Fanfic finalizada: 03/07/2021

Capítulo único

Voltar a Hogwarts foi uma das partes mais difíceis e por mais que tenha me esforçado como nunca para me manter sã, falhei no momento em que entrei no salão comunal. A vontade de chorar me consumiu e um nó na garganta surgiu quando pensei no que teria de enfrentar naquele ano. Pensei em sentar e chorar ali mesmo, sentada no sofá sozinha e sem perspectiva de que nada de bom fosse acontecer, nem mesmo os tons de amarelo soavam alegres e nenhuma planta saltitante conseguiu prender minha atenção por mais de dois segundos ou me tirar um sorriso bobo.
Respirei fundo por conta de todos os sentimentos que estava suprimindo desde o jantar e quando me chamaram até a mesa dos professores. Eles tinham que me tratar diferente em algum momento - Cedrico e eu sempre estávamos juntos. Éramos inseparáveis. Depois de alguns minutos travada na entrada, com mais vontade de ir do que de ficar, decidi entrar finalmente e ir para o meu dormitório, mas quando estava prestes a seguir o caminho de sempre, me deparei com algo que não estava por ali antes. Havia um enorme e elegante retrato de Cedrico na divisão de caminhos que estava destinado aos dormitórios. A sua fotografia se mexia e sorria da forma mais genuína que eu já tinha visto, como quando ele ganhou a primeira prova no torneio tribruxo e quando me convidou para o baile de inverno.
Corri em disparada na direção da moldura, ao passo que as lágrimas que eu segurava desde o início começaram a surgir e a me sufocar, porque vinham cada vez mais e mais delas e molhavam todo o meu rosto. Dei um grito mudo e bati a mão na parede em pleno sinal de esgotamento. Todo o meu processo de paz interior tinha simplesmente sumido da minha mente e eu só conseguia chorar enquanto olhava para o rosto de Cedrico na fotografia. Deixei meu corpo cair e me sentei no chão aproveitando para apoiar minha cabeça nos joelhos e chorar até cansar, mas isso só durou alguns minutos, porque senti uma respiração fraca perto do meu pescoço, o que me assustou e acabou me fazendo despertar. Olhei ao redor, mas não encontrei ninguém, então voltei para a posição em que estava antes - deitada nos meus joelhos. Eu simplesmente não me importava mais com o que iriam pensar, eu só estava reagindo como uma pessoa que estava reaprendendo a fazer isso, como uma pessoa que tinha tido o coração despedaçado. Senti a mesma sensação de antes, mas dessa vez na minha orelha esquerda, até olhei na direção que pensei ter sentido o ar quente, mas outra vez não tinha nada.
– Pensei que não pararia de chorar. - Uma voz masculina disse e eu gelei. – Mesmo que fique ainda mais bonita chorando, ainda odeio vê-la assim. - Olhei na direção em que a voz vinha e encontrei Cedrico em pé, um pouco próximo às doninhas bailarinas que ficavam num cercadinho suspenso no tento. Ele estava vestido com a mesma roupa que eu o tinha visto pela última vez e seu semblante era calmo.
– Não vai dizer nada? Nem o motivo pelo qual estava chorando? - ele perguntou agora um pouco sério.
– Como você fez isso? - tentei formar palavras coerentes, mas era tão difícil querer atropelar as palavras e gritar. – Como saiu da moldura?
– Qual moldura? - ele perguntou sem saber sobre o que eu estava falando, me fazendo questionar por um momento se eu estava louca, o que naquela altura, estava quase cem por cento comprovado. Eu estava falando com alguém que não estava mais no mesmo plano que eu, até que olhei para onde estava a moldura e comprovei que faltava alguma coisa nela realmente. Cedrico.
– Aquela. - Apontei para o lado oposto ao que ele estava. Cedrico compreendeu e então voltou a ficar relaxado e sorriu.
– Eu só quis saber o porquê de você estar chorando. - Ele disse suavemente.
– Então você sai do retrato quando quer e vira um fantasma?
– Eu não sou um fantasma. - Ele disse revirando os olhos, mas ainda mantinha o sorriso bonito no rosto.
– Claro que você é. - Eu bufei e me levantei do chão me aproximando o suficiente para que minha mão tocasse seu braço e ela não o atravessou. Senti meu estômago revirar e meu coração bater ainda mais acelerado , como se fosse sair pela boca. Eu não conseguia acreditar que ele estava ali e eu podia tocá-lo e finalmente abraçá-lo pela última vez.
! - Cedrico me cutucou. – Você está bem?
– Você não é um fantasma! - eu gritei e coloquei as mãos na boca logo em seguida. Estava incrédula demais para pensar em qualquer coisa que não fosse aquele momento.
– Viu?! Eu lhe disse. - Cedrico disse empolgado segurando meus ombros.
– Eu ainda não entendo. - Me afastei um pouco dele e o olhei de cima para baixo. Ele era exatamente como me lembrava; cabelos levemente dourados e olhos acinzentados.
– O que você ainda não entende? - Ced perguntou depois de algum tempo em que estávamos em silêncio.
– Você está aqui. - Eu disse simplesmente.
– Por causa de você. - Cedrico disse.
– Por que? - perguntei um pouco surpresa.
– Podemos conversar enquanto eu te sirvo um chá?
– Mas não tem chaleira alguma por aqui.
– Claro que tem, sente-se. - Ele apontou para o grande e aconchegante sofá amarelo e preto. Eu me sentei como me foi sugerido e Cedrico veio em minha direção logo depois com uma xícara de chá. Eu apanhei de sua mão e aproximei do meu rosto como sempre fazia. Senti um aroma familiar e olhei na direção dele.
– Hortelã e mel. - Ele disse e sentou-se ao meu lado. Enquanto eu tomava cada gole como se fosse o último, Cedrico ficou me observando. Seu sorriso estava ali outra vez, mas agora seus olhos eram tristes, então eu me lembrei da pergunta que tinha feito.
– Por que eu?
– Porque você precisa se despedir, precisa seguir em frente.
– Ced, eu… - afastei a xícara do meu rosto e o olhei no fundo dos olhos. Eles eram extremamente determinados, ao contrário dos meus que se derramariam em lágrimas a qualquer momento outra vez.
, você precisa deixar o amor florescer outra vez, precisa derrubar esse muro de indiferença que tem construído.
– Eu não consigo, Ced. - Disse entre soluços. Era tarde demais. A primeira lágrima tinha caído.
– Por que está chorando? - ele perguntou.
– Por causa de você.
– Estou aqui agora.
– Mas quando eu acordar não vai estar mais e nem amanhã e nem depois e nem … - ele me interrompeu.
– Não termine o que iria dizer, eu lhe imploro.
– Mas você não estará. - Eu disse com o fio de voz que me restou com o choro que subia à garganta.
– Eu sempre estarei com você. - Ele disse enquanto me encarava sério. – Bem aqui. - apontou para o meu coração.

– Ced… - eu funguei.
– Então quando quiser me sentir por perto, é só levar a mão até o seu coração. - Ele continuou. Ficamos em silêncio nos encarando e eu senti meu coração ficar um pouco leve.
– Ced?
– Sim?
– Você pode me abraçar uma última vez?
– Esses braços foram feitos para abraçar você. - Ele disse e então me envolveu nos seus braços. Me aconcheguei dentro deles como se fosse a coisa mais preciosa de todas - o que realmente era e me permiti eternizar o que já estava eternizado desde o momento em que nos conhecemos. Aos poucos os braços de Cedrico foram sendo substituídos por uma sensação de vazio e eu voltei a sentir meu coração pesar. Estava deitada embaixo da moldura com a foto de Cedrico. Ele continuava se mexendo e sorrindo, como eu tinha acabado de ver e de sentir. Tentei não choramingar com as lembranças do sonho, mas acabei fungando. Levantei rapidamente e me arrumei olhando para os lados, a fim de me certificar que não tinha tido nenhuma testemunha.
– Não se preocupe com isso querida. - Escutei a voz da professora Sprout atrás de mim. –Seus colegas de casa não a julgariam.
– Professora! Eu só estava…
– Estava sentindo muito. Um pouco mais do que todos nós. Diggory era um grande rapaz. - Ela disse e enxugou uma lágrima solitária do mesmo modo. Eu tinha tantas coisas para dizer, mas naquele momento eu não quis dizer nada. Me aproximei da professora e a abracei de lado. Ela ficou um pouco surpresa, mas não recuou, retribuindo o meu abraço.
– Nós nunca o esqueceremos, Ced! - eu disse olhando para a sua fotografia pendurada na parede do salão comunal. A professora concordou com um aceno de cabeça e apertou os meus ombros. E daquele modo eu soube que a Lufa- Lufa era uma só e que todos realmente sentiam muito.





Fim



Nota da autora: Eu to chorando muito, pooq o Ced merecia viver feliz para sempre. Muito obrigada por terem chegado até aqui e espero que vocês tenham apreciado, mesmo limpando as lágrimas. 💛


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