Última atualização: 01/08/2018

Capítulo Único

Aviso importante: Essa história é uma parceria com a Eva Mohn que escreveu sua história baseada em 02. I Can Do Better. Para entender o que se passa na história a seguir, recomendo leitura da música citada. XOXO

Dois meses depois

As vezes tudo o que a gente precisa é de tempo. Tempo para refletir sobre nossos atos, reviver alguns momentos, mudar de ideia e mudar de novo. teve todo esse tempo. Mesmo depois de conhecer o , o fantasma de ainda a assombrava.
Dessa vez, enquanto arrumava alguns itens em seu quarto, encontrou o bilhete que seu ex havia deixado. Ele apenas se despedia, avisando que estava seguindo a vida com outra mulher, a filha de sua vizinha.
Algumas correspondências haviam sido empurradas por debaixo da porta enquanto ainda estava em seu quarto. Ela apenas observou os remetentes e ali estava novamente. estava cogitando a possibilidade de queimar sem sequer abrir o envelope, mas sua curiosidade falava muito mais alto. Violou o lacre do envelope sem a menor delicadeza e ali se deparou com um cartão postal, a imagem de uma praia que ela não sabia identificar. No verso do cartão tinha uma mensagem breve:
“Espero que tenha assinado os papéis do divórcio. Não quero sair desse paraíso a toa.
.”

Ela deu uma leve risada debochada e deixou o cartão junto com outras correspondências em cima do balcão da cozinha. ainda não havia assinado os papéis do divórcio. Algum motivo específico para tal? Ela não sabia dizer, mas sabia que devia isso a ela, a e ao que eles estavam vivendo.
Subiu as escadas em direção ao seu quarto de forma tranquila. Sua cabeça estava lhe fazendo lembrar tudo o que viveu ao lado de . Os momentos bons e os momentos difíceis. Já em seu quarto, sentou-se na cama e algo abaixo de si a incomodou. Puxou o lençol para o lado e viu um envelope branco que ela sabia bem o que tinha ali dentro. Papéis de divórcio. Papéis de divórcio que ela sequer assinou.
***
escutou algumas batidas na porta e estranhou. Não estava esperando por ninguém, estaria ocupado hoje.
- Surpresa. – disse com um sorriso não muito comum a .
- O que você faz aqui?
- Vim buscar os papéis do divórcio.
- Se era só isso, poderia ter enviado um e-mail e eu enviaria pelo correio. – foi bem rápida. – Fale a verdade, o que trouxe você aqui.
- Você.
- Fazem exatamente dois meses que você me deu a droga de um pé na bunda e acha que voltar com essa cara de pau conserta as coisas?
- Eu queria saber como você estava. – A voz dele estava mansa. Era um pouco assustador.
- Como eu estava? – Ela revirou os olhos. – Esses meses foram terríveis. Você me trocou por uma vadia mais nova qualquer. Fez questão de jogar anos de relacionamento no lixo. Eu me doei o máximo que pude para que tudo desse certo entre nós. Você deixou a droga de um bilhete amassado, mal escrito e com cheiro de perfume barato de piranha apenas avisando que estava tudo acabado. Você não faz ideia do quanto eu já chorei, da raiva que senti.
- Você precisa se acalmar um pouco. Vamos conversar com calma. - tentava uma aproximação
- Não quero me acalmar. Muito menos conversar. Saia da minha casa.
- E os papéis do divórcio? – Ele questionou.
- Chegarão pelo correio.
estava de costas para a porta e apenas indicou com os olhos que a porta estava bem ali e que já deveria ter ido embora. foi caminhando lentamente em direção a porta passando muito perto de , que pôde sentir o cheiro do perfume que ela havia lhe dado de presente há pouco tempo atrás.
A porta bateu atrás da mulher e ela retornou ao seu quarto em busca do seu celular para suplicar que viesse rapidamente até sua casa. Ele prontamente atendeu e não demoraria a aparecer.
***
- Eu vim o mais rápido que pude. – estava um pouco ofegante. Teria corrido?
- Ele queria os papéis do divórcio. Mas eu ainda não assinei.
- Por que? O que está impedindo você? – fazia carinho em seus cabelos. Ela não entendia como ele conseguia ser tão compreensivo.
- Eu não sei. Deveria ser mais fácil. Eu fui trocada por outra. Eu deveria ter raiva dele, mas simplesmente não consigo. Vários amigos me avisaram a respeito dele, algumas amigas sequer confiavam nele, mas mesmo assim eu me joguei sem medo, me aventurei, me casei e o resultado foi esse.
- Não quero pressionar você. Nem quero que assine os papéis só porque estamos vivendo um momento bom juntos. Você tem que fazer isso por você. Você, melhor do que qualquer pessoa, sabe o quão tóxico ele foi na sua vida. Você não pode recuperar o que perdeu, mas é uma nova chance de recomeçar.
não demorou a ir embora. Decidiu deixar sozinha para que pensasse consigo mesma a respeito de qual decisão tomar. Ela queria assinar os papéis e se livrar da presença de na sua vida, mas era difícil demais pensar que tanta coisa está indo embora junto com esses papéis.
Enquanto decidia o que faria, começou a prestar atenção em como ainda tinha tantas coisas de em sua casa. Os objetos dele o deixavam mais presente, talvez esse fosse um dos motivos que ela não conseguia assinar, cogitava pensar que poderia aparecer a qualquer momento e dizer eles deveriam recomeçar.
Caminhou pela sala e observou alguns porta-retratos na estante com fotos deles em diferentes viagens, passeios, momentos. Estava sufocada demais em lembranças.
Foi até a área de serviço e voltou um grande saco preto decidida a remover qualquer vestígio que simbolizasse a presença de ali. Estava cansada de sofrer, de chorar. Fotos, objetos, mais fotos. Tudo indo em direção ao lixo.
Subiu as escadas rapidamente até seu quarto e observou em silêncio os papéis do divórcio sob sua escrivaninha. Sentou-se, respirou fundo e começou a rubricar as páginas. Não demorou muito para que todas as páginas estivessem assinadas e o papel colocado de volta dentro do envelope.
Não sabia como queria entregar a papelada. Talvez entregasse pessoalmente, talvez enviasse pelo correio. Porém, o que mais a deixava feliz naquele momento era poder tirar aquele grande peso de mágoa, abandono, lágrimas e raiva. Ela se sentia leve novamente.


Fim!



Nota da autora: Espero que gostem de mais uma história! Lembrem que aqui é só o desfecho de uma parceria com a Eva Mohn.
XOXO, Iana.





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