Finalizada em: 19/06/2021

#1 I had a revelation

As missas de sábado à tarde costumavam ser mais vazias e pouco frequentadas. Fazia apenas dois meses que eu era o padre responsável pela St. Anne’s R. C. Church e podia afirmar com a mais plena certeza de que nunca havia visto uma congregação tão fiel quanto aquela, sendo que o grupo de idosos não era o único ativo. Os grupos de jovens e de voluntários eram sempre muito presentes e atuantes na comunidade atendida pela igreja.
No entanto, naquele sábado em especial, havia um rosto que, apesar de familiar, nunca tinha visto em nenhuma das minhas missas. Seus cabelos pouco mais escuros que mel lhe caíam sobre os ombros e estavam mais compridos do que me lembrava da última vez. Os olhos claros ainda tinham aquela mesma expressão que misturava curiosidade e exaustão.
ainda tinha o mesmo rosto de ares joviais e sagazes que eu me lembrava.
Ao dar a bênção final do culto, atendi algumas idosas do grupo que gostariam de saber se poderiam utilizar a sala de atendimentos para fazerem sua reunião semanal de emergência, uma vez que precisavam se programar para o evento de arrecadação de fundos da semana seguinte. Entreguei-lhes a chave e desejei que fizessem bom proveito.
A todo instante, enquanto atendia outros fiéis, meus olhos não paravam de checar a pessoa sentada em um dos últimos assentos, próxima à saída. O olhar fixo em mim denunciava que talvez estivéssemos pensando a mesma coisa e o fato de ainda não ter ido embora confirmava minha teoria.
Depois de atender a última pessoa da fila, levantou-se de seu assento. Dando passos largos, preenchi o espaço que havia entre nós, parando a um pouco menos de um metro de distância.
― De todos os lugares do mundo em que imaginei te reencontrar, nunca achei que igreja era um lugar possível. ― Deu um meio sorriso.
― As coisas mudam muito em um espaço de dois anos. ― Correspondi-a da mesma forma. ― Aliás, você não costuma congregar aqui, né?
― Na verdade, comecei no trabalho novo essa semana. Sou professora na escola municipal e, como hoje era meu dia de monitoria de uma competição, aproveitei para vir aqui porque era mais perto que a igreja que costumo ir.
― Bom, seja bem-vinda.
― Estou tentando entender, mas juro que não consigo parar de pensar como. ― Rimos.
― É uma longa história. Se estiver com tempo…
― Eu preciso voltar à escola. Você pode me acompanhar se quiser.
― Tudo bem. Eu volto em instantes. ― Sinalizei com o indicador para que esperasse.
Indo até a sala de pré-culto, depositei a Bíblia e o rosário sobre a mesa. Com cuidado, retirei as vestimentas litúrgicas, pendurando-as no cabide e guardando-as de volta no armário. Antes de voltar ao salão principal, passei pela sala de atendimento a fim de avisar as senhoras que a utilizavam que precisaria sair por alguns minutos, mas que em breve estaria de volta.
― Vamos? ― Chamei-a assim que retornei.
Levantando-se de onde havia se sentado para me aguardar, seguiu a minha frente até a saída. Esperando que eu fechasse as portas da frente, começamos a caminhar lado a lado, rumo à seu local de trabalho.
― Então… ― iniciou.
― Você bem deve se lembrar da última vez em que fui parar no hospital enquanto ainda estávamos juntos, né?
― Como eu poderia esquecer? ― Deu um sorriso sem graça. ― Foi esse o motivo de eu ter ido embora, não? ― Assenti.
― Bom, aquela não foi a última vez. ― passei a mão pelo queixo, sem saber por onde começar. ― Uns quatro meses depois, tive uma nova overdose. E essa foi a gota d’água para o meu pai, que, a esta altura, claro, já não sabia mais o que fazer comigo. ― Desviei o olhar para um fiapo que havia tirado da minha roupa e segurava entre os dedos. ― A verdade era que eu não tinha mais motivação pra nada. Queria desistir da faculdade, largar meu emprego… enfim, qualquer coisa. Meu pai falou que só me permitiria continuar morando sozinho se concordasse em me tratar. Óbvio que não aceitei. ― Ri nervoso.
Nunca foi fácil ter que retornar àqueles momentos.
― Porém meu pai não me deixou escolha. Disse que não pagaria mais o local onde eu morava se não me tratasse e aí decidi que talvez fosse hora de fazer o que ele queria.
― Que bom que ele soube usar a abordagem certa. ― Ri.
― E a tempo, né? ― Assentiu. ― De uma forma resumida, na reabilitação tive meus primeiros contatos com a religião. No começo, achava tudo chato, quase não participava das atividades em grupo e coisas do gênero, porém, em uma das sessões de terapia de grupo, me dei conta do que estava fazendo com a minha própria vida e das pessoas que me cercavam. Meu pai só tem a mim, não podia morrer por uma bobagem. E aí foi quando conheci o padre Peter. ― Dei um meio sorriso. ― Apesar de que já tinha uma idade avançada quando nos conhecemos, padre Peter ia todas as semanas ao centro de recuperação onde eu estava internado. Às quintas, nos ajudava a cuidar da horta que mantínhamos e, nos finais de tarde dos domingos, fazia uma versão rápida de seus cultos.
― Desculpa se estou atrapalhando sua história, mas eu realmente ainda não entendi como e quando você deixou de ser aquele e se tornou , o padre. ― Ri.
― Padre Peter fazia acompanhamento com todos que desejavam trilhar um caminho espiritual e coisas do tipo. Desde quando nos conhecemos, eu disse a ele que, mesmo tendo sido batizado pelos meus pais, nunca fui religioso. Na verdade, nunca acreditei que houvesse algo acima ou abaixo de nós. Conforme o tempo foi passando, continuava a me questionar por que ele me dedicava tanta atenção sendo que eu nem acreditava nas coisas que pregava e haviam outras pessoas mais interessadas em seus ensinamentos religiosos. ― Pus as mãos dentro dos bolsos frontais da calça, relaxando os ombros. ― Quando perguntei isso a ele, padre Peter sorriu e me disse que nem sempre entendíamos os caminhos de Deus, mas que Ele tem um propósito para cada um de nós e nem sempre esse propósito envolve religião ou acreditar em algo. ― Cocei o rosto, calculando minhas palavras seguintes.
Algum tempo havia se passado desde a última vez que tinha visto e muita havia mudado dentro de mim. Na verdade, olhando-a, tinha certeza que ela também não era mais a mesma garota que tinha suportado mais coisas do que deveria ao meu lado.
― Não sei explicar como ou quando exatamente, mas muita coisa mudou pra mim e, agora, este sou eu. ― Sorriu.
― Mesmo depois de ter ido embora, sempre torci para que você encontrasse o seu caminho. ― Parou de caminhar em frente a um estacionamento enorme, que acabava em um prédio de tijolos à vista. ― Eu fico aqui.
― Passei o caminho todo falando de mim e nem perguntei nada de você. ― Sorri sem graça.
― Então, parece que vamos ter que marcar um novo dia para você me acompanhar e aí eu te conto. ― Devolveu o sorriso, pondo a mão sobre meu ombro. ― A benção, padre .
― Deus te abençoe. ― Fiz o sinal da cruz em sua testa, sorrindo.
Vendo-a se afastar, não conseguia fechar o sorriso que insistia em continuar no meu rosto.


#2 I’m broken and bleeding and begging for help

Na semana seguinte, apareceu novamente para a missa. Não contive um sorriso ao vê-la sentada no que parecia estar se tornado seu assento habitual. Mal podia esperar para dar a bênção final e poder repetir o trajeto da última vez.
Ao findar da cerimônia e dos atendimentos da fila de fiéis que sempre tinham algo a mais a dizer ou um bolinho para o café da tarde a oferecer, sinalizei para a mulher que aguardasse por mim alguns minutos enquanto trocava de roupa e guardava meus objetos pessoais na outra sala.
Quando retornei, levantou-se de seu assento e seguiu para fora, esperando que eu fechasse a porta da frente para caminharmos lado a lado até seu local de trabalho.
― Como prometido, eu voltei.
― Como prometido, conte como está sua vida. ― Sorriu.
― Como você já deve ter percebido, me formei na faculdade, virei professora de matemática do colegial e minha vida continua praticamente a mesma de antes de você me conhecer.
― Não mesmo. Como você explica esse anel no seu dedo? ― Apontei com o queixo para suas mãos.
Parecendo ligeiramente envergonhada, a mulher cobriu uma mão com a outra e abaixou o olhar.
― Ah, isso?
― Está noiva, é casada…?
― Me casei há dois anos. ― Ainda não voltara a me olhar.
― Isso é ótimo, certo? ― Ficou em silêncio e aquilo me disse muito mais do que se ela tivesse se pronunciado sobre. ― Você tá bem?
― Desculpa, não quero que isso soe mórbido ou qualquer coisa do tipo. ― Voltou a me olhar com um sorriso tímido nos lábios.
― Foi por isso que você começou a frequentar a igreja?
― Não. Definitivamente, não. Há algum tempo, eu adquiri o hábito de frequentar a igreja pelo menos uma vez a cada 15 dias e estou tentando mantê-lo, mas os motivos são outros.
Parei à sua frente pouco antes de chegarmos ao grande estacionamento da escola. Encarando seus olhos, meu estômago se contraiu, exatamente como fazia quando ainda namorávamos.
havia sido a última pessoa por quem tinha me apaixonado e, consequentemente, a última pessoa com quem havia me relacionado. Pelo seu próprio bem, no momento certo, quando a situação estava se tornando insustentável, arrumou suas malas e partiu da minha vida. Nunca tive esperança de revê-la, uma vez que aquela era a pessoa mais determinada que eu havia conhecido em toda a minha vida.
Portanto, quando decidi entrar no seminário e, ao fim, assumir o celibato para exercer minhas funções como líder religioso, considerei que não estaria perdendo nada, afinal, muito provavelmente não veria a única mulher que eu amara de verdade nunca mais. Se a visse, talvez ela nem mesmo quisesse olhar para mim.
Entretanto, cá estávamos nós.
fitando-me tão profundamente nos olhos que parecia ler minha alma. E, mesmo que gostasse da sensação de me sentir aquecido por aqueles olhos claros e suaves, tinha muito medo do que ela pudesse ver, pois haviam coisas que eu imaginava que estariam soterradas e, naquele momento, se mostravam mais vivas do que nunca.
― Eu não sei o que você está passando e sei que você não quer falar sobre isso, mas saiba que vai passar. Salmos, capítulo 30, versículo 5…
― O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã ― completou com um meio sorriso.
Se não a conhecesse, diria que seus olhos estavam irritados, porém eu a conhecia bem o suficiente para saber que algo doía o suficiente para fazer seus olhos se marejarem.
Envolvendo meus braços ao seu redor, abracei-a.
não correspondeu. Apenas recebeu o gesto e eu sabia o quanto aquilo significava.


#3 If I told you I need you, is that what you want?

Por duas semanas seguidas, não voltou a aparecer em nenhuma das missas realizadas. Fiquei preocupado a ponto de considerar ir até seu local de trabalho para saber se estava tudo bem, se estava precisando de algo. Entretanto, quando menos esperei, em um domingo de manhã, após o culto matinal e no início do evento de arrecadação de fundos para a reforma da igreja, lá estava ela.
― Quem é vivo sempre aparece ― brinquei ao me aproximar.
― Vim ajudar no que é preciso. ― Sorriu.
― Como sabia?
― Mila me ligou.
― Deu seu número pra um dos grupos? ― Franzi as sobrancelhas.
― Eu gosto de participar de eventos de igreja. ― Riu.
― Estou percebendo.
― O que tem pra fazer?
― Acredito que alguma das barraquinhas esteja precisando de uma caixa ou de alguém que prepare as comidas para entregar aos clientes.
― Nos vemos mais tarde, então, padre ― disse de um jeito brincalhão e sorridente.
Era muito engraçado vê-la se referir a mim daquela forma, no entanto, meu sorriso era por, aparentemente, estar melhor do que da última vez que havíamos nos visto.
Após uma última troca de olhares, a vi se afastar e se juntar a barraquinha que vendia pipocas, se enturmando rapidamente com ambas as pessoas que já trabalhavam lá. Voltando a circular pelo local, tratei de auxiliar com a montagem do palco onde aconteceriam as apresentações programadas para iniciarem na parte da tarde.
Ficar parado durante a realização destes eventos era impossível, visto que haviam muitas coisas que precisam ser consertadas, montadas, desmontadas, guardas, encontradas, etc. Não havia um segundo de ócio para assistir ao coral de crianças ou a orquestra de idosos.
Quando finalmente consegui parar, já passava das sete da noite. Todos os visitantes já começavam a dispersar e os responsáveis pelas barraquinhas fechavam o caixa e desmontavam as pequenas tendas. Ficando às portas do depósito externo da igreja, recebia as armações em mãos e as guardava para o nosso próximo evento, que aconteceria em seis meses.
À medida que entregavam as barracas que eram responsáveis, as pessoas se despediam e iam embora. A única que não saía de forma alguma era , que, em determinado momento, plantou-se ao meu lado, ajudando-me a guardar os materiais que nos eram entregues.
Assim que a última pessoa foi embora, entrei no depósito para empilhar todas as armações no chão a fim de que não caíssem e se danificassem. permaneceu em pé ao meu lado, porém inquieta, como se quisesse iniciar um assunto.
― Tem algo que queira me dizer? ― Ajeitei a postura, olhando-a nos olhos.
― Como sabe? ― Inclinou a cabeça levemente para o lado.
― Nós não nos conhecemos ontem, se bem me lembro. ― Dei um meio sorriso.
Soando hesitante, a mulher umedeceu os lábios e, sob a iluminação fraca que entrava pela fresta aberta das portas do local, via o brilho em seu olhar.
Não via aquelas feições em seu rosto há muitos anos. Mais precisamente, desde muito antes de juntar suas roupas e objetos pessoais dentro de malas e ir embora.
… ― minha saiu quase como um sussurro.
Com passos curtos e lentos, aproximou-se de mim, pondo uma das mãos em meu rosto.
― Você sabe por que comecei a frequentar a igreja regularmente? ― Continuei a encará-la, esperando pela resposta. ― Eu já sabia da sua ida pro seminário. ― Acariciando a maçã do meu rosto com o dedão, seus olhos não se desviam nem por um milésimo de segundo sequer enquanto prosseguia: ― Por que você fez isso?
― Era o meu chamado.
― Desde quando acredita nisso? ― Deu um meio sorriso amargo, os olhos marejados. ― Eu esperei por você, sabia? ― Cerrei os olhos com um pouco mais de força.
― Eu nunca te pedi por isso. Aliás, você está casada, não? ― Minha mandíbula estava tensa e articulá-la para vocalizar estava cada vez mais difícil.
― Porque eu achei você não fosse mais voltar.
― Eu voltei, mas não foi por você.
― Pode até não ter sido por mim, mas é inegável que isso aqui ― apontou para nós dois ― tá acontecendo.
― Mas não pode acontecer.
― Você sabe que não é o primeiro nem será o último padre a estar apaixonado por alguém, né? Aliás, eu e você existíamos antes do seu ministério.

― Por favor, … ― Aproximou-se um pouco mais, quase colando nossos corpos. ― Por favor.
Seu rosto estava tentadoramente próximo do meu e eu queria muito ter forças para afastá-la ou, no mínimo, me afastar, todavia não conseguia. Tudo em era convidativo, seus olhos iluminados, seus lábios, seu cheiro, seu toque em meu rosto…
Antes que pudesse me impedir, envolvi meus braços ao redor de sua cintura, pressionando seu corpo contra o meu. Os lábios de tomaram os meus ferozmente, como se não houvesse amanhã. Tudo entre nós era urgente, como se toda nossa vida dependesse daquilo, no entanto, o que vinha depois não eram tão importante assim.
Sua boca ainda era quente e tinha a mesma textura da qual me lembrava. A temperatura estava subindo muito rapidamente, fazendo com que, de repente, minhas roupas já não fossem mais tão confortáveis ou suportáveis em um dia ameno como havia sido ao longo do dia inteiro.
Tirando as mãos antes postas em meu rosto e em minha nuca, voltei a senti-las outra vez quando alcançaram o “volume” que se formava em minhas calças.
Desvencilhando minha boca da sua e soltando-a, de olhos fechados, respirei fundo, tentando acalmar as batida do meu coração, que parecia prestes a rasgar meu peito.
, eu não posso. ― Passei uma das mãos pelo rosto, com a outra depositada no quadril. ― Não posso.
― Por que não? É por causa dos seus votos?
― Também, mas não é só isso. Você é casada, não deveria estar aqui comigo nem me procurando depois de todo esse tempo.
, eu estou aqui porque eu te amo. Será que você não vê isso?
― Eu vejo e me sinto assim também. Mas não podemos mais. Não é como se ainda fôssemos aqueles dois garotos que penduravam uma meia na maçaneta da porta pra que os colegas de quarto soubessem que estávamos transando. ― Suspirei. ― Eu já estraguei sua vida uma vez, não quero fazer isso de novo.
Pus uma mão sobre um de seus ombros, pressionando-o levemente.
― Esse é o momento de provarmos que somos adultos, não mais aqueles dois garotos que se envolveram e se deixaram levar pela paixão.
― Você só tá dizendo isso por causa do seu compromisso com a igreja, né?
― E se for? Qual o problema?
― Amar não é e nem nunca foi pecado. ― Segurou meu rosto entre suas mãos. ― O amor é um dom divino, lembra?
― O amor é um dom divino e uma virtude dos fortes, . E eu não sei se algum dia fui forte o suficiente pra amar e ser amado.
Segundos depois de senti-la se agarrar a mim, soterrando o rosto em meu peito, minha camisa umedecia com suas lágrimas silenciosas.
― Eu desejei você tanto, que, pra mim, você estava acima de tudo e qualquer coisa, inclusive, da minha própria vida. ― Aos poucos, minha voz estava embargando e não tinha certeza se conseguiria falar tudo o que queria sem chorar. ― Tanto que eu quase morri uma segunda vez por não te ter mais. ― Suspirei, acariciando seus cabelos vagarosamente. ― E aí eu percebi que isso não é amor. Isso é dependência e não podia mais viver assim.
Devagar, foi afastando seu corpo alguns centímetros do meu, encarando-me.
― Fantasiei tanto a respeito desse momento que nunca imaginei que ele seria diferente do que tinha pensado. ― Deu mais um daqueles sorriso desgostosos. ― Sinto como se tudo que vim buscando nos últimos meses não fizesse mais nenhum sentido. Como se eu não tivesse mais um propósito.
― pus as mãos em seu rosto, secando suas lágrimas com os dedões ―, tudo e todos nessa vida tem um propósito. Mas com certeza eu não era o seu.
― Como pode ter tanta certeza assim?
― O meu propósito está aqui. Auxiliando os que necessitam. A minha vida é para servir, não me pertence mais. ― Franzi os lábios.
― Acho que agora habitamos planetas muito mais distantes do que imaginei. ― Ainda segurando uma das minhas mãos, afastou-se aos poucos, como estivessem se despedindo em parcelas. ― Nos vemos por aí?
― Espero que sim. ― Sorri, tentando diminuir a tensão do momento.
Dando uma última olhada em mim, a mulher sorriu e se retirou.
Por um lado, queria muito que aquela fosse a última vez que vi . Contudo, era impossível não encontrá-la em uma vizinhança tão pequena.
Para mim, se destacava em meio a multidões. Não importava onde estivesse ou se estava camuflada perto de um sem número de pessoas, meus olhos eram sempre atraídos para ela.
De início, nos aproximávamos e nos cumprimentávamos. Depois de um tempo, parou de fazer sentido e apenas nos cumprimentávamos de longe com acenos.
Um dia, parou de fazer sentido.
Mas o buraco deixado por ela em meu peito jamais se fechou.


Nota da autora: E aí, gurizada? E fomos de mais uma fic, né?
Essa é uma das minhas músicas preferidas dessa álbum (na verdade, o álbum inteiro é meio que meu preferido rs) e sempre me emociona muito ouvi-la. Quem não conhece, por favor, OUÇA PRA ONTEM!!!
Enfim, foi um delícia organizar essa ficstape, que tá recheado de fics incríveis. Leiam que vocês não se arrepender <3


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