ele rebateu. — Acompanhei o seu começo.
— Eu voltei depois da minha primeira estreia e você não estava mais lá. — dei outro passo a frente e ele deu outro passo para trás. — Você sumiu, .
— Você fez sua escolha, . Eu respeito isso. — ele deu de ombros, como se não importasse. Mas importava e muito. Eu tinha visto a dor nos olhos dele quando ele disse adeus.
— Eu senti tanto a sua falta. — dei mais um passo em sua direção. , porém, bateu as costas na parede. Venci toda a distância entre nós e estiquei a mão para tocar em seu rosto. a segurou antes que eu o tocasse.
— Teríamos conseguido, . — ele me afastou delicadamente. — Mas você fez sua escolha e me obrigou a fazer a minha. Nós chegamos onde queríamos chegar.
— Uma estrela em órbita. — dissemos juntos.
— Você não vai me perdoar, não é? — perguntei, já sentindo as lágrimas chegando.
— Talvez um dia. — ele respondeu sem me encarar.
— Se não em todos esses anos, quando, ? — perguntei em um sussurro.
— Um dia, . Um dia. — ele deslizou pela parede e se afastou de mim. — Vou dizer à sua assistente que a reunião de hoje precisa ser adiada. Lembrei que tenho um compromisso agora. Até mais, .
E simplesmente saiu da sala, me deixando com lágrimas e lembranças doloridas. entrou segundos depois e me abraçou.
— Amiga, era ele? — ela perguntou preocupada.
— Sim, . Mas tá tudo bem. Eu vou conseguir. — respondi chorando. — Vai ser uma parceria de sucesso, você vai ver.
— Eu diria para cancelarmos, mas todos já estão sabendo que você veio para gravar com ele. — ela suspirou e apertou os braços ao meu redor. — Vai ficar tudo bem.
— Vai? — perguntei em um suspiro.

❤️❤️


adiou a reunião e o primeiro ensaio tanto quanto foi possível. Enquanto ele me evitava, eu me preparava para o meu primeiro show e arriscava escrever umas letras. Ainda tentei falar com pelo Instagram do “”, mas ele sequer visualizava.
Quando finalmente fomos chamadas até a empresa novamente, tentei me arrumar melhor. Coloquei uma saia, cropped, meias e salto. Arrumei o cabelo e postei um story antes de sair. Meus seguidores estavam animados com aquilo, sem saber o inferno que estava sendo para mim.
Novamente o motorista, um homem robusto, na casa dos 50, nos aguardava na porta do hotel em um sedan escuro.
— Bom dia, senhoritas. O senhor Park pede desculpas pela demora. O chefinho não estava se sentindo muito bem. — ele explicou quando entramos no carro. Quis rir do tratamento dado a , mas me controlei.
— Ele está doente? — perguntei.
— Sempre achei que ele tinha alguma coisa quebrada aqui. — ele apontou para o próprio peito e me encarou pelo retrovisor.
— Espero que ele fique bem. — desejei. apertou meu joelho.
— Também espero, senhorita . — o homem sorriu pequeno e ficou calado até chegarmos à empresa. — Eles estão esperando no 8º andar.
Fiz uma reverência contida e entrei no elevador com . Ela me olhou por completo, creio que só então reparando no que eu estava vestindo.
— Veio para terminar de quebrar o chefinho ? — ela riu.
— Não tem graça, . — lhe empurrei com o ombro. — Achei que o motorista ia me dar um sermão e me mandar colar o coração do .
negou com a cabeça, pronta para responder, mas as portas metálicas se abriram, revelando o senhor Park com logo atrás dele.
, ! Que prazer vê-las. — ele estendeu a mão e a apertamos. — Já conhecem o , não é? — ele abriu espaço e apenas nos reverenciou sem dizer uma palavra, o maxilar travado.
— Espero que esteja bem. — retribuí a reverência. — Vamos trabalhar bem juntos.
— Eu espero que sim. — ele respondeu seco.
— Bom, tem algumas ideias para a letra. Eu sei que a compositora de vocês já nos enviou uma letra pronta, mas queríamos apresentar nossa proposta. O que acham? — senhor Park perguntou esperançoso.
— Boas ideias são sempre bem-vindas. — dei de ombros.
— Ótimo! — ele parecia animado demais. Sobre , eu já não podia dizer o mesmo. — Preparamos a sala de reuniões. Por aqui.
Ele nos guiou pelos corredores, atrás de nós o tempo todo, como um guarda-costas.
— Ele não parece feliz. — sussurrou para mim.
— Dê um desconto, . — suspirei. — Tem sido difícil.
— Para você também e nem por isso está com essa cara de quem chupou limão. — ela rebateu e pigarreou para avisar que ela estava falando alto demais.
A porta da sala de reuniões foi aberta e eu me sentei em uma das tantas cadeiras espalhadas ali. entrou logo atrás, pegou uma jaqueta que eu julguei ser sua e cobriu minhas pernas expostas.
— Sempre cuidando dos convidados. — o senhor Park sorriu satisfeito.
— Obrigada. — sussurrei para ele, mas ele apenas ignorou, o maxilar cada vez mais travado.
Decidi ficar quieta e escutei a proposta sobre a música. Depois de muita discussão sobre a letra e a melodia, e depois de testar nossas vozes juntas, o senhor Park se levantou.
— Senhorita , vamos deixar os artistas conversarem, sim? — ele estendeu a mão para . Ela me olhou com um questionamento no olhar e eu apenas concordei com um gesto contido. então se levantou e aceitou a mão estendida do senhor Park, o seguindo para fora da sala.
— O que está fazendo? — perguntou assim que a porta se fechou.
— Do que está falando? — perguntei confusa. — Para princípio de conversa, eu nem sabia que você era, bem, você.
— Não é disso que eu estou falando, . — ele levantou e colocou as mãos na cintura, respirando fundo. — Não estamos no seu país. Essa não é uma roupa para reunião.
Olhei para meu próprio corpo: o cropped de gola alta e a saia coberta pela jaqueta.
— Você está assim a manhã toda por causa de uma saia? — perguntei incrédula. — , você... Está com ciúmes?
— Não. Eu só... — ele travou o maxilar outra vez, as orelhas quase vermelhas pelo esforço dele em mentir.
— Eu já mostrei muito mais que isso. Se acompanhou o meu começo, você sabe. — cruzei os braços sobre o peito. — E vou continuar mostrando. Tenho bodys lindos para essa turnê.
— Não estamos no seu país. — ele repetiu baixinho.
— Se bem lembro, meu país era seu país até você sumir. — alfinetei.
— Seu país poderia continuar sendo meu país se você não tivesse...
— Não conclua a frase, . Não venha me dizer que eu te abandonei. Nós tínhamos objetivos, eu estava correndo atrás dos meus. — suspirei. — Eu voltei para você, mas você tinha fugido.
— Nós teríamos conseguido. — ele repetiu a frase do primeiro dia que nos encontramos.
— Sim, teríamos. Mas você sumiu. — tirei a jaqueta das pernas e a joguei na cadeira vizinha. Minha saia voou com o movimento e os olhos inexpressivos dele caíram sobre minhas pernas. — Até amanhã, .
Levantei e saí da sala, deixando um mudo lá.
— Primeiro ensaio amanhã? — o senhor Park perguntou.
— Sim, e vou trazer minha equipe de gravação. Espero que o senhor esteja de acordo com o fato de que finalmente vai mostrar o rosto em um clipe. — tentei sorrir.
— Estava esperando por esse momento. — respondeu em tom irônico, escorado na soleira da porta.
Bufei e saí com em meu encalço, me dizendo para respirar fundo. Mas tinha cutucado uma fera.

🔥🔥


Nos dias que se seguiram, tivemos uma intensa rotina de ensaios e gravações de teste. Procurei meus melhores (e menores) looks apenas para ver bufar e revirar os olhos. Era sempre uma blusa decotada ou uma saia curta que arrancavam dele expressões engraçadas. Eu estava me sentindo adorável com todo aquele ciúme.
Enquanto isso, eu intercalava os ensaios com a passagem de palco do show de Seul. estava no meu pé o tempo todo, dizendo o quanto os homens eram bonitos. E eu não podia discordar. Mas o único par de olhos puxados que eu queria era o de .
Aquela música, nossa música, seria um sucesso. O rap de combinava perfeitamente com a melodia da minha voz. Tínhamos uma boa sintonia, era lindo de se ouvir.
— Vocês fizeram um bom trabalho. — reverenciei a equipe que fazia a filmagem do estúdio. fez o mesmo. Assim que a equipe saiu da sala, nos deixando a sós, venceu toda a distância entre nós e com as mãos segurando meu rosto, me beijou. Eu sequer pude escapar. Não queria escapar. Estava com tanta saudade daqueles lábios que simplesmente me entreguei ao beijo. Quando ele finalmente se deu por satisfeito, se afastou minimamente, os olhos ainda fechados e um sorriso mínimo no rosto.
— Eu estava com tanta saudade. — ele confessou baixinho. — Tanta saudade de te ouvir cantar. Saudade do que a sua voz me causa. Do que os seu beijos me causam. Saudade de você, .
Sorri com ele e não pude evitar a lágrima solitária que escorreu no canto do meu olho.
— Ei, não chora. — ele colheu a lágrima com um beijo.
— Como eu não vou chorar com você me dizendo tudo isso, ? Com tudo que eu estou sentindo? — disse, tentando segurar mais lágrimas. — Como eu não vou chorar se daqui dois dias eu vou fazer um show e vou embora, ? Como eu posso lidar com tudo isso? — as lágrimas que se acumularam em meus olhos durante o meu discurso simplesmente transbordaram.
— Não pensa nisso agora, tá bem? — ele me abraçou, escondendo minha cabeça em seu peito. — Você vai voltar. Seu último show é aqui. Aí sim a gente pensa nisso, tá? Agora eu estou aqui com você e por você. — ele suspirou. — Me perdoa por ter ido embora. Eu posso ter sido um pouco egoísta.
— Um pouco, ? — me afastei dele.
— Um pouco, . — ele colocou as mãos na cintura. — Se eu me lembro, você também foi.
— Eu só...
— Eu sei. O sonho. Estrela em órbita. Já entendi. — seus lábios formaram uma linha fina.
— Não faz essa cara para mim. — eu ri e beijei seus lábios. — Estou tão feliz que você me perdoou.
— Era você quem tinha que me perdoar. — ele agarrou minha cintura e me puxou para si.
— Tínhamos que perdoar um ao outro. — coloquei os braços ao redor de seu pescoço. — Eu queria tanto ter vivido isso tudo com você, . Queria ter compartilhado todos os meus primeiros momentos com você. Mas você fugiu depois do primeiro.
fechou os olhos e se afastou de mim.
— O que eu fiz agora? — perguntei, confusa.
— Só estou tentando absorver a imagem de outro cara te tocando. — ele quase sussurrou.
— Você fica fofo com ciúme, sabia? — o abracei por trás. — Não faça esse drama. Sei que outra mulher também te tocou, . Você não me engana.
— O cara do último musical? — ele perguntou enquanto se virava de frente para mim novamente.
— Jeff é bi, mas prefere ficar com rapazes. Eu não faço o estilo dele. — eu ri.
— Acho que estou me arrependendo de ter gravado esse clipe. — ele suspirou.
— Pare de drama, . Não combina com você. — ralhei. ,br> — Eu sei de uma coisa que combina comigo. — ele sorriu de lado.
— Eu? — perguntei sorrindo.
— Você acabou de estragar minha cantada, . — um bico se formou em seus lábios e eu não evitei beijá-lo.
— Fala sério, , essas cantadas funcionam mesmo? — perguntei risonha.
— Não sei. Eu ia testar essa com você, mas você estragou. — seu bico de desgosto apenas aumentou. Selei seus lábios no exato momento em que entrou pela porta, travando no lugar ao nos ver grudados.
— Eu sabia tanto que isso ia acontecer. — ela riu. — Se despeça, . Temos que ir. Temos um milhão de coisas para fazer antes do show.
Concordei com a cabeça e fiquei esperando sair da sala. Ela me encarou e piscou os olhos devagar.
— Saia, . — pedi delicadamente.
— Mas nem pensar. Dê um beijo rápido nesse aí. Temos realmente que ir. — ela apontou para .
— Vai. Dessa vez, quando você voltar, eu estarei aqui. — ele sorriu e selou meus lábios, depois me beijou de forma carinhosa e findou com outro selar. — Bom show, .
E me arrastou dali, não sem antes eu ver me dizer um “eu te amo” sem som nenhum.

🌟🌟


Depois do último ensaio, a vida virou uma loucura. Abri a turnê na Coreia e segui com todos os shows programados. Mal tinha tempo para falar com , mas tentava sempre que possível.
Agora, enfim estávamos voltando para a Coreia. Depois de ajustar o capuz do casaco e a máscara no rosto, descemos no aeroporto de Incheon. Cruzei o portão do desembarque e vi na linha de frente, vestido tal qual um agente secreto: a roupa toda preta, de máscara e boné. E como eu sabia que era ele? Bem, seus olhos apertados por um sorriso oculto o denunciavam. Isso e o papel com “” escrito às pressas. Caminhei até ele com o segurança abrindo caminho.
— Seus olhos te denunciam. — baixei seu boné para esconder seus olhos. Ainda de máscara, selei seus lábios também cobertos. Os flashes explodiram ao nosso redor.
— Tá cheio de repórteres aqui, . — ele disse com os olhos arregalados.
— Eles mal sabem quem sou eu. — procurei sua mão e entrelacei nossos dedos.
— Conta outra. Viu os flashes? — suas sobrancelhas se arquearam. — Vamos sair daqui. Eu preciso urgentemente beijar você.
— Se vamos estar em todos os sites de notícia amanhã, vamos fazer isso direito. — sorri. Ele franziu as sobrancelhas para mim, um questionamento no olhar. Então eu comecei a correr entre as pessoas, ainda segurando sua mão. Alguns fãs que estavam lá para me receber soltaram gritos animados e ouvi palmas e assobios ao nosso redor. Ouvi também a risada divertida de atrás de mim, correndo para me acompanhar. Parecíamos as duas crianças que corriam na frente do prédio quando se conheceram.
Assim que entramos no carro de , o motorista que ia me buscar no hotel já estava a postos.
— Para onde, chefinho? — ele perguntou com um sorriso.
— Para o hotel da senhorita . — respondeu e sorriu.
vai me matar. — lembrei a ele.
— Eu me entendo com ela depois. Agora pisa fundo, Sungjoo. — ele ordenou ao motorista.

🌟🌟🌟


Finalmente a turnê tinha terminado. E tinha sido um sucesso. Depois da nossa fuga no aeroporto, nossa música foi lançada e a cantou comigo no palco, arrancando gritos e mais gritos de fãs quase enlouquecidos.
Agora eu estava sob o Sol da Tailândia, na proa de um iate alugado para as minhas merecidas férias, usando apenas um biquíni escuro.
— Pensei que tinha sido abandonado.
E claro que eu não estava sozinha. estava comigo.
— Você é meu piloto. Lógico que eu não ia te abandonar. — me virei em sua direção e o encontrei vestindo apenas uma bermuda curta. Os braços fortes me abraçaram pela cintura e sua boca se colou em meu pescoço, um arrepio se espalhando pelo meu corpo. — Já tomou café?
— A única coisa que podia me satisfazer não estava na mesa. — ele disse com a voz quase rouca enquanto descia os beijos pelo vão entre meus seios.
— E o que seria? — perguntei já mole em seus braços.
— Você. — ele sussurrou e seu nariz substituiu sua boca, iniciando um roçar leve na minha pele já bronzeada. Senti o corpo todo esquentar e joguei os braços ao redor de seu pescoço, puxando os fios de sua nuca em resposta. — Eu poderia me casar com você bem aqui enquanto você usa só esse biquíni. Ou até mesmo sem ele.
— E o que te garante que eu diria sim? — perguntei baixinho.
— Nós dois sabemos que você diria sim, . — ele voltou a olhar em meus olhos e sustentava um sorriso ladino. Ele selou meus lábios, uma, duas, três vezes até que eu me rendesse e o beijasse. Nos separamos minimamente para respirar e ele me sorriu. Acabei por sorrir junto. — E agora que eu tenho você, bom, é como você disse antes, : nada pode me parar.


Fim



Nota da autora: O Hey! Primeiramente, me desculpem por qualquer coisa. Esse é meu primeiro ficstape e eu tava muito nervosa.
Segundamente, eu espero que vocês tenham gostado, de verdade. Por último, tem um conteúdo legal dessa fic no Insta. O link tá ali embaixo. Minhas outras fics podem ser encontradas na minha página de autora. Beijinhos!

Nota da beta: Socorro, caiu um cisco aqui :'). Que coisa mais querida essa história, meu Senhor! Desde o primeiro momento, fiquei ansiosamente aguardando o reencontro dos dois e fico feliz que tenha dado tuuuuudo certo. Empolgada para ver esse casal em mais aventuras, ein?? <3
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