Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Eu nem acreditava.
Ainda não acreditava que teria meus momentos de paz, sem paparazzis na minha cola e sem precisar fingir felicidade todo o tempo.
Finalmente poderia ter privacidade e não dever explicações para ninguém.
Não se assustem demais - no mundo do pop, do sucesso, privacidade é o que mais falta e cansaço é o que mais sobra.
Era justamente por esse motivo que eu estava, nesse momento, em um jipe indo através de uma estrada de terra para a fazenda de uns amigos dos meus pais - onde eu não pisava tinha cerca de dez anos.
Antes que você se pergunte: não, eles não sabem que eu sou famosa e nem têm formas de ficar sabendo do mundo exterior.
Por opção.
Eu entendo, de certo modo - passar aquele tempo ali seria extraordinário, eu tinha certeza.
Quando cheguei, Bennett e Charlotte Jenkins já esperavam no grande portão, conversando e rindo. Pararam apenas quando o carro parou, e eu desci de lá com uma mala pequena e uma mochila grande nas costas.
- Querida! - Charlotte me abraçou forte, aquele tipo de abraço urso que quase te sufoca e ao mesmo tempo, tira um peso das suas costas. Figurativamente, é claro.
- Oi, Lo - cumprimentei de volta sorrindo grande para Ben, e acenando, suspirando por sentir aquele cheirinho bom de saudades.
Fomos andando até a casa tranquilamente enquanto Charlotte me perguntava como estava a vida na cidade grande - eu acabei tendo que omitir grande parte da verdade para não revelar tudo, mas acabou que não falei uma completa mentira.
A vida realmente estava cansativa, e eu também precisava resolver muitos pepinos para outras pessoas - ou a mando delas, o que sinceramente não fazia tanta diferença assim.
Suspirei, entrando degraus de madeira acima devagar e sabendo que não tinha pressa.
As próximas três semanas seriam apenas para respirar fundo, relaxar e pôr a cabeça no lugar.
Mas, também figurativamente falando - obviamente -, senti minha cabeça cair de onde mal tinha se encaixado quando o homem que eu não sabia estar ali, desceu as escadas que eu sabia levar para os quartos.
Sem blusa.
A calça pendendo no quadril, e o chapéu na cabeça.
Seu corpo moreno me dizia que ele andava bastante tempo do dia no sol, e seu tronco levemente molhado tinha duas opções - banho, ou suor.
Eu não saberia dizer qual seria menos perturbadora.
- Oh, ! Venha conhecer !
Que porra é essa?!
- Olá, prazer - por que eu sentia que ele tinha um sotaque puxado? Era isso, ou eu estava ficando maluca de pedra.
- veio do sul da França há uns 6 anos, quando enjoou de passar o dia trancado em um escritório, veio para esfriar a cabeça… e ainda tá aqui nos aturando!
- A verdade é que são vocês que me aturam - riu baixinho ao abraçar Charlotte pelos ombros e beijar sua cabeça. - Lots é como uma mãe para mim, ela é um anjo. E você, ? - eu, que estava hipnotizada assistindo a cena de carinho entre o que poderia facilmente ser confundido com mãe e filho, tomei um susto quando ouvi meu nome ser pronunciado naquele sotaque arrastado e delicioso. - Veio por que?
- Mesmo motivo - sorri debilmente, eu tinha certeza, então tentei consertar - Sabe, muitos problemas. Vai ser bom… sair da zona de conforto.
sorriu, assentindo, e então se soltando de Charlotte e me chamando com a mão.
- Vamos, vou te mostrar os quartos.
Sem titubear, fui.
- Meninos, em meia hora vou servir o almoço! Não demorem senão vai esfriar!
Ambos concordamos, apenas continuando a subir as escadas - o garoto foi mais rápido que eu em pegar a mala que estava aos meus pés e subir com ela, mesmo eu resmungando que eu mesma conseguia fazê-lo.
Agora já estávamos ali.
- Os quartos disponíveis são o de frente para a escada e o da direita.
- Então você pegou meu antigo quarto - pareceu ficar confuso com a minha fala. - É que sempre que vínhamos aqui eu pegava o da esquerda - ri sem graça. - Força do hábito.
- Entendi. E então? - ainda meio aérea, apenas apontei para o quarto aberto de frente para a escada, era bom que ficava mais perto do banheiro do que o quarto da direita, já que o banheiro era à esquerda em relação à escada.
levou a mala para dentro, a deixando em cima da cama e sorrindo para mim ao sair porta afora.
- Vai ser bom ter companhia para realizar os afazeres. De alguém da minha idade. O pessoal aqui é ótimo, mas… as vezes sinto falta. Enfim. Estou indo para a cozinha, sabe onde é, não é? - apenas acenei com a cabeça que sim, largando a mochila em cima da cama e me jogando sentada nela. - Então nos vemos lá.
Seriam longas semanas…

Após o almoço, estávamos os cinco - , Charlotte, Bennett, eu e a cozinheira (que, se não me engano, se chamava Doris) sentados nos dois sofás conversando amenidades.
Provavelmente, a pior parte seria mentir sobre minha vida para aquelas pessoas que me viram crescer - ao mesmo tempo que não me arrependia, pois sabia que era para a privacidade deles continuar intacta como a minha provavelmente nunca mais seria.
- Querida, nos disse que gostaria que o ajudasse com algumas tarefas durante o dia. Não tem problema se não quiser, mas acho que seria legal que vocês passassem um tempo juntos, não é, Ben? Eu sinto que só envelhece enquanto convive conosco aqui nesse fim de mundo…
- Você é muito chata! - reclamou rindo, e eu realmente admirei a relação deles àquele ponto. - Já disse que não envelheci, continuo gostosão e jovial! - fez cosquinhas na mulher de meia idade, o que a fez xingá-lo e bater em suas mãos enquanto ria. - Mas vai ser legal ter gente da minha idade, realmente. As festas por aqui são engraçadas, se quiser me acompanhar.
- Quem sabe? - depois de um pequeno momento de pânico, em que eu pensei seriamente em negar veementemente, decidi apenas deixar em aberto. Porque, como nos palcos eu sofria uma transformação absurda, talvez ainda fosse possível… não é? - E não é sacrifício nenhum ajudar, que isso. Não vou ficar aqui comendo e bebendo de graça por quase um mês sem ajudar em nada! Faço questão!
- Te chamo amanhã às 7h, então - parecia estar me analisando quando disse isso, olhando diretamente para mim e avaliando minha expressão.
É verdade que eu pretendia acordar mais tarde do que isso, mas não seria nenhum sacrifício de qualquer modo. No mundo que eu vivo, preciso acordar cedo muitas vezes para me adiantar em relação aos meus fãs.
- Sem problemas. Provavelmente eu já vou estar acordada, mesmo.
A expressão de suavizou e ele sorriu novamente, assentindo.
- Vocês ainda têm os cavalos, Charlotte? Gostaria de montar… faz muito tempo que não tenho contato, mas sinto tanta falta…
- Temos sim, querida. Infelizmente tivemos que vender quase todos os animais em uma crise pela qual passamos, mas ficaram por aí o garanhão Bruce e a égua Susan. Eram seus preferidos, não?
- Sim! - respondi animada. - Depois vou lá neles, então!
- Eu tenho que cuidar deles daqui a pouco, vamos juntos para lá então - falou e eu anui com a cabeça, recostando de volta no sofá e fechando os olhos. Paz.

- Susu! - saudei a egua que, parecendo me reconhecer, relinchou com gosto e fez movimentos de cabeça em minha direção, como se me cumprimentasse.
- Ela gosta de você - murmurou por trás de mim. - Ela não faz isso para muitas pessoas.
- Eu também amo ela - brinquei beijando o nariz do animal, fazendo carinho em sua cabeça. - Daqui uns dias posso tentar montar nela? Lembro dela não ser a mais mansa na hora do vamos ver… - murmurei fazendo o garoto ao meu lado rir.
- Ela não é. Apesar de que, do jeito que te recepcionou, acredito que ela não faria nenhuma gracinha para te derrubar.
- Hmm, vou te ajudar depois então - ele sorriu na minha direção. - Agora precisamos pentear eles, limpar as baias e depois colocar comida. Sabe como as coisas têm que ser feitas?
- Acho que me lembro, sim. Qualquer coisa você me corrige, hum?
- Claro - se afastou para pegar as coisas e então começamos a limpar toda a bagunça que aquelas crianças faziam por ali.
- Eles têm sistema semi ou intensivo?
- Semi - parecia me olhar meio chocado por eu saber sobre aquilo. - Só estão presos para comer e depois serão soltos novamente. E antes que você pergunte, sim, essa bagunça só tem duas horas!
- Meu Deus, crianças! - ambos rimos alto.
O tempo passou rápido e fácil, com eu e conversando e descobrindo coisas simples um do outro - como nossos hobbies favoritos e amizades.
A noite logo caiu, então eles entraram e foram jantar, para logo depois se deitarem e nem sequer pensou em pegar no celular - pois o sinal era bem fraco, só dava para trocar algumas mensagens, mas não era possível acessar a internet, apenas virou para o lado e dormiu.

A próxima semana seguiu igual, até que chegasse o final de semana, e aparecesse às 21:30h na porta do meu quarto arrumado. Eu estava sentada na cama, finalmente trocando confidências com Milly - minha melhor amiga, e me preparando para dormir.
O olhei, confusa, pois a essa hora ele também já havia ido se deitar pois levantariamos cedo no outro dia para te tudo novamente.
Sinceramente, a rotina não só não era de todo ruim, como era cansativa e produtiva num nível alarmantemente bom.
E bom, obviamente a companhia de ajudava muito.
- Vai aonde? – perguntei de curiosa, o vendo se encostar no batente da porta e sorrir para mim.
Ah, esse sorriso maravilhoso.....
- Na verdade, ia te convidar para vir junto – coçou o pescoço. – Festa na casa dos caras. Achei que seria interessante te mostrar que sabemos nos divertir também.
- Eu sei que vocês sabem – ri – Hum, eu ate aceito. Mas você me espera me arrumar? Não acho que vá demorar muito, mas não prometo ser tããão rápida também – sorri sem graça. – E... não, esquece – me levantei, me arrependendo imediatamente da questão que iria levantar.
- Fala! – pediu, me fazendo suspirar.
- Não, era bobeira. Me espera aqui, sim?
Fui na direção do pequeno guarda-roupa do quarto pegar uma roupa, e as peças escolhidas foram uma calça jeans cós alto, uma blusa soltinha branca e de tecido deslizante, e uma sandália baixinha para os pés – além da lingerie combinando só por via das dúvidas.
Fui ao banheiro, tomei um banho rápido, apenas molhando o cabelo para fazer fitagem dali a alguns minutos. Troquei de roupa rapidamente no banheiro, já saindo pronta para me maquiar – que acabei optando por passar apenas corretivo, rímel e um batom vermelho que eu não sabia que não sairia tão fácil.
- Vamos? – quando me virei, dei de cara com me encarando descaradamente, sem ao menos conseguir (ou querer, eu não tinha certeza) disfarçar.
- Já está pronta? – perguntou com uma expressão boba, me fazendo rir enquanto enfiava o celular embaixo do travesseiro.
- Você está achando que eu sou quem?! Me arrumo rápido! – os dois riram. – Vamos a pé?
- Está doida? - sua feição era de incredulidade - Já olhou em volta? É tudo fazenda! Vamos no jipe da dona Charlotte.
Concordei com a cabeça, entendendo, então fomos tranquilamente - considerando que os Jenkins já estavam dormindo e conforme ele já havia deixado um aviso na mesinha da cozinha.
No carro o clima foi tranquilo, com uma música aleatória tocando - eu rezava para que não tocasse nenhuma minha, ou mesmo que ninguém me reconhecesse na festa, pois eu realmente queria conseguir me divertir - até que chegamos ao centro da cidade. Em sua maior parte, as lojas estavam fechadas e tudo silencioso - apenas se podia ouvir um foco ou outro de música pelas ruas.
Chegamos em uma casa onde tinha bastante gente - não o suficiente para estar lotado, mas o suficiente para eu me tremer todinha.
Resolvi tentar deixar meus problemas e preocupações do lado de fora, apenas entrar de cabeça erguida.
Porém senti meu coração afundar quando senti uma mão quente pegando na minha, justamente por saber que o dono dela era e que ele estava me guiando por entre as pessoas.
Seguimos para a cozinha e ele pegou duas garrafas de cerveja, abrindo a primeira e me estendendo, abrindo a outra em seguida e dando longos goles na bebida gelada. Ainda hipnotizada, porém subitamente com sede, dei alguns goles menores e sorri quando o garoto olhou para mim.
Seus olhos calorosos em mim quase me reduziam a pó, e eu estava tendo que me controlar seriamente para não colar minha boca na sua e beijá-lo até o fim dos dias.
- Vamos dançar? - convidou, e mesmo um pouco sem jeito, acabei aceitando.
A noite passou entre risadas, danças coladas, danças quase típicas e muitas apresentações - e bastante bebida da minha parte.
bebeu apenas duas cervejas, alegando que estava dirigindo - o que não era uma total mentira -, mas me fazia mais curiosa sobre aquele homem bêbado. Será que ele ficaria carente? Ou safado? Agressivo era quase impossível, então eu fingia que essa opção não existia para o bem da minha sanidade.
De qualquer modo, do que havia conseguido se safar, eu não havia.
Estava muito mais "saidinha", dançava colado com e também com uma menina que havia conhecido - Sabrina - e era muito legal, mas apenas para provocar meu colega de casa.
Parecia estar funcionando.
Eu notava seus olhos em mim todo o tempo, nas minhas reboladas e também nas minhas bebidas. Deus o agradecesse por isso.
Em certo ponto da festa, eu já não me importava mais tanto assim com a minha imagem pois ninguém ali parecia realmente me conhecer, então… por que não uma noite de bebedeira que não corre o risco de sair no jornal?
E assim como parei de ligar, parei também de me policiar, e passei a realmente dar em cima de .
Isso incluía fazer tudo olhando para ele, até mesmo beber do meu canudinho da forma que eu podia jurar que era o mais sexy possível. Passava a mão em meus cabelos os bagunçando, sabia que eles deviam estar uma juba, mas então estavam como eu: selvagem.
Reconhecendo minha própria música, comecei a cantar indo em sua direção, apenas para provocar.
I've always been the kind of girl that hid my face
So afraid to tell the world, what I've got to say
But I have this dream bright inside of me,
I'm gonna let it show, It's time to let you know
Levei a mão à sua nuca, e apenas me observava com a língua entredentes, parecendo segurar um sorriso e apertando minha cintura como quem busca controle.
This is real, this is me, I'm exactly where I'm supposed to be now
Gonna let the light shine on me

Era uma provocação.
Com certeza.
E não deixaria por baixo.
Eu não esperava isso, esperava justamente que ele revidasse.
E ele revidou.
Revidou com um apertão forte na minha cintura - que começou a me desmontar todinha - e beijos em minha clavícula e pescoço.
Agarrei seus cabelos por impulso, colando ainda mais nossos corpos e fechando os olhos, deixando a cabeça pender para o lado em apreciação.
- Por que não me beija de uma vez? - não resisti em murmurar, apertando os cabelos macios nos dedos com ainda mais força quando me olhou profundamente, e depois diretamente para meus lábios. E me beijou.
E que beijo…
Uma mistura de doce do chiclete, com o amargo das cervejas, e nossas próprias salivas formavam um afrodisíaco que eu sabia que não encontraria mais em lugar algum.
Nossas bocas lutavam por espaço na outra, pela dominância, para saber quem iria chupar o lábio do outro primeiro ou a língua, ou morder; e era tudo tão excitante quanto nunca foi.
Foi assim que passamos a próxima hora – deixando nossos lábios dormentes do ósculo quente e inquebrável.
- Vamos, temos que ir para casa – murmurou com a boca colada em meu pescoço, me dando arrepios, porém não tentou se levantar.
- Eu sei – gemi em lamento. – Não quero sair daqui.
- Da festa?
- Dos seus braços – murmurei antes que a timidez me pegasse e me impedisse de falar o que queria. me encarou com um sorriso enorme, concordando com a cabeça.
- Eu também não quero que você saia daqui – murmurou chupando meu lábio inferior. – Mas vamos, realmente precisamos ir para casa. Já passa das duas da manhã, e temos que acordar cedo para ordenhar as vacas.
- Por que mesmo você falando isso eu ainda quero transar com você e sei que vou ficar querendo? – me questionei realmente, sem pensar muito sobre, fazendo me olhar curioso.
- Então quer dizer que você transaria comigo? Aqui e agora?
- Aqui não – resmunguei rindo. – Mas assim que chegássemos em casa? Com certeza...
- Você não vale nada – reclamou mordendo meu pescoço, me fazendo arquejar em surpresa. – Em um bom sentido! Pois fica me provocando. Sabe disso, não é?
- Eu não provoco por nada – murmurei em confidência. – Posso estar bêbada, mas estou bem consciente de meus atos e nem estou andando torta! Você tem que me dar um troféu, vai – ambos rimos e finalmente nos levantamos.
Voltamos para a fazenda do mesmo modo que saímos – com uma musica vindo do radio e eles conversando amenidades.
Quando chegamos à casa, fomos ambos para o primeiro quarto que estava disponível – e eu até preferia assim, pois era meu local de conforto e, se algo – Deus me livre e guarde – acontecesse, seria mais fácil que me ouvissem do lado direito do corredor, onde era o quarto dos Jenkins.

Mais uma semana havia se passado desde que tudo realmente começou entre os dois, e eles se encontravam todas as noites no quarto de um deles – cada dia em um.
As coisas não podiam estar melhores, mas é claro que algo ainda podia dar errado.
Eu sabia que algo estava errado quando Charlotte me chamou para atender sua linha fixa.
Quem mais poderia ligar para aquele número além dos meus agentes, considerando que até com meu pai eu falava por mensagens, ainda que elas demorassem a chegar tanto para ele quanto para mim?
- – ouvi a voz de Jeff, e eu sabia que estava encrencada. – Você precisa voltar amanhã – soltou a sentença sem esperar que eu estivesse minimamente pronta. – As pessoas estão começando a estranhar seu sumiço e você irá fazer um show em uma ação beneficente amanhã, sim? Não se atrase, seu voo está marcado para 10h da manhã de amanhã, e você vira direto para o estádio, então durma muito bem esta noite – e desligou.
O choque perdurou por vários minutos, e as lagrimas vieram logo em seguida, mas resolvi as ignorar por hora como se isso fosse fazê-las sumir magicamente – quem me dera.

Quando eram 19h, e já havíamos acabado os afazeres da fazenda, então sem ter como lutar contra, subi para meu quarto e comecei a arrumar minhas coisas. Planejava contar durante a janta sobre a mudança de planos forçada, mas é claro que algo tinha que dar errado.
As coisas sempre acabavam dando errado.
- ? Já está se arrumando ou...? – a frase de morreu ao meio, ao ver aquele caos na minha cama e as roupas sendo dobradas para serem enfiadas dentro da mala e mochila com pressa.
Puta que pariu, nosso segundo encontro.
- O que houve? Por que você está indo embora? – quando não houve resposta, tentou de novo. – ?
havia se mostrado um homem excepcionalmente carinhoso, compreensivo e brincalhão, coisa que ele não demonstrava para qualquer um. Nem mesmo seus amigos viam tanto esse seu lado, pôde perceber quando foi às festas com ele.
Ainda assim, a confusão na voz do garoto a machucou.
E a lembrou de que, por mais que eu tentasse, nossa relação ainda era uma mentira.
Uma enorme e fabulosa mentira.
- Eu- deu problemas em casa, preciso ir – me virei após passar as mãos no rosto, e coloquei o sorriso mais verdadeiro possível no rosto. – Mas eu volto logo, sim?
- Mentira – foi quase automático proferir essa palavra, que fez meu coração doer e eu acabei abaixando a cabeça em vergonha. – Se lembra que eu consigo ver a verdade em seus olhos? E a mentira também... – murmurou pigarreando, aparentava estar bem chateado. – Posso tentar de novo? Por que está indo embora?
O silencio foi o que recebeu, ao menos por alguns minutos.
Quando finalmente levantei o olhar, meus olhos estavam marejados e eu o enxergava embaçado, mas sabia que me observava atentamente.
- Preciso ir para casa – não era mentira. – Eu... – hesitei – sou famosa e tenho que resolver muitos problemas por lá, inclusive uma carreira em decadência.
Pisquei e esfreguei os olhos para espantar as lágrimas, apenas para ver acenar com a cabeça lentamente.
- Muitas coisas fazem sentido agora – sorriu desacreditado. – Puta merda, a gente podia ter sido extremamente exposto e você não pensou em nos contar em nenhum momento?!
- É nisso que você está pensando? – perguntei chocada. – Eu não contei justamente para proteger vocês! Ou você acha que eu gostaria de mil paparazzis aqui em frente?
- Isso foi escolha sua, não nossa – murmurou, parecendo não me escutar completamente. – É até melhor você ir embora, porque...
- O que? Você não escolheu isso? É, eu sei, nem eu! Ou você acha que gosto que invadam minha privacidade a ponto de tirar fotos da minha janela?! Está muito enganado! – grunhi frustrada, e então me olhava chocado. Talvez até chateado. – De qualquer modo, isso não daria certo, não é? Você é daqui, eu não sou... a equação é simples. Eu que compliquei tudo e provavelmente gosto de sofrer e não sei. Então, por favor, me deixa sozinha com a minha bagunça, ok? – sem falar mais nada, se virou e saiu do meu quarto, indo sabe-se lá para onde.
Eu sabia que seria somente o tempo dele pensar.
Sabia que ele voltaria para conversar mais, porque isso era a cara de .
Mas ele encontrou minha porta trancada quando voltou, e não insistiu, provavelmente certo de que conversaríamos no dia seguinte bem cedo.
Ou não.
Não fazia tanta diferença assim, àquela altura.
Eu fui embora mais cedo do que era necessário, visto que mal havia dormido de qualquer modo, apenas deixando um bilhete de despedida para os Jenkins na mesa da cozinha – visto que não havia tido coragem de falar no dia anterior, no jantar.
E um especial para – sabendo que ele tinha o sono pesado, coloquei por debaixo de sua porta.
Ainda que não soubesse se ele iria realmente ler e entender.
“Oi.
Não vou me alongar porque não precisamos disso.
Não estarei quando você acordar, e se não quiser ser exposto, por favor não me procure.
Acredito que já não faria de qualquer modo, mas... é apenas um pedido.
Até mais. Nos vemos, quem sabe?
De sua, .”


Fim?



Nota da autora: Hey ho!
Tudo bom com vocês?!
Por favor, nao queiram me matar! hehe
Essa short tem continuação, só não é aqui hmkk
Espero vocês na próxima. <3

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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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