06. Catching Feelings
Finalizada em: 28/06/2018

I


'Cause I'm made for you and you for me

(Porque eu fui feito para você, e você para mim)
Baby, now is time for us
(Baby agora é tempo para nós)


- COM QUEM SERÁ? COM QUEM SERÁ QUE VAI CASAR? VAI DEPENDER! VAI DEPENDER SE O VAI QUERER! – Cantava o coro de vozes animadas em meio aos risos e palmas enquanto sorria envergonhada.
A sala tão familiar estava repleta de bexigas coloridas, no centro havia uma mesa com um bolo de chocolate repleto de confeitos coloridos e diversos doces enfeitando. A melhor amiga e aniversariante estava atrás da mesa totalmente radiante enquanto comemorava com sua família e amigos mais um ano de vida.
A jovem fez um gesto para que o amigo se aproximasse da mesa enquanto toda a sua família estava espremida naquele espaço observando a cena. Ele caminhou até ela e a envolveu em um abraço apertado.
- Eu te amo – Sussurrou ela próximo ao ouvido do garoto.
- Infinito – Retribuiu-o afastando o rosto suficientemente até poder enxergar aqueles tão conhecidos olhos castanhos. Os lábios de ambos pareciam se aproximar em câmera lenta, rodeados por um silêncio repleto de expectativas.
- Droga! – Resmungou decepcionado enquanto se sentava na cama, coçando um dos olhos e observando o seu tão familiar quarto.
A decepção era tão grande por ter sido apenas um sonho, como muitos outros. O sentimento estava tão sufocante que nem os seus sonhos estavam livres da presença da sua melhor amiga e nova paixão. Muitas vezes, queria apenas abrir a boca e lançar sobre ela todos os seus sentimentos, mas tinha medo. Não queria jogar pela janela uma amizade de anos com a sua maior parceira de vida.
Entretanto, queria poder confessar cada vírgula do que sentia pela jovem.
Mas como faria isso? E quando? – Questionou-se enquanto deitava novamente na cama encarando o teto azul do quarto. Respirou fundo, tentando acalmar seu coração por tamanha agitação do sonho e forçou a sua mente a funcionar.
Franziu a testa, confuso, ao constatar que só queria expor seus sentimentos para e poder se ver livre de todo esse peso que vem lhe perturbando.
- Só pode ser um sinal – Constatou numa falsa animação enquanto sentava novamente na cama e bocejava.
Acreditou ser um milagre dos céus. Um aviso de que deveria seguir em frente e se declarar para a jovem. Só não esperava que o momento fosse aquele.


II

Essa era a hora certa.
Ele sabia que era, mas não podia evitar ficar nervoso. Era apenas , a menina que conhecia desde os seus sete anos, que o empurrou do escorrega no parquinho da escola, rendendo-lhe um dente quebrado e o resto do ano sendo zoado pela turminha. Depois desse gesto doce, não se desgrudaram mais, mesmo ainda tendo certo receio da garota e sua mãe exigindo que não ficassem próximos. Uma bela flor delicada até hoje.
Quase dez anos de amizade, fazendo tudo juntos. Apoiando-se nos momentos bons e ruins, compartilhando as primeiras experiências e do nada, tudo mudou para ele. Quando está perto dela sente coisas estranhas. Perde paciência com facilidade e sempre que escuta sua voz, se arrepia. Mas, nunca falou o que sentia para , tinha medo de não ser correspondido ou nunca mais olhá-lo da mesma forma, e pior ainda, estragar a amizade.
Mas, depois daquele sonho, tinha certeza que era um sinal que deveria contar tudo para ela. E faria isso hoje, no dia mais especial para a melhor amiga: sua festa de aniversário.
Determinado, ele levantou da cama e foi direto tomar um banho, para que em seguida pudesse comprar o presente dela.
não era do tipo que ligava para presentes, sabia disso, mas ele sempre gostava de comprar alguma coisa para ela nessas datas.
Olhava todas aquelas vitrines e não encontrava absolutamente nada. Ele sempre comprava presentes para ela, sabia exatamente tudo que gostava, mas dessa vez, parecia uma missão impossível.
- Por que você tem que ser tão complicada, ? – falava para si mesmo, enquanto estava parado entre as vitrines, logo dando de cara com uma livraria, que na vitrine mostrava o box, com as novas capas dos livros de Harry Potter. – É isso.
simplesmente amava Harry Potter, mesmo já tendo todos os livros, amava comprar quando vinha coleção com as novas capas. Uma coisa que nunca entendia, afinal era a mesma coisa em todos os livros, certo? Mas a garota amava quando vinha capa nova dos livros. E esse presente, ele tinha certeza que ela iria amar.
Só não sabia se iria gostar da revelação que iria de brinde.


III

Nunca acreditou ser possível suar tanto em pleno inverno congelante. Neve cobria toda a vizinhança e o frio era tanto que seu rosto ardia pelo vento gélido, mas, por baixo das camadas de lã, suava como se estivesse no verão em pleno deserto do Saara.
Bizarro.
O nervosismo estava estampado em seu rosto enquanto subia os degraus da varanda da casa de . Respirou fundo, diversas vezes, contou até dez em japonês tentando se acalmar – falhando miseravelmente. Podia ouvir vozes animadas dentro da casa, algo normal para ele, mas, que naquele momento parecia o cenário assustador.
Se não estivesse apaixonado por sua melhor amiga, teria entrado na casa sem bater e cumprimentando a todos que conhecia há anos. Comeria até não aguentar mais e implicaria com até ela ficar irritada.
Quem dera fosse assim. – Pensou desconsolado enquanto respirava fundo novamente, tentando criar a coragem que não tinha.
Ouviu algumas gargalhadas altas e perdeu a única fagulha de coragem que tinha. Segurou com mais força o embrulho vermelho na sua mão esquerda e virou as costas, preparado para sair dali.
- Não seja covarde! – Falou para si mesmo, dando um tapa em sua própria testa, mas exagerando na força. Sentiu arder e suspirou impaciente.
Voltou para frente da porta, colocou uma das mãos na maçaneta fria, pronto para abri-la, mas congelou novamente. Sem coragem. Ficou alguns minutos em pé naquela posição, discutindo consigo mesmo se deveria encarar com grande coragem aquela situação.
Quando decidiu que deveria guardar a coragem para outro momento, criando mil desculpas para a sua covardia, deu alguns passos para se afastar da porta, ela se abriu repentinamente revelando a última pessoa que gostaria de encontrar naquele momento: .
- Caramba! Achei que tivesse sido mordido por algum zumbi no caminho! – Falou a garota debochadamente enquanto encarava o amigo abobalhado.
não teve condições de reagir. Apenas tinha seus olhos presos ao belo rosto da jovem e a boca levemente aberta, faltando escorrer a baba pelos cantos.
- Nem demorei tanto assim!
- Não demorou? Você praticamente foi o último a chegar.
- Não exagera – disse rindo, se curvando para abraçar a menina, que se afastou.
- , neve – apontou para o casaco do menino que estava todo sujo de neve.
- Certo! – Ele estava tão nervoso que simplesmente esqueceu da neve que estava do lado de fora.
Entrou na casa que conhecia muito bem, e deixou seu casaco no cabideiro.
- Agora eu posso? – disse abrindo os braços para a amiga que abriu um sorriso.
- Agora sim! – disse e foi direto para os braços do amigo.
- Parabéns, . – a abraçou com força, sentindo o cheiro de seus cabelos. – Comprei uma coisa que acho que vai gostar.
- , já disse que não gosto quando gasta dinheiro comigo. – falou saindo do abraço do menino.
- E eu já disse que gosto de te dar presentes! Agora para de reclamar e abre logo – estendeu o embrulho vermelho para a menina, que pegou logo em seguida.
Ela sentou no sofá, e começou a abrir o embrulho, que pela dificuldade que a menina estava tendo, parecia estar bastante difícil de abrir.
- Caramba, , quem foi que embrulhou isso aqui? – a menina falou rindo olhando para o amigo.
- Culpado – apontou para si mesmo dando risada.
- Logo vi! Só você mesmo pra usar o rolo de durex inteiro pra fazer um embrulho – sem paciência, ela rasgou o embrulho, pra finalmente conseguir abrir. – Mas eu te amo mesmo assim.
Ele se arrepiou. “Como amigo, , ela te ama como amigo” repetia em seus pensamentos.
- MENTIRA! – disse quando viu o que havia dentro do embrulho – COMO VOCÊ SABIA QUE EU ESTAVA DOIDA POR ESSE BOX? – correu e abraçou .
- Eu te conheço, e outra, só você mesmo pra ter todos os livros, e continuar querendo mais só por causa da capa.
- É uma coleção, tá?
- Eu sei que é. – sorriu – Eu preciso te falar uma coisa...
- Aconteceu alguma coisa? – disse, e o menino riu, era completamente ansiosa.
- Não, é só que...
- , tem um idiota bebendo o Whiskey do seu pai! – uma voz disse, entrando na sala onde e estavam.


IV

Só poderia ser um sinal dos céus o alertando que deveria ficar de boca fechada e enfrentar essa paixonite como se nada estivesse acontecendo com ele. Era a única explicação para todas as vezes que alguém inesperadamente apareceu, interrompendo as oportunidades em que estava prestes a contar tudo para sua melhor amiga.
Melhor Amiga.
Ainda sentia-se estranho ao lembrar que estava apaixonado por sua melhor amiga de infância. Questionava-se ser possível algo assim. Tantas garotas que conheceu desde seu nascimento e jamais sentiu algo na mesma proporção que sentia por .
Bizarro.
Será que estava louco?
Poderia ser uma segunda hipótese.
Quem era ? E o que fizeram com ele? Uma sensação estranha lhe invadiu e não sabia definir o que sentia. Observava atentamente a conversa animada de e Josh, como se fossem mais que amigos. Queria ir até lá e expulsar o garoto, afastá-lo da menina, mas tinha que se contentar com a companhia.
Ele estava ouvindo Samanta tagarelar ao seu lado no sofá – como sempre, a garota fazia sem ao menos se dar contar que ele não estava a fim de ouvir uma só história sobre suas viagens infernais com seus pais famosos. A única coisa que queria fazer era se aproximar de e contar tudo. Abrir as comportas do seu engordurado coração – graças ao fast food que amava – e declarar todo o seu amor a ela.
- Papai conseguiu que jantássemos no restaurante que fica no topo da Torre Eiffel e foi... – Tagarelava Sam animadamente enquanto apenas observava os jovens com a atenção de uma águia prestes a dar o bote.
Revirou os olhos diversas vezes, indignado com as reações de , a cada piada sem graça que Josh lhe contava. sabia que quando contava piadas conseguia fazer a amiga chorar e anos atrás, ela chegou a fazer xixi nas calças.
Seu oponente poderia ser o príncipe Harry, mas ele era mil vezes melhor. Sempre foi tudo que a garota precisou. Pela amizade deles, comprou até mesmo absorvente quando ela pediu. Quer mais amor que esse?
- Na próxima vez, você pode vir conosco... – Continuou a jovem ruiva ao seu lado, sem ao menos respirar.
- . Josh. Vocês podem trazer mais salgadinhos? – Pediu a tia de enquanto enchia alguns copos com refrigerante.
- Deixa que eu ajudo! – Anunciou repentinamente – e em total desespero – levantando-se do sofá e dando as costas para Samanta. Caminhou até o casal e sorriu cinicamente.
- Você está com febre? – Perguntou incrédula com a atitude do garoto.
- Está me jogando praga? – Rebateu fingindo mágoa.
- Desde quando você ajuda alguém, ? – Perguntou Josh desconfiado observando atentamente o amigo, como se pudesse ler sua mente.
- É impressão minha ou vocês me acham um preguiçoso que nunca ajuda um amigo? – Questionou fazendo um drama.
Ambos ficaram em silêncio, encarando-o. o olhava com um sorriso de deboche no rosto, os braços cruzados na frente do corpo.
- Bom, vou encarar o silêncio de vocês como uma negação. – Anunciou risonho, tentando disfarçar o frio na barriga que lhe dominou. Seguiu até a menina, passou um de seus braços pelo ombro da jovem e a guiou até a cozinha.
Entraram no local em silêncio, começaram a colocar os sanduíches na bandeja. Suas mãos estavam suando de nervoso e sentia vontade de vomitar por tamanho nervoso.
É agora ou nunca... – Pensou criando coragem.
- ...
- Você está bem? – A amiga interrompeu, parando o que estava fazendo e o encarando preocupada pois, jamais o tinha visto agir desta forma.
- Melhor impossível – Respondeu sorrindo.
Ela continuou em silêncio, encarando-o incrédula.
- Estou falando sério – Reafirmou ele impaciente.
- Você sabe que eu te amo e estou aqui para qualquer coisa, né?
As batidas do coração de se aceleraram ao ouvir as palavras da amiga.
Ela me ama! – Pensou feliz.
Respirou fundo, contou até dez enquanto olhava aqueles olhos tão familiares numa tentativa de criar coragem. Era tudo ou nada. Sabia que aquele momento mudaria tudo entre eles.
Estaria pronto para arriscar a amizade tão valiosa?
Iria sobreviver com esse segredo?
- Eu preciso te contar uma coisa... –
- Que demora é essa de vocês dois? Vamos partir esse bolo! – Anunciou a mãe de ao aparecer na cozinha e atrapalhando mais uma vez de contar tudo.
- Eba! Vamos! – Comemorou animada enquanto corria para fora da cozinha acompanhada de sua mãe, deixando-o sozinho ali e indignado.
Não iria dizer mais. Iria esquecer aquela loucura e viver a vida dele como sempre foi.
Que se dane o amor! – Pensou derrotado, caminhando para a sala, cabisbaixo.


V

- COM QUEM SERÁ? COM QUEM SERÁ QUE VAI CASAR? VAI DEPENDER! VAI DEPENDER SE O JOSH VAI QUERER.
Por essa não esperava. Estava sendo cantada a mesma música de seu sonho, mas dessa vez, não foi com o nome dele. Sabia que tudo aquilo era uma brincadeira, mas mesmo assim, ficou chateado.
Estava completamente apaixonado por , e agora ela estava rindo junto com Josh.
Sem pensar em mais nada, saiu na casa de . Nem se lembrou do seu casaco que tinha esquecido no cabideiro, não se importava mais com o frio.
O plano de se declarar para tinha falhado completamente. E não sabia se teria coragem de fazer isso novamente.
Parecia que não era pra ser, toda vez que tentava contar para , era atrapalhado por alguma coisa. Talvez eles não devessem ficar juntos.
- ? – uma voz que sabia exatamente quem era, o chamou por trás, o fazendo parar de andar imediatamente. – O que aconteceu, por que saiu assim do nada?
- Não é nada...
- Como não é nada? Você saiu lá de casa do nada, e ainda sem casaco – disse estendendo o casaco do menino, que logo o pegou.
- Obrigado. – pegou o casaco.
- Me fala, por que saiu assim de lá?
- Quando você ia me contar que estava namorando? – interrompeu .
- Oi? Da onde você tirou isso?
- Vai depender, se o Josh vai querer. – cantarolou imitando as pessoas do parabéns de .
- Tá de brincadeira que foi por isso que você saiu? Foi só uma brincadeira.
- Me responde, , quando você ia me contar?
- Nunca, , porque eu não tenho nada com ele.
- Como não...
- Você acha mesmo que eu ia começar a namorar e não contar pra você? Você é o meu melhor amigo.
- Esse é problema – disse rápido.
- O que quer...
- Eu amo você, .
- Eu também te amo , já disse, você é meu melhor...
- Melhor amigo, eu sei – completou – Mas eu te amo mais que isso, .
- , do que você tá falando? – falou gaguejando.
- Nós somos melhores amigos há um bom tempo... Ok, somos melhores amigos desde sempre. Você sempre foi a pessoa que mais confiei na vida, e que sempre vou confiar. Mas de um tempo pra cá venho sentindo coisas estranhas por você, antigamente eu não sabia o que eram esses sentimentos, mas agora eu sei: Eu te amo, , e não só como amigo.
- Essa não é mais uma brincadeira sua, né? – dizia já com lágrimas pelo seu rosto.
- Claro que não, por que eu brincaria com isso? – segurou a cabeça da menina, colando suas testas. – Eu vou entender se você não quiser nada comigo. Na verdade, quando decidi te contar, eu já sabia dessa hipótese. Mas por favor, não deixe isso acabar com nossa amizade. – Não foi preciso falar mais nada para que a menina finalmente colasse seus lábios nos dele.
- Eu também amo você, seu idiota.


Could it be a possibility
(Poderia isso ser uma possibilidade)
I'm trying to say what's up
(Eu estou tentando ver o que está acontecendo)
Cause I'm made for you, and you for me
(Porque eu sou feito para você, e você para mim)
Baby now is time for us
(Querida agora é a nossa hora)
Trying to keep it all together
(Tentando manter tudo junto)
But enough is enough
(Mas bastante é bastante)
They say we're too young for love
(Dizem que nós somos muito novos para amar)
But I'm catching feelings, catching feelings
(Mas estou capturando sentimentos, capturando sentimentos)





Fim.



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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