Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

De onde você veio?
Não vai me dizer seu nome?
Estou tão ansioso para saber
Estou muito curioso para saber
Se você veio da lua ou das estrelas
Eu não me importo
Você é igual a mim

BTS — Where You From


Fechei o livro ao ouvir o meu nome ser chamado e direcionei meu olhar para frente, vendo Namjoon me encarar como se eu fosse um estranho. Talvez estivesse me chamando há algum tempo e como eu estava imerso na leitura daquelas páginas, não tinha o escutado.
— É a sua vez — ele me disse e, vendo meu cenho franzido, completou: — Fotos. É a sua vez de tirar foto.
— Jungkook! — Movimentei a cabeça em um ângulo com pouco menos de noventa graus, vendo a feição de Suga logo atrás de Nam. — Eu adoraria terminar hoje.
Suspirei, sentindo o corpo pesado, e deixei o livro no sofá. Me espreguicei antes de caminhar em direção à porta que separava o estúdio de fotos da sala de espera em que estávamos. Eu já não sabia mais como minhas pernas estavam se movendo, depois de toda a agenda maluca, mas caminhei para o outro ambiente, assumindo o perfil profissional e entregando o melhor de mim dentro daquela sala. Uma hora o descanso viria.
Quando terminamos a sessão, agradeci cordialmente a equipe responsável da revista ocidental que havia se locomovido para Seul somente pela cobertura para a matéria que sairia em breve sobre o BTS, então acompanhei os demais membros e fomos direto para a saída. A sequência de fotos individuais e depois em grupo só não terminou tão animada porque todos estávamos cansados e famintos. Dentro da van não se falava em nada além da expectativa por um belo banquete à nossa espera no prédio da Hybe.
Eu bem queria uma mesa cheia do que quer que fosse, não mediria sabor nem nada, apenas que entrasse em meu estômago e tapasse o buraco que o vazio dentro dele deixou. Fazer exercícios físicos com rotina exigia que a alimentação fosse bem cuidada também, porém, com o tanto de trabalho dos últimos dias, eu não estava conseguindo conciliar os dois muito bem. Não é como se a fome passasse despercebida, mas sim, quando o cansaço é tão excessivo do jeito que eu já estava acostumado a ter, era muito mais fácil deitar e dormir do que se alimentar primeiro.
A vida glamurosa de holofotes, show business e etc, esconde muitas peripécias — nem sempre tão boas.
— Você vai querer comer o que, Jungkook? — Taehyung, sentado ao meu lado, perguntou.
— Cara, estou com tanta fome que qualquer coisa que colocarem na minha frente eu vou comer.
— Mas é claro, qual outra resposta teríamos ouvido do maknae? — Seokjin brincou, sentado na fileira de bancos da frente.
— Estava pensando em comer naquele food truck que colocaram no prédio, o que acham? — Namjoon lembrou, virando-se lá da primeira fileira, parecendo animado. — Não é como comer na rua, mas dá pra ter um gosto de um bom, suculento e gorduroso sanduíche artesanal.
— Inclusive, saudades daquele lanche que a gente comeu no Brasil — Hoseok completou, sentado ao lado de Seokjin, que assentiu para a lembrança dele.
Na verdade, todos nós assentimos, fazendo alguns segundos de silêncio para aquela lembrança com um certo pesar. Não fazer shows e poder viajar o mundo todo como estávamos acostumados realmente foi o maior peso; a saudade não era somente dos palcos e viagens, mas também de todos os nossos fãs que sempre estiveram do nosso lado, encontrar a multidão que nos deu tudo o que temos era, de fato, a melhor parte de ser quem nos tornamos.
— Bom, só porque teremos três dias seguidos de folga, eu aceito o tão suculento e gorduroso sei lá o quê — Suga cortou o silêncio, erguendo os braços acima de sua cabeça para se espreguiçar, acertando minha têmpora com seu cotovelo. — Desculpa.
Sorri para confirmar que aceitava seu pedido de desculpas, voltando o olhar para meu celular. Abri diretamente o aplicativo do novo food truck colocado no pátio de alimentação do prédio da Hybe, vendo o cardápio e me lembrando da moça que trabalhava ali. Fazia poucos dias que tinham começado a funcionar e acabaram por se tornar uma grande sensação pelas opções diferentes de lanches, além de ser uma saída fácil para qualquer um que trabalhava no prédio; e eu notei que, diferente das outras cafeterias e restaurantes que um dia foram abertos na seção de alimentação da empresa, a equipe daquele food truck se fazia mais marcante.
A tal moça era diferente.
Não somos de uma cultura muito adepta às relações mais abertas com aqueles que não muito bem conhecemos, até mesmo quando há uma aproximação de mais tempo, ainda é um tanto raro existir interações de tamanha intimidade. Mas eu pude notar, dos poucos dias desde que estava ali, que ela era completamente diferente do que eu já havia visto em meu país natal. Me recordo de ter ouvido de alguém em uma das vezes que passei pelo local para comprar uma água ou alguma coisa rápida para beber, que ela era de Gwangju e que deveria colocar em sua vida pessoal o tom mais animado e feliz que passava aos outros no âmbito profissional.
O que me deixou intrigado, pois parecia ser um tipo de pessoa transparente consigo. Isso realça que as aparências podem enganar a gente.
Conforme estávamos mais próximos do prédio da Hybe, comecei a sentir uma pequena ansiedade pelo momento, iria vê-la novamente. E isso estava me deixando animado; a energia que ela emanava causava esse interesse, como se fosse um imã puxando um metal. Eu sendo o metal, claro.
— Você já sabe o que vai pedir?
Olhei para Taehyung, sorrindo para mim animado e como se há poucas horas não estivesse com um humor ácido pelo cansaço.
— Acho que vou querer um lanche simples, não sei… — Entortei os lábios. — Prefiro olhar o cardápio primeiro. — Mas é claro, nem você acredita que pegaria um lanche simples.
Hoseok comentou do lugar em que ele estava e eu ri fraco. Guardei meu celular e prestei atenção no lado de fora da van que se movimentava, logo avistando o exuberante prédio. Sorri com a lembrança inevitável do caminho percorrido para chegar ao lugar em que estávamos, incluindo o luxo da nova locação da empresa — era gratificante saber que grande parte do meu trabalho pôde contribuir com aquilo, assim como o conjunto todo do grupo. Quando você encontra uma forma de sucesso, sem se importar de fato com o lado supérfluo, mas visando aquilo que trata o bem, a essência, os ganhos alcançados se tornam a consequência, o resultado passa a ser adição não só material, porém intelectual.
A van parou dentro da garagem subterrânea, devagar fomos sendo retirados do veículo, de forma organizada, e pudemos caminhar para o elevador. O papo entre nós era apenas um: a fome e a quantia de comida que seria ingerida. Dentre os sete, eu e Jin éramos os que mais comiam, enquanto para os outros qualquer coisa já se fazia suficiente, principalmente Jimin e Yoongi.
— Hoje eu aposto que quem desiste primeiro é o Jungkook, ele parece cansado demais para mastigar mais do que o comum.
— Namjoon, tem certeza de que me conhece? — respondi ao comentário de Nam, enquanto estávamos saindo do elevador.
— Eu criei você, garoto — ele rebateu, me olhando com uma careta engraçada.
— Nós, você quis dizer. — Seokjin se apoiou no ombro dele e os dois caminhavam atrás de mim pelo saguão, no caminho até a área de alimentação do prédio. — Porque essa peste aí veio cheirando fralda pra gente.
— Vamos começar a falar do jovenzinho de ouro de Busan? — Yoongi, caminhando à frente em um papo animado com Hoseok, virou o corpo, dando seus passos de costas para o caminho. — Porque se vamos ter a sessão nostalgia, quero uma boa e bela garrafa de soju.
— Para se sentir menos idoso?
— No caso seria mais, não, Jimin? — Taehyung trocou olhar com o outro, os dois também entrando no assunto.
Revirei meus olhos, suspirando. Era mais do que comum os seis se juntarem e começarem a falar sobre mim, principalmente em períodos nostálgicos como a época próxima ao aniversário de debut do BTS; todos os papos se voltavam para como Jimin havia se tornado um homem adulto, Seokjin e seu rosto banhado ao formol, Yoongi se tornando um homem menos ranzinza, Hoseok o mesmo ser alegre, Namjoon com cabelos melhores, Taehyung com os anos se passando e tornando-se uma pessoa mais reservada, e eu o “jovenzinho de ouro”.
De certa forma, reconheço o carinho, já que ele é dividido entre todos nós.
— E por falar em nostalgia, já sabem que daqui cinco dias teremos nosso jantar especial super reservado no apartamento do Taehyung, sim?
Olhando para Taehyung, falando sobre si em terceira pessoa, no mesmo instante que paramos em frente ao food truck. Começaram os comentários por aquele assunto que surgiu de forma aleatória e eu virei o rosto, colocando minhas mãos dentro dos respectivos bolsos da jaqueta jeans, a vendo. Torci os lábios, pensando que deveria ser bem visto que tivesse uma etiqueta em seu uniforme para que o nome fosse identificável. Era frustrante não saber o nome de alguém que eu gostaria muito de conhecer mais.
Entretanto, o que mais se fez frustrante no momento em que a encarei, mesmo de longe, foi notar que seus movimentos no balcão estavam sendo limitados. Ela parecia limitada, triste, abatida, e eu podia notar isso com apenas aquele olhar mais cético. Não estava feliz e isso acabou por me incomodar. Talvez fosse a falta de costume de, de repente, ver aquele contraste dela com os dias anteriores.
— Enquanto vocês ficam aí discutindo qualquer aleatoriedade, eu vou comer. — Revirei os olhos, caminhando para longe do restante e indo para meu destino final.
Infelizmente, quando cheguei perto, ela saiu.
Parei no balcão e fiz meu pedido, observando quando ela saiu pela lateral do pequeno food truck, tirando a touca que protegia os fios de cabelo da queda e segurando firme seu celular, olhando para ele como se pudesse o fazer sumir. De dentro, ali da cozinha, o rapaz mais velho a gritou que não demorasse. Os passos que ela deu em direção à saída eram apressados e eu ainda sentia aquele incômodo, vendo uma desconhecida que há alguns dias me causava aquele sentimento intrigante.
Eu queria muito saber de onde ela era, porque deveria ser o lugar de onde veio que a deixou tão carregada dessa aura diferente e brilhante, como se fosse a única pessoa no mundo capaz de me chamar a atenção.
E eu já andei o mundo inteiro, já vi muita gente.
— Se você continuar olhando mais, além de ser o último a comer, vai fazer ela tropeçar nos próprios pés — Yoongi disse em meu ouvido e eu me assustei, olhando o cardápio em minha mão, confuso por não me lembrar quando o tirei da bancada. — Está com aquela feição estranha dos olhos congelados em uma direção qualquer — completou, tomando de minha mão o menu.
Respirei fundo, abaixando meus ombros e olhando de volta para o caminho que ela fazia, vendo-a entrar no elevador. Seu rosto sério foi a última coisa que eu pude ver.


— Tem certeza de que está tranquilo para ir embora sozinho? Dá pra deixar seu carro aqui e eu te deixo em casa. — Encarei Hoseok uma última vez, assentindo novamente.
— Sim, senhor… É tranquilo esse horário e eu não estou caindo de sono igual o
Taehyung. — O tranquilizei, tocando em seu ombro.
— Então... Até amanhã. Vê se não vai para Itaewon, hein? — ele brincou, começando a se afastar para seu carro.
Ri fraco de seu comentário e, sem muita força para dar continuidade, apertei o botão do alarme do meu carro para desativá-lo. Hoseok logo entrou no seu, acompanhado de Jimin e V, que estavam exaustos, e seguiu seu caminho para fora da garagem. Ao entrar no veículo, respirei fundo e dei a partida, não demorando muito para sair dali também. O GPS me deu a melhor rota e mais rápida e eu segui.
Na primeira rua que virei, logo ao lado do prédio, sendo estreita, pequena e vazia, tive que parar para passar um outro carro mal estacionado, que cobria quase tudo. Não estava com condição de buzinar, ou chamar qualquer atenção para isso, então dei meu melhor como motorista e consegui passar. Mas, olhando pelo retrovisor para trás, senti meu coração trepidar e meu corpo travado ao ver quem estava saindo do carro. Pisei no freio com uma intensidade maior do que o normal, fazendo meu corpo balançar para frente e voltar.
— Aish! — reclamei do tranco em meu pescoço e continuei olhando pelo espelho, sem notar que apertava o volante extremamente forte.
Ela parecia nervosa e bateu a porta do carro com força. Do outro lado um cara saiu, a passos firmes em direção a ela. Eles gritavam um com o outro e ela tentava se desvencilhar dele a todo custo. Até que começou a chorar e eu não consegui me conter, mal notando quando abri o porta-luvas, tirei uma máscara e a vesti, desliguei o motor, tirei o cinto e saí, batendo a porta.
— Ei… Tudo bem? — disse alto e grosso, atraindo a atenção.
Notei que o homem deu um passo para trás e virou o rosto em minha direção com a sobrancelha levantada.
— Sim — ele disse.
Mirei meu olhar para ela, a vendo com os olhos vermelhos e braços cruzados; quando nossos olhares se encontraram, ela desviou para o chão, encarando seus pés.
— Está tudo bem? — repeti a pergunta, querendo a resposta dela.
Novamente me encarou, notando minha insistência. Umedeceu os lábios e suspirou antes de dizer:
— Sim. — Seu sorriso não me convenceu. — Eu-
— Isso é uma situação de um casal, não deve se intrometer — o outro me disse, a interrompendo.
— Ah, sim, mas… — Pensei rápido em uma resposta. — Me desculpe, mas eu preciso dela no prédio. Estavam a procurando…
— A essas horas? — Encarou o relógio em seu pulso, um tanto cético.
Para minha surpresa, ela se pronunciou, fungando o nariz:
— Sim, querido… — Sorriu genuína para ele, alcançando sua bochecha. — Eles trabalham 24 horas por dia e eu esqueci que tinha turno à noite no food hoje — justificou.
— E por um acaso ele é seu chefe? — Apontou para mim, ainda soando grosseiro e desconfiado.
Antes que eu pudesse tirar minha máscara na tentativa de ser reconhecido, ela deu um passo em minha direção.
— Claro que é. — Manteve o sorriso e se virou para mim. — Obrigada por me avisar. — Se curvou rapidamente. — É melhor eu ir. E você também, Geum-ho.
— A gente não terminou por aqui, .
Ele deu a volta no carro, sem se despedir de mim e me encarando. Quando sumiu de nossas vistas, dando a ré para pegar a avenida, um silêncio se instalou entre nós dois.
, então esse é o nome dela.
— Você quer uma carona? — perguntei, cortando o silêncio, colocando as mãos dentro dos bolsos do moletom que usava.
— Não precisa se preocupar, moro um pouco longe daqui… — A vi corar e assenti.
— Posso te deixar na estação de metrô, acho que pelo horário ainda não fechou — insisti.
— Não é mesmo necessário, de verdade. Obrigada. — Se curvou novamente e eu me segurei para não revirar os olhos, reconhecendo que era apenas o modo respeitoso
— Eu não vou insistir, mas também não vou te deixar sozinha a essa hora. Então, por favor, aceite.
me encarou com os ombros caídos e eu me senti um pouco insistente demais, mas de certa forma tranquilo por vê-la aceitar meu pedido, não ficaria tranquilo a deixando ali e sabendo que tomaria o caminho a noite, em uma área pouco movimentada naquele período, totalmente sozinha. Não era seguro e eu tomei isso como responsabilidade minha.
Ela me acompanhou até o carro que deixei parado a poucos metros e abri a porta para que entrasse, ouvi seu agradecimento baixinho e assenti com um mínimo sorriso. Dei a volta no veículo e tomei meu lugar no banco de motorista, tirando a máscara do meu rosto. Permanecemos em silêncio por algum tempo, com o carro já em movimento, e eu me desliguei completamente do caminho que estava fazendo quando a ouvi começar a falar:
— Geum-ho nem sempre foi assim. — Seu tom era de quem queria justificar. Não disse nada, sentindo que ela iria completar. E assim o fez. — Ele começou a trabalhar em uma zona afastada e o cansaço tem causado esse estresse.
Respirei fundo, pensando bem no que diria a ela. Não é um assunto do qual eu tenha propriedade, mas no meu papel de ser humano eu compreendo que esse tipo de violência uns para com os outros não se justifica por um estresse. Ninguém deve ser saco de pancada para os problemas pessoais do outro.
— Mas, de qualquer forma, obrigada.
Virei o rosto em sua direção rapidamente, aproveitando o semáforo vermelho.
— Não precisa agradecer — respondi de forma neutra. — Você se chama , certo?
— Oh! Me perdoe, eu não me apresentei! Sim, Oh . — Sorriu simples. — E o seu é Jungkook, sim?
— Sim. Jeon Jungkook.
Novamente, o silêncio se fez entre nós e eu logo avistei a entrada da estação de metrô, ainda estava aberto e eu parei. Apesar de querer deixá-la na porta de sua casa, ainda era necessário respeitar suas vontades. Não queria deixar desconfortável e não dar ouvidos à sua voz.
Me pareceu que ela não tinha isso com Geum-ho, uma espécie de personalidade e atitudes próprias respeitadas dentro do próprio relacionamento.
— Bem, sua noite de sorte. Está aberto — disse com um sorriso pequeno quando parei o carro. — Tem certeza de que não quer mesmo que eu te deixe em casa?
— Sim. Obrigada mesmo… — Notei sua hesitação na forma como iria me chamar e logo a cortei educadamente:
— Pode me chamar de Jungkook mesmo.
Ela sorriu assentindo e levando a mão até a maçaneta da porta.
— Então obrigada, Jungkook.
abriu a porta e saiu, sem olhar para trás; tinha essa aura decepcionada em cima dela que eu conseguia notar, me dando a certeza de que toda e qualquer desculpa que era dada para os outros, se fazia pelo desejo dela mesma acreditar naquilo. Quando ela bateu para fechar, abaixei o vidro, usando meu tom mais alto para dizer:
— Os bons velhos tempos ainda estão por vir…
— O quê? — Se virou para mim, confusa.
— No seu food truck está escrito isso em inglês. Não está?
— Ah…
Olhei em seus olhos, tentando o meu melhor para não soar invasivo e apenas como uma pessoa lhe oferecendo apoio. É o que eu podia dar naquele momento.
— Então, os bons tempos virão. A gente só precisa querer que eles venham.
Novamente ela assentiu para mim, apertando a alça de sua bolsa e virando-se para o caminho que estava fazendo.
Eu não sabia de onde vinha aquilo e muito menos ela, mas eu tinha certeza de que gostaria de encontrar a resposta.

Mais um dia que eu ia embora depois de uma tarde de ensaios e mais ensaios, meu corpo parecia pronto para simplesmente deitar e aproveitar a inércia pelos próximos dias de folga, se recusando a todo e qualquer desvio de percurso. Já havia recusado os convites de amigos e até mesmo dos outros membros do grupo que queriam sair por ser sexta-feira; para mim significava o início de três dias de folga que eu aproveitaria no conforto da minha cama, em minha casa, tranquilamente.
Me despedi de todos e saí, decididamente, sem nem olhar para trás. Dentro do elevador, aproveitei para ver algumas mensagens e desliguei o celular, depois de avisar aos mais próximos que estaria completamente offline nos próximos dias — sob reclamações, inclusive, dos meus amigos BTS, já que perderia o jantar na casa de Taehyung.
Senti meu estômago dar sinal de vida e fiquei decepcionado por já ter passado o andar da área de alimentação, não queria voltar, e não ter visto no food truck nos últimos dias não me deixou animado para isso também. Então continuei caminhando para a garagem, ao sair do elevador. Era noite, o que mais uma vez fazia parte da minha rotina: entrar com o sol brilhando e sair à luz do luar.
Parei de caminhar quando notei que meu carro não estava na vaga de sempre, me lembrando que naquele dia eu havia chego um pouco atrasado e, pelo momento de grandes projetos de toda a empresa, o prédio estava cheio, o que me fez ficar sem uma vaga, tendo de estacionar bem ao fundo. Meu carro estava em uma vaga perto da área de serviços do prédio. Caminhei até ele, notando uma movimentação numa van parada próxima, iluminada sob pouca luz.
Não dei muita atenção e destravei o alarme, me apertando entre o carro parado e o meu para entrar.
— Jungkook?
Ouvi meu nome e me virei rapidamente, ao reconhecer a melodia que não saía das minhas lembranças recentes.
— Oi, . — Nós dois nos curvamos simultaneamente. Ela estava do outro lado, com o carro que estava parado ao lado do meu nos separando.
— Como você está?
— Estou bem… Um pouco cansado, mas bem. — Sorri amarelo, evitando o bocejo.
— Dá pra notar. — Ela fez uma careta, saindo de onde estava e parando na traseira do veículo, segurando sua caixa de alface. — Bom descanso. Volta amanhã?
— Não, tenho folga pelos próximos dias. Final de semana livre. — Meu sorriso aumentou de forma verdadeira.
— Isso é muito bom.
— Sim!
Olhei para seu semblante mais sereno, como eu estava acostumado a reparar e que me fez ter toda atenção nela. O que há alguns dias me passava a ideia de que ela não estava bem, nesse momento me dizia completamente o contrário.
— Bem, eu vou indo — comecei a me despedir, abrindo a porta. Eu adoraria ficar ali conversando com ela, queria isso, mas meu corpo clamava por descanso. — A gente se vê, . — Acenei, a ouvindo se despedir enquanto eu entrava no carro.
— Até mais. — Quando eu estava prestes a fechar a porta, ela me chamou: — Jungkook! — coloquei metade do meu corpo para fora, com dificuldade pelo pouco espaço. — Os bons velhos tempos chegaram… — Levei um tempo para compreender e quando o fiz, sorri. — Obrigada por isso.
Assenti, mantendo o sorriso e também muito aliviado, e assim que ela caminhou para a direção oposta, eu fechei a porta, dando partida no carro e saindo da vaga. Tive um tempo para pensar no que em minha mente vinha sendo trabalhado nos últimos dias. Não sabia muito sobre , mas eu sabia que queria saber mais, além de seu nome e sobrenome. Também queria saber o que a fazia bem, para poder ser parte disso; saber de onde ela veio e o que a fazia.
Andei com o carro em uma velocidade mínima, acompanhando a caminhada dela, e abaixei a janela, tendo sua atenção.
, você gosta de café? — perguntei.
— Sim?
— Aceita tomar um café comigo?
A vi hesitar e decidi colocar humor no convite.
— Não pelos próximos dias, porque eu realmente preciso de um descanso. Na próxima semana, quando tiver um dia livre, talvez?
umedeceu os lábios e riu fraco, olhando de sua caixa para mim, com um sorriso fechado.
— Eu adoraria, Jungkook.


FIM



Nota da autora: Olá! Obrigada por ler e, se possível, não esqueça de comentar. É muito bom saber o que você achou da história. Espero mesmo que tenha gostado! Por último, aqui tem o link onde você consegue acompanhar a autora pelo instagram e entrar no grupo dos Leitores da May 🎈



Nota da beta: Ai ai, eu amei essa história, mas isso nem é novidade, né? Eu amo tudo o que você escreve.
Esse final deixou aquele gostinho de quero mais, hein? AMEI MUITO!
Parabéns, meu bem. ♥

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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