FFOBS - 07. Corner of My Mind, por Angel B.

Finalizada em: 30/03/2020

Capítulo Único

dirigia de volta para casa. Já havia feito aquele caminho tantas vezes na vida, que o carro poderia ir andando sozinho.
Mesmo sabendo quem o esperava, não pisou fundo no acelerador, não tinha pressa para chegar em casa. Sua mãe prometeu cozinhar seu doce preferido naquela noite para compensar o fato de ter tido de alugar um carro, já que seu irmão mais novo — que era sempre o encarregado de buscá-lo no aeroporto — havia quebrado a perna duas semanas atrás. Suas irmãs, por outro lado, tinham filhos pequenos, e naquele dia estavam ocupadas indo buscar os filhos na escola. Restou para ele, então, apenas a opção de alugar um carro barato, já que ficaria poucos dias com ele.
parou no semáforo, e enquanto esperava pela luz verde, olhou para o banco de carona. Ali, ocupando o espaço, tinha algumas sacolas coloridas com fitas brilhantes — ele sempre levava presentes para os sobrinhos.
Inevitavelmente, pensou que aquele banco deveria estar ocupado de outra forma. Mas, infelizmente, as coisas não aconteceram conforme ele planejou.
E quando o semáforo abriu para ele, pisou no acelerador, novamente no modo automático, sem prestar atenção nas casas à sua volta.

FLASHBACK
Depois de nove meses trabalhando, gravando seu último filme, sem pausa, finalmente estava voltando para casa. Foi o maior tempo que ele já passou sem visitar sua família e sem ser visitado por eles. As ligações semanais de sua mãe passaram a ser quase diárias, e só diminuíram a frequência quando prometeu passar um longo tempo no interior com a família quando as gravações, enfim, terminassem. E para cumprir a sua promessa, ele levava consigo duas malas gigantes e uma mochila que, definitivamente, estava prestes a explodir.
Scott o ajudava a descarregar as bagagens; os sobrinhos, a descarregar as sacolas coloridas, pois sabiam que havia grandes chances de ter presentes ali dentro.
ficou para trás para descer a última mala do carro, quando uma pessoa parou ao seu lado.
— Precisa de ajuda com a mudança?
olhou para trás com a testa franzida, confuso com a pergunta.
— Ah, essa é a última mala, obrigado. — e para provar o que acabara de dizer, fechou o porta-malas.
A mulher, contudo, deu uma risadinha.
— Não esperava ver você se mudar para o interior novamente.
Mais confuso do que antes, a olhou de cima abaixo.
Os olhos da mulher lhe eram familiares e a risada dela lhe trazia um quentinho gostoso no peito, mas ele não sabia de onde a memória auditiva vinha.
Ele franziu a testa de novo, e antes que pudesse perguntar, a mulher revirou os olhos.
— Não está me reconhecendo, não é? Tudo bem, tudo bem… Confesso que mudei bastante. Até mesmo porque, vinte anos atrás, eu precisava acordar uma hora mais cedo, todos os dias, para conseguir alisar o meu cabelo. Hoje eu já não faço mais isso…
nem deixou que ela terminasse de falar.
No momento em que ela falou dos cabelos, tudo fez sentido.
?
E a risada dela foi resposta suficiente para ter certeza.
— Meu Deus do céu!
E num impulso, sem pensar se estaria sendo invasivo ou não, ele deu alguns passos e a abraçou, sendo retribuído de pronto. Não um abraço de “olá, bom te ver de novo”, que termina com um tapinha nas costas. Mas um abraço longo e demorado, apertado, do tipo, “caramba, que saudades!”.
— O que você está fazendo aqui? — ele perguntou ainda a segurando pelos ombros.
— O que eu estou fazendo aqui, como assim? — ela riu. — O que você, Sr. Astro-de-Hollywood, está fazendo aqui?
Foi a vez de rir.
foi sua vizinha e melhor amiga durante toda a infância e adolescência. Lembrava-se, muito bem, das lágrimas que ele precisou segurar no dia em que disse que estaria indo embora tentar a carreira de ator, e do quão surpreso ele ficou por não ver nem mesmo um resquício de choro no rosto de .
— Estou visitando a minha família. — apontou para a casa.
deixou o queixo cair.
— Fala sério! Sua mãe ainda mora aqui, depois de todo esse tempo?!
riu de novo, dessa vez pelo tom surpreso dela.
— Sim.
, então, bateu no braço de e fez uma careta, não se importando com a reclamação dele.
— Você deveria comprar uma casa maior para a sua mãe. Péssimo exemplo de herói você é.
faz uma careta, fingindo estar ofendido, antes de se defender.
— Eu até tentei fazer a minha mãe se mudar, até mesmo porque seria uma ótima desculpa para jogar fora todos os meus pôsteres da adolescência, mas ela não aceitou.
riu jogando a cabeça para trás.
— Isso é mesmo a cara dela.
Os dois ficaram em silêncio por um instante, e então foi a vez de perguntar o que ela estava fazendo ali — afinal, como ele bem se lembrava, havia se mudado para outro bairro no início do terceiro ano do ensino médio. passou a acordar mais cedo, todos os dias, para sair mais cedo de casa e passar na casa de para que fossem juntos à escola.
— Vim visitar meu pai que, depois de quase vinte anos, comprou a nossa antiga casa de novo…
— Não… Sr. está morando aqui de novo?
— Sim. Ele se mudou na semana passada.
— Caramba…
— Pois é. — ela concordou. E então, após mais um segundo de silêncio, comentou. — De todas as pessoas que eu esperava encontrar aqui no bairro… Você era a menos provável.
balançou a cabeça em sinal de concordância, fechando o sorriso em seguida, interpretando de forma errada a fala dela.
— Estou feliz de ter te encontrado de novo. Até então eu não sabia, mas acabei de descobrir que senti sua falta.
não respondeu nada de imediato, mas sentiu como se uma parte faltante do seu coração tivesse acabado de ser colocada no lugar.

★★★


Ainda absorto em memórias, girou o volante para a esquerda, em vez da direita. E ele só se deu conta de que havia errado o caminho para casa, quando ele parou em frente a casa dela.
A luzes estavam apagadas, o que indicava que já estava dormindo ou ainda não havia chegado em casa. E conhecendo-a como conhecia, ele imaginou que a segunda opção era a mais provável. tinha uma rotina corrida o bastante para impedi-la de dormir antes das dez da noite, como ela mesma havia lhe mostrado nos meses em que passaram juntos, quando ainda curtia as férias junto da família.
Perguntou-se o que estava fazendo ali. Por que tinha ido para lá. Não estava nos seus planos se desviar da rota para a casa de sua mãe, especialmente para visita… Ela. Ela, que havia deixado bastante claro que eles não poderiam continuar se vendo.
Então o que ele estava fazendo ali, afinal de contas?

FLASHBACK

dava instruções, para , de como chegar à sua casa — como se ele não soubesse onde ela morava.
— Acho que já vim aqui tantas vezes, no último mês, que poderia vir de olhos fechados. — e para provar o dito, fechou por olhos, mas apenas por um segundo.
gritou dentro do carro.
— Você é louco, ! Caramba!
riu da histeria dela, mas pediu desculpas, afinal, aquela brincadeira tinha sido bastante irresponsável.
Ao chegar à rua de , diminuiu a velocidade, até parar de vez. Eles ficaram lá dentro, em silêncio, por um tempo, enquanto fingia procurar alguma coisa dentro da sua bolsa, apenas para não precisar descer logo, quando encontrou o cartão fidelidade da cafeteria do Sr. John — cartão este, que já estava quase completo de carimbos.
— Olha isso. — ela mostrou o cartão a ele. — Não falta muito mais para ganharmos um café grátis.
riu.
— A culpa desse monte de carimbo é toda sua, você sabe, né? Já que é uma viciada em cafeína…
riu alto e bateu o cotovelo no dele.
— Olha só quem fala! Quem deu a ideia de termos o primeiro encontro lá?
não gostou da pergunta.
— Aquele dia não pode ser considerado o nosso primeiro encontro.
— Ah, mas pode sim, com certeza! — ela disse rindo. — Porque foi um encontro completo.
— Como assim?
— Ué… Você me chamou para sair, e no final da noite me trouxe para casa, abriu a porta do carro para mim e roubou um beijo meu.
deixou o queixo cair.
— Ei! Eu não roubei beijo nenhum não! — abriu um sorriso com o som da risada de . — Se bem me lembro, foi você quem pulou em cima de mim.
Sua tentativa de defesa, contudo, não funcionou.
— E você não se afastou. — ela disse dando de ombros, certa de que havia vencido aquela discussão.
— que sabia que ela venceria qualquer discussão que eles tivessem, também riu.
— Você é inacreditável.
Desde o reencontro inesperado entre e , eles passaram a se encontrar frequentemente. E os seus encontros já tinham pouco mais de um mês.
Primeiro foi apenas uma caminhada no parque. Depois, um encontro não combinado no supermercado. E então a viu na sorveteria, e pensou que seria uma ótima ideia encher os sobrinhos de açúcar antes do almoço.
Começaram com conversas nostálgicas, que envolviam os dois brincarem no jardim da casa dele, e jogar vídeo game na casa dele. E então passaram para fofocas envolvendo o pessoal do antigo colégio.
— Eu ainda tenho contato com a Trina, acredita? Mas nunca mais ouvi falar de Josh. — ela contou.
ainda tinha contato com Tom, mas da última vez que encontrou Patrick, o rapaz fingiu que não o viu.
— Ele fingiu não te reconhecer?! — ela perguntou surpresa.
riu, e então se aproximou mais dela para falar baixo — afinal, não queria que os sobrinhos escutassem:
— De início pensei que ele, de fato, não havia me visto. Mas então pensei, mesmo depois de vinte anos, se Patrick ainda é ressentido comigo por ter ficado com Noele na formatura do nono ano.
ficou confusa.
— Mas por que Patrick iria achar ruim de você ficar com a Noele?
— Patrick era apaixonado por Noele. — e diante da cara de surpresa de , comentou. — Todo mundo sabia disso!
— Eu sempre achei que Patrick fosse gay.
As conversas sempre duravam muito tempo, mas não tanto quanto eles gostariam, já que sempre eram interrompidos por algum motivo: o cachorro de ficava cansado de ficar deitado na grama do parque; os sobrinhos dele estavam com sono e queriam voltar logo para casa; o pai de que ligava pedindo para que ela fosse arrumar a televisão dele… E então veio o primeiro convite.
— Para continuarmos a nossa conversa, é claro. — garantiu.
Até porque, para o ator, tratava-se apenas de um convite para continuarem a fofocar, mas para , foi um convite para um encontro.
E ainda que cada um tivesse uma ideia diferente daquela noite, foi, de fato, um primeiro encontro.
Porque depois que não afastou os braços de do pescoço dele, e retribuiu o beijo dela, o rapaz a convidou para um segundo encontro — ou a um primeiro encontro oficial, como ele gostava de dizer — e o convidou para o terceiro, o qual acabou sendo na casa dela.
O relacionamento deles avançou tão rápido, que não sabia como chamá-los, e , mesmo incomodado pela falta de rótulo, não tinha coragem de perguntar a ela.
, pelo que ele se lembrava, era uma mulher livre demais, que costumava tomar as decisões sozinha. Não gostava de títulos, não gostava de drama. Mas isso não fazia com que momentos como aqueles fossem menos constrangedores. gostaria de poder se convidar a entrar na casa dela, e desejava que tivesse a iniciativa de tomar o próximo passo, mas nenhum deles dizia em voz alta o que sentiam, com medo de estragar o momento. Afinal, ambos sabiam que o momento deles tinha prazo de validade.

★★★


estava com a mente longe, a concentração fragmentada, como se faltasse alguma peça para que ele se sentisse completo. Tinha tantos pensamentos tomando conta dele naquele momento — pensamentos estes que, nos últimos quatro meses, foram forçados para o canto mais distante da sua mente. As ligações para casa sempre terminavam do mesmo jeito: com um silêncio de alguns segundos, enquanto pensava se deveria perguntar ao irmão se tinha notícias de , ao mesmo tempo em que Scott se perguntava se deveria ou não dizer a ter encontrado a garota na cafeteria do Sr. John.
No final, nenhum dos dois colocava em palavras seus pensamentos. ainda pensou em ligar para ela, ou mandar uma mensagem, mas sempre se repreendia. Até o dia em que ele chegou em casa, depois de um longo e cansativo dia de gravação, e viu uma chamada perdida no celular dele.
havia ligado para , e ele não tinha visto.
Era uma sexta-feira à noite, e o rapaz tentou ligar de volta, mas o celular dela estava desligado.
Mandou mensagens, mas só veio a ter uma resposta no domingo à noite.
“Está tudo bem, .”
“Acho que acabei ligando por engano.”
“Desculpe pelo incômodo.”
garantiu a ela que não ficou incomodado com a ligação, mas apenas preocupado. E então pediu desculpas de novo, e garantiu que isso não ocorreria mais.
“Pelo contrário, … Acho que nós deveríamos conversar mais vezes.”
“Esses últimos dois dias me deixaram preocupado.”
A resposta da mulher demorou bastante para chegar. Tanto, que chegou a pensar que ela poderia ter dormido enquanto digitava uma resposta.
“Eu nunca quis te preocupar.”
“Esse sempre foi o objetivo.”
sentou na cama, digitando mais rápido do que os seus dedos conseguiam acompanhar. Para ela, disse que sempre havia deixado claro que ele iria, sempre, se preocupar com ela, independentemente da distância em que estivessem.
“Independentemente do ponto final que você colocou, eu sempre vou me preocupar com você, .”
esperou enquanto digitava uma resposta, mas então parou. A mulher voltou a digitar, e parou novamente. Essa dinâmica durou quase vinte minutos e, ao final, ela simplesmente lhe enviou:
“Não se preocupe comigo, está tudo bem.”
“Vamos apenas voltar a como estávamos antes.”
sabia o que aquela mensagem realmente significava: que eles deveriam parar de pensar um no outro e, principalmente, voltar a não se falar. Cada um vivendo a sua vida, como sem pensar no que o outro poderia ou não estar fazendo a milhares de quilômetros de distância.
“Isso é impossível, .”
“Eu estarei sempre pensando em você.”
Mas se chegou a ler a mensagem dele, ela não respondeu.
Desde então, não mandou mais mensagens para ela, e mesmo olhando a tela do celular todos os dias, nos seus momentos de folga, também nunca mais recebeu um sinal de .

FLASHBACK
já nem se lembrava mais de como haviam chegado àquele ponto.
Em um minuto estavam conversando sobre o fim das férias dele e o novo trabalho que ele tinha pela frente, e no instante seguinte estavam falando sobre a melhor forma de terminar… O que eles tinham.
— Não existe melhor forma de terminar! — ela disse ao que parecia ser a quinquagésima vez.
— Esse nem é o ponto. O ponto é que nós não precisamos terminar. — ele argumentou novamente.
olhou para e abriu a boca para falar alguma coisa, mas desistiu. Pensou novamente, e então, tomando cuidado com a escolha de palavras, ela disse:
, terminar é a nossa única opção.
Ele jogou a cabeça para trás, frustrado. Passou a mão nos cabelos, bagunçando os fios, tentando entender de onde tinha tirado aquela ideia, afinal de contas.
— Onde você está querendo chegar? — ele perguntou, cansado.
— Estou querendo dizer que não vou ser o tipo de garota que passa mais tempo preocupada com o namorado que mora em outro estado do que, de fato, com o namoro em si.
— Então o problema é o meu trabalho?
não tinha a intenção de usar o tom de voz ríspido, mas foi inevitável. estava criando desculpas desde que começaram aquela conversa sem sentido, e estava ficando sem paciência.
— Não, , o problema são os caminhos que as nossas vidas tomaram. Você seguiu o seu sonho e eu segui o meu, e olha onde nós chegamos!
— Então qual é o problema?!
parou para respirar fundo, precisando soltar o ar com força algumas vezes para se acalmar. Suspirou uma última vez e colocou as mãos na cintura. Andou em círculos uma, duas, três vezes, e então parou na frente de , com os olhos aflitos.
— O problema é que eu gosto de você, . Muito. Muito mesmo. Gosto tanto que não quero ser a pessoa que te impede de continuar fazendo o que ama.
ficou sem palavras. Não estava esperando por isso, definitivamente.
Não sabia nem por onde começar a pensar e responder. Quer dizer, ele deveria ficar feliz pela declaração de , deveria se declarar de volta, ou ele iria questionar o que ela tinha dito? Porque a frase toda não fazia sentido nenhum.
— Como você poderia me impedir de fazer o que eu amo?
nunca deixaria nada ficar no caminho da sua profissão.
… O que… — ele estava confuso.
, você negou fazer duas campanhas publicitárias só porque iríamos viajar naquele final de semana!
parou para pensar por um segundo. e ele estavam juntos, oficialmente, há oito meses. E quando chegaram neste marco, resolveram viajar para um hotel fazenda em uma cidade vizinha. recebeu duas propostas de publicidade, mas negou, afinal, ele tinha compromissos naquela semana.
… Eu cheguei a um ponto, na minha carreira, em que posso escolher o que fazer e o que não fazer. — ele tentou explicar a ela da forma mais calma possível. — E eu, definitivamente, não quis deixar de viajar com você por conta de trabalho.
estava pronta para responder, mas ele foi mais rápido e completou:
— Além disso, eu estava de férias! E a nossa viagem foi marcada antes de eu receber qualquer proposta de trabalho. Essa é a vantagem de ser chefe de si mesmo, sabe.
ouviu cada uma das palavras dele, mas continuou com os lábios fortemente fechados, pensativa.
E foi então que entendeu.
Lembrou-se de outras conversas que já haviam tido, sobre viagens e os muitos eventos dos quais ele participava, e sobre como ela gostaria de poder participar de alguns destes eventos, se não fosse tão difícil para ela deixar o seu posto de CEO da própria empresa recém-constituída.
E entendeu, naquele momento, que não queria prendê-lo. Que tinha medo de ser um impasse, um freio, para ele.
Mas isso era impossível, porque o ator nunca a vira dessa forma.
, o nosso relacionamento… O que eu sinto por você…
Como? Como ele poderia explicar a ela que o relacionamento deles era importante? Que queria que presente na sua vida, de qualquer forma?
—… Nunca vai atrapalhar a minha carreira. Eu te garanto isso.
— E como você sabe?
— Como eu sei…?
Ele pensou nas várias namoradas que já teve — e sim, foram muitas — e como isso nunca atrapalhou o seu trabalho… Exceto, talvez, das vezes em que o seu trabalho e a sua fama atrapalharam os seus namoros. Mas este, ele pensou, não seria o melhor comentário para se fazer no momento.
— Eu sei o que você deve estar pensando. — ela disse. — Você já teve outras namoradas, eu sei. Mas, , todas elas eram do meio artístico, como você. Tinham rotinas parecidas com a sua e… E isso não vem ao caso. — ela balançou a cabeça, como se precisasse se forçar a manter o foco. — O caso é que eu, eu, , não vejo como podemos continuar um namoro.
E respirando fundo, uma última vez, ela deu a sentença final:
— Não vejo futuro para nós, e por isso quero terminar.

— Vai ser melhor para nós dois, você vai ver.

★★★


A luz dos faróis foi o que chamou a atenção de e o trouxe de volta à realidade.
O carro virou na mesma esquina que ele, minutos atrás, e entrou na garagem da casa de .
O ator pensou que seria bastante imaturo da sua parte dar partida no carro e ir embora dali, fugir, antes que notasse o carro dele parado na frente da casa dela. Mas era tarde demais.
desceu do carro e o trancou, e foi até onde estava parado, com as luzes apagadas, tentando passar despercebido — tarefa esta que ele, claramente, falhou.
Ele, então, fechou fortemente os olhos e abriu a porta do carro, xingando-se, mentalmente, por ter ido até ali sem nenhuma desculpa plausível. Foi ao encontro de , que estava com os braços cruzados na frente do corpo, esperando-o em cima da calçada.
— Há quanto tempo você está aqui? — foi como ela o recepcionou.
— Acabei de chegar. — deu de ombros. E sim, era uma mentira, mas falar a verdade seria vergonhoso demais.
olhou para baixo e chutou algumas folhas no chão. Ficou alguns segundos em silêncio, e então disse:
— Fiquei vários minutos parada na frente da sua casa. Talvez uma meia hora. Talvez uma hora inteira.
deixou o queixo cair.
— Como…
— Scott me encontrou semana passada, na cafeteria do Sr. John, e disse que você estaria vindo para cá nesse final de semana.
balançou a cabeça, concordando com a fala dela. Scott seu filho da mãe…
— Acho que tinha esperanças de ver você chegar em casa, como da última vez.
Foi a vez de chutar as folhas no chão, como se estar ali, diante de , e com o coração batendo em disparada, fosse nada demais.
— Por quê? — ele perguntou. — Quer dizer, você tem o meu número. Poderia ligar quando quisesse.
deu de ombros.
— Pensei que, se nos encontrássemos de novo, como da primeira vez, poderíamos tentar recontar a nossa história, você sabe… Você descendo as malas do carro e eu oferendo ajuda… Você não me reconhecendo...
— Isso seria impossível. — ele disse, interrompendo-a. — Eu iria reconhecê-la em qualquer lugar.
— Sim, mas talvez a nossa história pudesse ser recontada de forma diferente e talvez… Talvez o nosso final também fosse diferente.
suspirou, surpreso ao ouvir aquilo. Surpreso ao perceber que , assim como ele, ainda pensava neles dois.
— Não acho que a nossa história teve um final, mas apenas… Apenas um ponto e vírgula.
estreitou os olhos e sorriu de lado, um sorriso tímido.
— Um ponto vírgula? — ela perguntou rindo.
também soltou uma risada, mas não um riso de diversão. Era uma risada constrangida. Porque sim, eles estavam constrangidos na presença um do outro, e isso nunca tinha acontecido antes. Afinal, havia dito muitas coisas que não deveria ter dito, e deixou de falar muitas coisas que ele desejava ter colocado para fora.
— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou, mudando de assunto, deixando o tom de riso de lado.
respirou alto e bufou.
— O seu plano não deu certo.
enrugou a testa, perdida na resposta dele. lhe explicou, então.
— O seu plano de terminarmos para que eu não ficasse preso em você. Esse plano não deu certo.
Esperou que respondesse alguma coisa, mas ela não disse nada.
— Eu não consegui deixar para trás tudo o que vivemos. Tentei te esquecer, mas você sempre esteve no canto da minha mente, junto com as minhas melhores lembranças. — e, então, deixando o tom de voz mais rouco, mais intenso, continuou. — E eu não quero que o que vivemos continue sendo apenas lembranças.
Involuntariamente, mordeu o lábio inferior.
Era bem verdade que ela tinha muito o que falar para ele. No mínimo, ela lhe devia uma resposta. Um pedido de desculpas, talvez. Mas não gostava de dramas, e preferia resolver os seus problemas — mesmo os amorosos — de outra forma.
E foi por isso que ela o convidou para tomar um chocolate quente, assim, sem mais nem menos.
— Estamos sem nos falar há quatro meses. Temos muita conversa para colocarmos em dia.
ficou inseguro por um momento. Por mais que o seu coração gritasse para ele acabar com os poucos passos que ainda o separavam, e passar a noite toda na casa de , sua mente, sua razão, pedia para ele ter cautela. Afinal, ele se lembrava muito bem de como as coisas haviam terminado da última vez.
— Não vou ficar por muito tempo. Minha folga acaba em quatro dias e então eu terei que voltar para Los Angeles.
Sim, queria ficar com . Queria passar a noite com ela, tomando chocolate quente, conversando, ouvindo sobre ela e sobre a sua vida. Matando a saudade… Mas ele precisava deixar claro, desde o início, que a sua vida, sua carreira e sua rotina ainda eram as mesmas. Que, dessa vez, sua vinda tinha um prazo de validade infinitamente mais curto que da outra vez. Que se pretendesse se envolver com ele, e deixá-lo se envolver com ela, as coisas não poderiam terminar como da outra vez. Não de novo.
mordeu o lábio inferior de novo, e demorou em respondê-lo, como se não encontrasse as palavras certas.
— Então você deverá conversar comigo todos os dias, e me atualizar sobre você e o seu dia-a-dia. Pelo menos até que eu consiga me programar para ir te visitar em Los Angeles, ou até que você consiga uma folga para vir me ver.
Apesar de não ter falado expressamente o que queria ouvir, ela tinha sido clara. E isso bastava para ele. Por esse motivo, ele começou a deixar um sorriso tímido aparecer.
— Mas vamos conversar sobre isso lá dentro. Aqui está frio, e eu finalmente aprendi a fazer o mesmo chocolate quente que o Sr. John.
deu uma risadinha.
— Você está brincando!
também riu, dessa vez nenhum pouco constrangida, mas quase aliviada.
— Não estou.
— Você deve ser mesmo uma cliente muito fiel para ira tantas vezes na cafeteria dele, a ponto de aprender a receita secreta do Sr. John.
deu de ombros.
— O que eu posso fazer, se é o meu lugar preferido? Afinal, é onde eu tive o meu melhor primeiro encontro.
E enquanto caminhavam para a casa de , comentou que aquele dia não foi o primeiro encontro deles.
— Foi sim, você não pode negar.
— Não foi não. Não posso aceitar isso.
deu uma risada.
— Foi sim, e não há nada que você possa fazer para mudar isso. Afinal, foi assim que eu comecei a me apaixonar por você.




Fim



Nota da autora: GALAXY DEFENDER STAY FOREVER!
Mais um ficstape no ar, e dessa vez um ficstape da banda que me faz de trouxa desde 2007. Amo McFLY e vou continuar sofrendo por eles sim!
E agora, sobre a fic... espero que tenham gostado. Sério. De verdade. Chris Evans sendo minha inspiração desde sempre.
Deixem um comentário cheio de amor, e recomendem a fanfic para todas as suas amigas que também são lindas e perfeitas ❤️

Beijos de luz

Angel





Outras Fanfics:
Longfic:
Ainda Lembro de VocêIt’s Always Been You

Shortfics:
21 MonthsAccidentally in Love IAccidentally in Love IIAinda Lembro de NósBabá TemporáriaBeautifuly DeliciousBecause of the WarCafé com ChocolateElementalO Amor da Minha VidaO Conto da SereiaO Garoto do MetrôReencontro de NatalRefrigerante de CerejaRumorShe Was PrettySorry SorrySuddenly Love ISuddenly Love IIWelcome to a new wordWhen We Met

Ficstapes:
02. Cool 05. Paradise 06. Every Road 07. Face 10. What If I 12. Epilogue: Young Forever 15. Does Your Mother Know

MVs:
MV: Change MV: Run & Run MV: Hola Hola


Você e suas fanfics sempre apaixonantes, né Angel? Impossível falar uma que eu não gosto. ♥
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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