Finalizada em: 20/07/2021

Capítulo único

BaekHyun não sabia o que esperar dos próximos meses. Enquanto preparava os vídeos e outras surpresas que deixaria gravadas para os fãs, tentava não transparecer a preocupação e o medo que sentia do futuro, mas sabia que era impossível esconder tudo. Toda sua vida havia sido planejada em cima de calendários de shows, ensaios e gravações pré-determinados e passados para ele com antecedência, e agora, a única data que ele tinha era a de dois dias à frente.
Dois dias para se despedir dos fãs, dos companheiros de grupo que já haviam virado parte da família, e dela, que ele esperava que entrasse para a família em algum momento, também. Era menos tempo do que ele gostaria, mas não podia mais adiar seu alistamento.
Na frente do espelho, ajeitou o blazer e a camisa e respirou fundo, deixando a equipe de maquiadores e cabeleireiros terminar de prepará-lo para a última performance que faria antes de ir embora. Ir embora... BaekHyun bem sabia que estava fazendo um drama maior do que o necessário, mas se juntar ao exército não era bem um sonho de infância, ainda mais se considerasse a alternativa que tinha fantasiado.
— BaekHyun, está tudo pronto.
Acenou para o assistente de produção que acompanharia a live de despedida, e se levantou. Com uma reverência, agradeceu à equipe, e saiu corredor afora, procurando o local onde haviam improvisado o cenário para o acústico.
Cruzando a última porta, encontrou as luzes amarelas que iluminavam o pequeno carrossel no pátio aos fundos do prédio da gravadora. O microfone e o banco alto já estavam posicionados, e os últimos testes de câmera estavam sendo feitos. BaekHyun se sentou, os arrepios na barriga por estar prestes a se apresentar ainda tão presentes quanto no início da carreira, mas muito mais familiares. O diretor anunciou o início das gravações, e na contagem de três, o cantor ouviu os primeiros acordes da faixa de abertura de seu último álbum.

— Obrigado, EXO-L. Vocês são a razão pela qual nós continuamos nos dedicando e trabalhando duro todos esses anos, e eu vou sentir falta de vocês enquanto estiver fora. Fiquem de olhos abertos, porque o Chanyeol não é o único com surpresas para vocês. Continuem cuidando dos outros membros por mim, ok? Nos vemos em dois anos.
Com mais um sinal silencioso, o diretor encerrou a transmissão. Uma salva de palmas preencheu o pátio e, aos poucos, os membros da equipe cumprimentaram BaekHyun e saíram.
— Certeza que vai ficar? — o diretor perguntou, balançando o molho de chaves no ar.
— Vou, sim. Quero aproveitar esse lugar mais um pouco.
— Você que sabe. Não esquece de apagar as luzes e trancar tudo quando sair. — O homem colocou as chaves sobre um banco de concreto. — Bom trabalho hoje, BaekHyun.
O cantor agradeceu com um sorriso, voltando sua atenção para o painel de controle do carrossel. Imaginava se aquilo funcionava. Apertou um botão, e nada aconteceu.
— Claro que é cenográfico — murmurou para si mesmo.
Pegou a alça do estojo do microfone e foi até a salinha onde os equipamentos ficavam guardados, quase tomando um tombo no caminho. Pronto para soltar um palavrão indignado, percebeu que havia tropeçado em um grande cabo de energia que estava desconectado. Fazendo mais uma investigação rápida, seguiu o cabo até o carrossel e sorriu, empolgado como uma criança. Largou o microfone em um canto qualquer e correu para ligar o brinquedo na tomada.
Torcendo para não dar um curto na rede elétrica do prédio, BaekHyun apertou novamente o botão verde no painel de controle e o carrossel se acendeu, iluminado pelas lâmpadas coloridas, muito mais divertidas do que as amarelas de antes. Os pequenos cavalos e outros animais de tintura envernizada começaram a rodar devagar, acompanhando o ritmo da música que ele reconheceu da caixinha que tanto gostava de ouvir quando era mais novo.
Hipnotizado pelas luzes, não ouviu a porta do pátio se abrir.
— Sabe, eles realmente precisam melhorar a segurança desse lugar. É incrível a facilidade com que um estranho pode entrar aqui.
Sentindo o sobressalto no coração, BaekHyun se virou na direção da voz e suspirou, relaxando os ombros e o rosto ao encontrar parada ali. Esticou uma mão na direção da mulher, que foi ao seu encontro, entrelaçando os dedos nos dele.
— Pensa na dificuldade que seria trabalhar aqui se o Chanyeol não pudesse entrar no prédio? Não tem como barrar estranhos, não...
riu, empurrando o namorado de leve.
— Só o Chanyeol, né?
BaekHyun deu de ombros, fazendo charme.
— O que você está fazendo aqui? Achei que ia trabalhar até mais tarde, hoje.
— E trabalhei, até meu chefe ver a sua live, me perguntar a respeito e me dispensar para vir te encontrar. — BaekHyun arqueou uma das sobrancelhas, e encarou , que rolou os olhos, sorrindo. — A filha dele é EXO-L, o que eu posso fazer? Já tentei apresentar NCT para ela, mas a garota é teimo—
foi interrompida quando os lábios de BaekHyun encostaram nos seus. O beijo tinha o mesmo gosto meio doce e meio amargo de todos os outros nos últimos dias, e dos que viriam nos próximos anos, também. Uma mistura de carinho e saudade, e a sensação de estarem já tão distantes apesar dos corpos colados. O abraço foi ficando mais apertado, a respiração mais pesada, e quando percebeu, BaekHyun amarrotava a blusa da mulher com os dedos agarrados ao tecido numa tentativa inútil de não se afastar nunca mais.
— Vem — ela chamou baixinho, puxando o namorado pelas mãos em direção ao carrossel.
Sentaram-se, lado a lado, naquela ciranda mecânica, BaekHyun perdido nos olhos de , e observando o céu. A noite estava fresca, quase fria, e a lua brilhava forte, sem nenhuma nuvem no caminho para encobri-la. Não era por acaso que o relacionamento do casal se desenrolou, em sua maioria, durante a noite. Eram dois apaixonados pelas horas tardias e seus mistérios, cheios de histórias escondidas na penumbra.
BaekHyun se levantou mais uma vez, e se equilibrou entre os assentos até chegar no painel de controle. Depois de desligar o carrossel, ligá-lo ao contrário, trocar a música e aumentar a velocidade da rotação, conseguiu fazê-lo voltar ao normal, apagando somente as luzes.
— Por que você fez isso? Estava tão bonito — choramingou, mas riu em seguida, ao ver o namorado deitar-se no chão metálico entre um urso-panda e um elefante. Com duas batidinhas, ele indicou que ela o acompanhasse, e assim ela o fez.
— Agora a gente consegue ver as estrelas — explicou, puxando a mulher para o seu peito.
— Baek, me promete uma coisa? — questionou após alguns minutos, com a voz amolecida pelo sono.
— Hm?
— Me promete que, quando eu olhar para o céu à noite, cansada de dormir sozinha e chorar de saudade, eu estarei olhando para o mesmo céu que você?
BaekHyun serpenteou o braço em torno da mulher, e deu um beijo carinhoso no topo da cabeça dela.
— Só se você me prometer que, quando eu sair de lá e olhar para o final do corredor, vou ver o altar onde você estará me esperando.
Com os dedos entrelaçados, BaekHyun brincou com o anel de compromisso que usava, em conjunto com o que ele usava pendurado no pescoço. Ela sorriu, e fechou os olhos.
— Eu prometo.
BaekHyun não sabia o que esperar dos próximos meses. Estava com medo do que enfrentaria, da rotina, dos treinamentos, da possibilidade de precisar defender seu país. Mas se tinha uma coisa de que ele sabia, era que, quando tudo isso acabasse, retornaria para uma vida tão bonita e iluminada quanto o firmamento na noite mais estrelada.



Fim



Nota da autora: Claramente alguém aqui não superou o alistamento dos utts ainda.
Enquanto a gente espera os meninos voltarem o serviço e o grupo se reunir de novo, ficamos com as fanfics, hehe.
Espero que você tenha gostado!
Se quiser ler mais histórias minhas e me acompanhar, o link para a minha página de autora e redes sociais estão aqui embaixo.
See ya ♥




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