Capítulo Único
havia acabado de chegar ao Brasil depois de anos sem pisar em sua terra natal. A cidade de São Paulo ainda era a mesma de anos atrás, mas parecia ser estranho estar onde estava. Depois das Olimpíadas em 2016, o jogador e medalhista de ouro decidiu passar um tempo em seu país. Seu irmão, Thiago, ainda jogava na Alemanha.
— Fala, princesa — Neymar, um de seus amigos mais próximos, disse ao atender a ligação. — Já tá bem instalado?
— Sim, cara — ele riu. Achava aquele apelido idiota, mas seu amigo pouco se importava. — Você deveria vir para cá quando tiver tempo.
— O problema é que não tenho — Ney riu.
— Ok, entendi sua vida de super estrela.
— Não fica assim, princesa — ele comentou baixinho. — Em breve você volta a jogar.
— Espero — confessou. — Ainda nem acredito que deixaram eu me recuperar de lesão aqui.
— Eu também não — Neymar riu. — Esse tratamento não recebo.
— Idiota.
— Princesa, vou desligar. Aproveite suas férias, cuide desse pé pra voltar a jogar logo.
saiu da escada de emergência e deparou-se com sua vizinha de porta falando ao telefone.
— Marina, é ridículo — ela começou. — Sinto falta da senhora que morava ao meu lado. Esse meu novo vizinho começa a malhar às seis da manhã. Quer dizer, quem malha essa hora?
Ele riu. — Bem, o seu novo vizinho.
— Ai, merda, Nina. Vou precisar desligar, tchau, tchau — ela guardou o telefone no bolso. — Não sabia que o elevador subia tão rápido.
— Ele não sobe — respondeu. — Eu vim de escada.
— Excesso de exercício físico deveria ser um crime.
— Bem, é melhor que ser sedentária, não? — ele a alfinetou.
— Eu não sou sedentária, querido vizinho que eu não sei o nome.
— — ele disse. — .
— — ela torceu o nariz. — Garcia.
— É um prazer conhecê-la, — ele sorriu. — Prometo que não vou malhar às seis.
— Ah, obrigada — ela lhe ofereceu um sorriso.
— Começarei às cinco a partir de amanhã — ele disse e entrou em seu apartamento, deixando uma bastante irritada no corredor.
•
Desde que conheceu seu novo vizinho, ela não o tirava da cabeça. Algo lhe chamava atenção. Ok, ele era bonito e gostoso, mas isso não era o que lhe trazia familiaridade. Nina, sua melhor amiga, estava ansiosa para conhecer , apesar de saber que sua amiga certamente daria em cima dele.
Era sexta-feira à noite quando ela decidiu tomar um vinho em sua sacada, em sua humilde companhia. Separou seu melhor vinho, sua melhor playlist de pagode e sertanejo e uma colcha para esquentá-la caso necessário. Quando ajeitou as coisas, percebeu que na sacada ao lado, , seu novo vizinho, estava malhando.
— Só pode ser piada — ela bufou. Ele estava de fone, não podia ouvi-la.
— O quê? — ele perguntou.
— Não era para você ouvir — ela disse. — Mas você só malha? Não se diverte? Não bebe? Sei lá, transa?
— Eu me divirto, bebo e transo — ele riu. — Por que isso é de seu interesse?
— Não é — ela riu. — Mas de tanto malhar seu braço vai cair, vizinho. E não é como se você precisasse malhar tanto, né? Você tem cara de contador.
— Eu não sou contador — ele riu. — Longe disso.
— Você faz o que, então? — ela perguntou baixinho. — Espera, isso não é da minha conta.
— Tanto faz, — ele revirou os olhos. — Eu sou jogador de futebol.
— Sério? — ela perguntou espantada. — Você joga em algum time legal? Ou joga, tipo, na série D? Nunca ouvi falar de você.
— Eu nunca joguei num time brasileiro.
— Uhhh, legal — ela sorriu. — Onde você joga, então?
— Barcelona.
— Você joga com o Neymar?
— Ele é meu melhor amigo, na verdade — riu.
— Isso só pode ser mentira — ela disse espantada.
— Não é — riu. — Tá tarde na Espanha, se não eu ligava pra ele.
— Você não precisa me provar nada — ela revirou os olhos.
— Mas você está louca para saber mais sobre quem eu sou.
— Claro que não, — ela bufou. — Não me interessa nem um pouco.
— Certeza? — ele riu. — Não duvido nada que você vá correndo para dentro falar com a sua amiga sobre mim.
— Oh, o que é isso diminuindo nas suas calças? — ela fingiu preocupação. — Ah, espera! É o seu ego diminuindo seu pênis.
gargalhou da brincadeira de , que não gostou da risada. Como se não bastasse ele atrapalhar sua noite de bebedeira na sacada, agora tinha que lidar com um homem que não se ofende com suas respostas imaturas. Elas sempre funcionavam.
— Boa noite, — ele lhe deu um sorriso lascivo. — Tente não fazer muito barulho esta noite porque amanhã eu acordo cedo para malhar.
— Pode deixar, aumentarei o máximo que puder do meu som — ela sorriu.
— Você pode até se juntar a mim — ele disse.
— Dispenso — ela sorriu. — Prefiro perder minha perna.
Dito isso, se dirigiu para dentro de seu apartamento, deixando com um sorriso idiota no rosto. Ele não se ofendeu e ainda era meio gentil. Que homem chato.
•
Na manhã seguinte, realmente acordara às cinco da manhã para malhar, mas algo lhe deu na telha e ele foi até a casa da vizinha. Tocou a campainha uma vez. Ela não atendeu. Tocou pela segunda e, quando estava prestes a tocar pela terceira vez, abriu a porta de supetão.
— O que você está fazendo na minha casa? — ela não abriu os olhos.
— Como você sabe que sou eu, ? — ele riu.
— Porque pessoas normais vivem só depois das oito da manhã — ela coçou os olhos. — O que você quer, ?
— Vim te convidar pra gente ir correr.
— Você tá brincando com a minha cara?
— Não. Vamos lá, — ele deu um sorriso. — Vou te mostrar que correr de manhã faz bem.
Tudo que fez foi fechar a porta na cara do meio campista. No entanto, ela tinha a leve sensação de que ele não desistiria de levá-la para se exercitar naquela manhã. Irritada, abriu a porta novamente.
— Ok, eu vou — ela resmungou. — Vou tomar um banho pra acordar e tomar um café da manhã.
— Eu tenho café da manhã extra. Fiz muito, se você não quiser cozinhar, é só entrar no apartamento do lado — ele disse animado. — A porta vai estar aberta!
Mais uma vez, fechou a porta irritada e foi em direção ao banheiro. Vinte minutos depois, ela entrou na casa do jogador.
— Eu te odeio por me fazer malhar às cinco da manhã de um sábado — ela resmungou. — Onde você está?
— Na cozinha — ele disse.
— Você está fazendo café da manhã? — ela perguntou.
— Só café. Eu não gosto muito, mas acho que você vai precisar um pouco — ele sorriu.
— Obrigada — ela tentou dar um sorriso, mas estava sonolenta demais para tal.
— Se exercitar não faz mal.
— O que você acha que eu sou, ? — ela brigou. — Só porque eu não tenho um corpo padrão, quer dizer que eu não me exercito?
— Não quis dizer isso. Não vejo nada demais no seu corpo, ele é lindo, inclusive.
encolheu. Estava sempre acostumada a ouvir homens falarem de seu corpo como piada.
— Desculpa. E obrigada.
— Tá tudo bem, . Será que podemos recomeçar? Acho que começamos com o pé errado — ele sorriu.
— Pode ser — ela aumentou seu tom de voz um pouco.
— Oi, eu sou o . Eu tenho 24 anos, sou jogador de futebol. Minha vizinha odeia que eu acorde tão cedo para malhar, mas eu me amarro — ele aumentou o sorriso no rosto e finalmente arrancou um sorriso de . — E você?
— Oi, eu sou a — cruzou os braços. Ainda estava na defensiva. — Tenho 24 anos também, sou agente de carreiras. E tenho um vizinho muito inconveniente que malha às cinco da manhã.
— Você agencia carreiras? Que legal.
— Sim. Eu trabalho numa empresa que faz isso, na verdade — ela disse.
— Maneiro — ele sorriu. — Mas minha profissão é mais legal.
— Você é sempre implicante assim?
— É o meu jeitinho — ele deu um sorrisinho.
— Vamos fazer isso logo — ela pegou a xícara de café que ele a ofereceu.
— Espero que você goste de ovos mexidos e frutas, porque é isso que tem de café da manhã.
— Não como ovo, mas eu aceito as frutas.
— Você é vegana?
fez que sim com a cabeça e se ajeitou rapidamente no banco da cozinha, bebeu um pouco do café e comeu um pedacinho de mamão que tinha.
— Pronta, companheira? — ele lhe deu um sorriso.
— Infelizmente, estou pronta, vamos lá — ela riu.
Os dois correram por uma área externa do condomínio em que moravam e já sentia os benefícios daquela corrida matinal. Ela já estava mais acordada, e disposta, mas jamais falaria aquilo ao vizinho. estava intacto, tinha apenas uma mancha em sua blusa de suor. Ela, por outro lado, sentia o suor escorrer por sua espinha. O celular de apitou, avisando que ele já tinha corrido a meta do dia e os dois pararam.
— Você foi muito bem, .
— Obrigada, — ela sorriu. — Espera, posso te chamar assim, né? Como é que te chamam?
— — ele riu. — Mas não me incomodo que me chamem de , vai ser quase que um apelido exclusivo seu.
— Gostei da ideia — ela riu.
— também tá liberado? — ele perguntou.
— Sim — ela sorriu.
— Mas e aí, você é daqui mesmo? — ele perguntou. — Seu sotaque é misturado.
— Sou, mas fui criada falando em espanhol — ela disse. — Meus pais eram espanhóis.
— Que legal — ele comentou, mas a alegria morreu quando ele percebeu o verbo conjugado no passado.
— Você tem irmãos?
— Filha única — ela comentou baixinho.
— Sinto muito, — ele respondeu intuitivamente. Não costumava chamar as pessoas de , por que aquilo saiu justamente naquele momento?
— Gosto de — ela sorriu. — Minha avó me chamava assim quando eu era pequena.
— Então eu sou o e você a — ele passou um braço pelos ombros da menina.
•
Um mês havia se passado desde que chegara à cidade da garoa e ele e eram amigos desde aquela fatídica corrida às cinco da manhã. Agora, quando a agente de carreiras não estava com sua melhor amiga, Marina, ela estava acompanhada de . O jogador continuava fazendo todo acompanhamento médico à distância, como seu clube havia permitido, já que ele não estava sendo escalado com frequência. Era sexta e faziam umas duas horas que havia chegado do trabalho.
— Você me fez emagrecer cinco quilos em um mês, — ela disse emburrada. — Estou perdendo minhas curvas.
— Eu posso te garantir que elas estão bem aí, — ele disse sério.
— Minhas calças estão largas, inclusive aquela que eu comprei quando a gente foi ao shopping — ela resmungou mais uma vez.
— Gosto muito de você brigar comigo pelas suas curvas, — ele confessou. — Hoje em dia é um requisito ser magra.
— Bom, meu requisito é ser feliz — ela riu. — Minha médica disse que eu sou saudável, sem nenhuma alteração, então pra que mudar meu corpo?
— Muito bem dito, — ele riu. — Mas isso significa que você vai me abandonar nas nossas corridas?
— Você vai me dar um guarda-roupa novo? — ela brincou.
— Estou às suas ordens, madame.
— Então não, eu não vou te abandonar nas nossas corridas com as galinhas — ela riu. — É uma pena que o preparador físico tenha proibido você de fazer kickboxing comigo.
— É arriscado, . Eu posso piorar a lesão.
— Tudo bem, eles sabem mais que eu — ela aceitou. — O que vamos fazer hoje?
— Eu duvido que você vá aceitar, mas… — ele hesitou. — É aniversário de um amigo meu e ele vai dar uma festa privada na DISCO.
— Aquela boate caríssima? — ela ficou boquiaberta. — Eu nem tenho roupa pra isso, .
— Eu imaginei que você fosse falar isso — riu. — Então eu comprei uma roupa para você.
deu um pulo.
— Você tá brincando comigo, ?
— De modo algum, — o jogador sorriu. correu para seu quarto e trouxe de lá uma caixa preta.
Os olhos da agente arregalaram ao ver de onde era: Bo.Bô. Tudo bem, para aquilo não deve ter feito cosquinha em sua conta bancária, mas aquela roupa deveria ser mais cara que a conta de luz da mulher. O jogador entregou a embalagem para ela e sentou-se ao seu lado.
— Espero que goste.
— Minha nossa, — ela exclamou ao ver o macaquinho que tinha lá dentro. Ele era prata, todo brilhante e na frente havia um grande decote. — Puta merda, ! Que lindo.
— Eu tenho um gosto impecável — ele riu. — Quando eu bati os olhos nessa roupa, imaginei você nela.
— Foi? — ela perguntou maravilhada. Ela abraçou o jogador. — Ai, fala sério! Eu não acredito que você fez isso. Obrigada mil vezes.
— Isso significa que depois de jantarmos, você vai ao aniversário comigo.
— Depois disso eu não te nego nem uma corrida às três da manhã, — ela riu.
O jantar dos dois foi um estrogonofe vegano que a agente havia feito. Desde que passaram a comer juntos, aprendeu a não comer carne. Ele, na verdade, não havia comido nenhuma vez.
— Eu conversei com a minha nutricionista hoje pela manhã — ele disse. — Depois que a gente correu.
— E aí? — ela perguntou, interessada no assunto.
— Ela disse que ia me mandar a nova dieta vegana segunda-feira — ele sorriu.
deu um gritinho animado e aplaudiu. Ela testava várias receitas em casa, sempre gostava de compartilhá-las com ele.
— Eu deixo você fazer uma cópia do meu caderno de receitas, então — ela disse.
— Ou você pode fazer sempre a mais e me trazer um pouquinho, né, ? — ele deu um sorrisinho.
— Eu sempre faço — ela deu de ombros.
Quando terminaram, cada um foi para seu respectivo apartamento se arrumar para a bendita festa caríssima, como apelidou. Em uma hora, estava pronto, mas sua vizinha estava indecisa. Na varanda, os dois discutiam abertamente sobre as escolhas dela.
— Ok, esse é o look — a agente apareceu.
estava com o macacão prata, um salto alto preto e uma bolsa de alcinha, também preta. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo baixo com leves ondinhas, sua maquiagem estava leve, exceto pelo batom vermelho que ela usava. O jogador estava estupefato.
— Minha nossa — ele exclamou. — Uau.
— O que você acha? — ela perguntou nervosa. — O batom está exagerado? A bolsa tá boa assim ou eu pego uma sem alça? , presta atenção em mim!
Ele lambeu os lábios, examinando-a mais uma vez. Que mulher gostosa.
— , eu tô prestando. E você está fantástica.
— Obrigada — ela corou ao perceber que ele estava hipnotizado.
— Você está maravilhosamente gostosa — ele foi sincero. — Eu ainda estou sem palavras.
— Então eu estou pronta! — ela deu um pulinho. — Vou só passar o perfume e te encontro lá fora.
— Tudo bem, — ele disse e entrou, fechando a porta da sacada.
Alguns minutos depois, enquanto ele fechava a porta de casa, a agente apareceu ao seu lado. Ele nem precisou virar para o lado para saber que era . Se havia aprendido alguma coisa sobre , era que ela era uma cheirosa e, aparentemente, só ela tinha aquele perfume nas redondezas.
— A gente comprou um presente pra esse seu amigo? — ela perguntou curiosa enquanto entravam no elevador. — Eu não posso chegar de penetra e nem sequer levar um presente pro cara.
riu.
— , a gente não precisa comprar um presente pro Rodrigo.
— Rodrigo, é só isso que eu vou saber dele? — ela perguntou. — Que feio, . Eu não conheço o cara e vice-versa, não fui convidada para o aniversário dele e nem levarei um presente.
— Tecnicamente, você foi convidada sim — ele riu. — Todos os convidados têm direito a acompanhante.
— É assim que gente chique faz, eu me esqueci — ela riu. — Então tudo bem. Mas quem é esse Rodrigo?
— Rodrigo Caio, o zagueiro do São Paulo — ele disse.
— Ah, legal — ela deu risada. — Não faço ideia de quem seja.
— É aquele que eu elogiei semana passada — ele disse. fez uma busca em sua memória e se lembrou do momento em que ele havia elogiado a jogada do amigo.
— Uhh, lembrei — ela sorriu.
Os dois foram em silêncio até a garagem do prédio e entraram no carro alugado de . O caminho até a boate foi um pouco demorado por causa do trânsito da megalópole. Era sexta-feira à noite e todos estavam nas ruas de São Paulo para curtir o fim da semana. e eram uns deles. Ao chegarem, entrelaçou sua mão à de e tentou protegê-la das câmeras no início da boate. Identificaram-se e entraram no local.
— Eu esqueci que você era famoso — ela disse. — Pra mim você é só o , meu vizinho insuportável que malha às cinco da manhã.
O jogador riu.
— Eu ainda sou só o .
— Que bom, eu gosto assim.
A agente e o jogador procuraram o aniversariante por toda boate para, finalmente, o encontrarem perto do bar, acompanhado de sua esposa. não era tímida, mas evitava olhar para as pessoas que estavam ao seu redor. continuava com sua mão unida à dela e nem dava qualquer sinal que soltaria.
— Cara! — o zagueiro abraçou o meio campista. — Que bom que você veio.
— Feliz aniversário, irmão — quando se separaram, se virou para . — Essa é a .
— Oi, prazer, sou a — a agente se apresentou — E feliz aniversário!
— Prazer, sou a Tayane. Você é linda — a esposa de Rodrigo disse.
— Ah, muito obrigada! — sorriu. — Você também é linda.
Um homem alto chamou atenção de Rodrigo e o zagueiro e sua esposa tiveram que se afastar para cumprimentá-lo. e perambularam pelo local para achar uma mesa vazia. Alguns companheiros de time de Rodrigo sentavam-se com eles e passavam um tempo conversando, mas nada muito duradouro. conheceu David Neres, Buffarini e Ganso, jogadores que ela finalmente conhecia, mas só porque eram destaque na televisão.
— Aquele cara à nossa direita não para de olhar para os seus peitos — disse sério.
— Ele é bonito, ? — ela perguntou brincando. — Porque se for, ótimo, eu aceito desencalhar.
— Não, ele não é bonito.
Disfarçadamente, virou e viu um homem loiro lindo. A mulher virou incrédula para o amigo. Não seria possível ele achar aquele deus nórdico um feio.
— Ok, você precisa ir a um oftalmologista — ela riu. — Não estamos vendo a mesma coisa.
— Eu sou muito mais bonito — ele deu um sorrisinho.
— Então isso é ciúmes? — ela riu. — Você pode sair com os seus contatinhos e eu não posso ter os meus?
— , eu não tenho contatinhos — ele riu. Não tinha mesmo, no último mês não tinha olhos para ninguém além dela.
— Rá! — ela riu. — Duvideodó!
— Bom, no último mês a gente passou praticamente toda noite juntos — ele disse.
— Duvido que você não receba mensagens de outras meninas — ela tentou refutar.
— Recebo — ele riu. — Mas eu nem vejo.
fez uma careta e riu. Ele não mentiu em momento algum e sequer viu necessidade para tal. Ele tinha interesse em e ponto final.
— Então não tem ninguém que chame sua atenção?
— Tem sim — ele disse. voltou seu olhar ao homem à direita deles e fez cara feia.
— Você olha para ele como se fosse ruim ele olhar pra mim — a mulher pontuou.
— E é — disse sem hesitar. — Ele não tem que ficar olhando pra você não.
— Ah é, por quê? — ela o desafiou. — Quem mais aqui tem interesse em mim para proteger minha honra, ?
— Eu tenho, — ele a olhou nos olhos e ela se empertigou toda. — Pra caralho.
— Para de brincadeira — ela riu nervosa.
— Não tô brincando — ele disse.
A ideia de aquele homem desejá-la incendiou todo seu corpo. Não que não se sentisse atraída por , ela se sentia e muito. Para dispersar os seus pensamentos, se levantou.
— Vou dançar, quer vir? — ela perguntou.
— Não levo jeito — ele disse simplesmente. — Pode ir sem mim.
Com um muxoxo, se dirigiu até a pista de dança e, acompanhada de Tayane, começou a dançar. No início, dançava para si, mas foi aí que percebeu que o jogador que ela mais queria, não tirava os olhos dela, então começou a dançar para ele. Em momento algum o jogador tirou seus olhos dela, na verdade, ele nem piscava. Rodrigo se aproximou do amigo.
— Não entendi — o zagueiro afirmou.
— Não entendeu o quê? — não se deu ao trabalho de olhá-lo. Os rebolados de na pista mereciam mais atenção.
— A mina é mó legal, você tá afim dela e ela tá dançando sozinha? — ele perguntou.
— E ainda tem aquele babaca ali olhando pra ela — apontou com a cabeça.
— É meu cunhado — Rodrigo riu.
— Um babaca — disse puto. — E se ela fosse minha namorada?
— Ela é?
— Não.
— Mas você tá afim da mina — ele concluiu. — Vai lá logo, cara. Mete o pé daqui e vai fazer sua noite. Sei lá, só não perde a chance.
ficou em silêncio e continuou observando a menina dançar. dançando funk havia se tornado uma de suas coisas favoritas da vida. Quando criou coragem, foi até a pista.
— Você veio dançar? — ela perguntou animada.
— Vim — ele disse e a puxou pela cintura.
e dançaram juntos por um tempo, até a agente passar o nível de dançar para ele para dançar nele. Ok, ele era bom em muitas coisas, conseguia reconhecer aquilo. Mas fingir que nada estava acontecendo não era uma delas.
— , não faça isso se você não quer continuar isso — ele engoliu em seco.
se virou para o jogador.
— Quem disse que eu não quero, ?
— Merda, a gente vai embora agora mesmo — ele puxou a mulher pela mão e saiu boate afora, sem nem mesmo se despedir do aniversariante. Rodrigo podia esperar.
e saíram juntos da boate e o manobrista rapidamente apareceu com o carro que eles vieram. Os dois entraram no automóvel com pressa e o jogador pisou no acelerador. As mãos dele não deixaram de tocá-la um instante.
— Ok, pelo amor de Deus, eu sou muito nova pra morrer! — ela balbuciou. — Diminui essa velocidade.
— Desculpa, — ele deu um sorriso.
apertou a mão dele que estava em sua coxa e levantou-se um pouco, de modo que conseguia ter acesso ao pescoço de . Ao sentir a respiração quente da mulher em sua pele, se arrepiou por completo. Logo depois, começou a dar pequenos beijinhos no local, fazendo-o perder a cabeça de vez.
— , se você não quer morrer, você vai sentar naquele banco agora — ele tentou manter a calma.
Eles não pegaram nenhum sinal verde no caminho até casa. Todos eram vermelhos ou amarelos, deixando os dois um tanto agoniados. havia perdido um pouco sua insegurança e estava louco por ela desde o início.
Quando finalmente chegaram ao prédio, estacionou o carro na vaga mais próxima da entrada — que não era dele — e puxou para fora.
— Ei, aquela não é a sua vaga — ela riu.
— É de quem então?
— Minha — ela deu um sorrisinho maldoso.
— Eu lido com a dona da vaga mais tarde, agora eu tô ocupado.
Sem esforço algum, pegou pelas pernas e seguiu em direção ao elevador. Ela não podia gritar porque estava tarde, mas dava leves tapas no jogador para que ele a colocasse no chão. Ela foi ignorada, é claro.
— Você tem uma bela bunda — ela comentou. — Não posso dizer que nunca reparei porque já, mas uau.
— Obrigado — ele riu e encarou o espelho. — Eu posso dizer o mesmo sobre você.
— Me coloca no chão — ela pediu.
— Não — ele disse sério. — Já estamos chegando, .
O elevador daquele prédio fazia uma viagem eterna, ela pensou. Estava ansiosa para ter as mãos de por todo seu corpo naquela noite. Ansiava por aquilo mais que qualquer coisa. Na verdade, ansiava pelo plim do elevador mais que qualquer coisa.
— Finalmente! — ela riu ao ser colocada no chão.
— É só porque minha chave estava no bolso oposto — ele resmungou.
não hesitou em puxar para seu quarto. Pela primeira vez na noite, não se importou de deslumbrar aquela mulher sem vergonha alguma. Todos os pensamentos impróprios que tinha com vieram à mente. De salto, ela não precisou ficar na ponta do pé para aproximar seu rosto ao de , onde ela calmamente fez uma trilha de beijos. Do pescoço à mandíbula e da mandíbula à boca. Um mês depois, os dois estavam tendo o deslumbre de provar aquele beijo tão esperado. Inicialmente, foi cauteloso, mas logo depois o beijo se tornou desesperado. O jogador tirou o elástico que prendia o cabelo de e entrelaçou seus dedos nos fios, puxando-os levemente. Os dois se aproximaram da cama e puxou para seu colo, dando a ele a fantástica visão de seus peitos. Sem perder a oportunidade, espalhou beijos no pescoço de em retribuição aos que recebera mais cedo.
Sem relutância, conseguiu tirar a camisa do jogador e ele não teve trabalho nenhum ao soltar o botão de trás do macacão dela, deixando seu busto completamente nu.
— Você não estava usando sutiã por baixo disso a noite toda e não me avisou?
Ela riu.
— Sim. Eu estava totalmente livre por aqui.
Ah, merda. arqueou as costas, fazendo com que seus peitos chegassem às mãos de . O jogador deixou que elas explorassem à vontade antes de começar a acariciá-la nos mamilos. Ela reagiu soltando um gemido rouco que tirou do sério. O jogador a beijou de novo, com força, e em seguida a puxou para trás. deslizou sua mão e puxou o último zíper que poderia livrar daquela peça, e foi isso que ela fez ao se levantar. não conseguia tirar os olhos de e talvez nunca mais conseguisse. Vê-la apenas usando uma calcinha de renda branca não fez bem nenhum a sua sanidade.
— Puta merda, — ele xingou e a puxou para onde ela estava. — Você é gostosa pra caralho.
Antes de se sentar, desabotoou a calça que ele usava e a ajudou a tirá-la. Agora ele estava apenas de cueca e ela de calcinha. O jogador voltou sua atenção aos mamilos de , que adoraram. A mulher percebeu — e sentiu — o tamanho da ereção de quando ela soltou mais um gemido em reação às mordidinhas que ele dava em seus peitos, por isso, deslizou sua mão até a barra da cueca e ele entendeu o recado. se livrou da cueca em questão de segundos, mas teve toda atenção do mundo ao tirar a calcinha dela bem devagarinho, para aumentar a tensão, devorando suas pernas com os olhos. Os dois voltam a se beijar e enquanto o faziam, deslizou sua mão até a parte íntima de . Ela mordeu seu lábio de leve quando deslizou um dedo para dentro, o que fez com que ele percebesse o quão molhada ela estava.
— … — ela arfou ao dizer o nome dele e tudo que ele queria era enfiar sua cara em suas pernas e não sair de lá nunca mais. — Sem preliminares agora.
tateou o bolso de sua calça para achar a carteira e puxou de lá um preservativo. Ele puxou para o centro da cama, colocando-a no meio. Depois, focou a atenção na embalagem e sem rodeios, a rasgou. A agente o ajudou a colocá-la e puxou para outro beijo. Enquanto ele ia para cima dela, ele percebeu que ela abria mais as pernas para acomodá-lo. O homem colocou as mãos uma de cada lado de seu corpo para se apoiar. As dela encontram as dele, e antes de entrar nela, observou-a. era uma das mulheres mais bonitas que ele havia visto. Quando ela a puxou para mais um beijo, ele a penetrou. Respirou com força ao sentir suas unhas cravando em sua pele, mas aquela era uma sensação maravilhosa. Antes de começar os movimentos, garantiu que a preenchesse completamente e, finalmente, processou aquela sensação. Ele não queria apressar as coisas, apesar de seu corpo gritar por aquilo.
— Eu esperei tanto por isso, — ela falou baixinho. — Sentir você.
inclinou sobre ela, encontrando seus lábios com os dela enquanto tirava tudo e depois a preencheu novamente. e gemeram juntos. De início, ele tentou manter um ritmo calmo para agradá-la, mas murmurou um pedido de rapidez, remexendo os quadris, que foi quando acelerou o ritmo.
, ao perceber que ela estava chegando lá, desceu sua mão até a parte íntima de , acariciando-a por ali. Não precisou de muito para que ela apertasse ele dentro dela e tivesse um orgasmo. O desejo entre os dois estava tão forte que logo depois o meio campista também chegava ao clímax.
— Acho que vou pedir um atestado médico para faltar à nossa corrida matinal amanhã — desabou ao lado dele. riu do comentário da vizinha e a puxou para perto.
— Esse é o tipo de cardio que eu quero fazer — ele soltou, ainda ofegante.
— Acho que vou pra casa — tentou levantar, mas a impediu.
— Fica aqui — ele pediu.
— … — a voz manhosa de preencheu o quarto. — Promete que isso não vai afetar nossa amizade?
— Prometo, — ele a apertou próximo de si. — Se você quiser, podemos fazer isso mais vezes.
— A gente mal acabou de transar e você já está pensando na próxima vez? — ela riu.
— Claro que sim — ele respondeu prontamente.
— Ótimo, eu também estava — riu e foi para cima do jogador.
Naquela noite, eles perderam as contas de quantas vezes se perderam um no outro.
•
Cinco meses se passaram desde o fatídico aniversário do zagueiro Rodrigo Caio. e continuaram com a amizade colorida e cada dia que passava, pareciam mais experientes em saciar o outro. A mulher não tinha interesse em conhecer outros caras e o meio campista se sentia da mesma forma.
— É uma pena que você não possa estar no nascimento do seu sobrinho — acariciou a barba por fazer do jogador.
— Nem meus pais conseguiram, — ele disse. — Vou assim que for liberado do tratamento aqui.
— Bem… Eu fiz algo para ele — ela disse envergonhada. — Seu irmão disse que vocês tinham ursinhos quando pequenos e que os guardam até hoje. Aí eu achei que seria legal o Gabriel ter o dele também.
— Não acredito que você fez isso, — ele sorriu, tocado pelo carinho que ela sempre tinha em relação a sua família. A família estava mais que acostumada com a presença de .
Mês passado, quando foram visitar o filho mais novo, seu Iomar, mais conhecido como Mazinho, e dona Valéria conheceram a menina e ficaram apaixonados por ela. conseguia conquistar todos à sua volta, sabia que era inevitável. Thiago já havia percebido que estava de caso com a agente. Até mesmo Neymar, seu melhor amigo, havia percebido algumas mudanças no comportamento de em relação a . Todos percebiam, menos ele.
— Bem, eu escolhi amarelo para a cor do laço porque acho isso de azul e rosa uma besteira — ela disse. — Mas eu espero que o Thiago e a Julia gostem, foi feito com muito amor.
— Então era isso que você fazia quando dizia que tinha trabalho a fazer?
— Claro que sim, você sabe como é difícil fazer um ursinho de tricô?
— Você é fantástica, — ele sorriu.
— Você pode enviar para eles em seu nome — ela disse. — É um presente meu para vocês.
— Vou mandar em nosso nome, .
— Tudo bem, então — ela riu. — Agora preciso ir trabalhar, alguns de nós não têm vida de patrão.
— Tchau, . Trabalhe bastante e depois traga essa bunda gostosa pra cá.
deu risada do pedido do meio campista, mas o acatou.
•
Aquele dia foi fantástico para . Ela estava sendo, finalmente, promovida. Marina, sua melhor amiga e colega de trabalho, quem havia dado a grande notícia. Ela ainda estava em choque. Agenciaria um jogador brasileiro que havia acabado de ser emprestado para um time português e ela teria que viajar em dois dias para organizar sua vida no país."
— Portugal, Nina? — ela quase engasgou. — Minha nossa, eu nunca pensei em morar na Europa.
— Como não, ? — Marina riu. — Suas origens são de lá.
— Eu sou brasileira.
— Mas a alma imperialista sempre estará aí.
— Larga de ser estranha, Nina — bufou. — Meu Deus, Portugal!
— Nem acredito que você teve essa sorte, minha amiga — ela disse baixinho. — Mas vai me prometer que vai deixar eu passar minhas férias com você.
— Minha casa sempre tem espaço pra você e pro… — ela engoliu em seco. . — Eu preciso contar isso pro !
— Não acha que seria melhor conversarem pessoalmente? — Nina sugeriu.
— Tudo bem, você tem razão — concordou. — Ainda bem que falta pouco tempo para ir embora.
As duas seguiram comentando sobre a promoção de até o horário de ir embora. A mulher decidiu pedir um carro para ir para casa mais rápido naquele fim de tarde. O metrô estaria lotado. O caminho não levou vinte minutos e já batia na porta de antes de entrar. estava deitado no sofá falando com alguém no telefone, no fim, reconheceu a voz de Neymar.
— A chegou, cara — disse.
— Eu quero conhecer essa , hein, princesa — o jogador disse. — Ela tá roubando minha princesa.
pôde ouvir a voz de Neymar do outro lado do telefone e arregalou os olhos. Quando fez menção em virar o telefone, se escondeu atrás do vaso de planta. Os dois riram da mulher.
— Eu acabei de chegar do trabalho, ! — ela gritou. — Devo estar péssima.
— Claro que não, . Você tá linda.
— Oi, Neymar — ela disse envergonhada.
— Fala, — ele sorriu. — Tá permitido chamar de , princesa?
— Não — disse sério. — É .
— Oi, — o jogador sorriu. — É um prazer conhecê-la.
Os três conversaram por um tempo até que Neymar precisou desligar para fazer algo. e estavam deitados no sofá quando ela criou coragem de contá-lo. Ele conseguia perceber que ela estava nervosa, no entanto.
— Que passa, ?
— Fui, hm, digamos… Promovida — ela disse nervosa.
— Isso é ótimo, — ele abriu um grande sorriso. — Por que essa cara?
— Eu vou ter que me mudar para Portugal em dois dias — ela disse de uma vez só, como se estivesse arrancando o curativo de uma vez só.
— Ah, … — o sorriso sumiu de seu rosto. — Isso é ótimo. Você vai adorar Portugal.
— Quando você volta para a Espanha? — ela perguntou baixinho.
— Bem, em um mês — ele disse.
•
O dia de viajar havia chegado. estava uma pilha de nervos por viajar para tão longe sozinha. Sem Marina, sem . O meio campista a levou para o aeroporto e, para piorar a situação, sua melhor amiga não podia estar lá com ela por conta do trabalho. Sua mão estava congelando de nervoso.
— São só algumas horinhas, — ele sorriu. — Quando eu chegar na Espanha vou passar em Portugal para te ver.
— Não quero ir. Deixa isso pra lá — ela voltou correndo e ele a segurou pelo pulso.
— Você conseguiu sua promoção, — ele sorriu. — Eu sei que vai ser horrível ficar longe de mim e de Nina, mas você vai aguentar.
— Não quero.
— Não quer mesmo, ? — ele a olhou nos olhos.
— Não quero deixar vocês.
— Você não está nos deixando. Você tá indo atrás do seu sonho.
— Vou sentir saudade, — ela sussurrou. — Você promete ir lá me ver?
Ele sorriu.
— , vou te ver sempre que puder, eu prometo.
Com um suspiro, levantou o queixo de na altura de seus lábios e uniu os seus aos dela. Ele odiava deixá-la ir e, honestamente, queria ir para Portugal com . Desde que os dois começaram com esse lance, os dois se tornaram exclusivos sem nem mesmo chegar a um acordo.
— Atenção, o embarque do voo 1357 para Lisboa, Portugal, começa agora — a voz saiu dos alto-falantes.
— A gente se vê logo, .
— Até daqui a pouco, .
Sem pensar muito para não desistir, virou as costas e foi em direção a fila do embarque. esperou que ela entrasse na sala especificada para aquilo e, antes que ela entrasse, correu até a agente e a beijou pela última vez. Com um sorriso gigante, os dois se despediram no aeroporto de São Paulo.
•
Algumas boas horas depois, estava sentado no sofá de seu apartamento encarando o celular. O voo de havia chegado em Lisboa. Talvez ele tivesse acompanhado o tempo inteiro, ou não.
: Cheguei 🥳
: Está muito frio. Não vim com a roupa certa.
: Ela disse que estava acompanhando meu voo no aplicativo. Ela é doida
: Vou precisar procurar um táxi, . Quando eu chegar no apart eu te ligo, tá?
: Pode deixar!
Assim que viu que estava off-line do aplicativo de mensagens, a foto de seu irmão apareceu na tela. Provavelmente Thiago só queria conversar e falar besteiras, coisa que realmente estava precisando. Se pensasse mais um pouquinho em sua ex-vizinha acabaria indo parar em terras portuguesas.
— Fala, mano! — Thiago sorriu. — Credo, que cara de enterro é essa?
— já foi para Portugal — ele disse meio cabisbaixo. — A gente nem tinha nada, mas cara… Ela já faz falta só algumas horas longe.
— Você está apaixonado,
— Não estou — ele resmungou. — A gente nunca conversou sobre.
— Diz pra mim, alguma das suas peguetes faria um ursinho de tricô pro seu sobrinho que ela nem sequer conhece? — Thiago questionou. — Que inclusive é o que o Gabi mais gosta de dormir.
— Sério? — os olhos de brilharam. — Ela vai pirar em saber disso.
— Que pessoa ficaria assim se não estivesse interessada, ?
— Oi, cunhado — Julia apareceu na tela. — Cadê a ?
— Está em Portugal — soltou um muxoxo.
— Isso significa que vocês acabaram? — Julia perguntou triste. — Parecia que vocês se gostavam tanto.
— Eu gosto dela.
— Eu disse! Você acabou de negar, idiota — Thiago reclamou.
— E ela gosta de você também, .
— Será?
— Eu tenho certeza — Julia sorriu. Um choro estridente soou no telefone e os papais de primeira viagem entraram em alerta.
Thiago e Julia desligaram da ligação e ficou quieto, pensando na falta que a agente fazia. conseguia ser animada até às seis da manhã nas corridas que faziam. Ela gostava de cozinhar na cozinha de usando só uma camisa do Barcelona — que ela fez questão de comprar e personalizar com o nome dele. Gostava de assistir futebol com ele, embora não entendesse o critério para se marcar uma falta. Gostava de conversar com ele sobre as coisas da vida em geral, como ela se via em dez anos, como ela queria passar a velhice. gostava de conversar com ela só por ouvir a voz dela, mas os assuntos que ela traziam à tona eram pertinentes. Ele também queria estar com alguém que fechava com ele, que faria coisas que ele nem sequer imaginava que só ela fazia. Era horrível notar que ela faria uma grande falta. Ele estava apegado. gostava de e precisou que ela fosse para outro país para perceber isso.
•
A manhã seguinte havia chegado e tinha uma grande reunião na cidade. O jogador estava ansioso e depois de ter conversado com seus pais e irmão, tomou sua decisão.
— Bom dia. Eu tenho uma reunião com o senhor Magaldi agora pela manhã — ele disse a recepcionista. — Meu nome é .
— Ele já está à sua espera, senhor — ela sorriu e cordialmente o levou até a sala de reuniões.
Magaldi era o chefe de . Os dois rapidamente se apresentaram e como o próprio empresário havia dito, seu tempo era curto, então foi direto ao ponto.
— Preciso de uma agente, senhor Magaldi — ele disse.
— Isso é o que mais temos, senhor .
— Pois bem, quem eu quero… — ele fez uma careta. — Já foi destinada a outro cliente, mas ainda não assinou o contrato.
— Então nós podemos entrar em contato com a agente e ver se ela aceitará o seu contrato — ele disse.
— Meu advogado já organizou o contrato, espero que fique uma boa quantia para você e para ela — ele entregou o documento e Magaldi arregalou os olhos.
— O que Garcia tem de tão especial?
— Competência, senhor Magaldi — ele riu. — Será que podemos deixar em sigilo o jogador no qual ela agenciará?
— Claro que sim, senhor .
— Não vou mais tirar seu tempo, senhor Magaldi — sorriu. — Muito obrigado pela competência.
— Eu que agradeço pela preferência — ele sorriu. — Volte sempre.
— Obrigado, pode deixar.
Quando saiu da sala do empresário, Marina apareceu em seu campo de visão. A mulher estava ansiosa e sabia que aquele era um passo arriscado, mas que valeria a tentativa. , de início, ficou um pouco receoso de mudar a vida de sem nem mesmo consultá-la.
— Ele topou? — ela perguntou animada. — A vai amar, … Você vai ver.
— Eu espero — o meio campista riu.
— Você já viu as coisas da sua mudança? — ela perguntou. — Posso te ajudar.
— Eu só preciso arrumar minha mala, Nina — ele disse. — Eu aluguei o apartamento mobiliado.
Antes que os dois pudessem entrar em um outro assunto, o telefone de tocou. A foto de apareceu no visor e ele não hesitou em atendê-la.
— Fala, — ele deu um sorriso.
— Eu estou aqui há algumas horas e já vou ser transferida! — ela disse eufórica.
— Como assim, ? — se fez de desentendido. — Babou Portugal?
— Sim! — ela disse nervosa. — Eu vou para Barcelona depois de amanhã, . E eu nem sei quem é esse cliente, será que ele é um doido?
— Por que você acha isso? — ele perguntou.
— Ele ofereceu o triplo do meu salário, — ela disse como se aquilo fosse maluquice. — E eu vou receber em euros!
riu.
— Fico feliz, .
— Quando você chega na Espanha? — ela perguntou hesitante. — Tô com saudade, .
— Não sei, linda — ele disse. — Mas em breve, eu preciso me apresentar no Barça.
— Pode ser tipo, em dois dias? — ela riu baixinho.
Pode sim, ele pensou.
— Vou tentar adiantar o máximo, .
— Tudo bem, eu vou precisar desligar agora porque eu vou comprar passagem de trem. A gente se fala à noite?
— Claro que sim — ele disse animado. Assim que ia desligar, ele a chamou. — ? Eu tô louco pra te ver.
— Eu também tô, — ela disse animada.
Infelizmente, os dois desligaram a ligação e foi em direção à sua casa. Ele tinha muita roupa para dobrar e colocar na mala até o dia seguinte. Já havia contatado a imobiliária e avisado que sairia do apartamento.
Naquela noite, não conseguira falar com , pois ele não a atendeu nenhuma das vezes. Quando o meio campista viu, mandou uma mensagem se desculpando por não tê-la respondido, mas ela já não estava acordada para respondê-lo.
O jogador deu seu trabalho por encerrado naquela noite, apesar de ter algumas coisas para guardar. Com saudade de , se deitou naquela noite esperando vê-la o mais rápido possível.
•
Como de costume, tomou seu café da manhã em ligação com a sua melhor amiga. e eles falaram sobre as coisas triviais e das diferenças culturais entre os dois países em que estavam. Pelo semblante dela, ele percebeu que ela estava triste.
— O que você tem, linda? — ele perguntou.
— Não é nada — ela disse. — Estou cansada, mal cheguei e vou me mudar já.
— Acho que essa mudança vai ser boa pra você.
— Algo me diz que vai ser — ela disse e depois ficou calada.
— Fala, — ele riu. — Você não esconde mais nada de mim.
— Você estava com alguém ontem? — ela criou coragem.
— Não estava, não — a respondeu. — Eu realmente estava arrumando umas coisas aqui em casa.
— Desculpa perguntar, você não me deve satisfações… É só que… — antes que ela pudesse continuar, a interrompeu.
— , você pode me perguntar tudo que você quiser — ele disse. — Você é a minha melhor amiga.
Apesar da resposta de ter sido reconfortante, ela foi péssima. não queria ser apenas amiga dele, queria mais. Mas não tinha coragem de admitir. Garcia era alguém que se acostumou a viver só, não à toa que só tinha uma amiga antes de . A agente já havia perdido pessoas muito especiais para perder mais uma e, cá entre nós, era melhor ter como melhor amigo do que não ter de vez.
— Eu preciso desligar agora, tá bem? — ela disse baixinho. — Tenho que ajeitar as malas.
— Tudo bem, linda — ele disse. — Não vou poder te ligar hoje à noite, tudo bem? Tenho compromisso.
— Tudo bem, . — ela sussurrou. — Até amanhã então.
deu um grande sorriso. — Te vejo amanhã, .
Com um aceno de cabeça, desligou a ligação. não brincou quando disse que a veria amanhã. Ele só não poderia contá-la. De verdade, o meio campista estava ansioso para vê-la e dizer que realmente queria estar com , não apenas como melhor amiga, mas sim como namorada, parceira, o que quer que ela quisesse ser dele. Enquanto ajeitava as coisas que faltavam para a viagem, lembrou das memórias que os dois tiveram naquele apartamento e no ao lado do dele, principalmente a primeira troca de farpas na varanda. Da vez que eles encheram a cara até a madrugada e decidiram batizar todos os cômodos da casa dele, celebrando o que quer que tivessem.
Algumas — muitas e longas — horas depois, devolveu o carro que havia alugado durante sua estadia em São Paulo e encontrou-se com Marina, melhor amiga de , que o deixaria no aeroporto. A mulher estava ansiosa e torcia piamente pelos dois desde o início, ainda mais depois que viu a foto de na internet. Sua melhor amiga merecia alguém de tirar o fôlego como ela.
— , faça minha melhor amiga feliz — ela disse séria. — Ou chop, chop, chop!
gargalhou com o comentário de Nina.
— Pode deixar, Nina. Obrigado de verdade pela ajuda.
— Imagina, você vai retribuir me apresentando pros seus amigos gostosos — ela disse séria.
— Você sabe que tem um espaço lá pela Espanha — ele disse sorridente. — Precisando, estamos a uma ligação de distância.
— Obrigada — ela sorriu. — Cuida da minha melhor amiga, .
— Tchau, Nina — ele sorriu e foi em direção à fila de embarque.
Meses atrás, quando colocou os pés na cidade paulistana, tinha um sentimento que precisava viver aquela experiência. Quando havia se lesionado, tudo que queria fazer era passar sua recuperação no Brasil, apesar de ninguém acreditar que o clube fosse deixar. Naquela altura do campeonato, o meio campista até achava que o destino havia mexido os pauzinhos para apresentá-lo a . E, pela primeira vez depois das Olimpíadas de 2016, se sentiu completo.
Saberia que ela só o responderia pela manhã pois, assim como ele, ela também estava indo para Espanha. Na primeira classe do avião, se permitiu fechar os olhos e descansar. Amanhã estaria com em seus braços, um lugar do qual ela jamais deveria ter saído.
•
A capital da Catalunha amanheceu fria, mas o dia ainda estava bonito. estava encantada de estar de volta às terras espanholas, podia até dizer que sentia suas raízes dentro de seu peito crescerem cada vez mais. Para ela, estava perto de seus pais. Passava pouco das nove da manhã quando ela colocou a chave na fechadura de seu novo apartamento e percebeu que ele estava trancado por dentro. Hesitante, ela tocou a campainha. Por um momento, pensou estar no apartamento errado, mas confirmou que não. Aquele era mesmo o apartamento 313.
Para sua grande surpresa, uma das pessoas que mais queria ver abriu a porta para ela: . Ele estava com o semblante cansado e, mesmo assim, tinha um grande sorriso no rosto. A agente sentiu que estava sonhando ao ver o meio campista ali.
— ? — sua voz saiu num fio. — O que você está fazendo aqui? Como você entrou?
— Eu meio que disse ao porteiro que era seu namorado — ele coçou a lateral da cabeça. — Entra na sua casa, — ele a puxou pela mão. — Você quer que eu vá embora?
— O quê? — ela soltou um grito. — Claro que não!
— A gente precisa conversar, — ele disse baixinho. — São duas coisas, na verdade.
— Fala, — borboletas invadiram o estômago de .
— Três, na verdade — ele corrigiu.
— Fala logo, ! — ela ralhou.
— A primeira é que fui eu quem te contratei, — ele disse. — Conversei com Magaldi com ajuda da Nina e roubei você pra mim.
gargalhou.
— Você tá brincando comigo?
— De modo algum — ele disse. — Você vai ter que me aguentar por muito tempo ainda.
— Você vai me dar muito trabalho — ela disse baixinho. — Mas eu gostei da ideia. Quais são as segunda e terceira coisas?
— A segunda coisa, , é que eu sou maluco por você — ele foi direto. — Você ficou longe de mim por uma semana e eu enlouqueci. Não quero isso pra mim, . Quero acordar ao seu lado, aprender suas comidas veganas só pra te agradar e também quero seu cabelo no meu rosto pela manhã, mesmo que faça cócegas.
— … — ela disse com a voz embargada.
— Não quero que se sinta pressionada só porque te contratei — ele disse. — Fiz isso porque sei que você é totalmente capaz de me ajudar e também porque queria você ao meu lado. Te quero ao meu lado como agente, melhor amiga, namorada, parceira, o que você quiser ser minha, .
— Merda, — ela o beijou. Sentia falta daqueles lábios, daquele cara em específico. — Eu topo qualquer coisa com você.
— Topa? — ele sorriu. — Então a gente casa amanhã?
— Casar? — ela deu um grito. — Não! Larga de ser emocionado.
— Pra quem disse que topa tudo comigo… — ele riu.
— Em passinhos de tartaruga, — ela disse risonha.
— Então você quer namorar comigo, ? — ele perguntou distribuindo beijos pelo pescoço dela.
— Quero muito — ela sorriu e os dois foram parar no sofá. Nada parecia tão bom quanto comemorar ali também.
Depois de matarem a saudade da boca do outro, e estavam prestes a fazer o que mais sabiam em relação ao outro, mas ela o impediu.
— … — ela o chamou ofegante. Ele parou e a encarou. — Qual é a terceira coisa que você tem a me falar?
riu da ansiedade dela.
— Que eu te amo, . E que confirmei nossa presença no batizado do Gabi.
— Você me ama? — ela perguntou baixinho. — Eu também amo você.
— Mais do que você pode imaginar, Garcia — disse e a puxou de volta para seus lábios. O meio campista preferia mostrá-la o quanto a amava do que trocar palavras, apesar de serem necessárias. amava . amava . E, depois de muito tempo, tudo ficou bem.
— Fala, princesa — Neymar, um de seus amigos mais próximos, disse ao atender a ligação. — Já tá bem instalado?
— Sim, cara — ele riu. Achava aquele apelido idiota, mas seu amigo pouco se importava. — Você deveria vir para cá quando tiver tempo.
— O problema é que não tenho — Ney riu.
— Ok, entendi sua vida de super estrela.
— Não fica assim, princesa — ele comentou baixinho. — Em breve você volta a jogar.
— Espero — confessou. — Ainda nem acredito que deixaram eu me recuperar de lesão aqui.
— Eu também não — Neymar riu. — Esse tratamento não recebo.
— Idiota.
— Princesa, vou desligar. Aproveite suas férias, cuide desse pé pra voltar a jogar logo.
saiu da escada de emergência e deparou-se com sua vizinha de porta falando ao telefone.
— Marina, é ridículo — ela começou. — Sinto falta da senhora que morava ao meu lado. Esse meu novo vizinho começa a malhar às seis da manhã. Quer dizer, quem malha essa hora?
Ele riu. — Bem, o seu novo vizinho.
— Ai, merda, Nina. Vou precisar desligar, tchau, tchau — ela guardou o telefone no bolso. — Não sabia que o elevador subia tão rápido.
— Ele não sobe — respondeu. — Eu vim de escada.
— Excesso de exercício físico deveria ser um crime.
— Bem, é melhor que ser sedentária, não? — ele a alfinetou.
— Eu não sou sedentária, querido vizinho que eu não sei o nome.
— — ele disse. — .
— — ela torceu o nariz. — Garcia.
— É um prazer conhecê-la, — ele sorriu. — Prometo que não vou malhar às seis.
— Ah, obrigada — ela lhe ofereceu um sorriso.
— Começarei às cinco a partir de amanhã — ele disse e entrou em seu apartamento, deixando uma bastante irritada no corredor.
Desde que conheceu seu novo vizinho, ela não o tirava da cabeça. Algo lhe chamava atenção. Ok, ele era bonito e gostoso, mas isso não era o que lhe trazia familiaridade. Nina, sua melhor amiga, estava ansiosa para conhecer , apesar de saber que sua amiga certamente daria em cima dele.
Era sexta-feira à noite quando ela decidiu tomar um vinho em sua sacada, em sua humilde companhia. Separou seu melhor vinho, sua melhor playlist de pagode e sertanejo e uma colcha para esquentá-la caso necessário. Quando ajeitou as coisas, percebeu que na sacada ao lado, , seu novo vizinho, estava malhando.
— Só pode ser piada — ela bufou. Ele estava de fone, não podia ouvi-la.
— O quê? — ele perguntou.
— Não era para você ouvir — ela disse. — Mas você só malha? Não se diverte? Não bebe? Sei lá, transa?
— Eu me divirto, bebo e transo — ele riu. — Por que isso é de seu interesse?
— Não é — ela riu. — Mas de tanto malhar seu braço vai cair, vizinho. E não é como se você precisasse malhar tanto, né? Você tem cara de contador.
— Eu não sou contador — ele riu. — Longe disso.
— Você faz o que, então? — ela perguntou baixinho. — Espera, isso não é da minha conta.
— Tanto faz, — ele revirou os olhos. — Eu sou jogador de futebol.
— Sério? — ela perguntou espantada. — Você joga em algum time legal? Ou joga, tipo, na série D? Nunca ouvi falar de você.
— Eu nunca joguei num time brasileiro.
— Uhhh, legal — ela sorriu. — Onde você joga, então?
— Barcelona.
— Você joga com o Neymar?
— Ele é meu melhor amigo, na verdade — riu.
— Isso só pode ser mentira — ela disse espantada.
— Não é — riu. — Tá tarde na Espanha, se não eu ligava pra ele.
— Você não precisa me provar nada — ela revirou os olhos.
— Mas você está louca para saber mais sobre quem eu sou.
— Claro que não, — ela bufou. — Não me interessa nem um pouco.
— Certeza? — ele riu. — Não duvido nada que você vá correndo para dentro falar com a sua amiga sobre mim.
— Oh, o que é isso diminuindo nas suas calças? — ela fingiu preocupação. — Ah, espera! É o seu ego diminuindo seu pênis.
gargalhou da brincadeira de , que não gostou da risada. Como se não bastasse ele atrapalhar sua noite de bebedeira na sacada, agora tinha que lidar com um homem que não se ofende com suas respostas imaturas. Elas sempre funcionavam.
— Boa noite, — ele lhe deu um sorriso lascivo. — Tente não fazer muito barulho esta noite porque amanhã eu acordo cedo para malhar.
— Pode deixar, aumentarei o máximo que puder do meu som — ela sorriu.
— Você pode até se juntar a mim — ele disse.
— Dispenso — ela sorriu. — Prefiro perder minha perna.
Dito isso, se dirigiu para dentro de seu apartamento, deixando com um sorriso idiota no rosto. Ele não se ofendeu e ainda era meio gentil. Que homem chato.
Na manhã seguinte, realmente acordara às cinco da manhã para malhar, mas algo lhe deu na telha e ele foi até a casa da vizinha. Tocou a campainha uma vez. Ela não atendeu. Tocou pela segunda e, quando estava prestes a tocar pela terceira vez, abriu a porta de supetão.
— O que você está fazendo na minha casa? — ela não abriu os olhos.
— Como você sabe que sou eu, ? — ele riu.
— Porque pessoas normais vivem só depois das oito da manhã — ela coçou os olhos. — O que você quer, ?
— Vim te convidar pra gente ir correr.
— Você tá brincando com a minha cara?
— Não. Vamos lá, — ele deu um sorriso. — Vou te mostrar que correr de manhã faz bem.
Tudo que fez foi fechar a porta na cara do meio campista. No entanto, ela tinha a leve sensação de que ele não desistiria de levá-la para se exercitar naquela manhã. Irritada, abriu a porta novamente.
— Ok, eu vou — ela resmungou. — Vou tomar um banho pra acordar e tomar um café da manhã.
— Eu tenho café da manhã extra. Fiz muito, se você não quiser cozinhar, é só entrar no apartamento do lado — ele disse animado. — A porta vai estar aberta!
Mais uma vez, fechou a porta irritada e foi em direção ao banheiro. Vinte minutos depois, ela entrou na casa do jogador.
— Eu te odeio por me fazer malhar às cinco da manhã de um sábado — ela resmungou. — Onde você está?
— Na cozinha — ele disse.
— Você está fazendo café da manhã? — ela perguntou.
— Só café. Eu não gosto muito, mas acho que você vai precisar um pouco — ele sorriu.
— Obrigada — ela tentou dar um sorriso, mas estava sonolenta demais para tal.
— Se exercitar não faz mal.
— O que você acha que eu sou, ? — ela brigou. — Só porque eu não tenho um corpo padrão, quer dizer que eu não me exercito?
— Não quis dizer isso. Não vejo nada demais no seu corpo, ele é lindo, inclusive.
encolheu. Estava sempre acostumada a ouvir homens falarem de seu corpo como piada.
— Desculpa. E obrigada.
— Tá tudo bem, . Será que podemos recomeçar? Acho que começamos com o pé errado — ele sorriu.
— Pode ser — ela aumentou seu tom de voz um pouco.
— Oi, eu sou o . Eu tenho 24 anos, sou jogador de futebol. Minha vizinha odeia que eu acorde tão cedo para malhar, mas eu me amarro — ele aumentou o sorriso no rosto e finalmente arrancou um sorriso de . — E você?
— Oi, eu sou a — cruzou os braços. Ainda estava na defensiva. — Tenho 24 anos também, sou agente de carreiras. E tenho um vizinho muito inconveniente que malha às cinco da manhã.
— Você agencia carreiras? Que legal.
— Sim. Eu trabalho numa empresa que faz isso, na verdade — ela disse.
— Maneiro — ele sorriu. — Mas minha profissão é mais legal.
— Você é sempre implicante assim?
— É o meu jeitinho — ele deu um sorrisinho.
— Vamos fazer isso logo — ela pegou a xícara de café que ele a ofereceu.
— Espero que você goste de ovos mexidos e frutas, porque é isso que tem de café da manhã.
— Não como ovo, mas eu aceito as frutas.
— Você é vegana?
fez que sim com a cabeça e se ajeitou rapidamente no banco da cozinha, bebeu um pouco do café e comeu um pedacinho de mamão que tinha.
— Pronta, companheira? — ele lhe deu um sorriso.
— Infelizmente, estou pronta, vamos lá — ela riu.
Os dois correram por uma área externa do condomínio em que moravam e já sentia os benefícios daquela corrida matinal. Ela já estava mais acordada, e disposta, mas jamais falaria aquilo ao vizinho. estava intacto, tinha apenas uma mancha em sua blusa de suor. Ela, por outro lado, sentia o suor escorrer por sua espinha. O celular de apitou, avisando que ele já tinha corrido a meta do dia e os dois pararam.
— Você foi muito bem, .
— Obrigada, — ela sorriu. — Espera, posso te chamar assim, né? Como é que te chamam?
— — ele riu. — Mas não me incomodo que me chamem de , vai ser quase que um apelido exclusivo seu.
— Gostei da ideia — ela riu.
— também tá liberado? — ele perguntou.
— Sim — ela sorriu.
— Mas e aí, você é daqui mesmo? — ele perguntou. — Seu sotaque é misturado.
— Sou, mas fui criada falando em espanhol — ela disse. — Meus pais eram espanhóis.
— Que legal — ele comentou, mas a alegria morreu quando ele percebeu o verbo conjugado no passado.
— Você tem irmãos?
— Filha única — ela comentou baixinho.
— Sinto muito, — ele respondeu intuitivamente. Não costumava chamar as pessoas de , por que aquilo saiu justamente naquele momento?
— Gosto de — ela sorriu. — Minha avó me chamava assim quando eu era pequena.
— Então eu sou o e você a — ele passou um braço pelos ombros da menina.
Um mês havia se passado desde que chegara à cidade da garoa e ele e eram amigos desde aquela fatídica corrida às cinco da manhã. Agora, quando a agente de carreiras não estava com sua melhor amiga, Marina, ela estava acompanhada de . O jogador continuava fazendo todo acompanhamento médico à distância, como seu clube havia permitido, já que ele não estava sendo escalado com frequência. Era sexta e faziam umas duas horas que havia chegado do trabalho.
— Você me fez emagrecer cinco quilos em um mês, — ela disse emburrada. — Estou perdendo minhas curvas.
— Eu posso te garantir que elas estão bem aí, — ele disse sério.
— Minhas calças estão largas, inclusive aquela que eu comprei quando a gente foi ao shopping — ela resmungou mais uma vez.
— Gosto muito de você brigar comigo pelas suas curvas, — ele confessou. — Hoje em dia é um requisito ser magra.
— Bom, meu requisito é ser feliz — ela riu. — Minha médica disse que eu sou saudável, sem nenhuma alteração, então pra que mudar meu corpo?
— Muito bem dito, — ele riu. — Mas isso significa que você vai me abandonar nas nossas corridas?
— Você vai me dar um guarda-roupa novo? — ela brincou.
— Estou às suas ordens, madame.
— Então não, eu não vou te abandonar nas nossas corridas com as galinhas — ela riu. — É uma pena que o preparador físico tenha proibido você de fazer kickboxing comigo.
— É arriscado, . Eu posso piorar a lesão.
— Tudo bem, eles sabem mais que eu — ela aceitou. — O que vamos fazer hoje?
— Eu duvido que você vá aceitar, mas… — ele hesitou. — É aniversário de um amigo meu e ele vai dar uma festa privada na DISCO.
— Aquela boate caríssima? — ela ficou boquiaberta. — Eu nem tenho roupa pra isso, .
— Eu imaginei que você fosse falar isso — riu. — Então eu comprei uma roupa para você.
deu um pulo.
— Você tá brincando comigo, ?
— De modo algum, — o jogador sorriu. correu para seu quarto e trouxe de lá uma caixa preta.
Os olhos da agente arregalaram ao ver de onde era: Bo.Bô. Tudo bem, para aquilo não deve ter feito cosquinha em sua conta bancária, mas aquela roupa deveria ser mais cara que a conta de luz da mulher. O jogador entregou a embalagem para ela e sentou-se ao seu lado.
— Espero que goste.
— Minha nossa, — ela exclamou ao ver o macaquinho que tinha lá dentro. Ele era prata, todo brilhante e na frente havia um grande decote. — Puta merda, ! Que lindo.
— Eu tenho um gosto impecável — ele riu. — Quando eu bati os olhos nessa roupa, imaginei você nela.
— Foi? — ela perguntou maravilhada. Ela abraçou o jogador. — Ai, fala sério! Eu não acredito que você fez isso. Obrigada mil vezes.
— Isso significa que depois de jantarmos, você vai ao aniversário comigo.
— Depois disso eu não te nego nem uma corrida às três da manhã, — ela riu.
O jantar dos dois foi um estrogonofe vegano que a agente havia feito. Desde que passaram a comer juntos, aprendeu a não comer carne. Ele, na verdade, não havia comido nenhuma vez.
— Eu conversei com a minha nutricionista hoje pela manhã — ele disse. — Depois que a gente correu.
— E aí? — ela perguntou, interessada no assunto.
— Ela disse que ia me mandar a nova dieta vegana segunda-feira — ele sorriu.
deu um gritinho animado e aplaudiu. Ela testava várias receitas em casa, sempre gostava de compartilhá-las com ele.
— Eu deixo você fazer uma cópia do meu caderno de receitas, então — ela disse.
— Ou você pode fazer sempre a mais e me trazer um pouquinho, né, ? — ele deu um sorrisinho.
— Eu sempre faço — ela deu de ombros.
Quando terminaram, cada um foi para seu respectivo apartamento se arrumar para a bendita festa caríssima, como apelidou. Em uma hora, estava pronto, mas sua vizinha estava indecisa. Na varanda, os dois discutiam abertamente sobre as escolhas dela.
— Ok, esse é o look — a agente apareceu.
estava com o macacão prata, um salto alto preto e uma bolsa de alcinha, também preta. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo baixo com leves ondinhas, sua maquiagem estava leve, exceto pelo batom vermelho que ela usava. O jogador estava estupefato.
— Minha nossa — ele exclamou. — Uau.
— O que você acha? — ela perguntou nervosa. — O batom está exagerado? A bolsa tá boa assim ou eu pego uma sem alça? , presta atenção em mim!
Ele lambeu os lábios, examinando-a mais uma vez. Que mulher gostosa.
— , eu tô prestando. E você está fantástica.
— Obrigada — ela corou ao perceber que ele estava hipnotizado.
— Você está maravilhosamente gostosa — ele foi sincero. — Eu ainda estou sem palavras.
— Então eu estou pronta! — ela deu um pulinho. — Vou só passar o perfume e te encontro lá fora.
— Tudo bem, — ele disse e entrou, fechando a porta da sacada.
Alguns minutos depois, enquanto ele fechava a porta de casa, a agente apareceu ao seu lado. Ele nem precisou virar para o lado para saber que era . Se havia aprendido alguma coisa sobre , era que ela era uma cheirosa e, aparentemente, só ela tinha aquele perfume nas redondezas.
— A gente comprou um presente pra esse seu amigo? — ela perguntou curiosa enquanto entravam no elevador. — Eu não posso chegar de penetra e nem sequer levar um presente pro cara.
riu.
— , a gente não precisa comprar um presente pro Rodrigo.
— Rodrigo, é só isso que eu vou saber dele? — ela perguntou. — Que feio, . Eu não conheço o cara e vice-versa, não fui convidada para o aniversário dele e nem levarei um presente.
— Tecnicamente, você foi convidada sim — ele riu. — Todos os convidados têm direito a acompanhante.
— É assim que gente chique faz, eu me esqueci — ela riu. — Então tudo bem. Mas quem é esse Rodrigo?
— Rodrigo Caio, o zagueiro do São Paulo — ele disse.
— Ah, legal — ela deu risada. — Não faço ideia de quem seja.
— É aquele que eu elogiei semana passada — ele disse. fez uma busca em sua memória e se lembrou do momento em que ele havia elogiado a jogada do amigo.
— Uhh, lembrei — ela sorriu.
Os dois foram em silêncio até a garagem do prédio e entraram no carro alugado de . O caminho até a boate foi um pouco demorado por causa do trânsito da megalópole. Era sexta-feira à noite e todos estavam nas ruas de São Paulo para curtir o fim da semana. e eram uns deles. Ao chegarem, entrelaçou sua mão à de e tentou protegê-la das câmeras no início da boate. Identificaram-se e entraram no local.
— Eu esqueci que você era famoso — ela disse. — Pra mim você é só o , meu vizinho insuportável que malha às cinco da manhã.
O jogador riu.
— Eu ainda sou só o .
— Que bom, eu gosto assim.
A agente e o jogador procuraram o aniversariante por toda boate para, finalmente, o encontrarem perto do bar, acompanhado de sua esposa. não era tímida, mas evitava olhar para as pessoas que estavam ao seu redor. continuava com sua mão unida à dela e nem dava qualquer sinal que soltaria.
— Cara! — o zagueiro abraçou o meio campista. — Que bom que você veio.
— Feliz aniversário, irmão — quando se separaram, se virou para . — Essa é a .
— Oi, prazer, sou a — a agente se apresentou — E feliz aniversário!
— Prazer, sou a Tayane. Você é linda — a esposa de Rodrigo disse.
— Ah, muito obrigada! — sorriu. — Você também é linda.
Um homem alto chamou atenção de Rodrigo e o zagueiro e sua esposa tiveram que se afastar para cumprimentá-lo. e perambularam pelo local para achar uma mesa vazia. Alguns companheiros de time de Rodrigo sentavam-se com eles e passavam um tempo conversando, mas nada muito duradouro. conheceu David Neres, Buffarini e Ganso, jogadores que ela finalmente conhecia, mas só porque eram destaque na televisão.
— Aquele cara à nossa direita não para de olhar para os seus peitos — disse sério.
— Ele é bonito, ? — ela perguntou brincando. — Porque se for, ótimo, eu aceito desencalhar.
— Não, ele não é bonito.
Disfarçadamente, virou e viu um homem loiro lindo. A mulher virou incrédula para o amigo. Não seria possível ele achar aquele deus nórdico um feio.
— Ok, você precisa ir a um oftalmologista — ela riu. — Não estamos vendo a mesma coisa.
— Eu sou muito mais bonito — ele deu um sorrisinho.
— Então isso é ciúmes? — ela riu. — Você pode sair com os seus contatinhos e eu não posso ter os meus?
— , eu não tenho contatinhos — ele riu. Não tinha mesmo, no último mês não tinha olhos para ninguém além dela.
— Rá! — ela riu. — Duvideodó!
— Bom, no último mês a gente passou praticamente toda noite juntos — ele disse.
— Duvido que você não receba mensagens de outras meninas — ela tentou refutar.
— Recebo — ele riu. — Mas eu nem vejo.
fez uma careta e riu. Ele não mentiu em momento algum e sequer viu necessidade para tal. Ele tinha interesse em e ponto final.
— Então não tem ninguém que chame sua atenção?
— Tem sim — ele disse. voltou seu olhar ao homem à direita deles e fez cara feia.
— Você olha para ele como se fosse ruim ele olhar pra mim — a mulher pontuou.
— E é — disse sem hesitar. — Ele não tem que ficar olhando pra você não.
— Ah é, por quê? — ela o desafiou. — Quem mais aqui tem interesse em mim para proteger minha honra, ?
— Eu tenho, — ele a olhou nos olhos e ela se empertigou toda. — Pra caralho.
— Para de brincadeira — ela riu nervosa.
— Não tô brincando — ele disse.
A ideia de aquele homem desejá-la incendiou todo seu corpo. Não que não se sentisse atraída por , ela se sentia e muito. Para dispersar os seus pensamentos, se levantou.
— Vou dançar, quer vir? — ela perguntou.
— Não levo jeito — ele disse simplesmente. — Pode ir sem mim.
Com um muxoxo, se dirigiu até a pista de dança e, acompanhada de Tayane, começou a dançar. No início, dançava para si, mas foi aí que percebeu que o jogador que ela mais queria, não tirava os olhos dela, então começou a dançar para ele. Em momento algum o jogador tirou seus olhos dela, na verdade, ele nem piscava. Rodrigo se aproximou do amigo.
— Não entendi — o zagueiro afirmou.
— Não entendeu o quê? — não se deu ao trabalho de olhá-lo. Os rebolados de na pista mereciam mais atenção.
— A mina é mó legal, você tá afim dela e ela tá dançando sozinha? — ele perguntou.
— E ainda tem aquele babaca ali olhando pra ela — apontou com a cabeça.
— É meu cunhado — Rodrigo riu.
— Um babaca — disse puto. — E se ela fosse minha namorada?
— Ela é?
— Não.
— Mas você tá afim da mina — ele concluiu. — Vai lá logo, cara. Mete o pé daqui e vai fazer sua noite. Sei lá, só não perde a chance.
ficou em silêncio e continuou observando a menina dançar. dançando funk havia se tornado uma de suas coisas favoritas da vida. Quando criou coragem, foi até a pista.
— Você veio dançar? — ela perguntou animada.
— Vim — ele disse e a puxou pela cintura.
e dançaram juntos por um tempo, até a agente passar o nível de dançar para ele para dançar nele. Ok, ele era bom em muitas coisas, conseguia reconhecer aquilo. Mas fingir que nada estava acontecendo não era uma delas.
— , não faça isso se você não quer continuar isso — ele engoliu em seco.
se virou para o jogador.
— Quem disse que eu não quero, ?
— Merda, a gente vai embora agora mesmo — ele puxou a mulher pela mão e saiu boate afora, sem nem mesmo se despedir do aniversariante. Rodrigo podia esperar.
e saíram juntos da boate e o manobrista rapidamente apareceu com o carro que eles vieram. Os dois entraram no automóvel com pressa e o jogador pisou no acelerador. As mãos dele não deixaram de tocá-la um instante.
— Ok, pelo amor de Deus, eu sou muito nova pra morrer! — ela balbuciou. — Diminui essa velocidade.
— Desculpa, — ele deu um sorriso.
apertou a mão dele que estava em sua coxa e levantou-se um pouco, de modo que conseguia ter acesso ao pescoço de . Ao sentir a respiração quente da mulher em sua pele, se arrepiou por completo. Logo depois, começou a dar pequenos beijinhos no local, fazendo-o perder a cabeça de vez.
— , se você não quer morrer, você vai sentar naquele banco agora — ele tentou manter a calma.
Eles não pegaram nenhum sinal verde no caminho até casa. Todos eram vermelhos ou amarelos, deixando os dois um tanto agoniados. havia perdido um pouco sua insegurança e estava louco por ela desde o início.
Quando finalmente chegaram ao prédio, estacionou o carro na vaga mais próxima da entrada — que não era dele — e puxou para fora.
— Ei, aquela não é a sua vaga — ela riu.
— É de quem então?
— Minha — ela deu um sorrisinho maldoso.
— Eu lido com a dona da vaga mais tarde, agora eu tô ocupado.
Sem esforço algum, pegou pelas pernas e seguiu em direção ao elevador. Ela não podia gritar porque estava tarde, mas dava leves tapas no jogador para que ele a colocasse no chão. Ela foi ignorada, é claro.
— Você tem uma bela bunda — ela comentou. — Não posso dizer que nunca reparei porque já, mas uau.
— Obrigado — ele riu e encarou o espelho. — Eu posso dizer o mesmo sobre você.
— Me coloca no chão — ela pediu.
— Não — ele disse sério. — Já estamos chegando, .
O elevador daquele prédio fazia uma viagem eterna, ela pensou. Estava ansiosa para ter as mãos de por todo seu corpo naquela noite. Ansiava por aquilo mais que qualquer coisa. Na verdade, ansiava pelo plim do elevador mais que qualquer coisa.
— Finalmente! — ela riu ao ser colocada no chão.
— É só porque minha chave estava no bolso oposto — ele resmungou.
não hesitou em puxar para seu quarto. Pela primeira vez na noite, não se importou de deslumbrar aquela mulher sem vergonha alguma. Todos os pensamentos impróprios que tinha com vieram à mente. De salto, ela não precisou ficar na ponta do pé para aproximar seu rosto ao de , onde ela calmamente fez uma trilha de beijos. Do pescoço à mandíbula e da mandíbula à boca. Um mês depois, os dois estavam tendo o deslumbre de provar aquele beijo tão esperado. Inicialmente, foi cauteloso, mas logo depois o beijo se tornou desesperado. O jogador tirou o elástico que prendia o cabelo de e entrelaçou seus dedos nos fios, puxando-os levemente. Os dois se aproximaram da cama e puxou para seu colo, dando a ele a fantástica visão de seus peitos. Sem perder a oportunidade, espalhou beijos no pescoço de em retribuição aos que recebera mais cedo.
Sem relutância, conseguiu tirar a camisa do jogador e ele não teve trabalho nenhum ao soltar o botão de trás do macacão dela, deixando seu busto completamente nu.
— Você não estava usando sutiã por baixo disso a noite toda e não me avisou?
Ela riu.
— Sim. Eu estava totalmente livre por aqui.
Ah, merda. arqueou as costas, fazendo com que seus peitos chegassem às mãos de . O jogador deixou que elas explorassem à vontade antes de começar a acariciá-la nos mamilos. Ela reagiu soltando um gemido rouco que tirou do sério. O jogador a beijou de novo, com força, e em seguida a puxou para trás. deslizou sua mão e puxou o último zíper que poderia livrar daquela peça, e foi isso que ela fez ao se levantar. não conseguia tirar os olhos de e talvez nunca mais conseguisse. Vê-la apenas usando uma calcinha de renda branca não fez bem nenhum a sua sanidade.
— Puta merda, — ele xingou e a puxou para onde ela estava. — Você é gostosa pra caralho.
Antes de se sentar, desabotoou a calça que ele usava e a ajudou a tirá-la. Agora ele estava apenas de cueca e ela de calcinha. O jogador voltou sua atenção aos mamilos de , que adoraram. A mulher percebeu — e sentiu — o tamanho da ereção de quando ela soltou mais um gemido em reação às mordidinhas que ele dava em seus peitos, por isso, deslizou sua mão até a barra da cueca e ele entendeu o recado. se livrou da cueca em questão de segundos, mas teve toda atenção do mundo ao tirar a calcinha dela bem devagarinho, para aumentar a tensão, devorando suas pernas com os olhos. Os dois voltam a se beijar e enquanto o faziam, deslizou sua mão até a parte íntima de . Ela mordeu seu lábio de leve quando deslizou um dedo para dentro, o que fez com que ele percebesse o quão molhada ela estava.
— … — ela arfou ao dizer o nome dele e tudo que ele queria era enfiar sua cara em suas pernas e não sair de lá nunca mais. — Sem preliminares agora.
tateou o bolso de sua calça para achar a carteira e puxou de lá um preservativo. Ele puxou para o centro da cama, colocando-a no meio. Depois, focou a atenção na embalagem e sem rodeios, a rasgou. A agente o ajudou a colocá-la e puxou para outro beijo. Enquanto ele ia para cima dela, ele percebeu que ela abria mais as pernas para acomodá-lo. O homem colocou as mãos uma de cada lado de seu corpo para se apoiar. As dela encontram as dele, e antes de entrar nela, observou-a. era uma das mulheres mais bonitas que ele havia visto. Quando ela a puxou para mais um beijo, ele a penetrou. Respirou com força ao sentir suas unhas cravando em sua pele, mas aquela era uma sensação maravilhosa. Antes de começar os movimentos, garantiu que a preenchesse completamente e, finalmente, processou aquela sensação. Ele não queria apressar as coisas, apesar de seu corpo gritar por aquilo.
— Eu esperei tanto por isso, — ela falou baixinho. — Sentir você.
inclinou sobre ela, encontrando seus lábios com os dela enquanto tirava tudo e depois a preencheu novamente. e gemeram juntos. De início, ele tentou manter um ritmo calmo para agradá-la, mas murmurou um pedido de rapidez, remexendo os quadris, que foi quando acelerou o ritmo.
, ao perceber que ela estava chegando lá, desceu sua mão até a parte íntima de , acariciando-a por ali. Não precisou de muito para que ela apertasse ele dentro dela e tivesse um orgasmo. O desejo entre os dois estava tão forte que logo depois o meio campista também chegava ao clímax.
— Acho que vou pedir um atestado médico para faltar à nossa corrida matinal amanhã — desabou ao lado dele. riu do comentário da vizinha e a puxou para perto.
— Esse é o tipo de cardio que eu quero fazer — ele soltou, ainda ofegante.
— Acho que vou pra casa — tentou levantar, mas a impediu.
— Fica aqui — ele pediu.
— … — a voz manhosa de preencheu o quarto. — Promete que isso não vai afetar nossa amizade?
— Prometo, — ele a apertou próximo de si. — Se você quiser, podemos fazer isso mais vezes.
— A gente mal acabou de transar e você já está pensando na próxima vez? — ela riu.
— Claro que sim — ele respondeu prontamente.
— Ótimo, eu também estava — riu e foi para cima do jogador.
Naquela noite, eles perderam as contas de quantas vezes se perderam um no outro.
Cinco meses se passaram desde o fatídico aniversário do zagueiro Rodrigo Caio. e continuaram com a amizade colorida e cada dia que passava, pareciam mais experientes em saciar o outro. A mulher não tinha interesse em conhecer outros caras e o meio campista se sentia da mesma forma.
— É uma pena que você não possa estar no nascimento do seu sobrinho — acariciou a barba por fazer do jogador.
— Nem meus pais conseguiram, — ele disse. — Vou assim que for liberado do tratamento aqui.
— Bem… Eu fiz algo para ele — ela disse envergonhada. — Seu irmão disse que vocês tinham ursinhos quando pequenos e que os guardam até hoje. Aí eu achei que seria legal o Gabriel ter o dele também.
— Não acredito que você fez isso, — ele sorriu, tocado pelo carinho que ela sempre tinha em relação a sua família. A família estava mais que acostumada com a presença de .
Mês passado, quando foram visitar o filho mais novo, seu Iomar, mais conhecido como Mazinho, e dona Valéria conheceram a menina e ficaram apaixonados por ela. conseguia conquistar todos à sua volta, sabia que era inevitável. Thiago já havia percebido que estava de caso com a agente. Até mesmo Neymar, seu melhor amigo, havia percebido algumas mudanças no comportamento de em relação a . Todos percebiam, menos ele.
— Bem, eu escolhi amarelo para a cor do laço porque acho isso de azul e rosa uma besteira — ela disse. — Mas eu espero que o Thiago e a Julia gostem, foi feito com muito amor.
— Então era isso que você fazia quando dizia que tinha trabalho a fazer?
— Claro que sim, você sabe como é difícil fazer um ursinho de tricô?
— Você é fantástica, — ele sorriu.
— Você pode enviar para eles em seu nome — ela disse. — É um presente meu para vocês.
— Vou mandar em nosso nome, .
— Tudo bem, então — ela riu. — Agora preciso ir trabalhar, alguns de nós não têm vida de patrão.
— Tchau, . Trabalhe bastante e depois traga essa bunda gostosa pra cá.
deu risada do pedido do meio campista, mas o acatou.
Aquele dia foi fantástico para . Ela estava sendo, finalmente, promovida. Marina, sua melhor amiga e colega de trabalho, quem havia dado a grande notícia. Ela ainda estava em choque. Agenciaria um jogador brasileiro que havia acabado de ser emprestado para um time português e ela teria que viajar em dois dias para organizar sua vida no país."
— Portugal, Nina? — ela quase engasgou. — Minha nossa, eu nunca pensei em morar na Europa.
— Como não, ? — Marina riu. — Suas origens são de lá.
— Eu sou brasileira.
— Mas a alma imperialista sempre estará aí.
— Larga de ser estranha, Nina — bufou. — Meu Deus, Portugal!
— Nem acredito que você teve essa sorte, minha amiga — ela disse baixinho. — Mas vai me prometer que vai deixar eu passar minhas férias com você.
— Minha casa sempre tem espaço pra você e pro… — ela engoliu em seco. . — Eu preciso contar isso pro !
— Não acha que seria melhor conversarem pessoalmente? — Nina sugeriu.
— Tudo bem, você tem razão — concordou. — Ainda bem que falta pouco tempo para ir embora.
As duas seguiram comentando sobre a promoção de até o horário de ir embora. A mulher decidiu pedir um carro para ir para casa mais rápido naquele fim de tarde. O metrô estaria lotado. O caminho não levou vinte minutos e já batia na porta de antes de entrar. estava deitado no sofá falando com alguém no telefone, no fim, reconheceu a voz de Neymar.
— A chegou, cara — disse.
— Eu quero conhecer essa , hein, princesa — o jogador disse. — Ela tá roubando minha princesa.
pôde ouvir a voz de Neymar do outro lado do telefone e arregalou os olhos. Quando fez menção em virar o telefone, se escondeu atrás do vaso de planta. Os dois riram da mulher.
— Eu acabei de chegar do trabalho, ! — ela gritou. — Devo estar péssima.
— Claro que não, . Você tá linda.
— Oi, Neymar — ela disse envergonhada.
— Fala, — ele sorriu. — Tá permitido chamar de , princesa?
— Não — disse sério. — É .
— Oi, — o jogador sorriu. — É um prazer conhecê-la.
Os três conversaram por um tempo até que Neymar precisou desligar para fazer algo. e estavam deitados no sofá quando ela criou coragem de contá-lo. Ele conseguia perceber que ela estava nervosa, no entanto.
— Que passa, ?
— Fui, hm, digamos… Promovida — ela disse nervosa.
— Isso é ótimo, — ele abriu um grande sorriso. — Por que essa cara?
— Eu vou ter que me mudar para Portugal em dois dias — ela disse de uma vez só, como se estivesse arrancando o curativo de uma vez só.
— Ah, … — o sorriso sumiu de seu rosto. — Isso é ótimo. Você vai adorar Portugal.
— Quando você volta para a Espanha? — ela perguntou baixinho.
— Bem, em um mês — ele disse.
O dia de viajar havia chegado. estava uma pilha de nervos por viajar para tão longe sozinha. Sem Marina, sem . O meio campista a levou para o aeroporto e, para piorar a situação, sua melhor amiga não podia estar lá com ela por conta do trabalho. Sua mão estava congelando de nervoso.
— São só algumas horinhas, — ele sorriu. — Quando eu chegar na Espanha vou passar em Portugal para te ver.
— Não quero ir. Deixa isso pra lá — ela voltou correndo e ele a segurou pelo pulso.
— Você conseguiu sua promoção, — ele sorriu. — Eu sei que vai ser horrível ficar longe de mim e de Nina, mas você vai aguentar.
— Não quero.
— Não quer mesmo, ? — ele a olhou nos olhos.
— Não quero deixar vocês.
— Você não está nos deixando. Você tá indo atrás do seu sonho.
— Vou sentir saudade, — ela sussurrou. — Você promete ir lá me ver?
Ele sorriu.
— , vou te ver sempre que puder, eu prometo.
Com um suspiro, levantou o queixo de na altura de seus lábios e uniu os seus aos dela. Ele odiava deixá-la ir e, honestamente, queria ir para Portugal com . Desde que os dois começaram com esse lance, os dois se tornaram exclusivos sem nem mesmo chegar a um acordo.
— Atenção, o embarque do voo 1357 para Lisboa, Portugal, começa agora — a voz saiu dos alto-falantes.
— A gente se vê logo, .
— Até daqui a pouco, .
Sem pensar muito para não desistir, virou as costas e foi em direção a fila do embarque. esperou que ela entrasse na sala especificada para aquilo e, antes que ela entrasse, correu até a agente e a beijou pela última vez. Com um sorriso gigante, os dois se despediram no aeroporto de São Paulo.
Algumas boas horas depois, estava sentado no sofá de seu apartamento encarando o celular. O voo de havia chegado em Lisboa. Talvez ele tivesse acompanhado o tempo inteiro, ou não.
: Cheguei 🥳
: Está muito frio. Não vim com a roupa certa.
: Põe um casaco!
: Já avisou a Nina?
: Ela disse que estava acompanhando meu voo no aplicativo. Ela é doida
: Sim, ela é.
: Vou precisar procurar um táxi, . Quando eu chegar no apart eu te ligo, tá?
: Tudo bem, . Fica bem. Qualquer coisa grita.
: Pode deixar!
Assim que viu que estava off-line do aplicativo de mensagens, a foto de seu irmão apareceu na tela. Provavelmente Thiago só queria conversar e falar besteiras, coisa que realmente estava precisando. Se pensasse mais um pouquinho em sua ex-vizinha acabaria indo parar em terras portuguesas.
— Fala, mano! — Thiago sorriu. — Credo, que cara de enterro é essa?
— já foi para Portugal — ele disse meio cabisbaixo. — A gente nem tinha nada, mas cara… Ela já faz falta só algumas horas longe.
— Você está apaixonado,
— Não estou — ele resmungou. — A gente nunca conversou sobre.
— Diz pra mim, alguma das suas peguetes faria um ursinho de tricô pro seu sobrinho que ela nem sequer conhece? — Thiago questionou. — Que inclusive é o que o Gabi mais gosta de dormir.
— Sério? — os olhos de brilharam. — Ela vai pirar em saber disso.
— Que pessoa ficaria assim se não estivesse interessada, ?
— Oi, cunhado — Julia apareceu na tela. — Cadê a ?
— Está em Portugal — soltou um muxoxo.
— Isso significa que vocês acabaram? — Julia perguntou triste. — Parecia que vocês se gostavam tanto.
— Eu gosto dela.
— Eu disse! Você acabou de negar, idiota — Thiago reclamou.
— E ela gosta de você também, .
— Será?
— Eu tenho certeza — Julia sorriu. Um choro estridente soou no telefone e os papais de primeira viagem entraram em alerta.
Thiago e Julia desligaram da ligação e ficou quieto, pensando na falta que a agente fazia. conseguia ser animada até às seis da manhã nas corridas que faziam. Ela gostava de cozinhar na cozinha de usando só uma camisa do Barcelona — que ela fez questão de comprar e personalizar com o nome dele. Gostava de assistir futebol com ele, embora não entendesse o critério para se marcar uma falta. Gostava de conversar com ele sobre as coisas da vida em geral, como ela se via em dez anos, como ela queria passar a velhice. gostava de conversar com ela só por ouvir a voz dela, mas os assuntos que ela traziam à tona eram pertinentes. Ele também queria estar com alguém que fechava com ele, que faria coisas que ele nem sequer imaginava que só ela fazia. Era horrível notar que ela faria uma grande falta. Ele estava apegado. gostava de e precisou que ela fosse para outro país para perceber isso.
A manhã seguinte havia chegado e tinha uma grande reunião na cidade. O jogador estava ansioso e depois de ter conversado com seus pais e irmão, tomou sua decisão.
— Bom dia. Eu tenho uma reunião com o senhor Magaldi agora pela manhã — ele disse a recepcionista. — Meu nome é .
— Ele já está à sua espera, senhor — ela sorriu e cordialmente o levou até a sala de reuniões.
Magaldi era o chefe de . Os dois rapidamente se apresentaram e como o próprio empresário havia dito, seu tempo era curto, então foi direto ao ponto.
— Preciso de uma agente, senhor Magaldi — ele disse.
— Isso é o que mais temos, senhor .
— Pois bem, quem eu quero… — ele fez uma careta. — Já foi destinada a outro cliente, mas ainda não assinou o contrato.
— Então nós podemos entrar em contato com a agente e ver se ela aceitará o seu contrato — ele disse.
— Meu advogado já organizou o contrato, espero que fique uma boa quantia para você e para ela — ele entregou o documento e Magaldi arregalou os olhos.
— O que Garcia tem de tão especial?
— Competência, senhor Magaldi — ele riu. — Será que podemos deixar em sigilo o jogador no qual ela agenciará?
— Claro que sim, senhor .
— Não vou mais tirar seu tempo, senhor Magaldi — sorriu. — Muito obrigado pela competência.
— Eu que agradeço pela preferência — ele sorriu. — Volte sempre.
— Obrigado, pode deixar.
Quando saiu da sala do empresário, Marina apareceu em seu campo de visão. A mulher estava ansiosa e sabia que aquele era um passo arriscado, mas que valeria a tentativa. , de início, ficou um pouco receoso de mudar a vida de sem nem mesmo consultá-la.
— Ele topou? — ela perguntou animada. — A vai amar, … Você vai ver.
— Eu espero — o meio campista riu.
— Você já viu as coisas da sua mudança? — ela perguntou. — Posso te ajudar.
— Eu só preciso arrumar minha mala, Nina — ele disse. — Eu aluguei o apartamento mobiliado.
Antes que os dois pudessem entrar em um outro assunto, o telefone de tocou. A foto de apareceu no visor e ele não hesitou em atendê-la.
— Fala, — ele deu um sorriso.
— Eu estou aqui há algumas horas e já vou ser transferida! — ela disse eufórica.
— Como assim, ? — se fez de desentendido. — Babou Portugal?
— Sim! — ela disse nervosa. — Eu vou para Barcelona depois de amanhã, . E eu nem sei quem é esse cliente, será que ele é um doido?
— Por que você acha isso? — ele perguntou.
— Ele ofereceu o triplo do meu salário, — ela disse como se aquilo fosse maluquice. — E eu vou receber em euros!
riu.
— Fico feliz, .
— Quando você chega na Espanha? — ela perguntou hesitante. — Tô com saudade, .
— Não sei, linda — ele disse. — Mas em breve, eu preciso me apresentar no Barça.
— Pode ser tipo, em dois dias? — ela riu baixinho.
Pode sim, ele pensou.
— Vou tentar adiantar o máximo, .
— Tudo bem, eu vou precisar desligar agora porque eu vou comprar passagem de trem. A gente se fala à noite?
— Claro que sim — ele disse animado. Assim que ia desligar, ele a chamou. — ? Eu tô louco pra te ver.
— Eu também tô, — ela disse animada.
Infelizmente, os dois desligaram a ligação e foi em direção à sua casa. Ele tinha muita roupa para dobrar e colocar na mala até o dia seguinte. Já havia contatado a imobiliária e avisado que sairia do apartamento.
Naquela noite, não conseguira falar com , pois ele não a atendeu nenhuma das vezes. Quando o meio campista viu, mandou uma mensagem se desculpando por não tê-la respondido, mas ela já não estava acordada para respondê-lo.
: , desculpa não ter atendido.
: Eu estava arrumando umas coisas aqui, desculpa. Te ligo amanhã pela manhã!
O jogador deu seu trabalho por encerrado naquela noite, apesar de ter algumas coisas para guardar. Com saudade de , se deitou naquela noite esperando vê-la o mais rápido possível.
Como de costume, tomou seu café da manhã em ligação com a sua melhor amiga. e eles falaram sobre as coisas triviais e das diferenças culturais entre os dois países em que estavam. Pelo semblante dela, ele percebeu que ela estava triste.
— O que você tem, linda? — ele perguntou.
— Não é nada — ela disse. — Estou cansada, mal cheguei e vou me mudar já.
— Acho que essa mudança vai ser boa pra você.
— Algo me diz que vai ser — ela disse e depois ficou calada.
— Fala, — ele riu. — Você não esconde mais nada de mim.
— Você estava com alguém ontem? — ela criou coragem.
— Não estava, não — a respondeu. — Eu realmente estava arrumando umas coisas aqui em casa.
— Desculpa perguntar, você não me deve satisfações… É só que… — antes que ela pudesse continuar, a interrompeu.
— , você pode me perguntar tudo que você quiser — ele disse. — Você é a minha melhor amiga.
Apesar da resposta de ter sido reconfortante, ela foi péssima. não queria ser apenas amiga dele, queria mais. Mas não tinha coragem de admitir. Garcia era alguém que se acostumou a viver só, não à toa que só tinha uma amiga antes de . A agente já havia perdido pessoas muito especiais para perder mais uma e, cá entre nós, era melhor ter como melhor amigo do que não ter de vez.
— Eu preciso desligar agora, tá bem? — ela disse baixinho. — Tenho que ajeitar as malas.
— Tudo bem, linda — ele disse. — Não vou poder te ligar hoje à noite, tudo bem? Tenho compromisso.
— Tudo bem, . — ela sussurrou. — Até amanhã então.
deu um grande sorriso. — Te vejo amanhã, .
Com um aceno de cabeça, desligou a ligação. não brincou quando disse que a veria amanhã. Ele só não poderia contá-la. De verdade, o meio campista estava ansioso para vê-la e dizer que realmente queria estar com , não apenas como melhor amiga, mas sim como namorada, parceira, o que quer que ela quisesse ser dele. Enquanto ajeitava as coisas que faltavam para a viagem, lembrou das memórias que os dois tiveram naquele apartamento e no ao lado do dele, principalmente a primeira troca de farpas na varanda. Da vez que eles encheram a cara até a madrugada e decidiram batizar todos os cômodos da casa dele, celebrando o que quer que tivessem.
Algumas — muitas e longas — horas depois, devolveu o carro que havia alugado durante sua estadia em São Paulo e encontrou-se com Marina, melhor amiga de , que o deixaria no aeroporto. A mulher estava ansiosa e torcia piamente pelos dois desde o início, ainda mais depois que viu a foto de na internet. Sua melhor amiga merecia alguém de tirar o fôlego como ela.
— , faça minha melhor amiga feliz — ela disse séria. — Ou chop, chop, chop!
gargalhou com o comentário de Nina.
— Pode deixar, Nina. Obrigado de verdade pela ajuda.
— Imagina, você vai retribuir me apresentando pros seus amigos gostosos — ela disse séria.
— Você sabe que tem um espaço lá pela Espanha — ele disse sorridente. — Precisando, estamos a uma ligação de distância.
— Obrigada — ela sorriu. — Cuida da minha melhor amiga, .
— Tchau, Nina — ele sorriu e foi em direção à fila de embarque.
Meses atrás, quando colocou os pés na cidade paulistana, tinha um sentimento que precisava viver aquela experiência. Quando havia se lesionado, tudo que queria fazer era passar sua recuperação no Brasil, apesar de ninguém acreditar que o clube fosse deixar. Naquela altura do campeonato, o meio campista até achava que o destino havia mexido os pauzinhos para apresentá-lo a . E, pela primeira vez depois das Olimpíadas de 2016, se sentiu completo.
: Oi, .
Me passa seu novo endereço, amanhã de manhã você vai receber um café da manhã recheado.
Sinto sua falta todos os minutos.
Saberia que ela só o responderia pela manhã pois, assim como ele, ela também estava indo para Espanha. Na primeira classe do avião, se permitiu fechar os olhos e descansar. Amanhã estaria com em seus braços, um lugar do qual ela jamais deveria ter saído.
A capital da Catalunha amanheceu fria, mas o dia ainda estava bonito. estava encantada de estar de volta às terras espanholas, podia até dizer que sentia suas raízes dentro de seu peito crescerem cada vez mais. Para ela, estava perto de seus pais. Passava pouco das nove da manhã quando ela colocou a chave na fechadura de seu novo apartamento e percebeu que ele estava trancado por dentro. Hesitante, ela tocou a campainha. Por um momento, pensou estar no apartamento errado, mas confirmou que não. Aquele era mesmo o apartamento 313.
Para sua grande surpresa, uma das pessoas que mais queria ver abriu a porta para ela: . Ele estava com o semblante cansado e, mesmo assim, tinha um grande sorriso no rosto. A agente sentiu que estava sonhando ao ver o meio campista ali.
— ? — sua voz saiu num fio. — O que você está fazendo aqui? Como você entrou?
— Eu meio que disse ao porteiro que era seu namorado — ele coçou a lateral da cabeça. — Entra na sua casa, — ele a puxou pela mão. — Você quer que eu vá embora?
— O quê? — ela soltou um grito. — Claro que não!
— A gente precisa conversar, — ele disse baixinho. — São duas coisas, na verdade.
— Fala, — borboletas invadiram o estômago de .
— Três, na verdade — ele corrigiu.
— Fala logo, ! — ela ralhou.
— A primeira é que fui eu quem te contratei, — ele disse. — Conversei com Magaldi com ajuda da Nina e roubei você pra mim.
gargalhou.
— Você tá brincando comigo?
— De modo algum — ele disse. — Você vai ter que me aguentar por muito tempo ainda.
— Você vai me dar muito trabalho — ela disse baixinho. — Mas eu gostei da ideia. Quais são as segunda e terceira coisas?
— A segunda coisa, , é que eu sou maluco por você — ele foi direto. — Você ficou longe de mim por uma semana e eu enlouqueci. Não quero isso pra mim, . Quero acordar ao seu lado, aprender suas comidas veganas só pra te agradar e também quero seu cabelo no meu rosto pela manhã, mesmo que faça cócegas.
— … — ela disse com a voz embargada.
— Não quero que se sinta pressionada só porque te contratei — ele disse. — Fiz isso porque sei que você é totalmente capaz de me ajudar e também porque queria você ao meu lado. Te quero ao meu lado como agente, melhor amiga, namorada, parceira, o que você quiser ser minha, .
— Merda, — ela o beijou. Sentia falta daqueles lábios, daquele cara em específico. — Eu topo qualquer coisa com você.
— Topa? — ele sorriu. — Então a gente casa amanhã?
— Casar? — ela deu um grito. — Não! Larga de ser emocionado.
— Pra quem disse que topa tudo comigo… — ele riu.
— Em passinhos de tartaruga, — ela disse risonha.
— Então você quer namorar comigo, ? — ele perguntou distribuindo beijos pelo pescoço dela.
— Quero muito — ela sorriu e os dois foram parar no sofá. Nada parecia tão bom quanto comemorar ali também.
Depois de matarem a saudade da boca do outro, e estavam prestes a fazer o que mais sabiam em relação ao outro, mas ela o impediu.
— … — ela o chamou ofegante. Ele parou e a encarou. — Qual é a terceira coisa que você tem a me falar?
riu da ansiedade dela.
— Que eu te amo, . E que confirmei nossa presença no batizado do Gabi.
— Você me ama? — ela perguntou baixinho. — Eu também amo você.
— Mais do que você pode imaginar, Garcia — disse e a puxou de volta para seus lábios. O meio campista preferia mostrá-la o quanto a amava do que trocar palavras, apesar de serem necessárias. amava . amava . E, depois de muito tempo, tudo ficou bem.
Fim.
Nota da autora: Oi, gente! Eu tinha jurado que ia parar de pegar perdidos, mas olha eu aqui de novo! Espero que gostem. Beijos, Tris.
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