Última atualização: Fanfic finalizada

Capítulo Único

Os dias na vida de uma garota normal são sempre normais, eu diria, comparado com os dias na vida de uma princesa, todos os outros dias se tornam fichinha. O que aconteceu foi o seguinte: felizmente, ou infelizmente para alguns, Steopia é um reino de verdade, mas poderia ser claramente um reino de contos de fadas, para os nobres, é claro. Todos amam o rei e a rainha, que têm uma filha, que vai se casar em breve. E é aí onde eu entro, a princesinha resolveu desaparecer e o Príncipe está vindo conhecê-la, e segundo os guardas reais, nós duas poderíamos ser facilmente irmãs gêmeas, se não fosse pela cor dos olhos e dos cabelos, mas eles dariam um jeito nisso. É claro que eu jamais aceitaria isso, nosso vilarejo abomina a família real, e eles sabem disso. Os crimes cometidos contra a coroa, poderiam ser perdoados, se eu aceitasse substituir a princesa por um tempo. Após muita insistência da minha mãe e das pessoas que foram me buscar, eu cedi. E é por isso que agora, estou usando um vestido espalhafatoso, com olhos e cabelos de cores diferentes, indo conhecer um Príncipe. Eu senti a minha garganta fechar, assim que meus olhos se encontraram com os dele.
— Princesa Margaret, é uma honra finalmente conhecê-la pessoalmente. — Disse ele, fazendo uma reverência, que no mesmo instante, tratei de retribuir com um sorriso no rosto.
— Igualmente. — Respondi, e seus olhos voltaram para os meus.
— Se me permite dizer, seus olhos são lindos. — Espere para vê-los sem essa magia, pensei, mas sorri.
— Obrigada, me sinto lisonjeada! — Respondi, o rei e a rainha nos deixaram a sós, não estávamos mais na época em que não podíamos ficar sozinhos, tínhamos compromissos, mas algumas coisas haviam mudado e pelo que consegui entender, os noivos tinham liberdade para se conhecer, sozinhos.
— E-eu… — Disse ele, se engasgando. — Perdão, não me apresentei adequadamente. — Ele fez outra reverência. — Me chamo , sou príncipe das terras do sul de Steopia. — Assenti.
— Sim, essas informações me foram passadas. — Sorri, ele inclinou um pouco o rosto, levemente confuso, mas riu fraco.
— Se me permite, gostaria de deixar de lado as formalidades, e levá-la para um passeio. — Ele estendeu o braço.
— Por favor, preciso de ar. — Segurei em seu braço, e ele me levou até o jardim. Onde nos sentamos dentro de um labirinto de flores.
— Acredito que esteja bastante ansiosa com o casamento. — Disse ele, eu assenti, na verdade, estava mais preocupada que a princesa não voltasse a tempo para o casamento.
— Existem algumas coisas que quero fazer antes do casamento acontecer, e ter a sua ajuda, seria importante. — Falei, ele assentiu, como se dissesse para eu continuar. — O vilarejo Blackveil é excluído de todas as coisas boas do reino, por crimes cometidos pelos adultos, e seus filhos continuam crescendo naquele ambiente, sem nada de bom e sem ter culpa pelos crimes de seus pais, e sem ter oportunidade de mudar suas vidas. — Ele colocou a mão no queixo, pensativo. — Eu queria que você desse essa ideia, como condição para o casamento, a ideia não pode partir de mim, pois os crimes foram cometidos contra esse lado de Steopia. — Concluí.
— Eu acho que você tem um ponto muito interessante, na verdade, eu vou te apoiar nisso. — Sorri ao escutar sua resposta e não pude controlar um abraço, ele nem tinha ideia de nada, e aceitou. — Você realmente acredita que aqueles jovens possam mudar suas vidas? — Perguntou ele.
— Sim, eu acho que não adiantaria, por exemplo, conceder o perdão para todos do vilarejo, sem dar oportunidade para os mais novos de viverem o que vivemos aqui. Meu pai sempre me disse que nós podemos escrever nossa própria história, desde que tenhamos determinação para seguir aquele caminho. — Eu parei de falar assim que percebi o que estava falando.
— Isso foi bem bonito, é claro que eu te ajudo, pode contar comigo. — sorriu, aquela era a minha única chance de conseguir fazer algo realmente bom, eu não podia estragar isso. — E então, que tal darmos um passeio à cavalo amanhã pela manhã? — Ferrou, eu nunca andei de cavalo antes. — Eu posso te ensinar, soube que seus pais nunca permitiram que aprendesse e que você gosta muito de cavalos. — Suspirei, aliviada, obrigada princesa Margaret por facilitar minha vida.
— Claro, eu adoraria. — Respondi, com um sorriso no rosto.
— Ótimo, eu preparei um dia incrível para amanhã, eu adoraria que tivéssemos uma boa relação, antes do casamento. — Suas bochechas ficaram mais rosadas, e eu assenti.
— Seria bom. — Escutei um barulho de sino, e lembrei que tinha aula de piano. — É hora da minha aula. — Falei, me levantando.
— Poderia acompanhá-la? — Perguntou ele, assenti e sorri. Caminhamos até a entrada principal, e fomos até o salão onde aconteciam as aulas, o castelo tinha três salões, o principal, o abobadado e o real, que era onde eles recebiam os membros das outras regiões de Steopia. Naquele momento, a aula de piano era realizada no salão abobadado, onde tinha um sofá, um piano e uma cadeira ao lado do piano, onde uma senhora ficava sentada. Eu já estava ali tempo o suficiente para saber tocar um piano, eu fui tão bem preparada pela duquesa e os funcionários do castelo, que até mesmo o Rei e a Rainha acreditaram naquela farsa. Antes de chegar, tive aulas de etiqueta e de como deveria me portar, mudaram a cor dos meus olhos e dos meus cabelos com a mágica da família Real, que ficava presa na parte nobre do Reino. Me sentei de frente para o piano, abri a partitura e comecei a tocar uma daquelas músicas que eu jamais tinha escutado antes, o Príncipe parecia conhecer, continuei tocando, enquanto a Sra. Patwell estava de olhos fechados, o que queria dizer que ela estava gostando. Senti que estava sendo observada por mais pessoas, mas assim que fiz menção a me virar, a Sra. Patwell me olhou com reprovação. Voltei a me concentrar no que estava fazendo, e me senti aliviada quando a música terminou. Ouvi aplausos e cochichos, quando me levantei e finalmente pude me virar, os pais de e — os meus pais — estavam me aplaudindo, o Rei Phillip foi até mim e me abraçou.
— Eu sabia que um dia você iria tocar piano tão bem quanto a sua mãe. — Disse ele, momentos assim me faziam querer enfiar a cabeça em um buraco e nunca mais tirar, mas me permiti viver aquele momento, já que eu estava ali de qualquer forma. Assim que nos soltamos do abraço, fiz uma reverência para a Rainha Catarina e o Rei James, que retribuíram, a Rainha Anna — minha mãe — me abraçou por trás, e de repente estávamos em um círculo.
— E então, o que achou, ? — Perguntou Phillip.
— Esplêndido, nunca vi alguém tocar tão bem. — Respondeu ele, sorrindo.
— Tenho certeza que nunca escutou a minha mãe tocando. — Respondi, e a Rainha Anna riu.
— Aceite o elogio, filha, você tocou muito bem! — Respondeu ela, acariciando meu braço. Assenti e sorri, fez o mesmo.
— Já que estamos todos aqui, tem algo que preciso conversar com Vossas Majestades. — Disse , Phillip fez sinal com as mãos para que ele dissesse, se sentou na poltrona ao lado dele, e os pais dele sentaram do outro lado. Eu e Anna ficamos de pé. — Existe algo que eu planejo fazer, e queria colocar como uma condição para o casamento. — Completou ele, para espanto de seus pais.
— É claro, diga. — Respondeu Phillip.
— Eu gostaria que as crianças e jovens de Blackveil pudessem frequentar a escola do Reino. — Antes que alguém pudesse responder, eu pude escutar a voz da Duquesa, interrompendo a conversa.
— Eu achei uma ideia esplêndida. — Disse ela, com um sorriso. — Posso saber quem teve essa ideia? — Perguntou, olhou para mim e voltou o olhar para ela.
— Eu tive, enquanto estava vindo para cá hoje. — Respondeu ele, a mulher me encarou, arqueando uma sobrancelha.
— Hum… Eu acho que poderíamos tentar Phillip e Anna, talvez trazer alguns, uns três ou quatro, para testar. — Disse ela, a Rainha estava receosa, mas o Rei assentiu.
— Faça isso, Melina, deixarei em suas mãos, não queremos que nada atrapalhe os planos do casamento. — Respondeu ele, encarando e sorrindo sem graça. Pronto, o motivo de eu ter aceitado ir para lá foi garantido, então, agora eu poderia aproveitar a vida como princesa, enquanto aquilo durasse.

Logo pela manhã, após o café, me encontrei com para o passeio à cavalo. Era a primeira vez que eu usava uma calça, desde que tinha ido para o palácio. E era a primeira vez eu eu montava um cavalo, após ele me ensinar a subir e a descer, nós cavalgamos juntos por um tempo, até eu despencar do cavalo sem mais nem menos, o que rendeu boas gargalhadas. Após me ajudar a levantar, me levou em seu cavalo até o restante do caminho. Ele me levou em lugares de Steopia que eu nunca imaginaria que pudessem existir, fizemos um piquenique na hora do almoço, e vimos o pôr do sol em uma montanha. Passamos a maior parte do tempo conversando, e eu não conseguia falar dos interesses de alguém que eu nunca troquei uma palavra, então, falei sobre os meus, de forma modificada. Eu estava me saindo bem em ser uma princesa, exceto pela parte de que algo no Príncipe me fazia sentir uma coisa estranha. Assim que escureceu, nós voltamos para o Palácio, ninguém perguntou nada demais e nem reprovou nossa atitude, e aquilo era tão estranho, mas éramos noivos, então eles estavam certos. Marcamos de fazer outro passeio no dia seguinte, e eu nunca quis dormir tão cedo, para o dia passar logo, como eu quis naquele momento. Após o jantar, subi depressa para o quarto e logo peguei no sono, eu estava nas nuvens, e não conseguia esconder.

No dia seguinte, coloquei um vestido, um pouco mais básico que os normais, mas ainda formal. Íamos visitar o orfanato fundado pela Rainha Anna, e depois teríamos um passeio pela cidade, após o passeio eu teria aula de História e chá com a duquesa e as rainhas. O Príncipe iria recepcionar os jovens de Blackveil, que a duquesa já havia selecionado e mandado buscar. No Orfanato, todos foram muito gentis, meu peito doeu em ver aqueles olhinhos de quem queria uma família, mas o projeto era muito lindo, os outros orfanatos foram fechados por irregularidades e uns por falta de renda, o que a Rainha estava fazendo, era incrível. se deu muito bem com as crianças, dava para ver o quanto eles estavam se divertindo, eu me colocava um pouco no lugar daquelas crianças, eu tive a minha mãe, mas eu cresci sem o meu pai e sequer sei o motivo. Eu quis levar todos comigo, mas eu não podia, e partir daquele lugar foi a coisa mais difícil que fiz na vida.
— Parece que vai chorar, princesa. — Disse .
— Eu queria poder levar todos comigo. — Respondi, fazendo um biquinho. sorriu.
— Nem me fale, quem sabe após o casamento não adotamos algum deles? — Sugeriu ele, neguei com a cabeça, deixando-o confuso.
— Jamais poderia escolher entre eles. — Respondi, fazendo-o sorrir mais largo.
— Eu concordo, princesa. — Respondeu ele, me oferecendo o braço para segurar. Andamos pela cidade, com todos acenando e querendo falar conosco, estávamos cercados de guardas, mas ainda assim, falávamos com todos. Pela primeira vez, eu estava realmente gostando daquela vida, e me encantava cada vez mais, a Princesa seria muito sortuda em se casar com ele. Uma pena que não seria eu, se ele não fosse um Príncipe e nós nos conhecêssemos em outra situação, eu me permitiria olhar para ele como ele me olhava. Tola, mal sabia que já estava fazendo isso.

A aula de História passou depressa, senti que o professor foi mais rápido que o normal, talvez pelo chá que eu teria de tomar com as Senhoras no Salão Real. Com isso, não me apressei em me aprontar, já que eu ainda tinha tempo. Assim que acabei, desci direto para o Salão, pude ver de relance, que sorriu para mim, mas logo saiu com os Reis. As três Senhoras à minha frente, estavam rindo juntas, e pararam assim que me viram. Fiz uma reverência e elas retribuíram.
— Margaret, querida, estávamos falando sobre suas histórias de criança, e a Rainha Catarina estava contando sobre o . — Disse a Duquesa.
— É mesmo? — Disse, enquanto me sentava.
— Sim, estávamos nos preparando para o assunto principal. — Respondeu a Rainha Anna sorrindo. — E então? — Perguntou ela, olhando nos fundos dos meus olhos.
— Perdão? — Perguntei, confusa.
— O que a sua mãe quer saber é o mesmo que eu, está gostando do meu filho? — Perguntou a Rainha Catarina, eu sorri com a pergunta.
é excelente, ele até me ensinou como andar à cavalo, aprecio bastante sua companhia. — Respondi, fazendo-as sorrir, e sorrindo igualmente, mas disfarcei após perceber o olhar da Duquesa. Permaneci o resto da reunião pensando sobre àquele olhar, estava preocupada, e eu estava certa. Após o encontro, recebi uma visita em meus aposentos, antes do jantar. Ouvi quando a porta se abriu, sem sequer uma batida e já imaginei do que se tratava.
— Então, você gosta do Príncipe? — Perguntou Melina.
— Ele é uma pessoa boa, mas não gosto dele desse jeito. — Respondi, ela riu.
— Não seja idiota, consigo ver pelo jeito que seus olhos brilham quando fala dele. — Disse ela, continuei penteando meus cabelos e dei de ombros, me sentando virada para a minha penteadeira. — Posso te propor um acordo, você pode se permitir sentir tudo que quer sentir pelo Príncipe e prosseguir com o casamento, se tornando a verdadeira Princesa desse Reino, a única coisa que tem que fazer, é tirar essa ideia estúpida de condição para casamento da cabeça dele, e quando chegar a hora, se voltar contra seu povo. — Arqueei uma sobrancelha, aquilo era tão absurdo, mas eu senti um tom de ameaça na voz da Duquesa, que saiu do quarto após dizer aquilo. Ela nem quis saber a minha resposta, saiu do quarto como se eu tivesse dito sim, eu sentia que não tinha escolha, ou talvez eu quisesse achar que não tinha escolha, porque eu fiz exatamente o que ela tinha sugerido. Com um ato sujo, da minha parte, eu marquei um passeio com . Não parava de me perguntar se estava fazendo o certo, meus amigos não mereciam aquilo, nós não tínhamos culpa, tudo aquilo que estava passando pela minha cabeça se dissipou, assim que nossos olhos se encontraram. Eu era estúpida, pensei, abandonar meus objetivos por um homem era tolice, mas antes que pudéssemos dizer alguma palavras, guardas se aproximaram e nos levaram de volta ao Palácio. O Rei Phillip parecia nervoso e a Rainha Anna preocupada, mas seu semblante mudou quando nos avistou, parecia aliviada.
— O que aconteceu? — Perguntou . — Estávamos indo dar um passeio.
— Os estudantes que recebemos ontem foram presos, eles ajudaram a libertar um homem perigoso da prisão. — Disse o Rei, aquilo não fazia sentido para mim, quem eles libertariam? — Um vilão perigoso que atentou contra a coroa muitos anos atrás… — Ele suspirou, parecia que esse crime havia o machucado bastante. — seu nome é Alatar. — Todo meu corpo tremeu naquele momento, não podia ser, ele estava morto até onde eu sabia, por que eles o libertariam? Na minha mente, tudo aquilo estava confuso demais, porque tudo que eu sabia era que meu pai estava morto, pagando pelos crimes contra a coroa. Todos tinham expressões péssimas, menos Melina, que parecia estar gostando da situação, eu podia perceber uma linha de felicidade em seu semblante. — Agora a decisão é de vocês sobre o que devemos fazer, afinal, vocês serão os futuros Rei e Rainha, e a decisão partiu de . — Completou ele, me olhou nos olhos, como se esperasse que eu dissesse algo.
— Acho que… — Comecei a falar, mas suspirei. — Talvez devêssemos isolá-los de vez. — Completei, em outro suspiro, aquilo doía todo meu corpo, mas doía mais ainda o meu coração, se eles vão ser isolados, eu tenho que ser também, já que o meu pai é o verdadeiro culpado. Mas, eu ainda era a única chance deles ali, ou pelo menos eu tentava me convencer disso.
— Tem certeza? — Perguntou , eu apenas assenti. — Então, essa é a nossa decisão. — Ele segurou em minha mão, sabia que aquilo estava me abalando, pois seu olhar para mim era reconfortante.
— Decisão correta, apenas peço para que não saiam das imediações do Palácio enquanto não prendermos Alatar, Melina irá cuidar de Blackveil. — Disse o Rei Phillip, ele parecia confiar bastante na cunhada. apertou minha mão, e em uma reverência, saímos do local e paramos na sacada de uma das torres.
— Sinto muito, sei que você tinha vontade de ajudá-los, mas algumas pessoas infelizmente não querem ajuda. — Disse ele, parando ao meu lado, eu estava em silêncio e parada desde que saímos da sala do Rei. Eu não pude responder, nem sabia como reagir, havia muita coisa para processar em pouco tempo. — Vou pedir para adiarem o casamento, acho que não é um bom momento para isso. — Completou ele, é mesmo, o casamento estava tão perto. — Margaret… — Me virei para ele, quando ele disse meu nome falso. — Existe algo que preciso te dizer.
— Pode dizer. — Respondi, praticamente dizendo todas as palavras para mim mesma.
— Eu tenho certeza que teremos um casamento feliz, pois esses dias que passamos juntos, eu preciso te dizer que foram uns dos melhores, e eu quero poder te ensinar muito mais coisa e te mostrar mais que essa parte do Reino, e talvez até fazer você sentir por mim, o que estou sentindo por você. — Seus olhos brilhavam, mas aquilo não fazia mais sentido para mim, eu sentia, eu sinto , era o que eu queria dizer. Mas aquela não era eu. Ele tocou minha bochecha com uma das mão e aproximou seu rosto do meu, aquela era a última chance que eu tinha para impedir que aquilo acontecesse, e eu não o fiz. Nos beijamos, senti o toque de seus lábios no meu, o calor do seu rosto, enquanto seus dedos deslizavam da minha bochecha para o meu cabelo, senti meu rosto esquentar, e de repente a brisa que batia sobre nós, havia ido embora. Tudo que eu conseguia sentir era o calor de seus toques sobre meu rosto e pescoço, sua mão esquerda puxando a minha cintura, e nossos corpos próximos o suficiente para fazer o meu estremecer. Ele se afastou de mim, e entrelaçou seus dedos aos meus.
— Eu sinto. — Foi a única coisa que eu conseguia responder, eu não sei as coisas estavam indo rápido demais porque tínhamos que nos casar, ou porque éramos jovens e aquela era a nossa primeira experiência com aqueles sentimentos, mas o que eu sentia era real. Até demais. Antes que ele pudesse me responder, a Duquesa apareceu e me puxou pelo braço.
— Se afaste dessa impostora, Majestade! — Disse ela, puxou meu outro braço.
— Solte-a. — Ordenou ele.
— Infelizmente não posso. — Respondeu a mulher, eu não conseguia acreditar que ela estava fazendo aquilo, mas ela estava certa. Eu era uma impostora, mesmo sendo ela que tivesse começado com toda aquela confusão, tudo parecia errado.
— O que está acontecendo aqui, Melina? — Perguntou o Rei, entrando no local, seguido dos outros.
— Nós recebemos uma carta, dizendo que Alatar está com a Princesa, até hoje de manhã eu havia achado estranho, então, acabei de receber a informação de um dos jovens que foram presos, de que Alatar havia infiltrado essa mulher no Palácio, para que ninguém desconfiasse dele, até que ele anunciasse. — Ela entregou um papel ao Rei, que ficou paralisado quando leu.
— Isso é claramente uma mentira, não é, Margaret?! — Disse , esperando que eu afirmasse ser uma mentira, mas não era. — Margaret? — Melina tirou a magia que havia feito em mim, e lá estava eu, , cabelos castanhos e olhos verdes. deu dois passos para trás.
— Como é seu nome? — Perguntou a Rainha Anna.
. — Respondi, praticamente cuspindo as palavras.
— Sabe onde está minha filha? — Perguntou o rei, me sacudindo. Apenas neguei com a cabeça.
— Levem-na para as Masmorras, e depois, de volta para Blackveil. — Ordenou o Rei, apenas abaixei minha cabeça enquanto os guardas me levavam.

Não demorou muito tempo para que eu recebesse minha primeira visita. não fez sequer um barulho, e ficou parado em frente às grades que me mantinham presa.
— Por que você mentiu? — Perguntou ele, assim que o vi ali.
— Por tantas coisas que você jamais entenderia. — Respondi, sem olhar para ele.
— Melina disse que você me usou para tudo isso, o que você tem a dizer? — Apenas dei de ombros.
— Como Alatar sequestrou a princesa se estava preso? Como usaram magia em mim, se em Blackveil a magia foi banida? — Respondi, se calou.
— Mentiu sobre seus sentimentos também? — Perguntou, se aproximando da barra.
— Do que importa? Não sou a Princesa Margaret… — bateu as duas mãos na grade.
— Importa demais! Quero saber se brincou com meus sentimentos. — Disse.
— Eu não brinquei com seus sentimentos, mas me passei por outra pessoa, então, meio que fiz isso quando te fiz acreditar que era a Princesa. — Ele se virou. — Espera! — Ele olhou para mim novamente, vi uma luz de esperança em seu olhar. — Você precisa procurar por Margaret, ela está em perigo, e tenho certeza que estão procurando no lugar errado! Pense sobre o que te perguntei, que talvez você a encontre. — Pedi, ele assentiu e saiu dali. Aquele era o lugar que mais se parecia com minha casa naquele castelo enorme. Alguém descia as escadas fazendo um baita barulho, e era Melina, que tinha um sorriso brincalhão no rosto.
— Você sabia que até hoje eu não tinha ideia de qual era o seu nome? — Perguntou ela. — Eu a conhecia apenas por Marie, que foi o nome que sua mãe lhe deu assim que nasceu. — Dei de ombros, não fazia ideia do que ela estava falando. — Deixa eu te contar uma história bem divertida, antes de te levarem de volta. Alatar era um mago poderoso, mais poderoso do que todos que existiam no Reino, e era o Conselheiro do Rei. Levou seus ensinamentos para o povo de Blackveil, porque se apaixonou por sua mãe, Morgana. Anna e Morgana tiveram filhos no mesmo dia, Anna teve duas meninas e Morgana apenas uma, como Alatar e Phillip eram muito amigos, Morgana teve sua filha aqui no Palácio. Infelizmente, a bebê nasceu morta, e Anna tinha duas, então propôs que trocássemos a bebê morta por uma das filhas de Anna. Alatar, que não queria ver sua esposa sofrendo, concordou com a troca. Anna ficou devastada por uma das princesas ter nascido morta, mas pelo menos uma havia sobrevivido para consolá-la, e Morgana estava feliz com sua filha. Mas, eu não sou uma mulher de fazer acordos e deixar que a outra pessoa tenha um benefício desse acordo, meu falecido marido, o irmão do Rei, foi envenenado. Ou melhor, amaldiçoado por Alatar, e acabou falecendo, você deveria ter uns 5 anos na época. — Eu estava em completo choque, então foi isso, então era por isso que eu me parecia com a Princesa. — Antes de ser preso, ele tentou te disfarçar, mas só deu tempo de mudar o cabelo e a cor dos olhos, eu logo te encontraria. Veja, não leve para o lado pessoal, mas eu sempre preciso de um bode expiatório para que ninguém desconfie de mim, e você foi a escolhida da vez. Você deve estar se perguntando o motivo de tudo, e eu adorarei explicar, mas vou explicar bem rapidinho. Charlotte é minha filha, e ela vai se casar com a Princesa, porque você vai ser exilada e Margaret em breve estará morta. Me livrar de duas seria mais difícil que de uma, por isso propus a troca de bebês, eu sou inteligente, não sou? — Todo meu corpo tremia, uma mistura de raiva, com tristeza e outros sentimentos que eu jamais conseguiria explicar.
— Você é uma vadia insensível, experimente me dizer isso de novo sem essas grades para te proteger. — Ela se afastou e riu.
— Ainda bem que as grades estão aqui, não é? — Disse, dando uma piscadela. Os guardas desceram a escada, abriram a cela, e antes de ser vestida com um saco na cabeça, vi Melina saindo do local.

Pelo tempo que a carruagem levou para parar, nós provavelmente estávamos em Blackveil. Fui empurrada para o chão e desamarrada, mas continuei com o saco na cabeça, e só me levantei após escutar o som da carruagem partindo. Me levantei e tirei o saco de pano que cobria a minha cabeça, e a cena que vi, me destruiu. Todas as pessoas estavam na rua, mas haviam sido transformadas em pedra, mas eu não, incrível. Todos haviam sido transformados em pedra e era minha culpa, eu estava sozinha e merecia aquilo. Eu tive uma chance, de escrever a minha história, mas não soube me impor, fiz com que concordasse em puni-los, tive medo que eles pudessem fazer mal àquelas pessoas, eu deveria saber que eles não seriam capazes.
— Isso é totalmente sua culpa, , você os ajudou? Não! Ao invés disso, estava sentindo que era a Princesa, se vendo de um jeito que não era real, então agora não adianta chorar. — Falei para mim mesma, enquanto secava as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.
? — Eu escutei uma voz familiar chamando meu nome, e me virei, Alatar estava ali, na minha frente.
— Pai?! Ou melhor, Alatar. — Engoli seco, e ele suspirou.
— Ela te contou? Me desculpe, eu deveria ter te protegido melhor. — Dei de ombros enquanto ele se aproximava de mim. — Mas ainda tem um jeito… — Ele apontou para o horizonte, onde podia ser visto alguém vindo à cavalo. — Você ainda pode escrever a sua história, e quando sua história vier à tona certifique-se de que a história que eles vão escrever seja, era uma vez, uma garota que tentou bastante. Era uma vez, uma garota que tentou novamente. Era uma vez, uma escolha corajosa a fazer, ela arriscou, ela usou a sua voz. A voz que sempre foi sua por direito, e que eu tirei de você… Eu vou retirar a magia de disfarce antes de você ir. — Segurei seu braço antes que ele pudesse fazer algo.
— Obrigada pelo conselho, mas não quero parecer a Margaret de novo, esse vai ser o meu Era uma vez. — Respondi, o meu Príncipe vinha em minha direção, em seu cavalo branco, o que me fez rir. Que irônico, a vida não é um conto de fadas, isso não tenho como negar, mas ela se desenvolve em capítulos, e esse será o próximo capítulo da minha vida, salvar meus amigos e a Princesa Margaret. Finalmente, chegou até mim.
— Antes de ir, você é minha filha, mesmo não tendo meu sangue, então não se esqueça dos meus ensinamentos. Voltarei para te ver brilhar. — Disse o homem, antes de desaparecer na minha frente. desceu do cavalo.
— O que te fez vir aqui? — Perguntei.
— Eu escutei tudo que Melina disse, eu estava voltando para te dizer algo; eu não me importaria se você não fosse Princesa, o que me magoou foi o fato de você ter mentido para mim, mas eu me apaixonaria por você mesmo se você não fosse Princesa. — Disse ele, ofegante.
— Tecnicamente, nós nunca nos conheceríamos se eu não… — Ele me interrompeu com um beijo, por mais que tivesse sido um beijo rápido, todas aquelas sensações voltaram.
— Depois discutimos isso, eu acho que tenho uma ideia de onde a Princesa Margaret está. — subiu no cavalo, e me deu a mão para que eu subisse também. Ele estava me levando em direção ao cemitério, era o único lugar fora de Blackveil que eu conhecia. Não perguntei, ele parecia estar confiante. Paramos em frente ao túmulo do Duque.
— Depois que saiu das Masmorras, a Duquesa veio até o cemitério, e de repente, sumiu em frente à esse túmulo. — Disse enquanto se abaixava, procurando alguma forma de entrar. Desci do cavalo e olhei ao redor, de repente, reparei que a estátua do anjo em cima do túmulo estava torta, então mexi nela, e gritou. Após eu girar a pequena estátua, uma porta se abriu no chão e caiu nela, eu quis rir, mas estava com pressa. Descemos as escadas e lá estava ela, a Princesa Margaret.
— Tia? — Perguntou ela, ao nos ouvir.
— Arrebenta a fechadura! — Falei com , ele pegou um pedaço de tijolo no chão e começou a bater na fechadura, fazendo com que a cela se abrisse. Corri para tirar as amarras e a venda da Princesa. — Sem tempo para explicar, vamos! — A puxei pelo braço, ela estava confusa e não tirava os olhos de mim. Subimos no cavalo e fechamos a porta, corremos o máximo que podíamos até chegar no Palácio, no caminho, explicamos tudo à Princesa Margaret, que ficou mais em choque ainda. Quando chegamos no Palácio, todos estavam reunidos na entrada, incluindo Melina, que levou um susto ao ver que Margaret estava conosco.
— Minha filha! — Gritou a Rainha Anna, correndo ao encontro da filha e abraçando-a.
Suas filhas. — Corrigiu Margaret, a Rainha me olhou por uns segundos, antes que pudesse dizer algo, Melina começou a rir.
— Pobre, Margaret! Foi enfeitiçada! — Disse ela, desceu do cavalo e a encarou.
— Então eu também fui, porque escutei em alto e bom tom a Senhora dizendo que havia trocado uma das Princesas por um bebê que havia morrido. — Revelou ele, fazendo todos se chocarem.
— Pare de inventar histórias porque você se apegou à impostora! — Retrucou ela.
— Eu estava vivendo a minha vida tranquilamente em Blackveil, não tinha mais um pai e tinha uma mãe que precisava de mim, e você foi até mim dizendo que a Princesa havia fugido para não casar, e eu precisaria ficar no lugar dela até que ela fosse encontrada! — Falei.
— Pensem bem, quem teria feito a magia nela? Como Alatar sequestraria a Princesa, se ele estava preso? — Perguntou .
— Melina… — Disse Phillip. A Rainha Anna olhou nos meus olhos, e uma lágrima escorreu pelo seu rosto.
— A cor dos olhos e a do cabelo é diferente, mas meu coração a reconhece como minha. — Ela me abraçou.
— Sua história tem vários furos, Melina, sequestrada por Alatar? Por que não conta para eles que você me manteve prisioneira numa passagem secreta abaixo do túmulo do meu tio? E que foi você quem o envenenou? — Foi a vez de Margaret de falar, eu ainda estava envolvida no abraço da Rainha. Os olhos de Melina ficaram um verde brilhante.
— CUIDADO! — Gritei, eu já tinha visto aquilo antes, não podia ser, ela iria se transformar em Dragão. Alatar se transformou em um grande Dragão azul quando foi morto, ou melhor, preso, e aquele era o mesmo olhar dele. Então, ela era da mesma linhagem que ele, inacreditável. Os Reis entraram na nossa frente, de braços abertos para nos proteger. O que não iria adiantar muito se fôssemos fritados, então, me lembrei do que Alatar havia me dito, não importava o sangue, eu era filha dele. Me lembrei do feitiço que anulava todos os feitiços, Melina cuspiu fogo nos guardas que tentaram atacá-la, enquanto eu me abaixei no chão. Não parecia difícil para mim, mas ainda faltava algo, eu estava sentindo a natureza e invocando-a, só não sabia como fazê-la expulsar os feitiços. Precisava de uma força imensa para expulsar o feitiço de transformação, eu estava quase falhando, quando Margaret tocou no meu ombro. De repente, parece que minha força havia aparecido, e que ela sabia exatamente o que estava acontecendo comigo. E foi quando eu agarrei aquela força da natureza e lancei no Dragão na minha frente, como eu havia sido ensinada. A própria natureza expurgou o feitiço, fazendo com que ela voltasse a ser humana, e foi quando Alatar apareceu, cravou uma espada de prata em seu coração, e desapareceu no mesmo instante. Respirei fundo, finalmente havia acabado. Margaret me ajudou a levantar, me abraçando em seguida, o Rei e a Rainha se juntaram ao abraço, e e seus pais também se abraçaram.

Um mês depois…

Blackveil estava livre desde o dia que eu havia conseguido expurgar o feitiço lançado sobre eles, agora eu morava no castelo como Princesa , não queria ser chamada de Marie. Minha mãe morava comigo e meus novos pais, e estavam todos me esperando entrar na igreja, com exceção ao meu pai Phillip, que estava me acompanhando. Pude escutar sons de cornetas, e a porta da igreja se abriu, eu estava usando um longo vestido branco, e todos estavam lá. Por um segundo, eu olhei para o horizonte e vi meu pai lá, ele foi mesmo me ver. estava me esperando, o casamento foi seguido da coroação, Margaret abriu mão de ser a Rainha do Sul e do Norte, ela já era apaixonada por alguém, e sentia que não deveria ser Rainha. Então, eu e nos tornamos Rei e Rainha de Steopia, e agora eu me chamava , e minha história havia sido escrita.

“Era uma vez, uma garota que voou mais alto
Era uma vez, uma garota que fez as coisas certas
Era uma vez, um laço que os une
Ela mudou seu coração
Para mudar a cabeça deles”


Fim



Nota da autora: oii gente, tudo bem? espero que sim! espero que tenham gostado, queria fazer algo melhor, mas to com um bloqueio péssimo, causado pelos problemas da vida adulta que estão acabando com a minha vida de fanfiqueira, desculpem :( vou deixar meu insta de autora, pra vcs conferirem minhas outras fics, e o grupo no whatsapp de leitoras, beijos!


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