07. Got to Believe

Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

apertou os dedos enquanto olhava para as teclas do piano, tentando memorizar cada acorde, onde cada dedo iria e o ritmo da canção que tocaria.
Na plateia, , escondido por seus casacos, um boné que tampava metade de seu rosto e com os olhos voltados para o palco, sentia que seu estômago dava piruetas em seu abdômen, como se estivesse numa montanha russa.
Mesmo com a luz apagada, ele conseguia ver a garota, e aquilo lhe deixava nervoso, ansioso para que toda aquela tortura acabasse. Porque aquilo era uma tortura, pelo menos para ele. E nem as unhas de seus dedos indicadores conseguiram escapar de seu ataque de ansiedade.
Quando o apresentador anunciou o nome completo de e as pessoas na plateia aplaudiram, uma única luz iluminou o palco. Uma luz roxa cintilava em e a deixava linda; ou um pouco mais do que aquilo.
Ela suspirou profundamente e tocou a primeira nota, sentindo que aquilo não era tão difícil quanto esperava e que, apesar de estar num palco com pessoas assistindo do outro lado, ela poderia sentir a paz presente, dentro de si e fora do seu mundo imaginário.
Na sua mente, no seu mundo, as pessoas estavam sorrindo; também usavam apenas roupas íntimas e galochas divertidas; seus cabelos eram coloridos. Aquilo, mesmo sendo cômico, lhe causava uma sensação de alívio. Saber que não seria a única a ter toda a atenção para si.
não sabia desde quando, mas sabia que cantar Falling, do Harry Styles, lhe deixava também em paz. E também, tinha uma pessoa naquela plateia que lhe causava a mesma sensação, com abraços calorosos, beijos deliciosos e afagos carinhosos. E ela sabia que ele estava feliz por ela estar ali.
realmente estava. E não escondia. Tanto que gravava tudo aquilo com o celular e cantava baixinho, olhando para a namorada pela tela do celular, não atrapalhando a filmagem. Aquele vídeo iria parar no grupo dos amigos do trabalho, os amigos em comum e das famílias de ambos.
nem sabia mais desde quando tocava piano. Talvez tenha sido quando aprendeu a batucar as panelas da avó no quintal de casa, no Catete. Seu pai, professor de piano, lhe ensinava as notas antes do almoço de domingo e depois das tarefas de casa dos dias de semana. Quando completou seis anos, sabia tocar canções clássicas e conhecidas mundialmente no piano da sala de casa, atraindo a atenção das visitas.
Foi em uma dessas visitas que enchem a casa de alegria que ela conheceu . Ele, com dez anos, ainda usava aparelhos nos dentes e estava com a camisa do Flamengo, seu time de coração. Ele lhe pediu para que ela tocasse o hino do time rubro-negro e aceitou o desafio de aprender em dois dias.
No outro jogo do time, ela tocou no intervalo, alegrando os amigos do pai, que lhe diziam que ela era um gênio da música e que poderia ganhar dinheiro com aquilo.
Mas Augusto, pai de , não queria aquilo. Nunca quis usar o talento da filha para obter vantagem. Sempre deixou claro que a garota só tocaria se quisesse, sem competições forçadas e objetivo de ficar rico. Ele só queria ver um sorriso no rosto de sua . E, quando ela sorria, mesmo faltando um dente na frente, Augusto sabia que havia ganhado o dia. Ou a vida.
Na adolescência, tocava nas festas das amigas em homenagens. , que sempre era seu par nas danças de valsa, havia mudado. O cabelo raspado mostrava que ele estava prestes a entrar para o exército; o aparelho já não era mais útil. Foi numa dessas festas que eles deram o primeiro beijo, que demorou mais tempo do que o habitual. E nunca mais se desgrudaram.
fez faculdade de pedagogia. estava subindo seu patamar no exército. Eles ainda se amavam, mesmo com os anos passando, os cabelos brancos chegando e a idade avançando.
Se casaram num luau em Búzios. , amante do mar, quis que fosse na praia; , amante da lua, pediu que fosse de noite. E aquela cerimônia foi a mais linda já vista. Coube todo o amor do mundo ali, naquele momento.
A mulher sentiu seu coração falhar uma batida quando olhou para a plateia e viu seu marido. Ele sorria tão pura e verdadeiramente que ela quase não continuou a canção, entretida nas covinhas de suas bochechas.
Quando a canção acabou e a plateia aplaudiu, junto dos jurados, de pé, sentiu que era capaz de tudo. Levantou do banco de madeira e agradeceu como uma reverência, seguindo para fora do palco em seguida. A adrenalina ainda corria em suas veias e ela nem percebeu que já estava ali, a poucos passos, com um buquê de flores na mão esquerda.
- Você foi incrível. – ele diz, beijando a testa da mulher. – E mesmo que você não ganhe hoje, você fez o seu melhor. E eu sou o homem mais orgulhoso desse país por ter você como esposa.
sorriu, beijando os lábios do amado. E aquilo era recíproco. Ela tinha orgulho de ter do seu lado por tantos anos. Amava aquele homem com toda a força que havia em seu ser e que nada poderia mudar aquele sentimento.
Quando o apresentador da competição anunciou o vencedor da noite, não ficou triste. Sabia que seu lugar era o palco e nada poderia impedir aquilo, nem mesmo perder uma competição amadora de uma rádio. Além do mais, ela tinha para lhe dar apoio necessário para todo e qualquer momento.


Fim



Nota da autora: Sem nota.

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