Última atualização: 07/12/2015

Capítulo Único

Você já parou para pensar que tudo na vida é uma questão de ponto de vista? O que é o certo e o que é o errado? Todos nós nascemos com o desejo de explorar o que nos cerca, alguns com o senso mais livre do que os outros, mas a curiosidade de descobrir o mundo é a mesma. Porém, pessoas como eu são conhecidas por sempre aprender coisas novas, sempre montar o quebra-cabeça, sempre ganhar o jogo, sempre trapacear as pessoas.
Provavelmente você já está me julgando como uma péssima pessoa, mas primeiro irei te contar a minha história e no final você pode se sentir livre para julgar. Aliás, eu sei que eu sou o errado na sua concepção. O que mais um hacker pode significar para as pessoas “normais” além de um criminoso malicioso? Na verdade, no meu tempo, hacker era um termo utilizado para designar uma pessoa que passava grande parte do seu tempo em frente a um computador. Mas os tempos mudam, os pontos de vista também.
Dizem que antes de nascermos já temos toda a nossa vida traçada, certamente eu já estava destinado a ser quem eu sou bem no início da minha. Meu pai morreu quando eu tinha 3 anos e minha mãe trabalhava como garçonete para nos sustentar, então de manhã até de noite era o meu avô quem cuidava de mim. Desde criança o velho me ensinou tudo o que eu sei sobre mágica, um dos maiores fascínios da minha vida. Eu praticava cada truque até dominá-las perfeitamente. O que é mágica para uma criança? É a mais bela arte de fazer coisas incríveis sem nenhuma explicação, mas para quem estar por trás, é a mais bela arte de ilusionismo. Foi pela arte que experimentei o gosto bom de enganar as pessoas.
Aos 14 anos eu andava de ônibus gratuitamente por toda Los Angeles, cresci em um pequeno vale que ficava nos arredores da grande cidade, portanto eu tinha todo o município para explorar e confesso que foi fácil. Na época, eram usados bilhetes para viajar de ônibus, então cada bilhete possuía um padrão de furos que eram usados para marcar o dia, o horário e o itinerário. Conversando com um motorista amigo eu descobri o tipo de furador que era usado, e descobri onde eles jogavam fora os bilhetes inutilizados no final do expediente, então foi simples juntar um mais um e andar por aí com um dois. Outra característica que me ajudou muito e até hoje me ajuda é a boa memória. Boa memória para gravar horários, padrões, senhas.
Meu avô costumava dizer que meu pai era um vendedor nato, ele tinha toda uma lábia para convencer qualquer pessoa a comprar tal móvel. Se ele conseguiu convencer a minha mãe a se casar, quem sou eu para duvidar da sua capacidade. Capacidade essa que eu herdei, o incomparável dom de conquistar pessoas, fazê-las confiarem em mim, e quase sem querer eu acabava descobrindo segredos, informações importantes. Criminosos maliciosos usariam essa informação para roubar, vazar informações, prejudicar, mas eu só era curioso. E essa curiosidade levou ao grande prazer da minha vida: Hackear. Aos 18 anos eu me formava com excelência no colégio e entrava em um curso de computadores em Los Angeles, em poucas semanas descobri uma vulnerabilidade no sistema, o que deixou os especialistas com o queixo caído e uma oferta na ponta da língua de “ou você cria um projeto para melhorar a segurança, ou aceita a sua expulsão”, claro que escolhi o projeto e me graduei Cum Laude with Honors.
Logo após eu entrei para um grupo de hackers, cometi crimes como invadir os sistemas de computadores mais protegidos que já foram desenvolvidos, tive acesso não autorizado a vários sistemas das maiores incorporações do mundo, usei meios indevidos para obter o código-fonte de diversos softwares e dispositivos de comunicação para estudar suas vulnerabilidades e aprender o seu funcionamento. Tudo isso porque eu era curioso. Porque o mundo cria toda uma concepção errada de segurança. Porque a segurança é só mais uma ilusão, um truque de mágica.
Do que adianta colocar um cadeado anti-roubo na porta da frente se o ladrão pode muito bem quebrar uma janela? Ou melhor, descobrir o código que abre a porta da garagem? Está aí a falsa ideia de segurança, a vulnerabilidade que estamos expostos todos os dias, exatamente porque o ser humano é a maior fraqueza de todo sistema. Albert Einstein já dizia que apenas duas coisas eram infinitas: o universo e a estupidez humana.
Pois bem, enquanto eu dirijo para lugar nenhum com Judy no banco de trás, eu te digo uma curiosidade: hackers gostam de atenção, muitos deles assinam com um codinome tudo o que fazem. Se você achar um G0TCH4 por aí, pode ter certeza que foi obra do meu grupo. Gotcha, uma gíria que significa “te peguei”. Por muitos anos trabalhei nesse grupo, mas agora precisamos de um tempo, precisamos nos separar, viver nossas vidas. Foi divertido enquanto durou, as nossas pegadinhas foram inesquecíveis e conhecidas pelo mundo todo, porém algo maior estava pegando no nosso pé, algo muito maior conhecido por três letrinhas. FBI.
E é aqui que volto a te perguntar: qual o seu ponto de vista? Acredito que para a maioria das pessoas é errado, mas na forma que fui criado, como cresci e evolui, eu sou o certo. Todos os meus crimes foram motivados pela curiosidade, eu apenas brincava com a segurança de grandes empresas. Ah, qual é? A sociedade é controlada por elas, empresas gananciosas que as roubam como se fosse a coisa mais normal do mundo. E ainda assim o nosso grupo era uma mistura de zoeira com espírito justiceiro. Eu não me arrependo de nada do que fiz, acredito que fiz o que era o certo para mim. Não que eu me importe com a sua opinião, mas em um mundo em que o sexo continua sendo um tabu, acho que as pessoas precisam abrir mais a sua mente.
Eu, por exemplo, eu não acreditava em amor e toda essa baboseira. Não sou o típico hacker antissocial, como eu disse antes, eu sou bom em conquistar as pessoas, porém eu gostava de viajar sozinho por aí com a minha cachorra, Judy. Ela era a única companhia que eu estava acostumado. Mas quando eu voltei para Los Angeles, depois de 8 anos, uma mulher virou o meu mundo de cabeça para baixo. Ela me mostrou um universo totalmente diferente, aquele que você se sentia totalmente preenchido, se sentia amado. Novamente te digo: pontos de vista mudam.

Algumas semanas atrás...

- Charlie, certo? – perguntei ao barman que anotava alguns pedidos no papel.
- Sim, senhor. Em que posso ajudar?
- Eu gostaria de saber o nome da senhorita que acabou de pegar uma Kriptonita. – o homem então me analisou de cima a baixo, soltando a caneta em cima do bloquinho.
- Senhor, eu não posso sair dando o nome dos meus clientes para qualquer estranho. – falou tentando soar o mais simpático possível ao negar o meu pedido.
- Ok, eu te dou uma boa gorjeta se você fizer um Negroni para mim e me dar o nome da moça. – tentei convencê-lo e prontamente me apressei em falar de bebidas. – Aliás, quais drinks são sua especialidade?
O barman então sorriu e começou a fazer o meu drink, contando-me ao mesmo tempo sobre as suas especialidades, alguns que ele mesmo tinha criado e fazia sucesso no bar. Era uma tática básica de pedir uma coisa e tocar em um assunto de interesse do remetente logo depois. As coisas vinham fácil dessa maneira, as pessoas me ajudavam sem nem perceber.
- Obrigado, Charlie. – paguei pelo Negroni, dando uma nota a mais e exibindo um sorriso para o rapaz.
- Eu que agradeço, senhor...? – questionou para anotar o meu nome e o meu pedido.
- James.
- E... Hum... – ele deu uma olhada no bloquinho. - O nome da senhorita é .
Acenei para o barman em um sinal de agradecimento e voltei para onde eu estava sentado com um velho amigo que eu não via há anos. Onde estávamos dava para ver toda a movimentação do bar e eu simplesmente não conseguia tirar meus olhos da moça de olhos que chegou um pouco depois de mim com algumas amigas. O sorriso dela me deixou vidrado e eu mal conseguia prestar atenção na conversa que meu amigo tentava manter comigo, até que a vi indo até o balcão e pude observar como eram feitos os pedidos ali.
Bolei todo um plano rapidamente, e descobrir o seu nome era a parte mais fácil.
- JJ! – Zack estalou os dedos na minha frente enquanto eu ainda estava desligado engolindo a senhorita, que agora eu sabia o nome, com os olhos. – O que tá acontecendo com você? Não é da sua laia ficar tão distante assim.
Voltei meus olhos para o meu amigo e tentei me lembrar sobre o que ele tinha dito segundos antes, ele estava falando sobre fazer um show de paródia ou algo assim.
- Que horas você sobe no palco? – perguntei como se tivesse prestado atenção em tudo o que saia de sua boca.
- Daqui uns 10 minutos. Cara, eu queria esperar você ver o meu show para dar a sua opinião, mas tenho que dizer que eu sou bom demais. Aqueles anos fazendo piadas deu certo. – lembrou animado e eu sorri, tomando um gole da minha bebida.
- Você sempre teve jeito para stand up. Vai ser legal finalmente poder te assistir como profissional.
- Obrigado pela força. Falando nisso, o que você fazia em suas viagens além de trabalhar? Aposto que se acabava nas boates. – balançou a cabeça rindo, era isso que costumávamos fazer na adolescência. Com identidade falsa, é claro.
- Quando eu tinha um tempinho, ia me divertir nas boates sim. – Mentira. – Às vezes passava a noite fazendo uma social na casa dos amigos. – Quase uma mentira. – Ou com uma mulher mesmo. – Verdade.
Ah, se Zack soubesse que a minha social eram noites viradas planejando e hackeando sistemas importantes, eu raramente frequentava boates e era automático levar alguma mulher para a minha cama devido aos meus serviços de engenheiro social. Você transa com uma mulher e ganha passe livre para que ela faça o que você quiser dentro de uma empresa. Era uma troca justa.
- E você tinha tempo para visitar pontos turísticos? – perguntou curioso.
- Passei por alguns. – não deixei de dizer a verdade.
- Só não se mata de tanto trabalhar, a vida é só uma e você tem que aproveitar.
- Falou o garoto filósofo. – levantei o meu copo em um brinde a ele. – Quando eu ficar rico, eu juro que sossego um pouco para aproveitar.
Verdade.
- Tudo bem, James boy. Tenho que me preparar para o show, não saia daqui.
- Não sairei. Arrasa nesse palco, Zack! – fizemos um toque de mão e ele sumiu se enfiando no meio das pessoas. O bar já estava ficando lotado.
Permaneci sentado no mesmo lugar, pensando em como seria o meu próximo trabalho e aproveitando o que parecia ser os meus últimos momentos de liberdade. A recompensa era milionária, eu poderia sossegar sem problemas depois disso e finalmente viver uma vida “normal”. Se as chances de ir para a cadeia não fossem tão grandes.
Zack subiu no palco mandando o que parecia ser a sua melhor piada da noite arrancando gargalhadas até das paredes do lugar, no seu melhor jeito de chegar impressionando a todos. Ele era um garoto de ouro e conseguiu fazer algo que não me acontecia a muito tempo, ele me surpreendeu de uma maneira positiva, eu ria tanto que até os meus rins chegavam a doer. Mas esse não foi o ponto máximo da noite, nada me deixaria tão atônito ao que aconteceria depois.
- Antes de finalizar esse show, eu queria chamar o melhor mágico do mundo, o mágico dos mágicos. Por favor, JJ, junte-se a mim no palco.
O quê?
Balancei a cabeça com a boca fechada, tentando não chamar muita atenção, mas já era tarde demais. Todos me encaravam com a expectativa de que eu levantasse logo a minha bunda e me dirigisse ao palco.
- Vamos lá, cara, você consegue chegar aqui, não consegue? JJ, JJ, JJ... – ele puxou o que parecia ser um mantra e em poucos segundos o bar inteiro estava gritando o meu apelido.
Dei-me por vencido e levantei da cadeira me rendendo ao desafio de subir naquele palco. Fazia muito tempo desde que fiz o meu último truque, mas eu preferia acreditar que era igual andar de bicicleta, a gente nunca esquece como se faz.
Subi os poucos degraus que tinha ali e o meu amigo me entregou o microfone com um sorriso animado no rosto. Oh sim, voltando aos velhos tempos.
- Tudo bem. – peguei o microfone e dei uma olhada rápida na plateia, avistando então a vítima da noite. – Boa noite. Como todos já sabem eu sou o JJ, o mágico dos má... Sério isso, Zack? – virei o meu rosto para ele rapidamente enquanto ele gargalhava da minha cara, me deixando sozinho no palco.
Ok, eu conseguia fazer aquilo, eu não era uma pessoa que dava pra trás ou desistia facilmente.
- Eu vou fazer um truque que não faço há uns bons anos, então vou precisar de uma ajudinha. Alguém se voluntaria? – vi vários homens e mulheres levantando as mãos, alguns perguntando se eu iria cortar alguém no meio. Aquilo era tão hollywoodiano. – Não sei, algo me diz que uma moça chamada quer muito participar, certo, ? – direcionei meu olhar a ela, que me encarou num misto de surpresa e felicidade.
Ela concordou com a cabeça trocando alguns comentários com as amigas e subiu no palco, me virei para ela observando a sua bochecha ganhando um pouco mais de cor ao se aproximar de mim. Seu vestido amarelo ficava perfeito no seu corpo, destacando cada curva, dando um ar de confiança sobre si mesma. Ele parou de frente para mim e sorriu.
- Você tem um baralho aí, senhorita ? – perguntei e ela negou com a cabeça. – Meu amigo me pede para fazer uma mágica, mas nem baralho o sujeito foi capaz de me arrumar. Mas tudo bem, talvez eu tenha um aqui.
Revirei os bolsos da minha calça na parte da frente, mostrando a todos que não tinha nada. Tirei meu casado pedindo para que desse uma olhada e ela também não encontrou nada.
- Senhorita, será que podemos dar uma olhada na sua bolsa? – apontei para a bolsa pequena que ela tinha colado ao seu corpo.
- Eu não tenho um baralho, mas se quiser eu posso procu... – sua voz sumiu e ela tirou uma caixa de baralho ainda embalada de dentro da bolsa. – Juro que não tinha isso aqui. – arregalou os olhos mostrando a caixa para a plateia. – Como você fez isso?
- Essa não é a pergunta certa. – pisquei para ela e abri minha mão direita, onde ela depositou a caixa.
Abri a embalagem sobre os olhos de todos os curiosos que estavam quase subindo no pequeno palco também, tirei as cartas coringa entregando para a minha ajudante e embaralhei habilmente o resto das cartas. O microfone a essa altura já estava preso ao pedestal e eu abri um leque para que ela pudesse ver todas as cartas sem que eu veja nenhuma em momento algum.
- Escolha uma carta, , grave-a na sua mente. E não vale me contar, por favor. – sorri incentivando-a e ela focou nas cartas, dizendo que já tinha escolhido uma quase um minuto depois.
Mostrei todas as cartas para a plateia também, todos pareciam compenetrados em certificar que o baralho estava inteiro em minhas mãos, e até aquele momento, realmente estava.
- Isso. Prestem muita atenção. – dei um sorriso divertido. - Dizem que quanto mais perto você olha, menos vai de fato enxergar.
As pessoas se afastaram um pouco do palco, um pouco mais cabreiras. Uau, como eu amava aquela sensação.
Fechei o baralho, mostrando claramente para todas as pessoas todos os meus movimentos. Embaralhei o baralho novamente, perguntei se ainda via a sua carta entre as outras, fiz tudo outra vez para ganhar confiança. E dessa vez todos pareciam engolir que eu não tinha feito nada ainda. Mas eu tinha. Fechei o baralho e abri novamente.
- Está vendo sua carta? – perguntei e ela semicerrou os olhos tentando achar a carta, não achou.
- Mas a carta estava bem no meio do A de paus e do 9 de ouro, você está escondendo? – ela praticamente pulou em cima de mim e tentou ver se tinha duas cartas juntas, tirou as cartas uma por uma e não encontrou. – Onde está?
- Eu não sei, já procurou dentro do seu decote? – brinquei e ela olhou para baixo sem nem pestanejar, percebendo tarde demais que não era pra ser levado a sério. Então me encarou emburrada e cruzou os braços. – Pode procurar no meu casaco novamente, eu não escondi, fiz tudo bem em frente dos olhos atentos de vocês, então só nos resta uma dúvida: onde está a carta que a linda moça escolheu?
As pessoas começaram a chutar possíveis locais e em uma delas, olhou novamente na sua bolsa, achando a carta que procurava.
- Não vou nem perguntar como você fez isso. – sorriu mostrando para todos a carta que ela tinha escolhido.
A plateia aplaudia e gritava, eu apenas mantinha o sorriso no rosto e balançava a cabeça como forma de agradecimento.
- Hm, mágica? – tentei e entreguei o baralho para ela. – Uma cortesia para a minha convidada. Muito obrigado a todos pela sua atenção, esse é o maior presente que um mágico recebe, e vocês foram tão gentis e me deram a sua. De verdade, muito obrigado.
Desci do palco um pouco depois da mulher que foi minha assistente e meu amigo logo apareceu para me cumprimentar, consequentemente perdi-a de vista.
- Porra, JJ, você ainda é o cara! Quanto tempo eu não via esse truque? Parece que foram séculos. Você é meu ídolo! – danou a falar no meu ouvido e eu apenas ria da sua exaltação.
- Muito obrigado, cara. Pelo jeito eu não perdi o jeito.
- No ano que você perder o jeito vai ser o Apocalipse. – brincou e o dono do bar o chamou. – Eu vou ali e já volto.
Zack deu as costas e eu pensei em ir até o balcão pedir uma cerveja. E foi exatamente isso que fiz.
Perdido em meus próprios pensamentos e tomando minha cerveja sentado em um dos bancos perto do balcão, só fui capaz de perceber a presença de quando ela já estava sentada ao meu lado, pedindo por uma Budweiser.
- As pessoas nunca me impressionam, mas você me impressionou. – ela falou chamando minha atenção. – JJ, certo? Qual o seu nome?
- Jesse, e você eu acho que é , não? – brinquei.
- Como você sabe meu nome? – seus cílios longos destacavam a cor dos seus olhos, eu podia jurar que eles exalavam um brilho diferente.
- Outra pergunta errada, eu sou um mágico, não sou?
- Ok, sabichão, mas por que JJ?
- Jesse James. – dei de ombros, eu estava tão acostumado com o nome e o apelido, que não fazia diferença. - Você tem um apelido?
- Não gosto de apelidos.
- Tudo bem. – dei de ombros, ela tomou um gole de sua bebida e eu aproveitei para pedir outra cerveja para mim.
- Então, você mora em Los Angeles mesmo?
- Atualmente, sim.
- Como assim?
- Eu já viajei pelo país inteiro a trabalho, e como cresci aqui, resolvi tirar umas férias e vim pra cá.
- Você gosta daqui?
- Gosto.
Só não gosto tanto quanto gosto de Las Vegas, o que pensar da cidade mais conhecida por trapacear as pessoas? Que é a melhor do mundo, claro. Mas eu não era louco de contar isso para ela.
- Você mora aqui também? – perguntei.
- Sim, também gosto daqui se quer saber.
- E você trabalha?
- Aham, sou atriz.
Temos muito em comum. Pensei. Mas eu não era louco de contar isso para ela.
- E você? – perguntou.
- Trabalho com segurança. – por exemplo, quebrando-a. Acabei rindo sem querer com o rumo que meus pensamentos estavam tomando, e ela me encarou sem entender muito coisa, sorrindo sem jeito. – Desculpa, eu só lembrei de uma história engraçada.
E foi exatamente aí que inventei uma história engraçada do meu trabalho, uma que a fez rir até sentir dor. Tomamos várias garrafas de cerveja e jogamos conversa fora pelo resto da noite.
Em um momento de descontração acabei beijando-a, levando-a para o meu apartamento, proporcionando a ela uma das melhores noites da sua vida. Da minha também. Porque a partir daquele acontecimento eu não seria mais o mesmo, e eu tinha plena consciência disso.

Os dias que eu tinha em Los Angeles para descansar a cabeça acabaram passando rápido demais, e em vez de ficar pensando em como o meu futuro seria se eu fosse preso, eu percebi que a liberdade merecia ser valorizada. E aproveitei cada hora, cada minuto, cada segundo respirando os ares californianos, mas era óbvio que eu tinha estimado a minha capacidade de ser apegado apenas a Judy. Eu tinha que ter me apegado a uma mulher, claro.
acabou sendo mais do que uma mulher gostosa que eu chamei no palco para fazer um truque comigo. Descobri que ela morava no prédio ao lado e era muito fácil encontrá-la na padaria pela manhã, então passei mais tempo do que deveria ao lado dela. Saiamos juntos para os barzinhos, teatros, até fomos ao cinema juntos e eu passava mais noites no apartamento dela do que no meu.
E tudo estava indo perfeitamente bem até eu encontrar o Prescott dentro do meu próprio apartamento quando voltei pela manhã para a casa, depois de uma noite ao lado da minha donzela.
- Você tá se descuidando, JJ. – ele encarava a janela aberta do meu apartamento com os braços cruzados e eu podia apostar que estava com uma cara de poucos amigos. – Desde quando você virou um marica?
- O que você tá fazendo aqui, Prescott?
Nem perdi meu tempo perguntando como ele tinha entrado na minha casa, porque eu sabia que ele tinha arrombado e isso era especialidade dele. Inclusive cofres. Não é a toa que ele fazia parte do G0TCH4.
- Nosso tempo acabou, você tem um dia pra deixar a cidade dos anjos e voltar pra Nova Iorque, acho até melhor você fazer as suas malas agora! – então me encarou com a cara de poucos amigos.
- Eu não posso deixar a cidade agora, vou amanhã então e...
- Você não contou nada pra ela, né? – cortou-me.
- Não. – engoli em seco.
- Andei te perseguindo tem uns dias para ver se tinha alguém na sua cola, você é um filho da puta sortudo, mas não deveria ter se envolvido com a garota.
Prescott era praticamente um pai para todo o grupo, o coroa já tinha alguns fios grisalhos contrastando com os negros, tinha a postura de um segurança e toda a vibe de alguém que já trabalhou no MIB por anos.
- Por que não esperou mais um tempo, JJ? Caralho, preciso de você focado nessa merda! – continuou.
- Vou me focar. – respondi. – Uma mulher não vai tirar a minha atenção.
- Você não deveria ter feito isso. – balançou a cabeça, desacreditado em mim. – Por que não esperou? Você poderia ter a mulher que quisesse depois que saísse ileso dessa e começava uma vida nova. Foi burrice sua e você sabe que já é tarde demais.
- Como assim é tarde demais? É só uma mulher, Prescott, não é como se eu fosse pra Las Vegas ainda hoje me casar porque achei o “amor” da minha vida. – revirei os olhos, a palavra “amor” ainda não me parecia boa.
- Espero que você esteja certo. Volto de madrugada pra te buscar. – saiu pela porta que eu tinha acabado de entrar alguns minutos atrás e me deixou sozinho, com a cabeça a mil.
O que tinha se tornado para mim? Eu não sabia dizer, mas eu precisava falar para ela que estava deixando a cidade. Talvez pra nunca mais voltar. E eu faria isso no fim da tarde, quando ela voltasse do trabalho.

A televisão me encarava enquanto eu estava absorto em pensamentos, passava uma série policial que eu gostava de assistir anos atrás, mas quando eu desenvolvi uma nova personalidade era como se meu novo eu só assistisse séries Sci-Fi e Doctor Who era a sua série favorita.
Jesse James era um cara que gostava muito de mágica e tinha aprendido no colégio e pelas estradas da vida.
Jesse James não tinha família.
Jesse James era um hacker malicioso e fazia parte do G0TCH4.
Jesse James era frio e calculista.
Jesse James tinha fios de cabelo caindo em seus olhos artificialmente marcados pelas lentes de contato.
Jesse James gostava de ouvir música clássica para se concentrar.
Jesse James era californiano e de certa forma odiava colocar os pés sobre a areia.
Jesse James podia se passar por 3 pessoas diferentes em menos de meia hora.
Jesse James era um verdadeiro engenheiro social.
Jesse James era uma ilusão.
Assim como a ideia de segurança.
E eu não conseguia mais ser Jesse James, todo o tempo que passei na Califórnia eu não estava sendo Jesse James, eu estava sendo eu. Era chocante, mais chocante ainda era pensar que esse eu estava envolvido com uma mulher, ele estava totalmente na dela, como um adolescente que nunca teve a chance de viver o primeiro amor. Sim, eu estava pensando mais no significado da palavra do que pensei em comida a minha vida inteira.
Ouvi as batidas na porta anunciando a possível chegada de e uma onda de adrenalina passou pelo meu corpo, acordando-o e se preparando para uma das conversas mais difíceis que eu teria em muito tempo. Abri a tranca e me deparei com a linda mulher exibindo um sorriso no rosto e uma sacola com comida chinesa.
- O moço falou que é livre de carne de cachorro, então eu trouxe! – ela levantou a sacola e eu sorri. Convencendo até a mim mesmo que estava realmente feliz com a notícia e não estava nem um pouco nervoso até o dedo mindinho do meu pé.
- Acho que a Judy ficou feliz com a notícia. – ambos olhamos para a pequena bolinha de pelos que entrava na sala latindo e foi imediatamente acariciada por .
- Oi, Judy. – afinou a voz como quem falava com um bebê. – Tem pra você também, coisa linda.
tirou um biscoito em forma de osso da sacola e deu para Judy, que logo pegou o osso e levou para a sua cama improvisada que ficava bem ao lado do sofá. Logo depois nos ajeitamos na mesa para devorar a comida que ela tinha trazido.
- Hmm, estamos cheios de mimos hoje. – achei biscoitos da sorte no fundo da sacola também.
- Eu trago janta pra todo mundo... E sobremesa. – ela piscou me surpreendendo com um selinho rápido.
Impressionantemente ela conseguiu fazer com que eu esquecesse o motivo de chamá-la ali durante o jantar e fez que o momento fosse leve e divertido, até que eu abri o biscoito da sorte e a realidade pareceu desmoronar na minha frente.
“É mais fácil conseguir o perdão do que a permissão.”
Será que ela me perdoaria? Eu não tinha mais tempo para pensar nisso, era melhor contar agora do que depois.
- ? – chamei depois de ler o bilhete e guardá-lo no bolso da minha calça.
- “As pessoas se esquecerão do que você disse e do que você fez… mas nunca se esquecerão de como você as fez sentir.” – franziu a testa de um jeito adorável e voltou o seu olhar para mim. – O que estava escrito no seu?
- Siga os bons e aprenda com eles. – citei uma das frases que eu tinha visto na traseira de algum caminhão.
- É uma boa frase. – sorriu.
- ? – chamei novamente só para ter certeza que ela estava prestando total atenção em mim e ela sussurrou um “sim” para me incentivar a continuar. – Eu vou embora amanhã.
- Amanhã? – perguntou curiosa. – Vai embora tipo, pra valer ou?
- Eu não sei ainda, não sei nem como começar a te contar tudo isso.
- Tudo isso? – sua expressão ficou tensa.
- Você confia em mim? – ela balançou a cabeça em concordância e eu balancei a cabeça na negativa. – É isso que eu faço, faço as pessoas confiarem em mim. – ri mostrando finalmente que estava nervoso. Eu não ia conseguir sustentar aquela máscara logo agora, logo com ela.
- Jesse, você tá um pouco estranho.
- Você confia realmente em mim? Por favor, eu preciso saber disso para continuar. – parecia que eu precisava perguntar as coisas duas vezes para ter certeza.
- É claro que eu confio, por que isso agora? – questionou impaciente.
- Ok, pra começo de história meu nome não é Jesse James. – ela abriu a boca para falar algo, mas logo a interrompi. – Deixe-me contar tudo de uma vez e depois você pergunta o que quiser; combinado? – concordou e eu continuei. – Vamos lá, então. Eu realmente nasci em Los Angeles em mil novecentos e bolinha, fui criado pelas ruas da cidade, meu avô me ensinou tudo que eu sei sobre mágica e eu na verdade sou um hacker. Trabalho para um grupo chamado G0TCH4, e por causa da política desse mesmo grupo eu tive que criar uma personalidade nova para manter a discrição e tudo o mais. Porém, nós somos um grupo bem diferente do que se vê por aí e, por causa disso, o FBI está atrás de nós. – tomei um pouco de ar antes de seguir em frente. - Eu preciso ir nessa última missão para finalizar de vez tudo o que começamos anos atrás, então eu estou te contando tudo agora porque sei que vai dar merda, e você precisava saber o quanto foi especial para mim passar essas férias ao seu lado e que também é a primeira pessoa que consegue enxergar quem eu realmente sou.
Despejei tudo de uma vez só e ela continuava com a mesma expressão tensa de quem estava tentando absorver as minhas palavras.
- Você não estava saindo com Jesse James, . Ele ao menos sabe o que é se importar com alguém, e eu me importo muito com você. Você merece saber o tipo de pessoa que eu sou, aliás, você foi a única que conseguiu me trazer de volta.
Fiquei em silêncio esperando que ela tivesse alguma reação, e não demorou muito para ela fazer a pergunta que eu mais estava ansioso para responder.
- Qual é o seu verdadeiro nome? – as palavras saíram de forma devagar e controlada, como se ela estivesse se segurando para não chorar na minha frente ou algo do tipo.
- . – um sorriso escapou quando pronunciei o meu nome, eu estava louco para mandar o Jesse James para puta que pariu de qualquer forma. – É tão legal falar esse nome depois de tantos anos.
Ela apenas se manteve quieta me encarando como se eu fosse de outro mundo e aos poucos o meu sorriso foi sumindo, o silêncio chegava a incomodar.
- Fala alguma coisa, . Eu respondo qualquer coisa que você quiser saber, só me diz... Alguma coisa. – implorei.
- São tantas perguntas que não sei por onde começar. – olhou perdida para a parede atrás de mim e eu tentei uma piadinha.
- Pelo começo?
- O nome da Judy é Judy mesmo?
- É claro que sim.
- O que o seu grupo faz?
- Combatemos a corrupção dentro de grandes empresas.
- Vocês são tipo um Robin Hood?
- Não, não tiramos o dinheiro dos ricos e damos pros pobres, apenas limpamos a sujeira. Isso normalmente é denunciado por alguém de dentro da própria empresa e o serviço fica mais fácil.
- E como você consegue dinheiro?
- Tem uma recompensa por isso.
- Qual é a sua última missão?
- Confidencial.
- Esse não foi o nosso trato, . – foi inevitável não rir quando ela falou meu nome inteiro, mas então ela arqueou a sobrancelha e me encarou em desafio como uma verdadeira detetive que estava fazendo uma sabatina para o possível culpado.
- Sinto muito, eu realmente não posso responder essa pergunta.
- Ok então, por que o FBI tá atrás de vocês?
- Porque brincamos um pouco no sistema deles e eles nos consideram um potencial perigo para a nação americana.
- Você tem família?
- Tenho.
- Quem?
- Minha mãe se casou de novo e agora mora no Colorado com o meu padrasto e meus irmãos.
- E o seu avô?
- Morreu.
- Sinto muito. – sua voz suavizou e eu mantive o sorriso no rosto, eu só tinha lembranças boas do meu velho.
- Está tudo bem. Meu pai também morreu quando eu era bem novo. – acalmei-a.
Ela voltou a encarar o nada, talvez pensando em mais alguma coisa para perguntar, ou talvez que eu merecia um tapa na cara por mentir tanto, por viver em uma mentira e ainda enfiar pessoas inocentes no meio.
- E o que você pretende fazer quando tudo isso acabar? – questionou com a voz um pouco fraca.
- Jesse James vai deixar de existir, vou queimar tudo que existe dele, apagar todas as redes sociais, deletar ele da internet e de qualquer outro lugar. Eu vou começar uma vida nova, recomeçar do zero. Provavelmente vou visitar a minha mãe e conhecer os meus irmãos...
Eu estava empolgado com aquilo e quem sabe trabalhar com segurança de informação em alguma empresa, mas ainda era um sonho distante.
- Você... – hesitou.
- Eu?
- Deixa pra lá.
- Não, pode falar.
- Você vai voltar pra Los Angeles? – falou rápido e eu percebi que ela se referia a ela mesma.
- Não posso te prometer nada.
- Eu sei. – respondeu decepcionada. – Acho que já vou... Vou indo, você vai embora amanhã de manhã, né?!
- Não precisa ir embora agora.
Ela se levantou da cadeira com pressa, e eu me levantei também, eu não esperava que ela reagisse daquela maneira.
- Eu preciso. – seus olhos estavam lacrimejando e eu entendi a sua fuga. – Eu entendo porque você mentiu sobre tudo, e fica tranquilo, eu não estou brava com você, eu só...
- Shhh. – peguei a sua mão e a trouxe para mais perto de mim.
Por um instante eu pensei que ela fosse me empurrar, mas continuou ali, sem reagir ao carinho que eu fazia na sua pele. Puxei o seu corpo para mais perto do meu e deixei um beijo bem no cantinho de sua boca, então me afastei apenas para observar o exato momento em que seus olhos fecharam, beijei novamente a sua bochecha, o seu pescoço, passei meu nariz por ali para inspirar o seu perfume uma última vez. Seus dedos finalmente apertaram os meus e eu entendi que aquela era a deixa para beijá-la de vez. Um beijo longo e tão intenso que eu senti meus ossos estremecerem.
- Preciso ir embora. – ela interrompeu o beijo de repente se afastando. - Foi um prazer te conhecer, . Boa sorte.
Saiu batendo a porta sem nem me dar a chance de falar algo, mas eu a deixei ir, era bastante informação até para mim.
E com certeza ela tinha chegado a mesma conclusão que eu: não tinha espaço para ela na minha vida agora.
Foi quando Jesse James voltou.
Se era para estar em uma última missão, era melhor fazer direito.

Meus olhos mal fecharam durante a noite já preparando algumas coisas que seriam necessárias nos dias seguintes, se eu cochilei por 2 horas foi muito. Desci com todas as malas para o carro e tranquei o apartamento carregando Judy nos meus braços, ela ainda tremia pelos trovões que estavam fortes lá fora, assim como a chuva que caia. Coloquei-a no banco de trás e fui até a padaria 24 horas para comprar um café forte e algumas rosquinhas.
Não foi surpresa quando encontrei o Prescott sentado no banco de carona quando voltei para o veículo.
- Eu sabia. – bati a cabeça no encosto do assento.
- Falei que viria te buscar. – deu uma risada rouca e esfregou uma mão na outra.
- Me buscar na sua língua é uma coisa meio diferente.
- Senti sua falta, JJ.
Suspirei e tomei um gole do meu café.
- O que ela está fazendo debaixo dessa chuva na frente do seu prédio? – perguntou e eu quase cuspi todo o café que estava na minha boca.
- Eu também quero saber. – franzi minha testa e tentei enxergar o que a moça de longo casaco preto estava fazendo lá, além de chorar e apertar a campainha desesperada em plena madrugada.
Peguei imediatamente o meu celular para ligar para ela e pedir para que saia da chuva, mas Prescott enfiou a mão coberta por uma luva no visor.
- O que foi, porra? – perguntei sem um mínimo de paciência para as suas filosofias.
- Você realmente a ama ou isso tudo foi medo de ficar sozinho? Seja sincero consigo mesmo. – pediu e tirou a mão.
Eu não sabia responder aquela pergunta, mas eu fiz a ligação mesmo assim.
- , por favor, saia da chuva. – pedi com toda a insensibilidade que só o JJ tinha.
- ? – sua voz estava chorosa e eu fechei os olhos ignorando a facada no meu estômago.
- Não diga esse nome.
- Tudo bem, você precisa ser o arrogante e egocêntrico Jesse James agora, mas... Por favor, por favor, volte para casa. – fiquei em silêncio. – Por favor, meu amor, volte para casa.
Pior do que ouvir aquelas palavras, era assistir toda a cena como se eu estivesse assistindo a um maldito filme de drama. Por mais que eu quisesse descer do carro e abraçá-la até que só existisse nós dois e Judy no mundo, eu não podia, eu precisava seguir com o plano. Então tirei forças não sei de onde e desliguei o celular. Arranquei o carro e prometi para mim mesmo nunca mais olhar para trás.

Hoje...

As linhas rodoviárias brancas me guiavam naquela particular noite escura enquanto eu tentava covardemente encontrar alguma paz de espírito revendo toda a minha antiga vida, eu precisava fechá-la em um baú e seguir em frente. Porque a única verdade sobre a vida é que precisamos sempre seguir em frente. Judy ainda dormia no banco de trás e o silêncio da madrugada me fazia pensar mais do que deveria, e ligar o rádio só piorava a minha dor de cabeça.
Agora eu era , tinha cortado o meu cabelo, tirado as lentes, deixei a barba crescer e finalmente pude tomar a minha primeira multa no meu nome – como um cidadão normal – quando fui visitar a minha mãe e conhecer os meus irmãos. Eles eram lindos e saudáveis, e pareciam um pouco comigo, obviamente.
Eu tinha consigo o emprego que queria, os caras seriam loucos se não me contratassem com o currículo que eu possuía. E só faltava algo para deixar tudo perfeito, ou melhor, alguém. Era isso, eu estava voltando para casa, estava voltando para ela.


Fim?


Nota da autora:
Oi, se você chegou até aqui: MUITO OBRIGADA! Jet pack blues é uma música meio (quero dizer, muito) melancólica e eu até tentei pensar em algo mais dramático, mas não deu ahahah. Eu estava com essa ideia há séculos na minha cabeça e achei que se encaixaria bem com a música, e eis que nasceu mais um filho. Espero de coração que vocês tenham gostado do JJ, assim como eu, passei um bom tempo desenvolvendo ele e como seria o decorrer da história. Acho que não tem muitas histórias de hacker e ilusionista por aí, então resolvi me aventurar (thanks to Daniel Atlas). E o que é esse fim e uma interrogação, hein!? Eu também não sei, quero saber o que vocês imaginam que pode acontecer, porque eu tenho uma infinidade de possibilidades de continuação ahahah, mas isso fica pra uma próxima brincadeira. Enfim, muito obrigada novamente e eu vou amar ler cada comentário <3

A linda aqui também escreveu 08. Life Support (ficstape do Sam Smith) e escreve Very Well Accompanied, para quem quiser ler e ganhar um bombom... Mentira, não tem bombom, mas tem muito amor :D




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