Fanfic Finalizada em: 08/01/2022

Capítulo Único


— ela o chamou de repente o interrompendo, ele falava sobre mais uma de suas inúmeras histórias que ela, a esse ponto, sequer sabia ser verdade. — Eu… acho que nós deveríamos terminar — ela disse, bebendo o último gole de seu café já frio a esse ponto.
— O quê? — ele perguntou, deixando com que todo o brilho de seus olhos desvanecesse.

Seu coração acelerou e de repente o impacto pareceu tão grande com aquelas palavras que ele começou a suar frio.

— Eu estou cansada desse amor — ela disse, apoiando uma das mãos em seu queixo, observando a cena de um casal feliz do lado de fora. — Digo, eu te amo, mas — ela suspirou, finalmente o olhando por alguns instantes — eu estou cansada de nós, desse amor cômodo e tedioso.

Seus olhos pálidos a olhavam tentando decifrar se aquilo era algum tipo de piada ou brincadeira de mal gosto.

— Você não pode estar sendo sincera — ele disse de repente quando não encontrou nenhum tipo de mentira em seu rosto. — , nós namoramos por oito anos, nós conhecemos desde que tínhamos dez, nossas famílias planejam nosso casamento a três, como vamos dizer algo assim a eles?
— Você pode me odiar e ter o tanto de raiva que quiser de mim — ela disse sem sentir uma ponta de arrependimento. — Nós não temos mais o que tínhamos quando começamos, você sequer sentia o mesmo que eu — ela riu, se lembrando da quantidade de vezes que ela havia chorado por gostar tanto de e não ser correspondida. — Talvez eu não devesse ter insistido, pelo menos assim eu não te machucaria por egoísmo.

A realidade era que ela sequer pensava que estava sendo egoísta, ela estava deixando com que ele fosse e tomasse outras decisões em sua vida, ela estava deixando ele livre daquele tedioso amor que ambos haviam entrado.

— Você não pode estar sendo sincera — sua voz soou mais baixa dessa vez, com um pouco de mágoa e tristeza. Sua mão alcançou a dela quase como uma súplica, ele a amava demais para deixar com que ela se fosse. — Eu amo você, eu sei que para entrarmos nesse relacionamento foi preciso muito esforço da sua parte, mas, eu posso lutar por nós agora, talvez eu não seja o que você esperava mas…— ele suspirou — eu não quero ter outra vida se não for com você, esse é o tanto de importância que você me ensinou a ter sobre nosso relacionamento.

E ela? Ela também o amava demais, o suficiente para deixar com que ele se fosse, porque se ficassem, talvez todas as memórias boas que tiveram fossem substituídas por memórias que não teriam tanta importância, porque durante anos, eles eram os mesmos, não mudavam ou melhoravam.

Eles não tinham mais o mesmo amor jovem.

— Às vezes apenas não era para ser, — ela disse, agora segurando as mãos dele em conforto —, eu acho que você precisa encontrar alguém que, não sei — ela olhou para a janela mais uma vez observando aquele casal apaixonado de antes, parecia que ela via ela e no auge do seus vinte anos quando descobriram que poderiam ser um casal que talvez, durasse mais do que todos a seu redor imaginavam. — Você confie o suficiente para chegar e contar como foi o seu dia, alguém que você possa levar para ver o mar com você sempre que você quiser, alguém que talvez não te faça sentir necessário apenas para as vontades dos outros.
— Você não é assim, ! — ele disse, já agoniado com aquele assunto. — , você me faz querer ser alguém melhor para você a cada dia, eu não quero falar sobre o meu dia, eu quero saber sobre o seu, porque eu sei que você tem dias ruins e guarda tudo para si fazendo com que você fique doente. Eu sei que quando seu estômago dói ou quando você reclama que sua cabeça parece que vai explodir é porque alguma coisa aconteceu. Eu não te levo para ver o mar porque sei do seu pânico de profundidade, sei que no final você não vai se sentir bem, você não me faz ser necessário apenas para suas necessidades, um relacionamento é assim, eu me acoplo para você assim como você fez comigo desde os quinze anos quando descobriu que me amava mais do que apenas seu melhor amigo.
— É sobre isso que eu estou falando, — ela choramingou, mostrando o quanto aquilo estava sendo pesado para ela pela primeira vez. — Você não pode tomar da taça do nosso amor sozinho — seus olhos lacrimejaram ao dizer tamanha verdade que seu coração guardava. — Não restou nada para mim.
— Do que — ele fez uma pausa, respirando. — Do que você está falando?
— Você faz tudo sozinho, não me dá espaço para ser alguém para você e eu já tentei inúmeras vezes, eu também preciso ser alguém para você , não apenas receber, receber e receber — uma lágrima presa rolou por sua bochecha e o coração dele pesou vendo ela em tamanha situação. — Isso faz com que nosso amor vire uma rotina, algo em que eu não participo diretamente e apenas assisto de longe, desculpa — ela finalmente conseguira pronunciar aquelas palavras depois de anos pensando sobre o assunto. — Eu nunca imaginei que falaria as palavras mais marcantes de um dos meus filmes favoritos, mas pela primeira vez eu sinto que é a única coisa que faz sentido — ela suspirou, puxando suas mãos de volta para si. — Eu te amo , mas eu não gosto mais de você.

Quem olhasse a situação de fora obviamente colocaria a culpa toda nela, ela não ligaria porque sinceramente aquilo era o melhor para ambos, mas ver em choque com aquelas palavras, fez com que ela se sentisse mais e mais pesada. Isso lembrava ela de como ela lutou para tê-lo.

Flashback.

Primeiro,
veio o inverno

No auge dos seus quinze anos, se declarou pela primeira vez para a pessoa que sabia amar a um bom tempo. Não apenas como seu melhor amigo, mas também como alguém que ela gostaria de ter para o resto de sua vida como companheiro. E aquilo era algo, a única coisa que ela realmente tinha certeza em sua vida.

Então ela suspirou antes de se sentar no balanço ao lado dele, ouvindo ele reclamar por meia hora sobre como a atual crush dele recebeu diversos presentes do dia de são Valentim.

Afinal, ainda continuava sendo dia de são Valentim então, ela pensou que poderia fazer o mesmo, se arriscar não doeria, mesmo que seu melhor amigo fosse essa pessoa a quem ela se confessaria, ela não suportava mais aquilo dentro dela.

— ela o chamou, tirando a atenção do mesmo que estava em seus pés.
— Huh? — ele respondeu imediatamente, olhando para ela.
— Eu acho que — ela suspirou —, eu acho que gosto de você, .

A cara de surpresa com a repentina confissão fez com que os olhos dele se arregalassem. Mesmo ela dizendo para si que precisava segurar a barra já que havia decidido fazer aquilo, ela não aguentou, sabia o que aquilo significava. Estava feliz por tirar aquilo de seu peito, mas, ainda sim, doía.

Então, sem uma rejeição verbalizada ela se retirou, foi em direção a sua casa sem ser seguida por ele o que pesou mais ainda seu coração.

surgiu no outro dia para buscá-la e irem para a escola juntos, agindo como se nada tivesse acontecido.

Ela não sabia dizer, mas aquilo a machucou mais do que machucaria se ele a tivesse ignorado pelo resto de sua vida.

Em segundo,
Veio a primavera

A primavera de seus dezesseis vieram e a adolescência era uma fase mais complicada do que ela imaginava, ela implicava namoros, históricos escolares e círculos de amizades, coisas que não tinha problema e sempre tinha do melhor.

Ao contrário de . Suas notas não eram ruins, mas seu “eu” introvertido às vezes realmente a atrapalhava, ela tentava acompanhar por ele ser uma das pessoas mais extrovertidas que ela conhecia, mas ainda sim, era complicado seguir as mesmas direções que ele.

Isso quer dizer que algum ponto daquele ano que ela sequer soube como, ele havia arranjado uma namorada. Digamos que agora sim ela tinha certeza de que seus sentimentos não haviam sido considerados no final de tudo é aquilo esparramou todos os caquinhos que ela apenas havia juntado durante o ano anterior.

Em terceiro
Veio o verão

No verão de seus digníssimos dezessete anos muita coisa havia mudado, menos a amizade de e , pelo menos não para ela. Ela não via mudança alguma, porque selou seus olhos e coração de ver qualquer — possível — sinal misto vindo dele, decidiu que apenas iria lidar com ele como seu melhor amigo.

— Você precisa parar de se privar de coisas boas! — disse, observando o capitão do time de futebol que sorria em direção a elas naquela tarde ensolarada.
— O quê? — perguntou tirando seus olhos do livro que trazia em mãos.
! — ela exclamou. — Você precisa prestar mais atenção ao seu redor, você se prende muito em pessoas que não vão realmente te dar momentos felizes e no momento que você “abandona” esse sentimento por elas, você se isola, você precisa olhar mais para frente e ver o que há debaixo do seu nariz.

fez com que a garota olhasse para frente, recebendo um pequeno e tímido “oi” do capitão do time de futebol. Ela não tinha notado até então a forma que o capitão olhava para ela, ou até mesmo como a tratava, nesse mesmo verão que começou a namorar com , terminou seu namoro.

Em quarto
veio o outono


No outono de dezoito anos de , ela já não sabia mais como continuar com , ele era um amor porém, não era seu amor. Ela pensou inúmeras vezes que poderia estar roubando a oportunidade de outra pessoa, outra pessoa que realmente o amaria com todo seu coração assim como ele a amava. E parece que o destino havia sido justo com ela a respeito disso, ela nunca gostaria de passar pela experiência de quebrar o coração de , ele não merecia aquilo.

Quando completou 18 anos, recebeu uma grande oportunidade, uma bolsa de estudos que mudaria sua vida e com isso, ele acabou indo estudar fora.

Os dois conversaram a respeito de seu relacionamento e ele, como um ótimo observador, sempre soube que um resquício de sentimento ainda existia da parte dela por . Ele estava bem com isso, sabia que ela tinha como se cuidar muito bem e era grato pelo amor que ela havia dedicado a ele durante naquele um ano que estiveram juntos, não terminaram por falta de amor, na raiva ou algo parecido, mas sim, porque ele seguiria um caminho diferente dali para frente e ela também então, eles apenas terminaram.

No fundo, ele sabia que ela e acabariam juntos e a encorajou a tentar mais uma vez porque afinal, ela não era mais a mesma pessoa que foi aos quinze anos e muito menos .

Em quinto
Veio o final do inverno

No final do inverno, estava ansiosa para se formar, ela sabia que seus anos escolares seriam anos muito bem lembrados, mas estava ansiosa pela vida que viria adiante, mesmo que isso significasse que no seu coração, ainda morava. Independente de que eles fossem melhores amigos, ela não deixava com que isso abalasse o carinho que ela tinha por ele.

está linda essa noite — um dos amigos de comentou.

Os olhos do rapaz ficaram presos nela por toda a noite, desde que a buscará em sua casa.

Era certo ele ter esses tipos de pensamentos sobre ela? Ela era sua melhor amiga e ele de alguma forma, a rejeitou quando eram mais novos, ele sequer sabia como ela havia conseguido continuar ao lado dele depois daquilo.

A verdade era que ele sabia de alguma forma que o amava o suficiente para não deixar com que aquilo abalasse o que eles tinham e isso o deixava admirado e assustado pelas reações físicas que havia desenvolvido quando o assunto era ela.

Desde que ela e haviam terminado, parecia ter ficado mais carente em relação a ela.

E ela havia notado.

Seus toques haviam aumentado, ou seja, ele parecia não sobreviver mais sem ter as mãos dela juntas das dele e principalmente a necessidade de abraços. Era como se os abraços dela trouxessem aconchego e tranquilidade para ele, havia se tornado como um vício.

— Ela sempre foi — ele respondeu, ainda com o olhar sobre ela. Sorrindo enquanto via sua alegria dançando com .

Ele se deu conta, que provavelmente sempre esteve apaixonado por ela e apenas sentia medo demais para demonstrar.

Foi por isso, que nessa mesma noite, ele andou em direção a ela com a maior determinação que já teve em vida.

E a beijou.

Aquele não havia sido o primeiro beijo dos dois como em histórias comuns de melhores amigos, mas aquele era o primeiro beijo entre os dois, e, o mais significativo que havia tido, porque afinal, era ela, sempre havia sido.

Flashback off .

— Eu realmente te amo — ela disse, sorrindo de forma triste. — Mas eu não quero nos ver presos um ao outro dessa forma.

Ela se levantou e não pode dizer nada, ele sabia que de alguma forma ela estava certa e ele a respeitava.

— Eu espero que você viva bem — ela disse, dando um beijo na bochecha dele, como uma despedida. — E se precisar ter raiva e ressentimento em relação a mim para que isso aconteça, por favor, tenha!

Ela estava pronta para sair quando o ouviu dizer.

— Eu nunca conseguiria — ele riu, descrente. — Mesmo se quisesse, eu nunca conseguiria ter um sentimento ruim em relação a você, afinal, você é a minha e sempre será.

Ele sorriu triste para ela, então, dizendo as palavras que ela menos esperava nesse momento.

— Eu amo você, nunca se esqueça disso — disse, se virando para frente mais uma vez, deixando com que ela encarasse suas costas.

Ele tomou o último gole de seu café já frio e suspirou deixando a xícara vazia em cima da mesa.

Ambos realmente haviam tomado até a última gota de seu amor e aquele era o momento em que ambos esperavam ser preenchidos novamente.




Fim



Nota da autora: : Esse dois aqui!!!! Eu preciso expressar o quão doloroso foi escrever esses dois passando por essa fase de término que não era falta de amor, mas sim, cansaço. Eu realmente demorei para deixar com que os dois se fossem com facilidade. O que você achou? Amores e amores, términos e términos, alguns dolorosos e outros nem tanto. Espero que tenham gostado!!!! Obrigado por ter lido, fico muito feliz.

Não esqueça de deixar um comentário me dizendo o que achou!

Xoxo Caleonis <3

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