P R Ó L O G O
Apesar do sol que raiava na pequena Rochester, em Nova Iorque, os dois jovens sentados no lençol esticado na grama relativamente úmida ainda eram capazes de sentir suas peles arrepiarem cada vez que o vento gelado batia contra eles. Sabiam muito bem que aquele era um claro sinal de que o verão havia chegado ao fim, e eles estavam prestes a dar boas-vindas ao outono.
O início de agosto parecia cedo demais para eles – ainda queriam sentir um pouco mais do calor contra a pele, limonadas refrescantes, seus pés tocando a areia macia e, depois, sentindo a água gelada do mar.
Havia passado tão rápido.
As folhas já estavam atingindo um pouco mais do tom alaranjado daquela estação, os lembrando que o tempo juntos, como costumavam passar nos longos dias de verão, estavam acabando.
Como qualquer outro jovem apaixonado aos seus dezessete anos, prestes a ingressarem na faculdade, ambos carregavam em seus corações dúvidas e anseios. Ela sabia que não sairia daquela cidade tão cedo, por razões que não estavam ao seu alcance resolver, já ele tinha um milhão de planos que seriam realizados mais rápido do que o esperado.
Apesar das preocupações, tinham certeza de que o amor os guiaria.
Até o fim.
O início de agosto parecia cedo demais para eles – ainda queriam sentir um pouco mais do calor contra a pele, limonadas refrescantes, seus pés tocando a areia macia e, depois, sentindo a água gelada do mar.
Havia passado tão rápido.
As folhas já estavam atingindo um pouco mais do tom alaranjado daquela estação, os lembrando que o tempo juntos, como costumavam passar nos longos dias de verão, estavam acabando.
Como qualquer outro jovem apaixonado aos seus dezessete anos, prestes a ingressarem na faculdade, ambos carregavam em seus corações dúvidas e anseios. Ela sabia que não sairia daquela cidade tão cedo, por razões que não estavam ao seu alcance resolver, já ele tinha um milhão de planos que seriam realizados mais rápido do que o esperado.
Apesar das preocupações, tinham certeza de que o amor os guiaria.
Até o fim.
C A P Í T U L O Ú N I C O
O barulho das sirenes era tudo que ela conseguia ouvir com clareza de dentro da ambulância onde tentava se manter viva como o paramédico a implorava. Andrew era um cara legal, mas ela não podia negar que ele já deveria ter aceitado aquele pequeno fato da mulher estar mais próxima da morte do que da vida.
Talvez qualquer um que fosse capaz de ler seus pensamentos achasse no mínimo estranho ela estar tão calma diante daquela situação. tinha apenas aceitado as suas condições, e era bem mais doloroso ficar lutando contra o inevitável a sua vida inteira.
Sentiu uma pontada atingi-la bem na costela, e o gemido saiu mais alto do que esperava. O homem à sua frente gritava informações para sua equipe que ela não conseguia compreender, pois a dor era dilacerante demais àquela altura. Depois de passar a madrugada inteira vomitando até quase o próprio estômago, só havia ido parar ali pois ligou para o 911 antes de cair desmaiada em seu banheiro.
Parecia estar vivendo sempre a mesma coisa. Exceto que, agora, um pouco pior.
Seu corpo suava de forma incômoda, e o balançar do veículo não ajudava em nada cada vez que a mulher recebia uma picada diferente.
Seus olhos correram mais uma vez por aquele retângulo móvel e respirou o mais profundo que conseguia. Uma mão segurou a sua naquele momento, e ela franziu o cenho, um tanto confusa, sem entender muito bem quem era aquela pessoa que parecia apará-la com tanto carinho.
Tentou erguer a cabeça para poder enxergar, mas foi em vão. Não tinha forças para aquilo.
Sentiu os olhos lacrimejarem pela primeira vez desde a noite passada e levou seu olhar para o lado. Lá estava sua tia, a única pessoa da família que havia restado para cuidar dela em momentos como aquele.
Não que ela quisesse, mas era difícil recusar a insistência da mulher.
Ela tinha um sorriso casto no rosto, e aquilo despedaçou seu – sabia muito bem como era difícil para ela manter a postura de “forte” só para poder ampará-la. Preferia mil vezes apenas enfrentar o fardo que lhe tinham dado sozinha, afinal, era apenas seu.
Estava prestes a tentar dizer algo, mas foi interrompida ao notar que a ambulância havia parado. Não demorou muito para ver pessoas andando para todo lado e sua maca ser retirada dali já seguindo para um dos quartos de emergência. Tudo parecia um pouco confuso, pois só então ela se deu conta de que não era capaz de sentir suas pernas.
Tinha algo de errado.
Seguiu com o olhar todas as pessoas presentes dentro da sala com ela. Sua tia não tinha permissão de estar ali, então os únicos conhecidos, de fato, eram os médicos que já tinham cuidado dela em outras ocasiões.
Se não tinha sentido desespero antes, naquele momento ele passou a se fazer presente como uma avalanche.
— Durkan, o que temos aqui? — Uma voz masculina se fez presente, parecendo despertar sua audição depois daquele longo período.
tentou buscar onde ele estava, mas, de repente, sentiu que seus olhos estavam pesados demais, assim como seu corpo e sua respiração.
Estava morrendo?
Não tinha ideia, mas, de repente, se sentiu desesperada como nunca esteve. Tudo por causa daquela voz.
— Nome da paciente primeiro, Durkan. Você sabe como funciona.
Seu coração disparou tão forte que ela pensou estar acontecendo algo de errado, mas o barulho da máquina conectada ao seu peito não emitiu barulho algum.
O que estava acontecendo?
— .
Após seu nome ser pronunciado, um silêncio se fez presente.
Talvez tivesse mesmo morrido.
Mas seu coração batia forte, então isso foi um sinal de que não, e buscou desesperadamente por aquela voz.
— Como? — O homem que lhe causava aquelas sensações parecia estranhamente nervoso ao fazer aquela pergunta.
Onde diabos ele estava?
Seus olhos lacrimejaram e começou a chorar descontroladamente como nunca havia feito em tantos anos. Não queria morrer daquele jeito, não com aquela dúvida de que… jamais seria amada de novo.
Por que diabos estava pensando naquilo? Parecia bobo demais, mas não para ela.
— , Dr. — O assistente disse seu nome de novo. — Algum problema?
Outro silêncio se fez presente.
Então, de uma maneira que ela não esperava, um rosto borrado entrou no seu campo de visão. piscou algumas vezes, tentando decifrar quem era aquela pessoa, mas parecia estar perdendo cada vez mais as forças.
— ? — O homem soprou embargado pelo choro, sentindo mãos com textura de luva tocarem seu rosto.
Conhecia aquele apelido…
Só tinha uma pessoa que a chamava daquela forma, mas aquilo era simplesmente… impossível.
A raiva a consumiu, não conseguia aceitar que morreria daquela forma. Com a ideia de que teria sido capaz de reencontrar o grande amor de sua adolescência, mas sem poder vê-lo de verdade.
Não!
Aquilo não poderia estar acontecendo.
Ela não podia aceitar.
Depois de todo aquele tempo não era justo, simplesmente.
— ... — dessa vez, ele gaguejou, e ela tentou erguer a mão para poder colocar sobre a dele, mas não conseguiu, estava muito fraca. — Vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem.
Mais uma vez ela tentou dizer algo, mas sua garganta parecia estar sendo rasgada de tanta dor que sentiu. As lágrimas passaram a sair de uma forma descontrolada, e ela só queria poder enxergar mais, ver aquele rosto por uma última vez antes de entregar-se para o que vinha desejando há tanto tempo.
fechou os olhos com força, então os abriu, vendo um homem de cabelos negros e olhos da mesma cor a encarar com o rosto avermelhado. Um sorriso casto formou-se em seus lábios, mas, antes que fosse capaz de produzir qualquer som, tudo ficou escuro.
Ela se lembrava de ter muitos sonhos malucos ao longo de suas experiências no hospital, além das alucinações que alguns remédios eram capazes de causar nela, mas nem de longe algum foi tão louco como aquele. O rosto daquele homem que a lembrava do menino de sua infância ainda estava gravado em sua mente, como uma lembrança que jamais poderia ser apagada.
O rosto dele era a única coisa que se lembrava desde o acontecido.
Afinal, onde ela estava?
Seus olhos cansados rolaram pelo ambiente, e ela pôde ver diversas máquinas ao seu redor, fazendo um barulho que ela só se deu conta ao notar a presença delas ali. Não precisou de muito para entender onde se encontrava, e a resposta, diferente de todas as outras vezes, apavorou-a e a fez querer sair dali correndo.
já havia passado por muitas Unidades de Tratamento Intensivo, e aquela parecia a mais fria e vazia de todas aos olhos. Talvez fosse porque desejasse, naquele momento, o calor daquele rapaz em seu sonho.
Mais do que isso, queria o sabor de sua adolescência mais uma vez.
Não foi capaz nem mesmo de engolir a seco, pois um tubo se fazia presente em sua garganta. Não era doloroso, mas incomodou o suficiente para fazê-la gritar internamente o quanto estava cansada de tudo que vinha enfrentando ao longo de sua vida.
Pela primeira vez, não era a morte o que desejava.
…
Já fazia muito tempo que não pensava naquele nome e, muito menos, no dono dele. Tinha muitas razões para ela evitar ao máximo ter lembranças sobre o rapaz e o tempo que desfrutaram juntos quando ainda tão jovens. Contudo, aquele sentimento de que gostaria de poder voltar no tempo estava ali presente, a torturando a cada minuto que passava.
Os olhos lacrimejaram e aquilo a irritou, pois nunca havia se deixado levar pelos sentimentos em muitos anos como acontecia naquele momento. Tudo por causa de um sonho completamente sem sentido.
— Dr., está acordada. — Uma feminina pronunciou, e ela baixou o olhar para poder ver através da porta de vidro.
Procurou desesperadamente pelo tal “Dr.” que a mulher havia acabado de se referir, sentindo seu peito quase explodir de tanta ansiedade. Se estava tão convencida de que havia sido um sonho, por que toda aquela esperança?
Sentia-se patética.
Seus olhos continuaram encarando a porta. Os minutos seguintes – que não foram muitos – pareciam nunca passar, e ela desejou poder apenas se levantar da cama e correr para fora em busca do que tanto buscava. Não sabia sequer se estava preparada para aquele reencontro, mas, considerando os eventos atuais, o que poderia ser pior do que sua atual situação?
Riu por dentro.
Uma vez na vida desejou ter um pouco de sorte, só para variar.
Achou que fosse sufocar instantaneamente, mesmo com os aparelhos que alimentavam seu pulmão, ao ver o homem de cabelos negros atravessar a porta de vidro. Ele tinha uma máscara que cobria metade de seu rosto, e aquilo dificultou um pouco que ela tivesse certeza de que aquele era o mesmo cara de seus sonhos.
Desejou do fundo de seu coração que fosse.
— … — Tinha lágrimas em seus olhos, e aquela foi a resposta para seus questionamentos.
Aquele homem, bem ao lado – do que possivelmente seria seu leito de morte – era, sem dúvidas, .
O garoto marrento do High School Rochester, e seu primeiro, único e grande amor de infância.
Seu coração disparou com uma força descomunal, fazendo-a pensar que o monitor conectado a ela fosse capaz de identificar. tentou segurar, mas não conseguiu evitar a tentativa de sorriso que tentou esboçar, aparecendo melhor apenas em seus olhos, que brilharam com as lágrimas formadas.
Ele ainda mantinha o olhar conectado ao dela, então aproximou-se um pouco mais.
— Será que pode nos deixar sozinhos? — O homem pediu, referindo-se à enfermeira que se encontrava ali, mas que logo saiu.
Ele estava tão nervoso quanto a mulher deitada na cama presa aos aparelhos. Mesmo depois de todos aqueles anos, sentiu-se como um garotinho indefeso ao olhar para aqueles olhos e perceber que eles nunca, jamais, haviam mudado. Ao menos não de sua perspectiva.
achou que fosse sufocar ali mesmo em meio ao sentimento esmagando seu peito. Não era apenas sobre encontrá-la depois de todos aqueles anos, mas vê-la daquela forma e saber que as coisas não iriam melhorar.
estava morrendo.
Um resmungo por parte dela o fez pigarrear, tentando voltar para a sua postura de médico.
— Eu vou tirar isso de você — informou, referindo-se ao tubo em sua boca. Normalmente quem faria aquilo seria alguma enfermeira, mas ele não sabia quanto tempo aguentaria sem desabar bem ali, por isso preferiu ficar a sós com ela. — Você vai sentir uma espécie de sucção e pressão depois, mas nada além disso.
Ela piscou para responder que entendia, então iniciou o procedimento.
Aquilo não durou nem mesmo cinco minutos, mas, para ele, foi como uma tortura inexplicável. Algo que ele fazia com tanta facilidade muitas vezes por dia e que já havia realizado ao longo de sua carreira pareceu simplesmente mais difícil, não queria machucá-la… Não podia.
A sua respiração pesada ao terminar não passou despercebida por , que sorriu enquanto tentava se acostumar com a sensação de estar sem aquilo e a leve dor em sua garganta. Seus olhos ainda continuavam presos a ele, que fazia mais algumas coisas nela, como checar o tubo preso ao seu abdômen mais para a costela, além de também checar seus sinais vitais.
De repente, perguntou-se há quanto tempo deveria estar ali.
Tinha ficado em coma?
Não sabia ao certo se era capaz de falar… ou se queria.
Acompanhou mais um pouco tudo o que ele fazia. estava muito diferente do que ela se lembrava, não de aparência necessariamente, mas em seu jeito de se portar. Ele claramente não era mais aquele garoto marrento, autoritário e que… parecia ter mais brilho no olhar.
Algo nele parecia simplesmente… sem vida.
Sentiu seu peito ser esmagado com a possibilidade de que ela fosse responsável por aquelas mudanças repentinas. Sabia muito bem que tinha partido seu coração naquela tarde, quando pôs um fim no que um dia existiu entre eles. Sua intenção não era machucá-lo, e sim o proteger de todo o pesadelo que circundava sua vida.
Ela nunca, jamais, deixou de amá-lo.
Nem mesmo um dia.
Muito menos naquele momento, quando seus olhos voltaram a se cruzar e ele fungou, tirando finalmente a máscara.
estava chorando?
O sorriso contagiante de sempre também não estava presente, e a lágrima que ela vinha segurando desde que havia acordado caiu, deslizando pelo canto de seu rosto.
— Desculpa, eu ainda estou tentando processar que te reencontrei… — falou aquilo com uma apreensão quase tangível em sua voz. — Principalmente da forma que aconteceu, .
Mais lágrimas vieram ao ouvir as palavras dele, sentindo que algo a dilacerava por dentro.
— Eu sinto muito… — sussurrou, mesmo sentindo uma certa dor na garganta e notando que sua voz estava rouca.
O homem engoliu a seco ao ouvir as palavras dela, tão calma e cheia de sinceridade. Apesar do tom rouco, foi fácil perceber que sua voz não tinha mudado desde a última vez que se viram, e aquilo arrepiou cada pelo de seu corpo, ao lembrar-se de escutá-la falar com ele ao pé de seu ouvido.
Como podia ainda reagir daquela forma a ela?
Depois de tantos anos sem sequer ouvir o nome da mulher, ele nunca achou que ainda tivesse todos aqueles sentimentos – talvez até soubesse, mas não tão intensamente. Vê-la ali, naquela cama, cortava o coração, e queria apenas ter boas notícias para ela. Para si.
Respirou fundo enquanto ela ainda o encarava e puxou um banco que tinha ali, sentando-se bem perto da cama. Estava se controlando muito para não desabar e deixar que as emoções do reencontro o denunciassem completamente, deixando claro o quanto tudo aquilo estava sendo duramente difícil.
ainda tinha aquela forma de olhar para ele esperando pelo que viria, se ele passaria a mão nos cabelos em frustração ou ficaria em um silêncio enlouquecedor. Mas ele não era mais o mesmo que ela conhecia – agora, era um homem adulto, com responsabilidades e que sabia lidar muito melhor com suas emoções diante do inesperado.
Ao menos, era o que gostava de acreditar.
De forma inesperada, então, ela tocou a sua mão com a ponta dos dedos. pôde sentir como ele estava quente, e ele, como a mulher tinha a pele gelada. Os dois compartilharam, naquele silêncio que foi travado, um turbilhão de questionamentos que os fariam brigar como na adolescência se as circunstâncias fossem outras.
— Quanto tempo, ? — Simplesmente não conseguia parar de chamá-la por aquele apelido e nem queria.
Não sabia quanto tempo ainda poderia dizer em voz alta para ela escutar.
A mulher engoliu a seco dessa vez, virando o rosto para olhar outro ponto do quarto. Se ele continuasse olhando-a daquela forma cheia de dor, desabaria ali mesmo, e não queria que aquilo acontecesse. Já tinha suportado tanto, não seria agora que iria fraquejar.
— Por que nunca me contou?
Pare.
— Não faz isso… — sussurrou, chorosa. — Por favor.
Ele, de fato, não queria fazer aquilo, mas precisa de uma explicação, ao menos uma vez.
— Eu só quero entender tudo isso, … — explicou, cauteloso, desta vez virando sua mão para brincar com os dedos dela conforme a olhava ainda encarar a parede do quarto. — Entender por que nunca confiou em mim para me dizer que estava doente… Por que preferiu ir embora em vez de me deixar ajudar.
Mais lágrimas cobriram o rosto da mulher ao ouvir as palavras dele.
— Você quase morreu nas minhas mãos.
Diante daquilo, ela virou o rosto para poder encará-lo como merecia. estava com o rosto vermelho, e as lágrimas em seus olhos eram muito mais evidentes.
— Não te contei exatamente por isso, . — O encarou com pesar. — Porque não queria que passasse por isso. Nunca achei que acabaria no hospital em que você resolveu ser médico… A vida é sempre uma caixinha de surpresas para mim, como você pode ver.
— Quanto tempo? — Foi tudo que ele conseguiu perguntar.
apertou os olhos, sentindo a boca tremer.
— Outono.
Primeiro, ela o viu abaixar o olhar, e, então, com uma rapidez muito grande, lá estava de sua adolescência de novo. O homem caminhava de um lado para o outro, passando as mãos nos cabelos de uma forma nervosa, exatamente como ele costumava fazer quando o inevitável batia a porta.
— … — chamou, calma.
Odiava vê-lo daquela forma.
— Olha para mim, por favor.
parou onde estava, a encarando, não com raiva ou dor, mas decepção. Aquilo doeu muito mais do que as duas opções anteriores, mas ela esticou a mão em um pedido silencioso para que ele se aproximasse. De forma inesperada, o homem respirou fundo e deu alguns passos, voltando a se sentar no banco onde estava antes.
Pegando-a ainda mais de surpresa, ele segurou sua mão com força, levando até seu rosto, que ela tocou sem hesitar. Talvez aquilo não fosse a melhor ideia no momento, mas preferiu ignorar aquele pensamento e aproveitou o quente da pele dele e o quanto havia sentido falta de fazer aquilo no homem.
Antes que ela tivesse a oportunidade de dizer qualquer uma das milhares de coisas que gostaria de ter dito no passado, sentiu sua mão ficar molhada.
estava chorando. Tão fortemente que logo foi possível ouvir os soluços que saíam de sua boca misturados à sua respiração acelerada.
— Está tudo bem… — sussurrou, calma, passando a mão no rosto dele. — Eu vou ficar bem, .
Mais soluços vieram.
Ele sentia como se seu peito fosse explodir ali mesmo. Era muito difícil aceitar o que estava acontecendo. Porque simplesmente não conseguia compreender que a estava perdendo pela segunda vez.
— Não, você não vai, — murmurou, desacreditado. — Você está morrendo. E eu vou te perder pela segunda vez.
— Darling, não fique triste. — Sorriu fraco. — Há um lugar para mim. Dentro de você, que nunca irá se apagar, e saber disso me deixa em paz.
negou com a cabeça, encarando-a de volta.
— Só você me ensinou como estar viva, … — Lágrimas molharam mais a bochecha de , mas, dessa vez, ela precisava dizer a ele tudo o que sentia.
O homem acabou sorrindo diante de suas palavras.
Nenhum dos dois tinha muita certeza de quanto tempo já estavam ali, mas ela soube que era o suficiente para começar a se sentir cansada de novo como havia acontecido mais cedo naquela sala de emergência.
Sabia muito bem o que aquilo significava e não queria desperdiçar nem um minuto.
— Eu não posso perder você, …
— Eu sei, darling… — sussurrou, sentindo os olhos pesarem. — Te vejo nos seus sonhos.
Talvez qualquer um que fosse capaz de ler seus pensamentos achasse no mínimo estranho ela estar tão calma diante daquela situação. tinha apenas aceitado as suas condições, e era bem mais doloroso ficar lutando contra o inevitável a sua vida inteira.
Sentiu uma pontada atingi-la bem na costela, e o gemido saiu mais alto do que esperava. O homem à sua frente gritava informações para sua equipe que ela não conseguia compreender, pois a dor era dilacerante demais àquela altura. Depois de passar a madrugada inteira vomitando até quase o próprio estômago, só havia ido parar ali pois ligou para o 911 antes de cair desmaiada em seu banheiro.
Parecia estar vivendo sempre a mesma coisa. Exceto que, agora, um pouco pior.
Seu corpo suava de forma incômoda, e o balançar do veículo não ajudava em nada cada vez que a mulher recebia uma picada diferente.
Seus olhos correram mais uma vez por aquele retângulo móvel e respirou o mais profundo que conseguia. Uma mão segurou a sua naquele momento, e ela franziu o cenho, um tanto confusa, sem entender muito bem quem era aquela pessoa que parecia apará-la com tanto carinho.
Tentou erguer a cabeça para poder enxergar, mas foi em vão. Não tinha forças para aquilo.
Sentiu os olhos lacrimejarem pela primeira vez desde a noite passada e levou seu olhar para o lado. Lá estava sua tia, a única pessoa da família que havia restado para cuidar dela em momentos como aquele.
Não que ela quisesse, mas era difícil recusar a insistência da mulher.
Ela tinha um sorriso casto no rosto, e aquilo despedaçou seu – sabia muito bem como era difícil para ela manter a postura de “forte” só para poder ampará-la. Preferia mil vezes apenas enfrentar o fardo que lhe tinham dado sozinha, afinal, era apenas seu.
Estava prestes a tentar dizer algo, mas foi interrompida ao notar que a ambulância havia parado. Não demorou muito para ver pessoas andando para todo lado e sua maca ser retirada dali já seguindo para um dos quartos de emergência. Tudo parecia um pouco confuso, pois só então ela se deu conta de que não era capaz de sentir suas pernas.
Tinha algo de errado.
Seguiu com o olhar todas as pessoas presentes dentro da sala com ela. Sua tia não tinha permissão de estar ali, então os únicos conhecidos, de fato, eram os médicos que já tinham cuidado dela em outras ocasiões.
Se não tinha sentido desespero antes, naquele momento ele passou a se fazer presente como uma avalanche.
— Durkan, o que temos aqui? — Uma voz masculina se fez presente, parecendo despertar sua audição depois daquele longo período.
tentou buscar onde ele estava, mas, de repente, sentiu que seus olhos estavam pesados demais, assim como seu corpo e sua respiração.
Estava morrendo?
Não tinha ideia, mas, de repente, se sentiu desesperada como nunca esteve. Tudo por causa daquela voz.
— Nome da paciente primeiro, Durkan. Você sabe como funciona.
Seu coração disparou tão forte que ela pensou estar acontecendo algo de errado, mas o barulho da máquina conectada ao seu peito não emitiu barulho algum.
O que estava acontecendo?
— .
Após seu nome ser pronunciado, um silêncio se fez presente.
Talvez tivesse mesmo morrido.
Mas seu coração batia forte, então isso foi um sinal de que não, e buscou desesperadamente por aquela voz.
— Como? — O homem que lhe causava aquelas sensações parecia estranhamente nervoso ao fazer aquela pergunta.
Onde diabos ele estava?
Seus olhos lacrimejaram e começou a chorar descontroladamente como nunca havia feito em tantos anos. Não queria morrer daquele jeito, não com aquela dúvida de que… jamais seria amada de novo.
Por que diabos estava pensando naquilo? Parecia bobo demais, mas não para ela.
— , Dr. — O assistente disse seu nome de novo. — Algum problema?
Outro silêncio se fez presente.
Então, de uma maneira que ela não esperava, um rosto borrado entrou no seu campo de visão. piscou algumas vezes, tentando decifrar quem era aquela pessoa, mas parecia estar perdendo cada vez mais as forças.
— ? — O homem soprou embargado pelo choro, sentindo mãos com textura de luva tocarem seu rosto.
Conhecia aquele apelido…
Só tinha uma pessoa que a chamava daquela forma, mas aquilo era simplesmente… impossível.
A raiva a consumiu, não conseguia aceitar que morreria daquela forma. Com a ideia de que teria sido capaz de reencontrar o grande amor de sua adolescência, mas sem poder vê-lo de verdade.
Não!
Aquilo não poderia estar acontecendo.
Ela não podia aceitar.
Depois de todo aquele tempo não era justo, simplesmente.
— ... — dessa vez, ele gaguejou, e ela tentou erguer a mão para poder colocar sobre a dele, mas não conseguiu, estava muito fraca. — Vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem.
Mais uma vez ela tentou dizer algo, mas sua garganta parecia estar sendo rasgada de tanta dor que sentiu. As lágrimas passaram a sair de uma forma descontrolada, e ela só queria poder enxergar mais, ver aquele rosto por uma última vez antes de entregar-se para o que vinha desejando há tanto tempo.
fechou os olhos com força, então os abriu, vendo um homem de cabelos negros e olhos da mesma cor a encarar com o rosto avermelhado. Um sorriso casto formou-se em seus lábios, mas, antes que fosse capaz de produzir qualquer som, tudo ficou escuro.
Ela se lembrava de ter muitos sonhos malucos ao longo de suas experiências no hospital, além das alucinações que alguns remédios eram capazes de causar nela, mas nem de longe algum foi tão louco como aquele. O rosto daquele homem que a lembrava do menino de sua infância ainda estava gravado em sua mente, como uma lembrança que jamais poderia ser apagada.
O rosto dele era a única coisa que se lembrava desde o acontecido.
Afinal, onde ela estava?
Seus olhos cansados rolaram pelo ambiente, e ela pôde ver diversas máquinas ao seu redor, fazendo um barulho que ela só se deu conta ao notar a presença delas ali. Não precisou de muito para entender onde se encontrava, e a resposta, diferente de todas as outras vezes, apavorou-a e a fez querer sair dali correndo.
já havia passado por muitas Unidades de Tratamento Intensivo, e aquela parecia a mais fria e vazia de todas aos olhos. Talvez fosse porque desejasse, naquele momento, o calor daquele rapaz em seu sonho.
Mais do que isso, queria o sabor de sua adolescência mais uma vez.
Não foi capaz nem mesmo de engolir a seco, pois um tubo se fazia presente em sua garganta. Não era doloroso, mas incomodou o suficiente para fazê-la gritar internamente o quanto estava cansada de tudo que vinha enfrentando ao longo de sua vida.
Pela primeira vez, não era a morte o que desejava.
…
Já fazia muito tempo que não pensava naquele nome e, muito menos, no dono dele. Tinha muitas razões para ela evitar ao máximo ter lembranças sobre o rapaz e o tempo que desfrutaram juntos quando ainda tão jovens. Contudo, aquele sentimento de que gostaria de poder voltar no tempo estava ali presente, a torturando a cada minuto que passava.
Os olhos lacrimejaram e aquilo a irritou, pois nunca havia se deixado levar pelos sentimentos em muitos anos como acontecia naquele momento. Tudo por causa de um sonho completamente sem sentido.
— Dr., está acordada. — Uma feminina pronunciou, e ela baixou o olhar para poder ver através da porta de vidro.
Procurou desesperadamente pelo tal “Dr.” que a mulher havia acabado de se referir, sentindo seu peito quase explodir de tanta ansiedade. Se estava tão convencida de que havia sido um sonho, por que toda aquela esperança?
Sentia-se patética.
Seus olhos continuaram encarando a porta. Os minutos seguintes – que não foram muitos – pareciam nunca passar, e ela desejou poder apenas se levantar da cama e correr para fora em busca do que tanto buscava. Não sabia sequer se estava preparada para aquele reencontro, mas, considerando os eventos atuais, o que poderia ser pior do que sua atual situação?
Riu por dentro.
Uma vez na vida desejou ter um pouco de sorte, só para variar.
Achou que fosse sufocar instantaneamente, mesmo com os aparelhos que alimentavam seu pulmão, ao ver o homem de cabelos negros atravessar a porta de vidro. Ele tinha uma máscara que cobria metade de seu rosto, e aquilo dificultou um pouco que ela tivesse certeza de que aquele era o mesmo cara de seus sonhos.
Desejou do fundo de seu coração que fosse.
— … — Tinha lágrimas em seus olhos, e aquela foi a resposta para seus questionamentos.
Aquele homem, bem ao lado – do que possivelmente seria seu leito de morte – era, sem dúvidas, .
O garoto marrento do High School Rochester, e seu primeiro, único e grande amor de infância.
Seu coração disparou com uma força descomunal, fazendo-a pensar que o monitor conectado a ela fosse capaz de identificar. tentou segurar, mas não conseguiu evitar a tentativa de sorriso que tentou esboçar, aparecendo melhor apenas em seus olhos, que brilharam com as lágrimas formadas.
Ele ainda mantinha o olhar conectado ao dela, então aproximou-se um pouco mais.
— Será que pode nos deixar sozinhos? — O homem pediu, referindo-se à enfermeira que se encontrava ali, mas que logo saiu.
Ele estava tão nervoso quanto a mulher deitada na cama presa aos aparelhos. Mesmo depois de todos aqueles anos, sentiu-se como um garotinho indefeso ao olhar para aqueles olhos e perceber que eles nunca, jamais, haviam mudado. Ao menos não de sua perspectiva.
achou que fosse sufocar ali mesmo em meio ao sentimento esmagando seu peito. Não era apenas sobre encontrá-la depois de todos aqueles anos, mas vê-la daquela forma e saber que as coisas não iriam melhorar.
estava morrendo.
Um resmungo por parte dela o fez pigarrear, tentando voltar para a sua postura de médico.
— Eu vou tirar isso de você — informou, referindo-se ao tubo em sua boca. Normalmente quem faria aquilo seria alguma enfermeira, mas ele não sabia quanto tempo aguentaria sem desabar bem ali, por isso preferiu ficar a sós com ela. — Você vai sentir uma espécie de sucção e pressão depois, mas nada além disso.
Ela piscou para responder que entendia, então iniciou o procedimento.
Aquilo não durou nem mesmo cinco minutos, mas, para ele, foi como uma tortura inexplicável. Algo que ele fazia com tanta facilidade muitas vezes por dia e que já havia realizado ao longo de sua carreira pareceu simplesmente mais difícil, não queria machucá-la… Não podia.
A sua respiração pesada ao terminar não passou despercebida por , que sorriu enquanto tentava se acostumar com a sensação de estar sem aquilo e a leve dor em sua garganta. Seus olhos ainda continuavam presos a ele, que fazia mais algumas coisas nela, como checar o tubo preso ao seu abdômen mais para a costela, além de também checar seus sinais vitais.
De repente, perguntou-se há quanto tempo deveria estar ali.
Tinha ficado em coma?
Não sabia ao certo se era capaz de falar… ou se queria.
Acompanhou mais um pouco tudo o que ele fazia. estava muito diferente do que ela se lembrava, não de aparência necessariamente, mas em seu jeito de se portar. Ele claramente não era mais aquele garoto marrento, autoritário e que… parecia ter mais brilho no olhar.
Algo nele parecia simplesmente… sem vida.
Sentiu seu peito ser esmagado com a possibilidade de que ela fosse responsável por aquelas mudanças repentinas. Sabia muito bem que tinha partido seu coração naquela tarde, quando pôs um fim no que um dia existiu entre eles. Sua intenção não era machucá-lo, e sim o proteger de todo o pesadelo que circundava sua vida.
Ela nunca, jamais, deixou de amá-lo.
Nem mesmo um dia.
Muito menos naquele momento, quando seus olhos voltaram a se cruzar e ele fungou, tirando finalmente a máscara.
estava chorando?
O sorriso contagiante de sempre também não estava presente, e a lágrima que ela vinha segurando desde que havia acordado caiu, deslizando pelo canto de seu rosto.
— Desculpa, eu ainda estou tentando processar que te reencontrei… — falou aquilo com uma apreensão quase tangível em sua voz. — Principalmente da forma que aconteceu, .
Mais lágrimas vieram ao ouvir as palavras dele, sentindo que algo a dilacerava por dentro.
— Eu sinto muito… — sussurrou, mesmo sentindo uma certa dor na garganta e notando que sua voz estava rouca.
O homem engoliu a seco ao ouvir as palavras dela, tão calma e cheia de sinceridade. Apesar do tom rouco, foi fácil perceber que sua voz não tinha mudado desde a última vez que se viram, e aquilo arrepiou cada pelo de seu corpo, ao lembrar-se de escutá-la falar com ele ao pé de seu ouvido.
Como podia ainda reagir daquela forma a ela?
Depois de tantos anos sem sequer ouvir o nome da mulher, ele nunca achou que ainda tivesse todos aqueles sentimentos – talvez até soubesse, mas não tão intensamente. Vê-la ali, naquela cama, cortava o coração, e queria apenas ter boas notícias para ela. Para si.
Respirou fundo enquanto ela ainda o encarava e puxou um banco que tinha ali, sentando-se bem perto da cama. Estava se controlando muito para não desabar e deixar que as emoções do reencontro o denunciassem completamente, deixando claro o quanto tudo aquilo estava sendo duramente difícil.
ainda tinha aquela forma de olhar para ele esperando pelo que viria, se ele passaria a mão nos cabelos em frustração ou ficaria em um silêncio enlouquecedor. Mas ele não era mais o mesmo que ela conhecia – agora, era um homem adulto, com responsabilidades e que sabia lidar muito melhor com suas emoções diante do inesperado.
Ao menos, era o que gostava de acreditar.
De forma inesperada, então, ela tocou a sua mão com a ponta dos dedos. pôde sentir como ele estava quente, e ele, como a mulher tinha a pele gelada. Os dois compartilharam, naquele silêncio que foi travado, um turbilhão de questionamentos que os fariam brigar como na adolescência se as circunstâncias fossem outras.
— Quanto tempo, ? — Simplesmente não conseguia parar de chamá-la por aquele apelido e nem queria.
Não sabia quanto tempo ainda poderia dizer em voz alta para ela escutar.
A mulher engoliu a seco dessa vez, virando o rosto para olhar outro ponto do quarto. Se ele continuasse olhando-a daquela forma cheia de dor, desabaria ali mesmo, e não queria que aquilo acontecesse. Já tinha suportado tanto, não seria agora que iria fraquejar.
— Por que nunca me contou?
Pare.
— Não faz isso… — sussurrou, chorosa. — Por favor.
Ele, de fato, não queria fazer aquilo, mas precisa de uma explicação, ao menos uma vez.
— Eu só quero entender tudo isso, … — explicou, cauteloso, desta vez virando sua mão para brincar com os dedos dela conforme a olhava ainda encarar a parede do quarto. — Entender por que nunca confiou em mim para me dizer que estava doente… Por que preferiu ir embora em vez de me deixar ajudar.
Mais lágrimas cobriram o rosto da mulher ao ouvir as palavras dele.
— Você quase morreu nas minhas mãos.
Diante daquilo, ela virou o rosto para poder encará-lo como merecia. estava com o rosto vermelho, e as lágrimas em seus olhos eram muito mais evidentes.
— Não te contei exatamente por isso, . — O encarou com pesar. — Porque não queria que passasse por isso. Nunca achei que acabaria no hospital em que você resolveu ser médico… A vida é sempre uma caixinha de surpresas para mim, como você pode ver.
— Quanto tempo? — Foi tudo que ele conseguiu perguntar.
apertou os olhos, sentindo a boca tremer.
— Outono.
Primeiro, ela o viu abaixar o olhar, e, então, com uma rapidez muito grande, lá estava de sua adolescência de novo. O homem caminhava de um lado para o outro, passando as mãos nos cabelos de uma forma nervosa, exatamente como ele costumava fazer quando o inevitável batia a porta.
— … — chamou, calma.
Odiava vê-lo daquela forma.
— Olha para mim, por favor.
parou onde estava, a encarando, não com raiva ou dor, mas decepção. Aquilo doeu muito mais do que as duas opções anteriores, mas ela esticou a mão em um pedido silencioso para que ele se aproximasse. De forma inesperada, o homem respirou fundo e deu alguns passos, voltando a se sentar no banco onde estava antes.
Pegando-a ainda mais de surpresa, ele segurou sua mão com força, levando até seu rosto, que ela tocou sem hesitar. Talvez aquilo não fosse a melhor ideia no momento, mas preferiu ignorar aquele pensamento e aproveitou o quente da pele dele e o quanto havia sentido falta de fazer aquilo no homem.
Antes que ela tivesse a oportunidade de dizer qualquer uma das milhares de coisas que gostaria de ter dito no passado, sentiu sua mão ficar molhada.
estava chorando. Tão fortemente que logo foi possível ouvir os soluços que saíam de sua boca misturados à sua respiração acelerada.
— Está tudo bem… — sussurrou, calma, passando a mão no rosto dele. — Eu vou ficar bem, .
Mais soluços vieram.
Ele sentia como se seu peito fosse explodir ali mesmo. Era muito difícil aceitar o que estava acontecendo. Porque simplesmente não conseguia compreender que a estava perdendo pela segunda vez.
— Não, você não vai, — murmurou, desacreditado. — Você está morrendo. E eu vou te perder pela segunda vez.
— Darling, não fique triste. — Sorriu fraco. — Há um lugar para mim. Dentro de você, que nunca irá se apagar, e saber disso me deixa em paz.
negou com a cabeça, encarando-a de volta.
— Só você me ensinou como estar viva, … — Lágrimas molharam mais a bochecha de , mas, dessa vez, ela precisava dizer a ele tudo o que sentia.
O homem acabou sorrindo diante de suas palavras.
Nenhum dos dois tinha muita certeza de quanto tempo já estavam ali, mas ela soube que era o suficiente para começar a se sentir cansada de novo como havia acontecido mais cedo naquela sala de emergência.
Sabia muito bem o que aquilo significava e não queria desperdiçar nem um minuto.
— Eu não posso perder você, …
— Eu sei, darling… — sussurrou, sentindo os olhos pesarem. — Te vejo nos seus sonhos.
Fim
Nota da autora: Oi, meus amores, tudo bem?
Eu estou muito apaixonadinha por essa short. Simplesmente me apaixonei por essa música da Halsey e eu, como boa amante de uma despedida, escrevi algo bem triste, mas que mostra o amor de duas pessoas que nunca tiveram a oportunidade de ficarem juntas.
Eu gostei bastante e espero que gostem também.
Então, me falem, vocês esperam mais de Madeline e Ryder, ou acham que é mesmo o fim?
Com amor,
Van!
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Eu estou muito apaixonadinha por essa short. Simplesmente me apaixonei por essa música da Halsey e eu, como boa amante de uma despedida, escrevi algo bem triste, mas que mostra o amor de duas pessoas que nunca tiveram a oportunidade de ficarem juntas.
Eu gostei bastante e espero que gostem também.
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